MUNDO
O que aconteceu nos países que não fizeram lockdown na pandemia de covid

PUBLICADO
4 meses atrásem

BBC
Em março de 2020, bilhões de pessoas olhavam pelas janelas para um mundo que não reconheciam mais. De repente, confinadas em suas casas, suas vidas haviam se reduzido abruptamente a quatro paredes e telas de computador.
Em todo o planeta, líderes nacionais apareceram na televisão, dizendo à população para ficar em casa — e só sair para comprar suprimentos essenciais ou para se exercitar uma vez por dia. Era uma tentativa desesperada de conter a disseminação de um vírus aterrorizante que já havia matado milhares de pessoas ao redor do mundo.
Em Londres, Tony Beckingham e sua companheira decidiram usar sua cota de exercício diário para pedalar até o centro da cidade em uma noite.
“Achamos que seria muito divertido não ver ninguém por perto”, diz ele.
Mas não foi. Lugares que o casal conhecia bem, como Piccadilly Circus e Leicester Square, sempre lotados de gente, estavam assustadoramente silenciosos. “Foi muito perturbador — de cara”, conta Beckingham.
Esta retirada da população das ruas, estabelecimentos e empresas começou na China, onde surgiu a covid-19.
As ordens de quarentena logo foram replicadas em outros países depois que a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou uma pandemia em 11 de março de 2020.
Em nenhum momento anterior da história da humanidade, as pessoas haviam enfrentado restrições de tamanha proporção como estas.
Mas alguns países agiram de forma diferente. Suécia, Taiwan, Uruguai, Islândia e alguns outros nunca decretaram um lockdown que envolvesse restrições severas à circulação de pessoas, como ordens obrigatórias para permanecer em casa legalmente aplicadas a grandes faixas da população.
Em vez disso, esses países optaram por outras medidas, como restrições a grandes aglomerações de pessoas, testes abrangentes e quarentena de pessoas infectadas ou restrições de viagem.
Cinco anos depois, os estudos científicos e os dados se acumularam, oferecendo uma avaliação detalhada e de longo prazo sobre se estes países estavam certos em rejeitar uma intervenção de saúde pública mais drástica.
A cidade sueca de Gotenburgo é um paraíso para os apaixonados por cães, diz a administradora de recursos humanos e blogueira Anna McManus.
“Temos uma cidade que acolhe muito bem os cachorros”, diz ela. “Temos até um cinema que aceita cães.”
Enquanto países do mundo todo, incluindo a Suécia, Noruega, Finlândia e Dinamarca, na vizinhança, deram início a lockdowns nacionais em março de 2020, McManus estava ciente de que o governo do seu próprio país havia decidido nadar contra a corrente.
Ela ouviu dizer que os donos de cães em alguns países não podiam nem sequer levar seus animais de estimação para passear por causa das regras de lockdown.
A África do Sul era um destes países. Isso soou terrível para McManus. Na época, ela escreveu uma postagem em seu blog que dizia: “Estou convencida de que meu governo está agindo de forma segura e correta”.
No entanto, ela também manifestou preocupação com o fato de que seus compatriotas suecos nem sempre seguiam as diretrizes oficiais de saúde pública sobre distanciamento social, como limitar o número de pessoas que poderiam se reunir em um grupo.
McManus se lembra de fazer caminhadas frequentes em locais com belas paisagens, mas também de que ela e seus colegas usavam máscara constantemente no hospital veterinário em que ela trabalhava em 2020, para ajudar a prevenir a transmissão da covid-19.
Além disso, ela e seu companheiro evitavam restaurantes e encontros com muita gente. Mesmo agora, Mc Manus diz que não tem certeza do que pensar sobre a estratégia oficial da Suécia.
“Quero basear isso em fatos, como quantas pessoas morreram”, diz ela. “Será que poderíamos ter salvado muito mais gente se tivéssemos feito um lockdown?”
Os cientistas tentaram responder a esta pergunta. Ingeborg Forthun, do Instituto Norueguês de Saúde Pública, e pesquisadores de outros países, incluindo a Suécia, publicaram um estudo em maio de 2024 que comparou as mortes em excesso (acima da média histórica) na Suécia, Noruega, Dinamarca e Finlândia durante os primeiros anos da pandemia.
