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Por que a Bulgária ainda luta contra a violência de gênero – DW – 19/12/2024

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6 meses atrásem
Existe um estigma na sociedade búlgara sobre falar sobre a vida com um parceiro abusivo. Esta é apenas uma das razões pelas quais este país da Europa Oriental tem um problema tão grande com a violência doméstica e baseada no género.
Segundo o coletivo Mobilizações Feministas, 18 mulheres foram assassinadas em Bulgária até agora este ano.
As Mobilizações Feministas são apenas uma entre uma série de organizações que trabalham incansavelmente para combater violência de gênero na Bulgária. Entre outras coisas, organiza campanhas de informação e manifestações contra violência contra mulheres várias vezes por ano sob o lema “Nem mais uma única mulher”.
Siga a hashtag: #NiUnaMenos
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Este slogan foi inspirado no movimento feminista latino-americano “Ni Una menos”, que começou na Argentina. O nome do movimento, que significa “Nem uma mulher a menos”, está associado à frase “Ni una muerta más” (em espanhol: “Nem uma mulher morta a mais”), cunhada pela poetisa e ativista mexicana Susana Chavez em 1995 para protestar contra os assassinatos de mulheres em Ciudad Juárez.
‘Nem mais uma única mulher!’
Quando a própria Chávez foi assassinada em 2011, a frase tornou-se um símbolo de resistência à violência contra as mulheres.
O slogan é agora também amplamente utilizado na Bulgária e está indissociavelmente ligado à luta contra a violência baseada no género no país.
No verão de 2023, por exemplo, milhares de pessoas saíram às ruas de cidades de toda a Bulgária para mostrar o seu apoio a uma jovem de 18 anos que havia sido brutalmente atacada por seu ex-companheiro.
Naquele dia, os manifestantes de todo o país gritavam “Nem mais uma única mulher!”
Lutando por um mundo sem violência
“Há tantas mulheres que atravessam o inferno da violência que estão em perigo, que não conseguem defender-se, não conseguem falar ainda. Queremos que as suas vozes sejam ouvidas”, diz Shirin Hodzheva, uma das mulheres por trás das mobilizações feministas.
Outra é Dessislava Dimitrova. Tal como muitas outras mulheres na Bulgária, Dimitrova sofreu violência doméstica em primeira mão. “Eu não poderia ficar parada, sabendo o que passei e o que milhares de outras mulheres passam todos os dias. Então, decidi ser uma participante ativa na luta pela mudança. não estamos sozinhos: estamos aqui e lutamos por um mundo sem violência”, disse ela à DW.
A importância de mudar mentalidades arcaicas
Nora Hristova faz parte da Emprove Foundation, organização que trabalha com mulheres que tiveram relacionamentos traumáticos ou violentos. Ela se juntou ao grupo Mulheres Sobreviventes da fundação, onde mulheres que conseguiram sair de relacionamentos violentos ajudam e apoiam outras mulheres em situações semelhantes. Ela chama o grupo de “coração da organização”.
Hristova diz que é importante que as mulheres tenham um sistema de apoio, especialmente na sociedade búlgara, onde as opiniões da maioria das pessoas sobre a violência doméstica estão profundamente enraizadas num sistema de crenças arcaico sobre os papéis de género na sociedade.
Um estudo recente mostrou que 48% dos búlgaros acreditam que “os problemas dentro da família devem ser resolvidos em privado” e que 69% acreditam que existem formas de violência dentro da unidade familiar que foram normalizadas na sociedade búlgara.
Nas palavras de Dessislava Dimitrova, a indiferença resultante do facto de a violência doméstica ser tipicamente minimizada ou justificada também é um problema. “Opiniões como ‘os problemas familiares são resolvidos em casa’ muitas vezes mantêm as vítimas em situações violentas e desencorajam-nas de procurar ajuda”, diz ela.
Segundo Nora Hristova, o mais importante é que essa mentalidade mude. “Quanto mais a sensibilidade for aumentada a nível social, menor será a tolerância à violência”, disse ela à DW.
O estado não faz o suficiente para proteger as mulheres
Uma parte importante do problema das mulheres na Bulgária é a resposta inadequada das autoridades estatais em casos de violência de gênero.
