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O Chile pode ser um modelo para a educação no Brasil?
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Escolas no Brasil podem ter ensino melhor e de qualidade superior
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Na minha jornada permanente em busca de bons exemplos para melhorar a qualidade da educação no Brasil, tive a oportunidade de vivenciar mais de perto a experiência do Chile, nosso vizinho próximo e, ao mesmo tempo, bastante diferente nessa área. O Chile é o país latino-americano mais bem colocado no Pisa, exame internacional promovido pela Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), que avalia habilidades e conhecimentos em Ciências, Leitura e Matemática de jovens de 15 anos – matriculados a partir do 7º ano do Ensino Fundamental -, entre integrantes da organização e outros países.
Em 2022, ano da prova mais recente, 13 países da região aplicaram o exame, de um total de 81 países ou economias participantes. Os resultados foram divulgados em dezembro passado. Chile e Uruguai ocuparam, respectivamente, a primeira e a segunda posições, nos três conhecimentos avaliados. No recorte regional, o Brasil – maior economia da América Latina – ficou em quinto lugar em Leitura; em sétimo em Matemática; e em oitavo em Ciências. Bem aquém do desejável.
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Infelizmente, estamos com desempenho estagnado nas sucessivas edições, amargando posições que mostram a falta de qualidade da educação no Brasil. Em 2022, ficamos na 65ª posição do ranking global em Matemática, na 57ª posição em Leitura e na 64ª posição em Ciências – resultados que não refletem a grandeza da economia e do potencial de nosso país.
Claro que existem grandes diferenças entre Brasil e Chile, a começar pela escala continental dos nossos desafios na educação. O ponto, aqui, é que talvez possamos tirar insights para mudar para melhor os rumos das nossas políticas públicas nos próximos anos, o que será fundamental para garantir oportunidades para as novas gerações, em um mercado de trabalho cada vez mais demandante, e a produtividade do País no cenário internacional.
Voltando ao Chile e seus “segredos” de um bem sucedido modelo pedagógico, é válido destacar que o investimento do país como proporção do PIB é, em linhas gerais, similar ao do Brasil. Porém, adota medidas que deveriam ser replicadas aqui e que preconizamos para o Plano Nacional de Educação (PNE), como controle e exigência de qualidade dos conteúdos e avaliações, descentralização da gestão e melhoria na formação e atração de professores. Nosso vizinho, inclusive, contratou a consultoria da própria OCDE para orientar suas políticas educacionais.
Outra diferença importante: o Brasil investe quatro vezes mais recursos por aluno na educação superior do que na formação fundamental – para o Chile, esta proporção é de 1,5. Como teremos bons universitários, se a base do nosso ensino está prejudicada?
Além de uma preocupação histórica com a qualidade da educação, as políticas públicas chilenas buscam, de forma constante, a melhoria das condições de aprendizagem dos estudantes. Uma série de escolhas bem sucedidas foram feitas nas últimas décadas, como educação orientada para o mercado, descentralização das responsabilidades de gestão escolar para os municípios, programa nacional de vouchers, financiamento público por meio de subsídio fixo por aluno para escolas municipais públicas e privadas, liberdade para os pais escolherem a escola de seus filhos e abertura do mercado escolar a novos participantes.
Com a aprovação da Lei Geral da Educação, o país avançou de forma mais coordenada na gestão dos recursos e sua aplicação, com fiscalização transparente das regras, cobrança e monitoramento do desempenho de alunos e escolas, além de orientação para seu aperfeiçoamento. Ao mesmo tempo, existe uma descentralização no setor e mantém-se a autonomia didática em sala de aula, com foco na interculturalidade, a partir das realidades e demandas locais da comunidade escolar.
O modelo de educação do Chile abre, ainda, oportunidades para uma real ascensão social dos estudantes. Um exemplo é a política de subsídios com vouchers, que permite matrículas de alunos mais carentes em escolas particulares, impulsionando a qualidade geral do sistema.
Estou certa de que o Brasil tem a possibilidade real de dar um salto na sua educação, de forma relativamente rápida, a partir de decisões e compromisso dos gestores públicos com marcos de mudança real, como o PNE. Alguns pontos para essa reforma educacional seriam uma educação orientada para o mercado, descentralização das responsabilidades na gestão, um programa nacional de vouchers, assim como mais autonomia, responsabilidade e transparência.
Importante lembrar que buscar e replicar benchmarking internacional não deve ser apenas de interesse do Ministério da Educação (MEC), mas, também, de estados e municípios. E de todos nós, que defendemos uma formação de qualidade para nossas crianças e jovens, como único caminho possível para um futuro melhor. Que começa, agora, em sala de aula.
*Leticia Jacintho é presidente da associação De Olho no Material Escolar. Produtora rural, também é formada em Administração de Empresas. Atuou no mercado financeiro, na área de Captação e Fundos, e, no Agronegócio, integra o Conselho Superior do Agronegócio da Federação das Indústrias de São Paulo (Cosag/Fiesp).
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Ufac recebe 3 micro-ônibus por emenda do deputado Roberto Duarte — Universidade Federal do Acre
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14 de novembro de 2025A Ufac recebeu três micro-ônibus provenientes de emenda parlamentar no valor de R$ 8 milhões, alocadas pelo deputado federal Roberto Duarte (Republicanos-AC) em 2024. A entrega ocorreu nessa quinta-feira, 13, no estacionamento A do campus-sede. Os veículos foram estacionados em frente ao bloco da Reitoria, dois ficarão no campus-sede e um irá para o campus Floresta, em Cruzeiro do Sul.