Enquanto a Suécia evitou controles rígidos impostos pelo governo, confiando principalmente em mudanças voluntárias de comportamento de seus cidadãos, as outras três nações impuseram lockdowns rígidos nos estágios iniciais da pandemia.
A Noruega, a Finlândia e a Dinamarca fecharam escolas e a maioria dos outros aspectos da vida pública, além de pedir que as pessoas trabalhassem de casa, mas não chegaram a confinar a população em suas residências como fizeram outros países, como o Reino Unido.
Talvez sem surpresa, os pesquisadores descobriram um aumento notável nas mortes em excesso na Suécia durante as ondas iniciais da pandemia, na primavera e no inverno do hemisfério norte de 2020, quando a covid-19 conseguiu se espalhar mais livremente, do que nas nações vizinhas.
Mas, embora a mortalidade em excesso tenha caído nos outros três países em 2020, ela aumentou em comparação com a Suécia em 2021 e 2022.
“Os quatro países têm um número comparável de mortes em excesso quando se leva em consideração o fato de que o tamanho da população é diferente”, observa Forthun.
O que os lockdowns afetaram, em parte, foi o momento em que os picos de mortes em excesso ocorreram.
Com relação à abordagem da Noruega, Forthun acrescenta: “Provavelmente mantivemos algumas pessoas idosas e vulneráveis vivas por um período mais longo.”
Já as autoridades da Suécia foram criticadas em 2020 pelo alto número de mortes em casas de repouso.
Alguns economistas combinaram dados semelhantes com comparações de indicadores de desempenho econômico entre os mesmos quatro países nórdicos para argumentar que, de uma maneira geral, a abordagem da Suécia foi justificada devido aos custos econômicos relativamente baixos.
Mas estes argumentos são controversos, e a falta de um lockdown na Suécia continua gerando debates acalorados.
Outro estudo realizado por um grupo de economistas alemães — que fez uma simulação de como um lockdown poderia ter afetado os resultados da pandemia na Suécia — sugere que as significativas restrições voluntárias adotadas pela população no país parecem ter replicado alguns dos efeitos de um lockdown de qualquer forma.
Uma epidemiologista sueca, Nele Brusselaers, do Instituto Karolinska, criticou a estratégia de covid-19 do país. Ela se mudou para a Bélgica durante a pandemia.
“Sou médica, então é claro que me preocupo com vidas”, diz ela. “Queremos salvar cada vida”.
Ela afirma que muitos de seus compatriotas suecos “ainda estão em negação” em relação à covid-19, embora alguns tenham questionado a falta de lockdown nos últimos anos.
Brusselaers, que morava na Suécia em 2020, observa como suas postagens nas redes sociais sobre a covid-19 resultaram em uma forte reação por parte de alguns que discordavam da sua posição sobre o lockdown como uma estratégia apropriada.
“Você recebe muito ódio”, diz ela. “Isso não é algo com que eu estava acostumada.”
Ainda hoje, algumas pessoas acham difícil superar a hostilidade que enfrentaram quando o tema era lockdown.
Um pesquisador universitário com quem a BBC entrou em contato para esta reportagem disse que ficou tão traumatizado com o abuso que recebeu online em 2020 que nunca mais pretendia comentar publicamente sobre as medidas de controle da covid-19, ou lockdowns.
Além disso, algumas pessoas que viviam em países sem lockdown, e que discordavam da abordagem de seus governos, ainda estão se recuperando da experiência.
A Tanzânia nunca teve nenhum lockdown em decorrência da covid-19.
O ex-presidente do país, John Magufuli, que descartou os lockdowns e outras intervenções de saúde pública, morreu em 2021.
A abordagem de Magufuli à pandemia foi “não científica”, diz Fadhili Mtani, professor de história da Universidade Muçulmana de Morogoro, na Tanzânia. “Ele defendeu o uso de ervas tradicionais e, mais tarde, rejeitou as vacinas.”
Mas Mtani se lembra de ter visitado hospitais onde membros da sua própria família haviam falecido. “Eu vi pessoas sufocando nos hospitais”, diz ele.
“O hospital disse que não deveríamos dizer que era covid”, acrescenta.
Os dados oficiais sugerem que cerca de 840 pessoas morreram de covid-19 na Tanzânia desde o início da pandemia.
