ACRE
Por que as vítimas do desastre de uma barragem no Brasil estão processando a mineradora BHP em um tribunal de Londres? | Notícias ambientais
PUBLICADO
1 ano atrásem
Gigante global da mineração BHP enfrenta bilhões de dólares em possíveis indenizações por danos sobre o pior desastre ambiental do Brasil há nove anos, quando a primeira audiência do tão adiado processo foi aberta em um tribunal de Londres na segunda-feira.
Em 5 de novembro de 2015, uma barragem de rejeitos rompeu, liberando lama de minério de ferro no Rio Doce, no sudeste do Brasil. Os resíduos tóxicos contaminaram a água do rio e danificaram o seu ecossistema. O resíduos de mineração destruiu a aldeia vizinha de Bento Rodrigues, matando pelo menos 19 pessoas.
A ação coletiva movida pela primeira vez em novembro de 2018 pede cerca de US$ 47 bilhões em danos, tornando-se o maior pagamento ambiental de todos os tempos, de acordo com o escritório de advocacia Pogust Goodhead, que representa os demandantes.
Aqui está o que sabemos sobre o incidente e o processo.
O que aconteceu com a barragem de Mariana?
A barragem de Mariana, também conhecida como barragem de Fundão, que armazenava quase 50 milhões de metros cúbicos de lama de minério de ferro, ruiu em 5 de novembro de 2015, arrastando a vila de Bento Rodrigues, que hoje parece uma cidade fantasma.
A barragem foi operada pela mineradora brasileira Samarco, da qual a BHP é acionista.
O lodo tóxico devastou e contaminou a pesca e as florestas. Centenas de indígenas que viviam perto do rio Doce ficaram sem água potável. Os resíduos tóxicos viajaram até o Oceano Atlântico.
O Rio Doce, sagrado para a comunidade indígena Krenak, ainda não se recuperou totalmente dos danos.
De acordo com um estudo da Universidade de Ulster, os resíduos tóxicos danificaram 660 km (410 milhas) do rio e mataram 14 toneladas de peixes de água doce. Além disso, os pescadores perderam anos das suas capturas.
Qual é o processo contra a BHP?
A ação movida por mais de 600 mil pessoas, segundo documentos judiciais oficiaisexige que a mineradora anglo-australiana BHP pague indenizações adequadas às vítimas afetadas pelo desastre.
Em 2018, foi noticiado que documentos internos da Samarco, datados de seis meses antes do rompimento da barragem, mostravam que a empresa conhecia os riscos associados a um potencial rompimento da barragem no estado de Minas Gerais.
A BHP possui 50 por cento da Samarco, que operava a mina de minério de ferro onde a barragem rompeu. A produtora brasileira de ferro Vale também é acionista da Samarco.
“A BHP é uma poluidora e, portanto, deve pagar”, disse o advogado Alain Choo Choy em declarações por escrito.
Uma ação coletiva refere-se a uma ação movida por um indivíduo ou grupo em nome de um grupo maior. No caso do rompimento da barragem, houve múltiplas vítimas e as pessoas que movem a ação representam essas vítimas.
Ações judiciais coletivas são relativamente comuns em casos de danos ambientais. Um exemplo recente disto ocorreu no final de Junho deste ano, quando um grupo de crianças no Havai ganhou um caso contra o Departamento de Transportes do Havaí, onde alegaram que o órgão violou seu direito constitucional a um ambiente limpo ao implementar políticas que criam emissões. As crianças estavam falando em nome de todos os jovens do Havaí. O departamento concordou em aplicar políticas de descarbonização no setor de transportes do Havaí.
Por que o caso foi aberto em um tribunal de Londres?
A BHP e a Vale negociaram um acordo com as autoridades brasileiras junto com a Samarco, segundo relatos da mídia.
Como resultado dessas negociações, em 2016, a BHP, ao lado da Vale e da Samarco, criou a Fundação Renova para a reparação dos danos causados pelo rompimento da barragem.
De acordo com um comunicado de imprensa publicado pela BHP em 19 de outubro, US$ 7,9 bilhões já foram pagos entre 2016 e setembro de 2024, cerca de US$ 18 bilhões serão pagos em parcelas ao longo de 20 anos e cerca de US$ 5,8 bilhões serão pagos em “obrigações de desempenho adicionais” pela Samarco.
O Guardião relatado em 2018 que um processo civil foi aberto pelas pessoas afetadas em um tribunal brasileiro. No entanto, como os tribunais brasileiros demoram muito para chegar a uma decisão e existe a possibilidade de a compensação ser inadequada, as vítimas recorreram a um tribunal de Londres.
Além disso, a ação foi movida no Reino Unido porque duas pessoas jurídicas da BHP estavam sediadas no Reino Unido na época.