Em Novembro, o Tribunal Distrital de Plovdiv decidiu que o agressor de Debora, de 18 anos, cujo caso provocou protestos massivos em 2023, poderia sair da prisão pagando 6.000 levs (cerca de 3.000 euros ou 3.200 dólares) de fiança. É por isso que muitas mulheres na Bulgária temem que os seus agressores não sejam processados e muito menos condenados.
Outro caso brutal que abalou a sociedade búlgara nos últimos anos foi o de Evgeniya, de 33 anos, assassinada pelo marido e cujo corpo foi descartado numa mala.
O sogro dela ajudou o filho no assassinato e posteriormente mentiu às autoridades e à mídia sobre o assunto. Embora ambos os homens tenham sido condenados à prisão perpétua, a sentença ainda não foi finalizada – três anos após o assassinato de Evgeniya. Enquanto isso, o pai do assassino foi libertado da prisão e está em prisão domiciliar.
Não só as mulheres são afetadas
No ano passado, o parlamento búlgaro aprovou uma alteração à Lei de Protecção contra a Violência Doméstica, tornando a violência doméstica punível nos casos em que o perpetrador e a vítima estão “numa relação íntima”, o que não acontecia anteriormente.
Por mais bem-vindo que isto seja, existem vários problemas com as definições envolvidas. Por exemplo, um relacionamento só é considerado “íntimo” se tiver mais de 60 dias. Outro problema é que a relação deve ser entre homem e mulher. Em outras palavras, os membros do LGBTQ+ comunidade não são protegidos pela alteração de forma alguma.
Na verdade, a contínua atitude hostil e discriminatória da Bulgária para com a comunidade LGBTQ+ é parte da razão pela qual o governo se recusou a assinar o Convenção de Istambulo Conselho da Europado tratado que se opõe à violência contra as mulheres.
Um grande grupo de legisladores declarou a sua oposição à convenção porque alegaram que ela “introduziria um terceiro género”. Esta tem sido uma narrativa recorrente desde então e bloqueou todos os esforços para avançar na assinatura da convenção.
Prevenção como caminho a seguir
À luz destes problemas, a prevenção é uma das questões mais importantes abordadas por organizações como Mobilizações Feministas e Emprove.
Nora Hristova fala sobre uma das últimas campanhas da Emprove, que busca conscientizar sobre os primeiros sinais de um relacionamento tóxico: “Quando uma mulher está nesse tipo de relacionamento, muitas vezes ela não reconhece os primeiros sinais de violência. uma bandeira vermelha, pode literalmente salvar uma vida”, diz ela.
Shirin Hodzheva acredita que a chave para uma verdadeira prevenção é uma mudança na educação: “Para cada dia que não conversamos, não nos ouvimos, não nos educamos, não introduzimos aulas (ministradas com ferramentas adequadas à idade) sobre educação sexual e reconhecer estereótipos, discriminação e violência, estamos adiando o início da solução para o problema”, diz ela.
Segundo Hristova, uma parte importante disto é estar atento à forma como o problema da violência baseada no género é abordado na sociedade e à terminologia utilizada. É por isso que a Emprove não fala de “vítimas de violência doméstica”, mas sim de “mulheres sobreviventes”.
Editado por: Aingeal Flanagan
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MUNDO
Mulher alimenta pássaros livres na janela do apartamento e tem o melhor bom dia, diariamente; vídeo

PUBLICADO
1 mês atrásem
26 de maio de 2025
Todos os dias de manhã, essa mulher começa a rotina com uma cena emocionante: alimenta vários pássaros livres que chegam à janela do apartamento dela, bem na hora do café. Ela gravou as imagens e o vídeo é tão incrível que já acumula mais de 1 milhão de visualizações.
Cecilia Monteiro, de São Paulo, tem o mesmo ritual. Entre alpiste e frutas coloridas, ela conversa com as aves e dá até nomes para elas.
Nas imagens, ela aparece espalhando delicadamente comida para os pássaros, que chegam aos poucos e transformam a janela num pedacinho de floresta urbana. “Bom dia. Chegaram cedinho hoje, hein?”, brinca Cecilia, enquanto as aves fazem a festa com o banquete.
Amor e semente
Todos os dias Cecilia acorda e vai direto preparar a comida das aves livres.
