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Por que universidades do país não sobem em rankings? – 09/01/2025 – Educação

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Nelson Cardoso Amaral

Frequentemente, as universidades e outras instituições públicas de educação superior do Brasil são cobradas por não conseguirem ocupar posições mais altas nos rankings internacionais de educação. E criticadas por isso, como se essa diferença de performance fosse justificativa para se apontar a ineficiência das universidades públicas brasileiras. Mais um mito que em nada contribui para o desenvolvimento do ensino no país.

De fato, das 100 primeiras posições do ranking de 2024 da conceituada editora inglesa Quacquarelli Symonds, 82 são ocupadas por instituições pertencentes a nações desenvolvidas integrantes da OCDE: Alemanha, Austrália, Bélgica, Canadá, Coreia do Sul, Estados Unidos, França, Holanda, Irlanda, Japão, Nova Zelândia, Reino Unido, Suécia e Suíça.

O mito de que o Brasil deveria pertencer a essa elite vem do fato de que, comparativamente, aplica-se aqui em educação o mesmo percentual do PIB do que nestes países. Esta análise desconsidera, contudo, os valores absolutos destes PIBs, bem como os tamanhos de suas populações em idades educacionais.

Nesta comparação, os valores aplicados por estudante no Brasil são consideravelmente menores que aqueles aplicados nos países acima, como mostra a tabela abaixo:

Na educação básica, há uma grande distância entre os valores destes 14 países e os do Brasil. Na educação superior a diferença é realmente menor. Porém, deve-se considerar as especificidades existentes nos orçamentos das universidades e instituições públicas de ensino superior brasileiras, que também possuem hospitais, fazendas, televisões, rádios, teatros, museus e muitos outros equipamentos culturais que exigem um volume imenso de recursos financeiros para o desenvolvimento de suas atividades de ensino, pesquisa e extensão. Tudo isso torna as comparações internacionais muito mais complexas.

Esses valores é que realmente importam, pois são eles que pagam salários dos profissionais da educação, adequam a infraestrutura das escolas e equipam suas instalações e laboratórios.

Somente para exemplificar, a tabela que segue mostra os salários iniciais médios nos 14 países da OCDE listados anteriormente e no Brasil. Eles referem-se à pré-escola, aos anos finais do ensino fundamental (EF-AF) e ao ensino médio (EM). As informações, tanto dos países selecionados da OCDE quanto do Brasi, constam do banco de dados da OCDE. E o valor brasileiro se refere ao Piso Salarial Profissional Nacional (PSPN):

Importante também notar que, para a obtenção de melhores posições nos rankings pelas instituições de ensino superior brasileiras, deve-se considerar que o Brasil aplica valores equivalentes a apenas US$ 174 por habitante em ciência e tecnologia. Enquanto os 14 países da OCDE elencados acima aplicam, em média, US$ 1.418 por habitante.

Além dessas diferenças fundamentais para estabelecer condições que propiciem que as universidades públicas brasileiras ocupem melhores posições nos rankings internacionais, há muitos outros desafios que dificultam esse acesso.

A performance brasileira

Nas 100 primeiras posições do ranking da Quacquarelli Symonds, o Brasil participa apenas com a Universidade de São Paulo (USP), na 86ª posição. As próximas posições brasileiras na lista são da Unicamp (220ª posição), UFRJ (371ª) e Unesp (419ª).

Para a elaboração do ranking foram utilizados os seguintes componentes: reputação acadêmica; reputação do empregador das pessoas formadas na instituição; proporção estudante/corpo docente; citações por docente; proporção de professores estrangeiros; proporção de alunos estrangeiros; rede internacional de pesquisa; resultados de empregos e sustentabilidade.

Diversos desses componentes são quantitativos e pode-se examiná-los comparativamente entre as dos 14 países da OCDE e as quatro IES brasileiras mais bem colocadas.

A tabela que segue apresenta o número total de estudantes, o número de estudantes estrangeiros, o número de professores, a relação estudante por professor e a relação estudantes estrangeiros pelo total de estudantes das IES presentes nos países da OCDE e das quatro primeiras IES.

Examinando-se as informações da tabela pode-se concluir que:

a) As 82 instituições dos 14 países membros da OCDE que participam das 100 primeiras colocações do QS-WUR-2024 possuem, em média, um número total de 27.419 estudantes, enquanto as quatro universidades brasileiras mais bem colocadas (USP, Unicamp, UFRJ e Unesp) possuem em média 46.105 estudantes. O MIT, que ocupa a primeira posição, possui apenas 11.035 estudantes. A Stanford University, que ocupa a 5ª posição, tem 14.518. O California Institute of Tecnology (Caltech), na 15ª posição, possui apenas 2.240. E a Princeton University, que ocupa a 19ª posição, tem 7.766.