Nas observações escritas, o advogado da BHP, Shaheed Fatima, disse que a alegação do autor “não tem base”, dizendo que a BHP não era proprietária nem operava a barragem e “tinha conhecimento limitado da barragem e nenhum conhecimento de que a sua estabilidade estava comprometida”.
Um breve cronograma do caso jurídico
Aqui está um breve cronograma de como esse processo progrediu e por que as audiências estão acontecendo nove anos depois:
- 5 de novembro de 2018: Mais de 240 mil pessoas e entidades corporativas, incluindo 200 pessoas das comunidades Krenak, entraram com uma ação judicial contra a BHP, Vale e Samarco no Supremo Tribunal de Justiça de Londres.
- Abril de 2020: Um juiz do Reino Unido adiou os procedimentos judiciais devido às restrições da COVID-19, de acordo com a organização de investigação Business and Human Rights Resource Centre, com sede em Londres.
- Novembro de 2020: O Tribunal Superior rejeitou o caso, com o juiz decidindo que o caso era um “abuso do processo do tribunal”.
- Março de 2021: Os demandantes não tiveram sorte no Tribunal de Apelações, cujo julgamento concordou que o caso seria um abuso de processos judiciais.
- Julho de 2021: O tribunal de recurso reverteu a sua decisão anterior e concordou em conceder permissão para recorrer para evitar “injustiça real”.
- Julho de 2022: O tribunal de apelações decidiu que os tribunais ingleses tinham competência para julgar o caso, especialmente porque a indenização fornecida às vítimas no Brasil era inadequada. O julgamento estava previsto para começar em abril de 2024, mas a BHP solicitou que fosse adiado para meados de 2025.
- Março de 2023: Outras 500.000 pessoas e organizações juntaram-se aos demandantes.
- Maio de 2023: Um tribunal de Londres rejeitou o pedido de adiamento da BHP, concedendo em vez disso um adiamento de cinco meses até outubro de 2024. A audiência no caso muito adiado começou em 21 de outubro.

Relacionado
VOCÊ PODE GOSTAR
ACRE
Curso de Medicina Veterinária da Ufac promove 4ª edição do Universo VET — Universidade Federal do Acre
PUBLICADO
3 dias atrásem
29 de novembro de 2025As escolas da rede municipal realizam visitas guiadas aos espaços temáticos montados especialmente para o evento. A programação inclui dois planetários, salas ambientadas, mostras de esqueletos de animais, estudos de células, exposição de animais de fazenda, jogos educativos e outras atividades voltadas à popularização da ciência.
A pró-reitora de Inovação e Tecnologia, Almecina Balbino, acompanhou o evento. “O Universo VET evidencia três pilares fundamentais: pesquisa, que é a base do que fazemos; extensão, que leva o conhecimento para além dos muros da Ufac; e inovação, essencial para o avanço das áreas científicas”, afirmou. “Tecnologias como robótica e inteligência artificial mostram como a inovação transforma nossa capacidade de pesquisa e ensino.”
A coordenadora do Universo VET, professora Tamyres Izarelly, destacou o caráter formativo e extensionista da iniciativa. “Estamos na quarta edição e conseguimos atender à comunidade interna e externa, que está bastante engajada no projeto”, afirmou. “Todo o curso de Medicina Veterinária participa, além de colaboradores da Química, Engenharia Elétrica e outras áreas que abraçaram o projeto para complementá-lo.”
Ela também reforçou o compromisso da universidade com a democratização do conhecimento. “Nosso objetivo é proporcionar um dia diferente, com aprendizado, diversão, jogos e experiências que muitos estudantes não têm a oportunidade de vivenciar em sala de aula”, disse. “A extensão é um dos pilares da universidade, e é ela que move nossas ações aqui.”
A programação do Universo VET segue ao longo do dia, com atividades interativas para estudantes e visitantes.
Relacionado
ACRE
Doutorandos da Ufac elaboram plano de prevenção a incêndios no PZ — Universidade Federal do Acre
PUBLICADO
4 dias atrásem
27 de novembro de 2025Doutorandos do Programa de Pós-Graduação em Biodiversidade e Biotecnologia da Amazônia Legal (Rede Bionorte) apresentaram, na última quarta-feira, 19, propostas para o primeiro Plano de Prevenção e Ações de Combate a Incêndios voltado ao campus sede e ao Parque Zoobotânico da Universidade Federal do Acre (Ufac). A atividade foi realizada na sala ambiente do PZ, como resultado da disciplina “Fundamentos de Geoinformação e Representação Gráfica para a Análise Ambiental”, ministrada pelo professor Rodrigo Serrano.
Entre os produtos apresentados estão o Mapa de Risco de Fogo, com análise de vegetação, áreas urbanas e tráfego humano, e o Mapa de Rotas e Pontos de Água, com trilhas de evacuação e açudes úteis no combate ao fogo.