Mas Mtani afirma que o governo não disponibilizou estatísticas precisas. Uma colaboração internacional destinada a estimar o número global de mortes em excesso durante os dois primeiros anos da pandemia, estimou o número total de mortes na Tanzânia em algo entre 102 mil e 188 mil.
Mtani argumenta que a Tanzânia deveria ter decretado um lockdown, embora sem impor restrições excessivas à circulação dos trabalhadores.
“A maioria das pessoas é pobre. Negar a circulação para elas é negar sua existência”, explica Mtani.
Muitos cientistas enfatizam que os lockdowns foram cruciais para salvar vidas no início da pandemia, antes de as vacinas estarem disponíveis, e também para limitar a pressão sobre os serviços de saúde.
Em março de 2020, esta pressão já era acentuada no Reino Unido, diz Adam Kucharski, professor de epidemiologia de doenças infecciosas da Escola de Higiene e Medicina Tropical de Londres.
“O NHS (sistema público de saúde britânico) estava sobrecarregado”, explica Kucharski, referindo-se ao relato emocionado de médicos que testemunharam no inquérito público do Reino Unido sobre a resposta do governo à covid-19.
“É ridículo sugerir que [o NHS] não estava efetivamente sob uma pressão avassaladora naquele momento”, ele acrescenta.
Kucharski também destaca que, devido às conexões globais do Reino Unido e ao grande número de jovens que vivem juntos ou com os pais, em comparação com a Suécia, por exemplo, poderia ter sido muito mais difícil para o Reino Unido controlar a transmissão da covid-19 sem impor um lockdown.
Ele também cita um estudo de 2021 que tentou quantificar o efeito de intervenções governamentais específicas na disseminação da covid-19, usando dados de 41 países.
O estudo revela que certos aspectos dos lockdowns nacionais podem ter sido mais impactantes do que outros.
Os pesquisadores descobriram, por exemplo, que a proibição de reuniões com mais de 10 pessoas ou o fechamento de escolas e universidades foi especialmente eficaz, reduzindo a transmissão em mais de 35%, em média.
No entanto, o fechamento de restaurantes e bares pareceu fazer um pouco menos de diferença na transmissão.
Além disso, os pesquisadores sugerem que adicionar uma ordem estrita para permanecer em casa além destas medidas “teve apenas um pequeno efeito adicional” em termos de desaceleração da covid-19 — estimado em menos de 17,5% em média.
Os países que optaram por não fazer um lockdown severo também podem ter tido mais tempo para se preparar para a chegada da covid-19, ou razões sociais e estruturais para que o vírus Sars-CoV-2, causador da doença, tivesse menos chance de se espalhar rapidamente ali, em comparação com outros países.
Mesmo assim, há comparações surpreendentes a serem feitas. Vejamos o caso da Islândia e da Nova Zelândia, por exemplo.
Ambas são nações insulares ricas com populações relativamente pequenas, mas enquanto a Nova Zelândia introduziu um lockdown rigoroso em 25 de março de 2020, a Islândia nunca impôs a medida.
“Eles [a Islândia] tinham mais estratégia de mitigação”, diz Leah Grout, analista de dados de pesquisa especializada em saúde pública da Universidade de Ciências da Saúde do Sul da Califórnia, nos EUA.
Grout foi a principal autora de um artigo de pesquisa sobre as estratégias e os resultados contrastantes da covid-19 nestes dois países.
A Islândia introduziu um programa de teste e rastreamento, em que as infecções e os contatos entre as pessoas eram monitorados para que os indivíduos — e não populações inteiras — fossem solicitados a cumprir quarentena por um tempo.
Esta medida também foi usada em muitos países que aplicaram confinamentos, quando os lockdowns foram suspensos. A Islândia tinha algumas restrições relacionadas a reuniões sociais, e fechou suas fronteiras para alguns viajantes, por um breve período.
“A Nova Zelândia teve uma das taxas de mortalidade mais baixas do mundo com sua abordagem”, afirma Grout.
“A Islândia também se saiu muito bem.” Além disso, os impactos econômicos em ambos os países foram limitados, ela acrescenta.
Outros pesquisadores chegaram a conclusões semelhantes em relação à Nova Zelândia e à Islândia.
