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O lento caminho da Bulgária para homenagear as vítimas do comunismo – DW – 10/11/2024

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Mihail Marinov, diretor da Fundação Ilha de Belene, tem uma visão. O seu sonho para Persin, uma ilha idílica no rio Danúbio, localizada na fronteira entre a Bulgária e a Roménia, não tem nada a ver com a conservação da natureza, embora a área seja o lar de mais de 470 espécies de aves, incluindo águias e pelicanos.

A região é famosa pelo seu rico ecossistema, mas também notória por outro motivo: entre 1944 e 1989, cerca de 15 mil pessoas consideradas inimigas do regime comunista foram internadas aqui.

Muitos morreram devido ao trabalho forçado e à desnutrição, e a ONG de Marinov quer homenageá-los: “Nosso desejo é que este local se torne parte da rede europeia de memoriais, atraindo não apenas búlgaros, mas pessoas de toda a Europa”, disse Marinov à DW.

Torre de vigia do antigo campo de concentração de Belene entre árvores
Existem planos para reconstruir totalmente o campo, para servir como centro educacionalImagem: Marcel Fürstenau/DW

Do outro lado do Danúbio encontra-se um antigo campo de trabalhos forçados

Mesmo 35 anos após a queda da ditadura comunista da Bulgária, este objectivo continua a ser um desafio. Os visitantes das ruínas do campo de Belene devem primeiro atravessar o Danúbio através de uma ponte flutuante e depois fazer uma viagem de 10 quilómetros (6,2 milhas) numa estrada estreita e esburacada.

“Queremos restaurar toda a infra-estrutura do campo tal como era na década de 1950”, disse Marinov. Isto inclui a reconstrução do quartel de madeira para os presos, do qual não há fotos. Mas desenhos secretos feitos por um ex-presidiário poderiam ser usados ​​para direcionar a reconstrução.

Marinov está bem ciente de que levará anos para que a visão da sua fundação se torne realidade. Louisa Slavkova, da Sofia Platform Foundation, um centro educativo que explora o passado comunista da Bulgária, tem uma opinião semelhante. “Quase nada está acontecendo em nível estadual”, disse ela à DW. Embora o comunismo tenha sido oficialmente condenado como regime criminoso na década de 2000, disse ela, nenhum apoio substancial foi oferecido às suas vítimas”.

‘Os jovens agora sabem mais’

A Plataforma de Sófia está particularmente centrada na educação, uma vez que a história comunista da Bulgária não estava no currículo antes de 2018. Durante muitos anos, comunismo também não foi discutido pelas famílias. Uma das principais conclusões de um estudo da Plataforma Sofia de 2014 revelou que os pais tinham falado muito pouco com os filhos sobre a ditadura.

Mas Slavkova estava optimista, observando que o comunismo já não é um tema tabu nas escolas búlgaras. “Os jovens agora sabem mais”, disse ela, referindo-se a um estudo recente que mostra alguns progressos. As formas modernas da fundação de educar as pessoas sobre a história, incluindo um projecto de história oral, contribuíram para esta mudança.

Lançado em 2021, o projeto de história oral compreende extensas entrevistas em vídeo com sobreviventes do campo de Belene. Eles também estão disponíveis em inglês e alemão em belene.camp.

Retrato de Louisa Slavkova, fundadora e diretora da organização da sociedade civil "Plataforma Sofia" na Bulgária
Louisa Slavkova, diretora da Plataforma Sofia, trabalha para aumentar a consciência sobre o passado comunista da Bulgária através de projetos de educação e história oralImagem: Marcel Fürstenau/DW

Superando o silêncio através da literatura

No entanto, muitos temas delicados continuam a ser tabus na sociedade búlgara, lamentou Slavkova. Ela disse que espera que a academia e o mundo da cultura encorajem novas abordagens para examinando o passado comunista da Bulgária. Ela mencionou o escritor Georgi Gospodinovque ganhou o Prêmio Booker Internacional em 2023 por seu romance Abrigo do Tempo.

“A história pessoal não pode ser separada da história mais ampla”, Gospodinov, que mora em Sófiadisse à DW. Ele ressaltou que não houve movimentos de resistência significativos em Bulgária durante a ditadura comunista – em contraste com as revoltas populares vistas em Alemanha Oriental (1953), Hungria (1956), Checoslováquia (1968), e Polônia (1980).

O momento perdido da revolução na Bulgária

“Perdemos anos críticos”, disse Gospodinov, 56 anos, reflectindo sobre a passividade generalizada na Bulgária. O país não viveu nem uma revolução pacífica nem violenta. Em vez disso, os comunistas abriram um caminho para beneficiar do momento transformador da Europa.