No Brasil, a USP possui 65.027 estudantes. A Unicamp tem 8.076, a UFRJ conta com 49.310 e a Unesp, 42.008.

Além dessa diferença no quantitativo de estudantes, a relação estudante/professor nos 14 países da OCDE é de 8,5 estudantes por professor em média, enquanto que nas quatro brasileiras é de 14,1.

O MIT, primeira colocada, possui 3,8 estudantes por professor. A University of Oxford, 2ª colocada, tem 3,6. Harvard University, 4ª colocada, tem 4,9, e a Stanford University, em 5ª, conta com 3,1 professores para cada aluno.

b) O percentual de estudantes de pós-graduação nas 82 instituições da OCDE é bem maior que nas quatro universidades brasileiras. No MIT, é de 61%. Em Harvard, 74%. Na Columbia University, que ocupa a 23ª posição no ranking, 70,0%. E na Université Paris Sciences et Lettres (PSL), na 24ª posição, o percentual é de 75%.

Das quatro brasileiras, a USP possui 44%, a Unicamp, 43%, a UFRJ, 25% e a Unesp, 21%.

As instituições brasileiras precisariam elevar os seus percentuais de estudantes de pós-graduação, o que permitiria uma ascensão em rankings internacionais, pois isto permitiria melhorar a reputação acadêmica, a reputação dos empregadores e as citações, todos componentes importantes usados na elaboração do ranking.

c) O percentual de estudantes estrangeiros em relação ao total de estudantes nos países da OCDE atingiu 33,6% em média, enquanto nas quatro instituições brasileiras mais bem colocados ficou em apenas 5,3%.

Ressalte-se que o MIT, primeiro colocado, esse percentual foi de 55%. Na ETH Zurich, 7ª posição, 77%. Na University of Pennsylvania, 12ª colocada, 41%. E no California Institute of Technology (Caltech), 50%.

Já no Brasil, a USP conta com 5%. A Unicamp e a UFRJ com 6%, e a Unesp com 4%.

Países como o Brasil, de dimensões continentais, possuem dificuldades extras neste indicador em relação aos países da OCDE. Principalmente os europeus. Pois aqui um professor que se desloca mais de 3.500 quilômetros entre o Amapá e o Rio Grande do Sul continua sendo nacional, enquanto um professor inglês viaja meros 466 quilômetros entre Londres e Paris para ser um professor docente estrangeiro na França.

d) A mesma situação do item anterior também está presente ao se avaliar a relação de estudantes estrangeiros em relação ao total de estudantes. Esta relação nos países da OCDE foi de 30,9%, e nas quatro brasileiras foi de apenas 2,3%.

Nota-se, portanto, que os componentes utilizados para o ranqueamento internacional estabelecem barreiras difíceis de serem ultrapassadas pelas universidades brasileiras. Os componentes para a constituição do ranking são mais adequados para aqueles países que já superaram os enormes desafios educacionais que o Brasil ainda terá que enfrentar.

Continuar disseminando mais esse mito sobre a educação brasileira só pode interessar às pessoas que defendem que não se deve incrementar o volume de recursos aplicados em educação e em ciência e tecnologia no Brasil. Pessoas, instituições e/ou correntes políticas que querem impedir a redução da relação estudante/professor e a elevação do quantitativo de estudantes de pós-graduação, além de bloquear a implementação de programas que tornem possíveis a vinda de professores e estudantes estrangeiros para as universidades brasileiras.



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MUNDO

Mulher alimenta pássaros livres na janela do apartamento e tem o melhor bom dia, diariamente; vídeo

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O projeto com os cavalos, no Kentucky (EUA), ajuda dependentes químicos a recomeçarem a vida. - Foto: AP News

Todos os dias de manhã, essa mulher começa a rotina com uma cena emocionante: alimenta vários pássaros livres que chegam à janela do apartamento dela, bem na hora do café. Ela gravou as imagens e o vídeo é tão incrível que já acumula mais de 1 milhão de visualizações.

Cecilia Monteiro, de São Paulo, tem o mesmo ritual. Entre alpiste e frutas coloridas, ela conversa com as aves e dá até nomes para elas.