Ela oferece porções de alpiste e frutas frescas e arruma tudo na borda da janela para os pequenos visitantes.
E faz isso com tanto amor e carinho que a gratidão da natureza é visível.
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Cantos de agradecimento
E a recompensa vem em forma de asas e cantos.
Maritacas, sabiás, rolinha e até uma pomba muito ousada resolveu participar da festa.
O ambiente se transforma com todas as aves cantando e se deliciando.
Vai dizer que essa não é a melhor forma de começar o dia?
Liberdade e confiança
O que mais chama a atenção é a relação de respeito entre a mulher e as aves.
Nada de gaiolas ou cercados. Os pássaros vêm porque querem. E voltam porque confiam nela.
“Podem vir, podem vir”, diz ela na legenda do vídeo.
Internautas apaixonados
O vídeo se tornou viral e emocionou milhares de pessoas nas redes sociais.
Os comentários vão de elogios carinhosos a relatos de seguidores que se sentiram inspirados a fazer o mesmo.
“O nome disso é riqueza! De alma, de vida, de generosidade!”, disse um.
“Pra mim quem conquista os animais assim é gente de coração puro, que benção, moça”, compartilhou um segundo.
Olha que fofura essa janela movimentada, cheia de aves:
Cecila tem a mesma rotina todos os dias. Põe comida para os pássaros livres na janela do apartamento dela em SP. – Foto: @cecidasaves/TikTok
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Cavalos ajudam dependentes químicos a se reconectar com a vida, emprego e família

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1 mês atrásem
26 de maio de 2025
O poder sensorial dos cavalos e de conexão com seres humanos é incrível. Tanto que estão ajudando dependentes químicos a se reconectar com a família, a vida e trabalho nos Estados Unidos. Até agora, mais de 110 homens passaram com sucesso pelo programa.
No Stable Recovery, em Kentucky, os cavalos imensos parecem intimidantes, mas eles estão ali para ajudar. O projeto ousado, criado por Frank Taylor, coloca os homens em contato direto com os equinos para desenvolverem um senso de responsabilidade e cuidado.
“Eu estava simplesmente destruído. Eu só queria algo diferente, e no dia em que entrei neste estábulo e comecei a trabalhar com os cavalos, senti que eles estavam curando minha alma”, contou Jaron Kohari, um dos pacientes.
Ideia improvável
Os pacientes chegam ali perdidos, mas saem com emprego, dignidade e, muitas vezes, de volta ao convívio com aqueles que amam.
“Você é meio egoísta e esses cavalos exigem sua atenção 24 horas por dia, 7 dias por semana, então isso te ensina a amar algo e cuidar dele novamente”, disse Jaron Kohari, ex-mineiro de 36 anos, em entrevista à AP News.
O programa nasceu da cabeça de Frank, criador de cavalos puro-sangue e dono de uma fazenda tradicional na indústria de corridas. Ele, que já foi dependente em álcool, sabe muito bem como é preciso dar uma chance para aqueles que estão em situação de vulnerabilidade.
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A ideia
Mas antes de colocar a iniciativa em prática, precisou convencer os irmãos a deixar ex-viciados lidarem com animais avaliados em milhões de dólares.“Frank, achamos que você é louco”, disse a família dele.
Mesmo assim, ele não desistiu e conseguiu a autorização para tentar por 90 dias. Se algo desse errado, o programa seria encerrado imediatamente.
E o melhor aconteceu.
A recuperação
Na Stable Recovery, os participantes acordam às 4h30, participam de reuniões dos Alcoólicos Anônimos e trabalham o dia inteiro cuidando dos cavalos.
Eles escovam, alimentam, limpam baias, levam aos pastos e acompanham as visitas de veterinários aos animais.
À noite, cozinham em esquema revezamento e vão dormir às 21h.
Todo o programa dura um ano, e isso permite que os participantes se tornem amigos, criem laços e fortaleçam a autoestima.
“Em poucos dias, estando em um estábulo perto de um cavalo, ele está sorrindo, rindo e interagindo com seus colegas. Um cara que literalmente não conseguia levantar a cabeça e olhar nos olhos já está se saindo melhor”, disse Frank.