Muito foi escrito em 2020 sobre os esforços de vários países para enfrentar a pandemia da covid-19.
Mas, em retrospecto, parece que era muito cedo para se chegar a conclusões reais.
O Uruguai foi elogiado na época por aparentemente conseguir manter a covid-19 sob controle, apesar de nunca ter decretado um lockdown rigoroso.
O governo aplicou algumas formas de distanciamento social, incluindo o fechamento de algumas academias de ginástica, e as fronteiras do país também foram fechadas para determinados viajantes, por exemplo.
Mas os portos permaneceram abertos, e não houve nenhuma ordem para permanecer em casa que afetasse toda a população.
Um estudo publicado em 2024 constatou que, embora o número de mortes em excesso tenha sido baixo no Uruguai em 2020, na verdade elas aumentaram significativamente em 2021 e 2022.
As mortes em excesso em 2021, por exemplo, foram quase 19% acima do esperado, com base nas tendências históricas.
Os autores do estudo atribuem isso principalmente à disseminação da covid-19, mas acrescentam que os impactos da pandemia sobre a capacidade de fornecer assistência médica de outras maneiras provavelmente também desempenharam um papel nisso.
Da mesma forma, o Japão conseguiu manter a mortalidade por covid-19 em um nível relativamente baixo no início da pandemia.
No verão do hemisfério norte de 2022, haviam sido registrados 36.200 óbitos em decorrência da doença no país. Hoje, este número chega a 130 mil.
Mas o que aconteceu nesse ínterim? A variante ômicron. Novas mutações do vírus Sars-CoV-2 inicial que se espalhou pelo mundo em 2022 e 2023.
Alguns pesquisadores argumentam que a abordagem do Japão provou ser a correta no geral.
“Mesmo sem o lockdown, a supressão das curvas epidêmicas foi amplamente bem-sucedida”, afirma Hiroshi Nishiura, professor da Escola de Pós-Graduação em Medicina da Universidade de Kyoto, no Japão.
No entanto, assim como em outros países em que lockdowns legalmente obrigatórios não entraram em vigor, há evidências de que as pessoas no Japão mudaram significativamente seu comportamento de qualquer maneira.
Um estudo sobre a circulação das pessoas com base em dados de telefones celulares sugere que, quando o governo japonês declarou estado de emergência em todo o país em abril de 2020, as pessoas em Tóquio reduziram suas saídas de casa quase tanto quanto as pessoas nos EUA que, em contrapartida, enfrentaram lockdowns legalmente obrigatórios.
Apesar disso, Yasuharu Tokuda, epidemiologista clínico e diretor do Centro de Hospitais de Ensino Muribushi Okinawa, no Japão, argumenta que uma abordagem mais rígida poderia ter sido benéfica.
“Alguns pacientes não puderam ser internados nos hospitais devido à falta de leitos disponíveis”, diz ele.
“Se tivermos uma forte pandemia viral, vamos precisar ter um lockdown mais rigoroso no Japão.”
No entanto, pesquisas sugerem que pode haver resistência a esta ideia entre a população do país.
É importante refletir sobre o quão drástico é realmente um lockdown. Kucharski, por exemplo, classifica a medida como uma ferramenta “contundente”.
“Nunca deveríamos ter chegado a este ponto em que estávamos em apuros, com tão pouca visibilidade do que a pandemia estava fazendo”, diz ele.
Foi devido à falta de certeza sobre o que aconteceria a seguir e à escassez de outras intervenções disponíveis que o Reino Unido foi mais ou menos forçado a entrar em lockdown, ele sugere.
Muitos ainda não superaram os efeitos do lockdown. Em março de 2020, Bill Allison, ex-funcionário público na Escócia, estava na casa dos 60 anos. Ele tinha muitos planos para sua aposentadoria — queria conhecer o mundo.
Naquela época, Allison também era um ávido frequentador de pubs, e se reunia frequentemente com os amigos para tomar uma cerveja.
O lockdown o impediu de continuar com esta rotina. Ele diz que seguiu as regras o tempo todo, mas isso o deixou com uma profunda sensação de solidão e isolamento.
“Juntei todos os pedaços de madeira que tinha e decidi ver se conseguia transformá-los em uma guitarra elétrica”, ele conta.