Em 10 de Novembro de 1989 – apenas um dia após a queda do Muro de Berlim – Todor Zhivkov, chefe de Estado da Bulgária durante 35 anos, foi forçado a renunciar. O Partido Comunista Búlgaro (BCP) foi rebatizado como Partido Socialista Búlgaro (BSP) e garantiu a maioria absoluta nas primeiras eleições democráticas da Bulgária em Outubro de 1990. Em comparação, os antigos comunistas na Alemanha reunificada ganharam apenas 2,4% das eleições. votar nas eleições de dezembro daquele ano.

Para Gospodinov, o rápido ressurgimento das velhas elites após a ditadura tem uma explicação simples: “Não sabíamos como protestar. Ninguém nos ensinou como ser livres”. Trinta e cinco anos depois, as sombras do passado ainda pairam sobre a Bulgária.

Este artigo, traduzido do alemão, foi escrito como parte de uma viagem de estudo de uma semana à Bulgária, organizada pela Fundação Federal para o Estudo da Ditadura Comunista na Alemanha Oriental, que promove a reavaliação das antigas ditaduras comunistas na Alemanha e em outros países. .

Os monumentos soviéticos deveriam ser desmantelados?

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Aperfeiçoamento em cuidado pré-natal é encerrado na Ufac — Universidade Federal do Acre

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Aperfeiçoamento em cuidado pré-natal é encerrado na Ufac — Universidade Federal do Acre

A Ufac realizou o encerramento do curso de aperfeiçoamento em cuidado pré-natal na atenção primária à saúde, promovido pela Pró-Reitoria de Extensão e Cultura (Proex), Secretaria de Estado de Saúde do Acre (Sesacre) e Secretaria Municipal de Saúde de Rio Branco (Semsa). O evento, que ocorreu nessa terça-feira, 11, no auditório do E-Amazônia, campus-sede, marcou também a primeira mostra de planos de intervenção que se transformaram em ações no território, intitulada “O Cuidar que Floresce”.

Com carga horária de 180 horas, o curso qualificou 70 enfermeiros da rede municipal de saúde de Rio Branco, com foco na atualização das práticas de cuidado pré-natal e na ampliação da atenção às gestantes de risco habitual. A formação teve início em março e foi conduzida em formato modular, utilizando metodologias ativas de aprendizagem.

Representando a reitora da Ufac, Guida Aquino, o diretor de Ações de Extensão da Proex, Gilvan Martins, destacou o papel social da universidade na formação continuada dos profissionais de saúde. “Cada cursista leva consigo o conhecimento científico que foi compartilhado aqui. Esse é o compromisso da Ufac: transformar o saber em ação, alcançando as comunidades e contribuindo para a melhoria da assistência às mulheres atendidas nas unidades.” 

A coordenadora do curso, professora Clisângela Lago Santos, explicou que a iniciativa nasceu de uma demanda da Sesacre e foi planejada de forma inovadora. “Percebemos que o modelo tradicional já não surtia o efeito esperado. Por isso, pensamos em um formato diferente, com módulos e metodologias ativas. Foi a nossa primeira experiência nesse formato e o resultado foi muito positivo.”

Para ela, a formação representa um esforço conjunto. “Esse curso só foi possível com o envolvimento de professores, residentes e estudantes da graduação, além do apoio da Rede Alyne e da Sesacre”, disse. “Hoje é um dia de celebração, porque quem vai sentir os resultados desse trabalho são as gestantes atendidas nos territórios.” 

Representando o secretário municipal de Saúde, Rennan Biths, a diretora de Políticas de Saúde da Semsa, Jocelene Soares, destacou o impacto da qualificação na rotina dos profissionais. “Esse curso veio para aprimorar os conhecimentos de quem está na ponta, nas unidades de saúde da família. Sei da dedicação de cada enfermeiro e fico feliz em ver que a qualidade do curso está se refletindo no atendimento às nossas gestantes.”

A programação do encerramento contou com uma mostra cultural intitulada “O Impacto da Formação na Prática dos Enfermeiros”, que reuniu relatos e produções dos participantes sobre as transformações promovidas pelo curso em suas rotinas de trabalho. Em seguida, foi realizada uma exposição de banners com os planos de intervenção desenvolvidos pelos cursistas, apresentando as ações implementadas nos territórios de saúde. 