Nas imagens, ela aparece espalhando delicadamente comida para os pássaros, que chegam aos poucos e transformam a janela num pedacinho de floresta urbana. “Bom dia. Chegaram cedinho hoje, hein?”, brinca Cecilia, enquanto as aves fazem a festa com o banquete.

Amor e semente

Todos os dias Cecilia acorda e vai direto preparar a comida das aves livres.

Ela oferece porções de alpiste e frutas frescas e arruma tudo na borda da janela para os pequenos visitantes.

E faz isso com tanto amor e carinho que a gratidão da natureza é visível.

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Cantos de agradecimento

E a recompensa vem em forma de asas e cantos.

Maritacas, sabiás, rolinha e até uma pomba muito ousada resolveu participar da festa.

O ambiente se transforma com todas as aves cantando e se deliciando.

Vai dizer que essa não é a melhor forma de começar o dia?

Liberdade e confiança

O que mais chama a atenção é a relação de respeito entre a mulher e as aves.

Nada de gaiolas ou cercados. Os pássaros vêm porque querem. E voltam porque confiam nela.

“Podem vir, podem vir”, diz ela na legenda do vídeo.

Internautas apaixonados

O vídeo se tornou viral e emocionou milhares de pessoas nas redes sociais.

Os comentários vão de elogios carinhosos a relatos de seguidores que se sentiram inspirados a fazer o mesmo.

“O nome disso é riqueza! De alma, de vida, de generosidade!”, disse um.

“Pra mim quem conquista os animais assim é gente de coração puro, que benção, moça”, compartilhou um segundo.

Olha que fofura essa janela movimentada, cheia de aves:

Cecila tem a mesma rotina todos os dias. Que gracinha! - Foto: @cecidasaves/TikTok Cecila tem a mesma rotina todos os dias. Põe comida para os pássaros livres na janela do apartamento dela em SP. – Foto: @cecidasaves/TikTok



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Cavalos ajudam dependentes químicos a se reconectar com a vida, emprego e família

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Cecília, uma mulher de São Paulo, põe alimentos todos os dias os para pássaros livres na janela do apartamento dela. - Foto: @cecidasaves/TikTok

O poder sensorial dos cavalos e de conexão com seres humanos é incrível. Tanto que estão ajudando dependentes químicos a se reconectar com a família, a vida e trabalho nos Estados Unidos. Até agora, mais de 110 homens passaram com sucesso pelo programa.

No Stable Recovery, em Kentucky, os cavalos imensos parecem intimidantes, mas eles estão ali para ajudar. O projeto ousado, criado por Frank Taylor, coloca os homens em contato direto com os equinos para desenvolverem um senso de responsabilidade e cuidado.

“Eu estava simplesmente destruído. Eu só queria algo diferente, e no dia em que entrei neste estábulo e comecei a trabalhar com os cavalos, senti que eles estavam curando minha alma”, contou Jaron Kohari, um dos pacientes.

Ideia improvável

Os pacientes chegam ali perdidos, mas saem com emprego, dignidade e, muitas vezes, de volta ao convívio com aqueles que amam.

“Você é meio egoísta e esses cavalos exigem sua atenção 24 horas por dia, 7 dias por semana, então isso te ensina a amar algo e cuidar dele novamente”, disse Jaron Kohari, ex-mineiro de 36 anos, em entrevista à AP News.

O programa nasceu da cabeça de Frank, criador de cavalos puro-sangue e dono de uma fazenda tradicional na indústria de corridas. Ele, que já foi dependente em álcool, sabe muito bem como é preciso dar uma chance para aqueles que estão em situação de vulnerabilidade.

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A ideia

Mas antes de colocar a iniciativa em prática, precisou convencer os irmãos a deixar ex-viciados lidarem com animais avaliados em milhões de dólares.“Frank, achamos que você é louco”, disse a família dele.

Mesmo assim, ele não desistiu e conseguiu a autorização para tentar por 90 dias. Se algo desse errado, o programa seria encerrado imediatamente.

E o melhor aconteceu.

A recuperação

Na Stable Recovery, os participantes acordam às 4h30, participam de reuniões dos Alcoólicos Anônimos e trabalham o dia inteiro cuidando dos cavalos.

Eles escovam, alimentam, limpam baias, levam aos pastos e acompanham as visitas de veterinários aos animais.

À noite, cozinham em esquema revezamento e vão dormir às 21h.

Todo o programa dura um ano, e isso permite que os participantes se tornem amigos, criem laços e fortaleçam a autoestima.