“Eu trabalhava até tarde da noite. Não havia mais nada para fazer, na verdade.”
Ele encontrou um grupo online de fabricação de guitarras, por meio do qual conheceu pessoas com interesses semelhantes. “Fiz muitos amigos novos.”
Mas quando o mundo começou gradualmente a se abrir novamente, Allison foi atingido por uma forte sensação em relação ao que ele estava perdendo, e que era difícil de recuperar.
“O pub perto da minha casa não é mais tão movimentado como era antes da covid”, diz ele.
“Me tornei bastante introvertido, e agora acho que não quero interagir com as pessoas tanto quanto antes. Estava conversando sobre isso com alguns dos meus amigos. […] Todos nós nos sentimos muito infelizes.”
Prestes a completar 72 anos, Allison afirma que seus planos de viagem pré-pandemia continuam suspensos.
“Estou chegando a uma idade em que não quero mais fazer um voo de nove horas para o outro lado do mundo. Isso meio que me fez recuar.”
Inúmeros estudos mostram que o isolamento social e a solidão afetaram milhares de pessoas durante a pandemia, e que este foi um problema particularmente grave durante os lockdowns nacionais.
Também houve impactos negativos sobre as famílias monoparentais, que tiveram mais dificuldade de obter uma renda enquanto cuidavam dos filhos.
Houve preocupações ainda de que a perda repentina da interação social e do acesso à educação afetasse o desenvolvimento de crianças pequenas, com algumas evidências apontando para um impacto em suas habilidades linguísticas.
Mais de um bilhão de crianças e estudantes se viram sem acesso a seus métodos habituais de aprendizagem.
Uma pesquisa publicada recentemente usando dados de 72 países sugere que o fechamento de escolas durante a pandemia pode ter levado a um declínio nas pontuações de matemática em uma média de 14% — o equivalente a sete meses de aprendizado.
Em países como o Reino Unido, o lockdown foi associado a um aumento no abuso doméstico.
E, além disso, os lockdowns tiveram um enorme impacto no acesso à saúde. Muitas pessoas descobriram que seus exames e tratamentos de câncer foram cancelados ou adiados, por exemplo.
Quanto aos potenciais benefícios dos lockdowns não relacionados à transmissão da covid-19, muito se falou sobre as reduções temporárias na poluição do ar e nas emissões de carbono, como resultado das restrições impostas durante os estágios iniciais da pandemia.
Essas reduções acabaram sendo temporárias, uma vez que as emissões de gases de efeito estufa voltaram a aumentar, e a qualidade do ar piorou, quando as pessoas saíram do confinamento.
Em alguns países, as autoridades que tentaram impor lockdowns rigorosos e uma política de “covid zero” foram recebidas com protestos violentos por parte da população. Alguns casos amplamente divulgados aconteceram na China em 2022.
Não há como deixar de lado o fato de que uma ordem abrangente para permanecer em casa é uma intervenção extrema, e que vem acompanhada de muitas consequências negativas. Em 2020, os governos tiveram que avaliar se poderiam aplicar com sucesso esta medida, e se ela realmente valia a pena.
A menos, é claro, que eles tivessem uma alternativa. O governo de Taiwan, por exemplo, nunca impôs um lockdown e, em vez disso, confiou no uso quase universal de máscaras, restrições nas fronteiras e rastreamento intensivo de contatos, o que envolveu o acesso a muitos dados pessoais. Isso incluía informações de cartões inteligentes de transporte e dados de localização de telefones celulares. Parte deste monitoramento foi exaustivo.
“[Os Centros de Controle de Doenças de Taiwan] também criaram um sistema de localização em tempo real baseado no smartphone para rastrear os sinais de telefone dos contatos, e alertar as autoridades locais se alguém saísse do local designado ou desligasse o telefone.
As autoridades entrariam em contato ou visitariam pessoalmente as pessoas que acionassem um alerta, dentro de 15 minutos”, observa um artigo.
Basicamente, Taiwan (e mais tarde a Coreia do Sul, que, até certo ponto, refletiu a abordagem de Taiwan) evitou o lockdown por meio de monitoramento e controle minuciosos de toda a população.