Também participaram do evento o coordenador da Rede Alyne, Walber Carvalho, representando a Sesacre; a enfermeira cursista Narjara Campos; além de docentes e residentes da área de saúde da mulher da Ufac.

 



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CAp promove minimaratona com alunos, professores e comunidade — Universidade Federal do Acre

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CAp promove minimaratona com alunos, professores e comunidade — Universidade Federal do Acre

O Colégio de Aplicação (CAp) da Ufac realizou uma minimaratona com participação de estudantes, professores, técnico-administrativos, familiares e ex-alunos. A atividade é um projeto de extensão pedagógico interdisciplinar, chamado Maracap, que está em sua 11ª edição. Reunindo mais de 800 pessoas, o evento ocorreu em 25 de outubro, no campus-sede da Ufac.

Idealizado e coordenado pela professora de Educação Física e vice-diretora do CAp, Alessandra Lima Peres de Oliveira, o projeto promove a saúde física e social no ambiente estudantil, com caráter competitivo e formativo, integrando diferentes áreas do conhecimento e estimulando o espírito esportivo e o convívio entre gerações. A minimaratona envolve alunos dos ensinos fundamental e médio, do 6º ano à 3ª série, com classificação para o 1º, 2º e 3º lugar em cada categoria. 

“O Maracap é muito mais do que uma corrida. Ele representa a união da nossa comunidade em torno de valores como disciplina, cooperação e respeito”, disse Alessandra. “É também uma proposta de pedagogia de inclusão do esporte no currículo escolar, que desperta nos estudantes o prazer pela prática esportiva e pela vida saudável.”

O pró-reitor de Extensão e Cultura, Carlos Paula de Moraes, ressaltou a importância do projeto como uma ação de extensão universitária que conecta a Ufac à sociedade. “Projetos como o Maracap mostram como a extensão universitária cumpre seu papel de integrar a universidade à comunidade. O Colégio de Aplicação é um espaço de formação integral e o esporte é uma poderosa ferramenta para o desenvolvimento humano, social e educacional.”

 



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Semana de Letras/Português da Ufac tematiza ‘língua pretuguesa’ — Universidade Federal do Acre

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Semana de Letras/Português da Ufac tematiza ‘língua pretuguesa’ — Universidade Federal do Acre

O curso e o Centro Acadêmico de Letras/Português da Ufac iniciaram, nessa segunda-feira, 10, no anfiteatro Garibaldi Brasil, sua 24ª Semana Acadêmica, com o tema “Minha Pátria é a Língua Pretuguesa”. O evento é dedicado à reflexão sobre memória, decolonialidade e as relações históricas entre o Brasil e as demais nações de língua portuguesa. A programação segue até sexta-feira, 14, com mesas-redondas, intervenções artísticas, conferências, minicursos, oficinas e comunicações orais.

Na abertura, o coordenador da semana acadêmica, Henrique Silvestre Soares, destacou a necessidade de ligar a celebração da língua às lutas históricas por soberania e justiça social. Segundo ele, é importante que, ao celebrar a Semana de Letras e a independência dos países africanos, se lembre também que esses países continuam, assim como o Brasil, subjugados à força de imperialismos que conduzem à pobreza, à violência e aos preconceitos que ainda persistem.

O pró-reitor de Extensão e Cultura, Carlos Paula de Moraes, salientou o compromisso ético da educação e reforçou que a universidade deve assumir uma postura crítica diante da realidade. “A educação não é imparcial. É preciso, sim, refletir sobre essas questões, é preciso, sim, assumir o lado da história.”

A pró-reitora de Graduação, Ednaceli Damasceno, ressaltou a força do tema proposto. Para ela, o assunto é precioso por levar uma mensagem forte sobre o papel da universidade na sociedade. “Na própria abertura dos eventos na faculdade, percebemos o que ocorre ao nosso redor e que não podemos mais tratar como aula generalizada ou naturalizada”, observou.

O diretor do Centro de Educação, Letras e Artes (Cela), Selmo Azevedo Pontes, reafirmou a urgência do debate proposto pela semana. Ele lembrou que, no Brasil, as universidades estiveram, durante muitos anos, atreladas a um projeto hegemônico. “Diziam que não era mais urgente nem necessário, mas é urgente e necessário.”

Também estiveram presentes na cerimônia de abertura o vice-reitor, Josimar Batista Ferreira; o coordenador de Letras/Português, Sérgio da Silva Santos; a presidente do Cela, Thaís de Souza; e a professora do Laboratório de Letras, Jeissyane Furtado da Silva.

(Camila Barbosa, estagiária Ascom/Ufac)

 

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