O Parque Zoobotânico abriga 345 espécies florestais e 402 de fauna silvestre. As medidas visam garantir a segurança da área, que integra o patrimônio ambiental da universidade.
“É importante registrar essa iniciativa acadêmica voltada à proteção do Campus Sede e do PZ”, disse Harley Araújo da Silva, coordenador do Parque Zoobotânico. Ele destacou “a sensibilidade do professor Rodrigo Serrano ao propor o desenvolvimento do trabalho em uma área da própria universidade, permitindo que os doutorandos apliquem conhecimentos técnicos de forma concreta e contribuam diretamente para a gestão e segurança” do espaço.
Participaram da atividade os doutorandos Alessandro, Francisco Bezerra, Moisés, Norma, Daniela Silva Tamwing Aguilar, David Pedroza Guimarães, Luana Alencar de Lima, Richarlly da Costa Silva e Rodrigo da Gama de Santana. A equipe contou com apoio dos servidores Nilson Alves Brilhante, Plínio Carlos Mitoso e Francisco Félix Amaral.
Relacionado
ACRE
Ufac sedia 10ª edição do Seminário de Integração do PGEDA — Universidade Federal do Acre
PUBLICADO
4 dias atrásem
27 de novembro de 2025Coordenadora geral da Rede Educanorte, a professora Fátima Matos, da Universidade Federal do Pará (UFPA), destacou que o seminário tem como objetivo avaliar as atividades realizadas no semestre e planejar os próximos passos. “A cada semestre, realizamos o seminário em um dos polos do programa. Aqui em Rio Branco, estamos conhecendo de perto a dinâmica do polo da Ufac, aproximando a gestão da Rede da reitoria local e permitindo que professores, coordenadores e alunos compartilhem experiências”, explicou. Para ela, cada edição contribui para consolidar o programa. “É uma forma de dizer à sociedade que temos um doutorado potente em Educação. Cada visita fortalece os polos e amplia o impacto do programa em nossas cidades e na região Norte.”
Durante a cerimônia, o professor Mark Clark Assen de Carvalho, coordenador do polo Rio Branco, reforçou o papel da Ufac na Rede. “Em 2022, nos credenciamos com sete docentes e passamos a ser um polo. Hoje somos dez professores, sendo dois do Campus Floresta, e temos 27 doutorandos em andamento e mais 13 aprovados no edital de 2025. Isso representa um avanço importante na qualificação de pesquisadores da região”, afirmou.
Mark Clark explicou ainda que o seminário é um espaço estratégico. “Esse encontro é uma prática da Rede, realizado semestralmente, para avaliação das atividades e planejamento do que será desenvolvido no próximo quadriênio. A nossa expectativa é ampliar o conceito na Avaliação Quadrienal da Capes, pois esse modelo de doutorado em rede é único no país e tem impacto relevante na formação docente da região norte”, pontuou.
Representando a reitora Guida Aquino, o diretor de pós-graduação da Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação (Propeg), Lisandro Juno Soares, destacou o compromisso institucional com os programas em rede. “A Ufac tem se esforçado para estruturar tanto seus programas próprios quanto os consorciados. O Educanorte mostra que é possível, mesmo com limitações orçamentárias, fortalecer a pós-graduação, utilizando estratégias como captação de recursos por emendas parlamentares e parcerias com agências de fomento”, disse.
Lisandro também ressaltou os impactos sociais do programa. “Esses doutores e doutoras retornam às suas comunidades, fortalecem redes de ensino e inspiram novas gerações a seguir na pesquisa. É uma formação que também gera impacto social e econômico.”
A coordenadora regional da Rede Educanorte, professora Ney Cristina Monteiro, da Universidade Federal do Pará (UFPA), lembrou o esforço coletivo na criação do programa e reforçou o protagonismo da região norte. “O PGEDA é hoje o maior programa de pós-graduação da UFPA em número de docentes e discentes. Desde 2020, já formamos mais de 100 doutores. É um orgulho fazer parte dessa rede, que nasceu de uma mobilização conjunta das universidades amazônicas e que precisa ser fortalecida com melhores condições de funcionamento”, afirmou.
Participou também da mesa de abertura o vice-reitor da Ufac, Josimar Batista Ferreira.
Relacionado
PESQUISE AQUI
MAIS LIDAS
ACRE7 dias agoIV WORKSHOP DE EMPRESAS JUNIORES
ACRE5 dias agoUfac realiza confraternização com estudantes do Campus Floresta — Universidade Federal do Acre
ACRE6 dias agoUfac institui a primeira Pesquisa de Clima Organizacional — Universidade Federal do Acre
ACRE5 dias agoUfac abre 9ª Semana de Engenharia Elétrica destacando inovação e mercado — Universidade Federal do Acre
Warning: Undefined variable $user_ID in /home/u824415267/domains/acre.com.br/public_html/wp-content/themes/zox-news/comments.php on line 48
You must be logged in to post a comment Login