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Pacto para simplificar ‘juridiquês’ tem adesão e lacunas – 04/01/2025 – Poder
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Renato Brocchi
O Pacto do Judiciário pela Linguagem Simples completou um ano com a adesão da maioria dos tribunais brasileiros, mas enfrenta críticas sobre limitações e falta de definição de conceitos para uniformizar a medida.
A ação do CNJ (Conselho Nacional de Justiça), anunciada em 4 de dezembro de 2023, tem como objetivo incentivar cortes pelo país a serem menos empoladas tanto na papelada legal quanto na comunicação com o público geral.
De acordo com o portal dedicado ao pacto, dos tribunais subordinados ao CNJ apenas o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) não aderiu. Questionada, a corte não disse como tem tratado o tema.
Isso significa que aderiram à iniciativa os TJs (Tribunal de Justiça), TREs (Tribunais Regionais Eleitorais), TRTs (Tribunais Regionais do Trabalho) e três cortes superiores: STJ (Superior Tribunal de Justiça), TST (Tribunal Superior do Trabalho) e STM (Superior Tribunal Militar), entre outras. O STF (Supremo Tribunal Federal) não aparece na lista porque não é subordinado ao CNJ.
Há avanços, como o manual publicado em agosto com modelo padrão para ementas —trechos de documentos que contêm um resumo do que foi decidido. Mas, para críticos, o pacto desconsidera dimensões que vão além da simplificação do vocabulário.
Dentre os compromissos dos tribunais que aderiram está eliminar, quando possível, termos formais demais, estimular o uso de versões resumidas dos votos nas sessões de julgamento e fornecer explicações dos impactos das decisões “na vida de cada pessoa e da sociedade brasileira”.
“O que acontecia com o direito —e ainda acontece, mas acho que a gente vem melhorando bem— é você transformar a linguagem num instrumento de poder que exclui do debate as pessoas que não têm aquela chave do conhecimento”, diz o ministro Luís Roberto Barroso, presidente do STF e do CNJ.
Segundo ele, a definição de “linguagem simples” usada pelo conselho não vem de alguma “análise técnico-científica”, mas de “uma coisa mais empírica da capacidade da outra pessoa compreender o que você está falando”.
O manual de padronização de ementas está entre as iniciativas ligadas a esse primeiro ano de pacto. A ideia é que os tribunais sintetizem os principais pontos das decisões, facilitando o entendimento e fornecendo, de forma acessível, referências da legislação e dos precedentes citados. Ao fim, o manual dá exemplos com base em formatos de ementas já em uso.
Também como desdobramento do pacto em seu primeiro ano, o CNJ concedeu, em solenidade no dia 16 de outubro, o “Selo Linguagem Simples”, destinado a reconhecer projetos e esforços na área. Ele foi entregue a 47 tribunais e ao CJF (Conselho da Justiça Federal).
O TJ-SP (Tribunal de Justiça de São Paulo) foi um dos 23 tribunais estaduais agraciados com a iniciativa. De acordo com Paula Navarro, juíza assessora da presidência do tribunal, muito do que a corte faz nessa área foi iniciado antes do pacto. Ela cita como exemplo o “Juridiquês Não Tem Vez”, projeto que congrega podcast e vídeos para explicar expressões e temas jurídicos em linguagem acessível.
O tribunal ainda adotou um método em prol da brevidade e da simplificação de solenidades. O TJ também está no meio de uma transição para um novo sistema eletrônico de tramitação de processos, o Eproc. Essa migração é feita “pensando em algumas decisões, ofícios, que contenham também imagens ou palavras mais fáceis”, diz Navarro.
Heloisa Fischer, professora e palestrante sobre linguagem simples em informações públicas, reforça a ideia de que muitas das ações já tinham sido estabelecidas “de baixo para cima” pelos tribunais.
Ela vê uma limitação na forma como o CNJ trata do assunto. Muitos dos materiais relacionados ao pacto falam de problemas de vocabulário —ou seja, enfatizam a necessidade de trocar termos complicados por outros mais diretos. Mas a linguagem simples, diz Fischer, também abarca elementos da construção frasal e do design que facilitem a absorção da informação pelo leitor.
O pacto até cita o assunto ao enfatizar a importância da brevidade. Fischer afirma que não vê contemplados aspectos de organização visual e de estrutura das frases.
Muito disso, ela diz, tem a ver com mudanças em curso no próprio campo: há, hoje, uma norma da ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) que estabelece diretrizes para documentos em linguagem simples. A publicação é de 2024 e, portanto, não poderia ter sido incluída no pacto desde o início.
Ivy Farias, advogada e organizadora de curso sobre linguagem simples para carreiras jurídicas, afirma já ter tido receio sobre a falta de uma definição exata do que seria “linguagem simples”.