No entanto, mesmo em Taiwan, os surtos de covid-19 causaram problemas. Inicialmente, no primeiro semestre de 2021, e depois novamente em 2022, os casos aumentaram à medida que algumas medidas preventivas no país, e a própria população, começaram a relaxar.
Os pesquisadores observam, no entanto, que as mortes por covid-19 se tornaram menos comuns com o passar do tempo, conforme as autoridades de saúde de Taiwan distribuíam vacinas para a população.
Embora estes estudos de caso de vários países mostrem que foi claramente possível enfrentar a pandemia de covid-19 sem recorrer a lockdowns nacionais, os resultados finais parecem depender dos atributos de países específicos, de suas populações e de seus sistemas de saúde.
Em última análise, a grande maioria das nações decretou lockdowns em algum momento durante 2020 ou 2021, e seria difícil sugerir que todas elas estão em situação significativamente pior por causa desta intervenção, especificamente.
Ainda assim, cinco anos depois, a severidade dos lockdowns e seus efeitos sobre milhões, se não bilhões de pessoas, se tornaram mais claros.
Até mesmo alguns pesquisadores que encontraram evidências de que os lockdowns salvaram vidas, advertiram contra o uso apressado desta medida no futuro.
Os efeitos de longo prazo sobre as crianças, a educação e as economias ainda estão em andamento, e provavelmente não serão totalmente compreendidos por muitos anos.
Independentemente do que os governos decidam fazer, ter um plano que eles comuniquem antes de qualquer nova pandemia, provavelmente vai melhorar a aceitação e a adesão do público a qualquer mitigação rigorosa, diz Grout.
“Precisa ser muito claro.” Isso significa que todo mundo poderia saber com antecedência que circunstâncias desencadeariam um lockdown.
Em Gothenburg, McManus se lembra dos debates que teve com colegas suecos sobre se seu país estava fazendo a coisa certa em 2020. E de como algumas pessoas pareciam indiferentes ou desinteressadas em seguir as diretrizes de distanciamento social na época.
“Nem se fala mais sobre isso”, ela afirma. “Olhando para trás, fico pensando se, como sociedade, será que realmente aprendemos alguma coisa com isso?”
Relacionado
VOCÊ PODE GOSTAR
MUNDO
Mulher alimenta pássaros livres na janela do apartamento e tem o melhor bom dia, diariamente; vídeo

PUBLICADO
1 mês atrásem
26 de maio de 2025
Todos os dias de manhã, essa mulher começa a rotina com uma cena emocionante: alimenta vários pássaros livres que chegam à janela do apartamento dela, bem na hora do café. Ela gravou as imagens e o vídeo é tão incrível que já acumula mais de 1 milhão de visualizações.
Cecilia Monteiro, de São Paulo, tem o mesmo ritual. Entre alpiste e frutas coloridas, ela conversa com as aves e dá até nomes para elas.
Nas imagens, ela aparece espalhando delicadamente comida para os pássaros, que chegam aos poucos e transformam a janela num pedacinho de floresta urbana. “Bom dia. Chegaram cedinho hoje, hein?”, brinca Cecilia, enquanto as aves fazem a festa com o banquete.
Amor e semente
Todos os dias Cecilia acorda e vai direto preparar a comida das aves livres.
Ela oferece porções de alpiste e frutas frescas e arruma tudo na borda da janela para os pequenos visitantes.
E faz isso com tanto amor e carinho que a gratidão da natureza é visível.
Leia mais notícia boa
- Menino autista imita cantos de pássaros na escola e vídeo viraliza no mundo
- Cidades apagam as luzes para milhões de pássaros migrarem em segurança
- Três Zoos unem papagaios raros para tentar salvar a espécie
Cantos de agradecimento
E a recompensa vem em forma de asas e cantos.
Maritacas, sabiás, rolinha e até uma pomba muito ousada resolveu participar da festa.
O ambiente se transforma com todas as aves cantando e se deliciando.
Vai dizer que essa não é a melhor forma de começar o dia?
Liberdade e confiança
O que mais chama a atenção é a relação de respeito entre a mulher e as aves.
Nada de gaiolas ou cercados. Os pássaros vêm porque querem. E voltam porque confiam nela.
“Podem vir, podem vir”, diz ela na legenda do vídeo.
Internautas apaixonados
O vídeo se tornou viral e emocionou milhares de pessoas nas redes sociais.