“Em poucos dias, estando em um estábulo perto de um cavalo, ele está sorrindo, rindo e interagindo com seus colegas. Um cara que literalmente não conseguia levantar a cabeça e olhar nos olhos já está se saindo melhor”, disse Frank.

Cavalos que curam

Os cavalos funcionam como espelhos dos tratadores. Se o homem está tenso, o cavalo sente. Se está calmo, ele vai retribuir.

Frank, o dono, chegou a investir mais de US$ 800 mil para dar suporte aos pacientes.

Ao olhar tantas vidas que ele já ajudou a transformar, ele diz que não se arrepende de nada.

“Perdemos cerca de metade do nosso dinheiro, mas apesar disso, todos aqueles caras permaneceram sóbrios.”

A gente aqui ama cavalos. E você?

A rotina com os animais é puxada, mas a recompensa é enorme. – Foto: AP News



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Resgatado brasileiro que ficou preso na neve na Patagônia após seguir sugestão do GPS

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O brasileiro Hugo Calderano, de 28 anos, conquista a inédita medalha de prata no Mundial de Tênis de Mesa no Catar.- Foto: @hugocalderano

Cuidado com as sugestões do GPS do seu carro. Este brasileiro, que ficou preso na neve na Patagônia, foi resgatado após horas no frio. Ele seguiu as orientações do navegador por satélite e o carro acabou atolado em uma duna de neve. Sem sinal de internet para pedir socorro, teve que caminhar durante horas no frio de -10º C, até que foi salvo pela polícia.

O progframador Thiago Araújo Crevelloni, de 38 anos, estava sozinho a caminho de El Calafate, no dia 17 de maio, quando tudo aconteceu. Ele chegou a pensar que não sairia vivo.

O resgate só ocorreu porque a anfitriã da pousada onde ele estava avisou aos policiais sobre o desaparecimento do Thiago. Aí começaram as buscas da polícia.

Da tranquilidade ao pesadelo

Thiago seguia viagem rumo a El Calafate, após passar por Mendoza, El Bolsón e Perito Moreno.

Cruzar a Patagônia de carro sempre foi um sonho para ele. Na manhã do ocorrido, nevava levemente, mas as estradas ainda estavam transitáveis.

A antiga Rota 40, por onde ele dirigia, é famosa pelas paisagens e pela solidão.

Segundo o programador, alguns caminhões passavam e havia máquinas limpando a neve.

Tudo parecia seguro, até que o GPS sugeriu o desvio que mudou tudo.

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Caminho errado

Thiago seguiu pela rota alternativa e, após 20 km, a neve ficou mais intensa e o vento dificultava a visibilidade.

“Até que, numa curva, o carro subiu em uma espécie de duna de neve que não dava para distinguir bem por causa do vento branco. Tudo era branco, não dava para ver o que era estrada e o que era acúmulo de neve. Fiquei completamente preso”, contou em entrevista ao G1.

Ele tentou desatolar o veículo com pedras e ferramentas, mas nada funcionava.

Caiu na neve

Sem ajuda por perto, exausto, encharcado e com muito frio, Thiago decidiu caminhar até a estrada principal.

Mesmo fraco, com fome e mal-estar, colocou uma mochila nas costas e saiu por volta das 17h.

Após mais de cinco horas de caminhada no escuro e com o corpo congelando, ele caiu na neve.

“Fiquei deitado alguns minutos, sozinho, tentando recuperar energia. Consegui me levantar e segui, mesmo sem saber quanta distância faltava.”

Luz no fim do túnel

Sem saber quanto tempo faltava para a estrada principal, Thiago se levantou e continuou a caminhada.

De repente, viu uma luz. No início, o programador achou que estava alucinando.

“Um pouco depois, ao olhar para trás em uma reta infinita, vi uma luz. Primeiro achei que estava vendo coisas, mas ela se aproximava. Era uma viatura da polícia com as luzes acesas. Naquele momento senti um alívio que não consigo descrever. Agitei os braços, liguei a lanterna do celular e eles me viram”, disse.

A gentileza dos policiais

Os policiais ofereceram água, comida e agasalhos.

“Falaram comigo com uma ternura que me emocionou profundamente. Me levaram ao hospital, depois para um hotel. Na manhã seguinte, com a ajuda de um guincho, consegui recuperar o carro”, agradeceu o brasileiro.

Apesar do susto, ele se recuperou e decidiu manter a viagem. Afinal, era o sonho dele!

Veja como foi resgatado o brasileiro que ficou preso na neve na Patagônia:

Thiago caminhou por 5 horas no frio até ser encontrado. – Foto: Thiago Araújo Crevelloni

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