Cavalos que curam
Os cavalos funcionam como espelhos dos tratadores. Se o homem está tenso, o cavalo sente. Se está calmo, ele vai retribuir.
Frank, o dono, chegou a investir mais de US$ 800 mil para dar suporte aos pacientes.
Ao olhar tantas vidas que ele já ajudou a transformar, ele diz que não se arrepende de nada.
“Perdemos cerca de metade do nosso dinheiro, mas apesar disso, todos aqueles caras permaneceram sóbrios.”
A gente aqui ama cavalos. E você?
A rotina com os animais é puxada, mas a recompensa é enorme. – Foto: AP News
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Resgatado brasileiro que ficou preso na neve na Patagônia após seguir sugestão do GPS

PUBLICADO
1 mês atrásem
26 de maio de 2025
Cuidado com as sugestões do GPS do seu carro. Este brasileiro, que ficou preso na neve na Patagônia, foi resgatado após horas no frio. Ele seguiu as orientações do navegador por satélite e o carro acabou atolado em uma duna de neve. Sem sinal de internet para pedir socorro, teve que caminhar durante horas no frio de -10º C, até que foi salvo pela polícia.
O progframador Thiago Araújo Crevelloni, de 38 anos, estava sozinho a caminho de El Calafate, no dia 17 de maio, quando tudo aconteceu. Ele chegou a pensar que não sairia vivo.
O resgate só ocorreu porque a anfitriã da pousada onde ele estava avisou aos policiais sobre o desaparecimento do Thiago. Aí começaram as buscas da polícia.
Da tranquilidade ao pesadelo
Thiago seguia viagem rumo a El Calafate, após passar por Mendoza, El Bolsón e Perito Moreno.
Cruzar a Patagônia de carro sempre foi um sonho para ele. Na manhã do ocorrido, nevava levemente, mas as estradas ainda estavam transitáveis.
A antiga Rota 40, por onde ele dirigia, é famosa pelas paisagens e pela solidão.
Segundo o programador, alguns caminhões passavam e havia máquinas limpando a neve.
Tudo parecia seguro, até que o GPS sugeriu o desvio que mudou tudo.
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Caminho errado
Thiago seguiu pela rota alternativa e, após 20 km, a neve ficou mais intensa e o vento dificultava a visibilidade.
“Até que, numa curva, o carro subiu em uma espécie de duna de neve que não dava para distinguir bem por causa do vento branco. Tudo era branco, não dava para ver o que era estrada e o que era acúmulo de neve. Fiquei completamente preso”, contou em entrevista ao G1.
Ele tentou desatolar o veículo com pedras e ferramentas, mas nada funcionava.
Caiu na neve
Sem ajuda por perto, exausto, encharcado e com muito frio, Thiago decidiu caminhar até a estrada principal.
Mesmo fraco, com fome e mal-estar, colocou uma mochila nas costas e saiu por volta das 17h.
Após mais de cinco horas de caminhada no escuro e com o corpo congelando, ele caiu na neve.
“Fiquei deitado alguns minutos, sozinho, tentando recuperar energia. Consegui me levantar e segui, mesmo sem saber quanta distância faltava.”
Luz no fim do túnel
Sem saber quanto tempo faltava para a estrada principal, Thiago se levantou e continuou a caminhada.
De repente, viu uma luz. No início, o programador achou que estava alucinando.
“Um pouco depois, ao olhar para trás em uma reta infinita, vi uma luz. Primeiro achei que estava vendo coisas, mas ela se aproximava. Era uma viatura da polícia com as luzes acesas. Naquele momento senti um alívio que não consigo descrever. Agitei os braços, liguei a lanterna do celular e eles me viram”, disse.
A gentileza dos policiais
Os policiais ofereceram água, comida e agasalhos.
“Falaram comigo com uma ternura que me emocionou profundamente. Me levaram ao hospital, depois para um hotel. Na manhã seguinte, com a ajuda de um guincho, consegui recuperar o carro”, agradeceu o brasileiro.
Apesar do susto, ele se recuperou e decidiu manter a viagem. Afinal, era o sonho dele!
Veja como foi resgatado o brasileiro que ficou preso na neve na Patagônia:
Thiago caminhou por 5 horas no frio até ser encontrado. – Foto: Thiago Araújo Crevelloni
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