“Eu estava muito preocupada que cada tribunal fizesse o que quisesse e dissesse que aquilo era linguagem simples”, diz ela. “Pois foi dito e feito.”
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A advogada salienta que, apesar de a norma da ABNT ser recente, ela poderia servir de baliza para novas ações, combatendo essa indefinição ainda presente.
Farias também lembra o projeto de lei cuja proposta é estabelecer a Política Nacional de Linguagem Simples na administração pública, aprovado na Câmara dos Deputados em dezembro de 2023 e atualmente em tramitação no Senado.
“Acho que, com a aprovação da lei, com o Executivo se movimentando nisso, eles vão acabar trazendo essa definição para dentro”, afirma a advogada. “Com isso, eu acho que não vai ficar mais tão aéreo como está. Vai haver um plano de ação, de data, de vinculação, de transparência.”
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Curso de Letras/Libras da Ufac realiza sua 8ª Semana Acadêmica — Universidade Federal do Acre
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4 de novembro de 2025O curso de Letras/Libras da Ufac realizou, nessa segunda-feira, 3, a abertura de sua 8ª Semana Acadêmica, com o tema “Povo Surdo: Entrelaçamentos entre Línguas e Culturas”. A programação continua até quarta-feira, 5, no anfiteatro Garibaldi Brasil, campus-sede, com palestras, minicursos e mesas-redondas que abordam o bilinguismo, a educação inclusiva e as práticas pedagógicas voltadas à comunidade surda.
“A Semana de Letras/Libras é um momento importante para o curso e para a universidade”, disse a pró-reitora de Graduação, Edinaceli Damasceno. “Reúne alunos, professores e a comunidade surda em torno de um diálogo sobre educação, cultura e inclusão. Ainda enfrentamos desafios, mas o curso tem se consolidado como um dos mais importantes da Ufac.”
O pró-reitor de Extensão e Cultura, Carlos Paula de Moraes, ressaltou que o evento representa um espaço de transformação institucional. “A semana provoca uma reflexão sobre a necessidade de acolher o povo surdo e integrar essa diversidade. A inclusão não é mais uma escolha, é uma necessidade. As universidades precisam se mobilizar para acompanhar as mudanças sociais e culturais, e o curso de Libras tem um papel fundamental nesse processo.”

A organizadora da semana, Karlene Souza, destacou que o evento celebra os 11 anos do curso e marca um momento de fortalecimento da extensão universitária. “Essa é uma oportunidade de promover discussões sobre bilinguismo e educação de surdos com nossos alunos, egressos e a comunidade externa. Convidamos pesquisadores e professores surdos para compartilhar experiências e ampliar o debate sobre as políticas públicas de educação bilíngue.”
A palestra de abertura foi ministrada pela professora da Universidade Federal do Paraná, Sueli Fernandes, referência nacional nos estudos sobre bilinguismo e ensino de português como segunda língua para surdos.
O evento também conta com a participação de representantes da Secretaria de Estado de Educação e Cultura, da Secretaria Municipal de Educação, do Centro de Apoio ao Surdo e de profissionais que atuam na gestão da educação especial.
(Fhagner Soares, estagiário Ascom/Ufac)
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A Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação (Propeg) comunica que estão abertas as inscrições até esta segunda-feira, 3, para o mestrado profissional em Administração Pública (Profiap). São oferecidas oito vagas para servidores da Ufac, duas para instituições de ensino federais e quatro para ampla concorrência.
Confira mais informações e o QR code na imagem abaixo:
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Atlética Sinistra conquista 5º título em disputa de baterias em RO — Universidade Federal do Acre
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31 de outubro de 2025A atlética Sinistra, do curso de Medicina da Ufac, participou, entre os dias 22 e 26 de outubro, do 10º Intermed Rondônia-Acre, sediado pela atlética Marreta, em Porto Velho. O evento reuniu estudantes de diferentes instituições dos dois Estados em competições esportivas e culturais, com destaque para a tradicional disputa de baterias universitárias.
Na competição musical, a bateria da atlética Sinistra conquistou o pentacampeonato do Intermed (2018, 2019, 2023, 2024 e 2025), tornando-se a mais premiada da história do evento. O grupo superou sete concorrentes do Acre e de Rondônia, com uma apresentação que se destacou pela técnica, criatividade e entrosamento.
Além do título principal, a bateria levou quase todos os prêmios individuais da disputa, incluindo melhor estandarte, chocalho, tamborim, mestre de bateria, surdos de marcação e surdos de terceira.
Nas modalidades esportivas, a Sinistra obteve o terceiro lugar geral, sendo a única equipe fora de Porto Velho a subir no pódio, por uma diferença mínima de pontos do segundo colocado.
(Camila Barbosa, estagiária Ascom/Ufac)
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