Os comentários vão de elogios carinhosos a relatos de seguidores que se sentiram inspirados a fazer o mesmo.
“O nome disso é riqueza! De alma, de vida, de generosidade!”, disse um.
“Pra mim quem conquista os animais assim é gente de coração puro, que benção, moça”, compartilhou um segundo.
Olha que fofura essa janela movimentada, cheia de aves:
Cecila tem a mesma rotina todos os dias. Põe comida para os pássaros livres na janela do apartamento dela em SP. – Foto: @cecidasaves/TikTok
Leia Mais: Só Notícias Boas
Relacionado
MUNDO
Cavalos ajudam dependentes químicos a se reconectar com a vida, emprego e família

PUBLICADO
1 mês atrásem
26 de maio de 2025
O poder sensorial dos cavalos e de conexão com seres humanos é incrível. Tanto que estão ajudando dependentes químicos a se reconectar com a família, a vida e trabalho nos Estados Unidos. Até agora, mais de 110 homens passaram com sucesso pelo programa.
No Stable Recovery, em Kentucky, os cavalos imensos parecem intimidantes, mas eles estão ali para ajudar. O projeto ousado, criado por Frank Taylor, coloca os homens em contato direto com os equinos para desenvolverem um senso de responsabilidade e cuidado.
“Eu estava simplesmente destruído. Eu só queria algo diferente, e no dia em que entrei neste estábulo e comecei a trabalhar com os cavalos, senti que eles estavam curando minha alma”, contou Jaron Kohari, um dos pacientes.
Ideia improvável
Os pacientes chegam ali perdidos, mas saem com emprego, dignidade e, muitas vezes, de volta ao convívio com aqueles que amam.
“Você é meio egoísta e esses cavalos exigem sua atenção 24 horas por dia, 7 dias por semana, então isso te ensina a amar algo e cuidar dele novamente”, disse Jaron Kohari, ex-mineiro de 36 anos, em entrevista à AP News.
O programa nasceu da cabeça de Frank, criador de cavalos puro-sangue e dono de uma fazenda tradicional na indústria de corridas. Ele, que já foi dependente em álcool, sabe muito bem como é preciso dar uma chance para aqueles que estão em situação de vulnerabilidade.
Leia mais notícia boa
A ideia
Mas antes de colocar a iniciativa em prática, precisou convencer os irmãos a deixar ex-viciados lidarem com animais avaliados em milhões de dólares.“Frank, achamos que você é louco”, disse a família dele.
Mesmo assim, ele não desistiu e conseguiu a autorização para tentar por 90 dias. Se algo desse errado, o programa seria encerrado imediatamente.
E o melhor aconteceu.
A recuperação
Na Stable Recovery, os participantes acordam às 4h30, participam de reuniões dos Alcoólicos Anônimos e trabalham o dia inteiro cuidando dos cavalos.
Eles escovam, alimentam, limpam baias, levam aos pastos e acompanham as visitas de veterinários aos animais.
À noite, cozinham em esquema revezamento e vão dormir às 21h.
Todo o programa dura um ano, e isso permite que os participantes se tornem amigos, criem laços e fortaleçam a autoestima.
“Em poucos dias, estando em um estábulo perto de um cavalo, ele está sorrindo, rindo e interagindo com seus colegas. Um cara que literalmente não conseguia levantar a cabeça e olhar nos olhos já está se saindo melhor”, disse Frank.
Cavalos que curam
Os cavalos funcionam como espelhos dos tratadores. Se o homem está tenso, o cavalo sente. Se está calmo, ele vai retribuir.
Frank, o dono, chegou a investir mais de US$ 800 mil para dar suporte aos pacientes.
Ao olhar tantas vidas que ele já ajudou a transformar, ele diz que não se arrepende de nada.
“Perdemos cerca de metade do nosso dinheiro, mas apesar disso, todos aqueles caras permaneceram sóbrios.”
A gente aqui ama cavalos. E você?