“É sem dúvida o melhor momento para a gestão, entregar melhorias para a universidade”, disse a reitora Guida Aquino. “Quero agradecer imensamente ao deputado Roberto Duarte.” Ela ressaltou outros investimentos provindos dessa emenda. “Serão três cursos de graduação na interiorização.”
Duarte disse que este ano alocou mais R$ 2 milhões para a universidade e enfatizou que os micro-ônibus contribuirão para mobilidade dos alunos e professores da instituição. “Também virá uma van, mais cursos que vamos fazer no interior do Estado do Acre, o que vai ajudar muito a população acreana. Estamos muitos felizes, satisfeitos e honrados em poder contribuir e ajudar cada vez mais no desenvolvimento da Universidade Federal do Acre, que só nos dá orgulho.”
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Aperfeiçoamento em cuidado pré-natal é encerrado na Ufac — Universidade Federal do Acre
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12 de novembro de 2025A Ufac realizou o encerramento do curso de aperfeiçoamento em cuidado pré-natal na atenção primária à saúde, promovido pela Pró-Reitoria de Extensão e Cultura (Proex), Secretaria de Estado de Saúde do Acre (Sesacre) e Secretaria Municipal de Saúde de Rio Branco (Semsa). O evento, que ocorreu nessa terça-feira, 11, no auditório do E-Amazônia, campus-sede, marcou também a primeira mostra de planos de intervenção que se transformaram em ações no território, intitulada “O Cuidar que Floresce”.
Com carga horária de 180 horas, o curso qualificou 70 enfermeiros da rede municipal de saúde de Rio Branco, com foco na atualização das práticas de cuidado pré-natal e na ampliação da atenção às gestantes de risco habitual. A formação teve início em março e foi conduzida em formato modular, utilizando metodologias ativas de aprendizagem.
Representando a reitora da Ufac, Guida Aquino, o diretor de Ações de Extensão da Proex, Gilvan Martins, destacou o papel social da universidade na formação continuada dos profissionais de saúde. “Cada cursista leva consigo o conhecimento científico que foi compartilhado aqui. Esse é o compromisso da Ufac: transformar o saber em ação, alcançando as comunidades e contribuindo para a melhoria da assistência às mulheres atendidas nas unidades.”
A coordenadora do curso, professora Clisângela Lago Santos, explicou que a iniciativa nasceu de uma demanda da Sesacre e foi planejada de forma inovadora. “Percebemos que o modelo tradicional já não surtia o efeito esperado. Por isso, pensamos em um formato diferente, com módulos e metodologias ativas. Foi a nossa primeira experiência nesse formato e o resultado foi muito positivo.”
Para ela, a formação representa um esforço conjunto. “Esse curso só foi possível com o envolvimento de professores, residentes e estudantes da graduação, além do apoio da Rede Alyne e da Sesacre”, disse. “Hoje é um dia de celebração, porque quem vai sentir os resultados desse trabalho são as gestantes atendidas nos territórios.”
Representando o secretário municipal de Saúde, Rennan Biths, a diretora de Políticas de Saúde da Semsa, Jocelene Soares, destacou o impacto da qualificação na rotina dos profissionais. “Esse curso veio para aprimorar os conhecimentos de quem está na ponta, nas unidades de saúde da família. Sei da dedicação de cada enfermeiro e fico feliz em ver que a qualidade do curso está se refletindo no atendimento às nossas gestantes.”
A programação do encerramento contou com uma mostra cultural intitulada “O Impacto da Formação na Prática dos Enfermeiros”, que reuniu relatos e produções dos participantes sobre as transformações promovidas pelo curso em suas rotinas de trabalho. Em seguida, foi realizada uma exposição de banners com os planos de intervenção desenvolvidos pelos cursistas, apresentando as ações implementadas nos territórios de saúde.
Também participaram do evento o coordenador da Rede Alyne, Walber Carvalho, representando a Sesacre; a enfermeira cursista Narjara Campos; além de docentes e residentes da área de saúde da mulher da Ufac.
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CAp promove minimaratona com alunos, professores e comunidade — Universidade Federal do Acre
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11 de novembro de 2025O Colégio de Aplicação (CAp) da Ufac realizou uma minimaratona com participação de estudantes, professores, técnico-administrativos, familiares e ex-alunos. A atividade é um projeto de extensão pedagógico interdisciplinar, chamado Maracap, que está em sua 11ª edição. Reunindo mais de 800 pessoas, o evento ocorreu em 25 de outubro, no campus-sede da Ufac.
Idealizado e coordenado pela professora de Educação Física e vice-diretora do CAp, Alessandra Lima Peres de Oliveira, o projeto promove a saúde física e social no ambiente estudantil, com caráter competitivo e formativo, integrando diferentes áreas do conhecimento e estimulando o espírito esportivo e o convívio entre gerações. A minimaratona envolve alunos dos ensinos fundamental e médio, do 6º ano à 3ª série, com classificação para o 1º, 2º e 3º lugar em cada categoria.
“O Maracap é muito mais do que uma corrida. Ele representa a união da nossa comunidade em torno de valores como disciplina, cooperação e respeito”, disse Alessandra. “É também uma proposta de pedagogia de inclusão do esporte no currículo escolar, que desperta nos estudantes o prazer pela prática esportiva e pela vida saudável.”
O pró-reitor de Extensão e Cultura, Carlos Paula de Moraes, ressaltou a importância do projeto como uma ação de extensão universitária que conecta a Ufac à sociedade. “Projetos como o Maracap mostram como a extensão universitária cumpre seu papel de integrar a universidade à comunidade. O Colégio de Aplicação é um espaço de formação integral e o esporte é uma poderosa ferramenta para o desenvolvimento humano, social e educacional.”
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