A rotina com os animais é puxada, mas a recompensa é enorme. – Foto: AP News
Relacionado
MUNDO
Resgatado brasileiro que ficou preso na neve na Patagônia após seguir sugestão do GPS

PUBLICADO
1 mês atrásem
26 de maio de 2025
Cuidado com as sugestões do GPS do seu carro. Este brasileiro, que ficou preso na neve na Patagônia, foi resgatado após horas no frio. Ele seguiu as orientações do navegador por satélite e o carro acabou atolado em uma duna de neve. Sem sinal de internet para pedir socorro, teve que caminhar durante horas no frio de -10º C, até que foi salvo pela polícia.
O progframador Thiago Araújo Crevelloni, de 38 anos, estava sozinho a caminho de El Calafate, no dia 17 de maio, quando tudo aconteceu. Ele chegou a pensar que não sairia vivo.
O resgate só ocorreu porque a anfitriã da pousada onde ele estava avisou aos policiais sobre o desaparecimento do Thiago. Aí começaram as buscas da polícia.
Da tranquilidade ao pesadelo
Thiago seguia viagem rumo a El Calafate, após passar por Mendoza, El Bolsón e Perito Moreno.
Cruzar a Patagônia de carro sempre foi um sonho para ele. Na manhã do ocorrido, nevava levemente, mas as estradas ainda estavam transitáveis.
A antiga Rota 40, por onde ele dirigia, é famosa pelas paisagens e pela solidão.
Segundo o programador, alguns caminhões passavam e havia máquinas limpando a neve.
Tudo parecia seguro, até que o GPS sugeriu o desvio que mudou tudo.
Leia mais notícia boa
Caminho errado
Thiago seguiu pela rota alternativa e, após 20 km, a neve ficou mais intensa e o vento dificultava a visibilidade.
“Até que, numa curva, o carro subiu em uma espécie de duna de neve que não dava para distinguir bem por causa do vento branco. Tudo era branco, não dava para ver o que era estrada e o que era acúmulo de neve. Fiquei completamente preso”, contou em entrevista ao G1.
Ele tentou desatolar o veículo com pedras e ferramentas, mas nada funcionava.
Caiu na neve
Sem ajuda por perto, exausto, encharcado e com muito frio, Thiago decidiu caminhar até a estrada principal.
Mesmo fraco, com fome e mal-estar, colocou uma mochila nas costas e saiu por volta das 17h.
Após mais de cinco horas de caminhada no escuro e com o corpo congelando, ele caiu na neve.
“Fiquei deitado alguns minutos, sozinho, tentando recuperar energia. Consegui me levantar e segui, mesmo sem saber quanta distância faltava.”
Luz no fim do túnel
Sem saber quanto tempo faltava para a estrada principal, Thiago se levantou e continuou a caminhada.
De repente, viu uma luz. No início, o programador achou que estava alucinando.
“Um pouco depois, ao olhar para trás em uma reta infinita, vi uma luz. Primeiro achei que estava vendo coisas, mas ela se aproximava. Era uma viatura da polícia com as luzes acesas. Naquele momento senti um alívio que não consigo descrever. Agitei os braços, liguei a lanterna do celular e eles me viram”, disse.
A gentileza dos policiais
Os policiais ofereceram água, comida e agasalhos.
“Falaram comigo com uma ternura que me emocionou profundamente. Me levaram ao hospital, depois para um hotel. Na manhã seguinte, com a ajuda de um guincho, consegui recuperar o carro”, agradeceu o brasileiro.
Apesar do susto, ele se recuperou e decidiu manter a viagem. Afinal, era o sonho dele!
Veja como foi resgatado o brasileiro que ficou preso na neve na Patagônia:
Thiago caminhou por 5 horas no frio até ser encontrado. – Foto: Thiago Araújo Crevelloni
Relacionado
PESQUISE AQUI
MAIS LIDAS
- ACRE7 dias ago
Simpósio na Ufac debate defesa nacional, fronteiras e migrações — Universidade Federal do Acre
- Economia e Negócios7 dias ago
O novo rico de Wall Street – Financial Optimized Access
- Economia e Negócios6 dias ago
Comprar engajamento no Instagram é bom? Até que ponto é útil?
- CULTURA6 dias ago
Exposição sobre presídios acreanos é levada para Assembleia Legislativa do Acre para Audiência Pública do plano Pena Justa
Warning: Undefined variable $user_ID in /home/u824415267/domains/acre.com.br/public_html/wp-content/themes/zox-news/comments.php on line 48
You must be logged in to post a comment Login