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Porque é que os jovens russos se estão a tornar “sabotadores”? – DW – 27/10/2024

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7 meses atrásem
Rússia tem assistido a um número crescente de actos de sabotagem, principalmente contra os caminhos-de-ferro e os militares – tendo menores como culpados.
As autoridades afirmam que os jovens estão a ser contratados para realizar tais operações por “manipuladores pró-ucranianos” nas redes sociais.
Agora, as autoridades estão a utilizar vídeos de propaganda para ameaçar os jovens sabotadores. Um projecto de lei tornaria possível punir crianças a partir dos 14 anos por sabotagem. Ao mesmo tempo, activistas dos direitos humanos alertaram que as forças de segurança russas poderiam estar a agir como provocadoras.
A DW acompanhou vários processos judiciais contra jovens russos e também contactou um canal no Aplicativo de mensagens Telegram em que é oferecido dinheiro para ataques incendiários a equipamento militar.
Folhetos com código QR atraem jovens
Um pequeno ônibus para em um bairro residencial na cidade de Omsk, no sul. Seis homens armados de uma unidade especial saltam e correm para uma casa, onde arrombam a porta de um apartamento e encontram dois adolescentes. Eles os empurram para o chão e os interrogam.
Neste vídeo, realizado pelas forças de segurança e distribuído em Telegrama canais, os jovens confessam ter incendiado um helicóptero militar. Dizem que receberam uma oferta de 20.000 dólares (18.500 euros) por uma pessoa desconhecida via Telegram, mas não receberam o dinheiro.
Foi lançada uma investigação criminal por suspeita de terrorismo e agora os jovens enfrentam pelo menos dois meses de prisão preventiva.
Segundo as autoridades, em 21 de setembro, um helicóptero Mi-8 numa base militar em Omsk foi incendiado por um cocktail molotov. No mesmo mês, um helicóptero civil do mesmo tipo foi queimado no aeroporto de Noyabrsk, no Okrug Autônomo de Yamalo-Nenets.
Dois jovens foram presos no local, encontrados com queimaduras no rosto e nas mãos devido ao incêndio no helicóptero. Eles disseram ter recebido a comissão para cometer a escritura via Telegram.
Os jovens disseram ter encontrado um panfleto com um código QR nos banheiros da escola. Usando o código, eles contataram a pessoa desconhecida que lhes prometeu dinheiro para fazer a sabotagem. De acordo com relatos da mídia, folhetos semelhantes foram encontrados em diversas regiões da Rússia, incluindo Volgogrado, Voronezh e Ryazan.
‘Bot para crianças em idade escolar que precisam de dinheiro’
Disfarçado de estudante de São Petersburgo, DW entrou em contato com um canal do Telegram desse tipo.
O bate-papo começou com a saudação automática “Bot para alunos que precisam de dinheiro”. As seguintes quantias foram oferecidas para ataques incendiários: US$ 5.000 por um helicóptero, US$ 10.000 por um avião, US$ 3.000 por um transformador e US$ 4.000 por linhas de energia.
O interlocutor perguntou imediatamente de onde vinha o aluno e que “objetos” estavam por perto. Para a destruição de equipamento militar com um vídeo como prova, o indivíduo ainda prometeu US$ 150 mil pagos de uma carteira criptografada para qualquer conta bancária, desejada.
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Além disso, o interlocutor deu instruções exatas sobre como um objeto pode ser destruído usando um botijão de gás. Ele escreveu que apenas 10% das comissões falharam até agora, acrescentando que não haveria uma “punição real” se os jovens sabotadores fossem presos pela polícia.
Ao final do bate-papo, o jornalista da DW se apresentou nominalmente e pediu explicações. O desconhecido disse apenas que trabalhava “para uma determinada organização” cujos representantes estavam localizados em vários países. Ele disse que o objetivo era tentar destruir o máximo possível de equipamento militar que pudesse ser usado contra a população civil da Ucrânia.
“Por que os jovens? Porque eles só podem ser responsabilizados até certo ponto”, escreveu o desconhecido.
Quem está por trás dos chats?
Identificar os administradores desses canais do Telegram é quase impossível, disse Michael Klimarev, especialista em segurança que dirige a Internet Protection Society, uma organização sem fins lucrativos. Ele disse que eles estavam manipulando menores enquanto falavam sobre uma “luta contra os ocupantes russos”.
“Eles obrigam as crianças a fazerem coisas que elas próprias não arriscariam fazer, e arruínam as suas vidas. Não é um sinal de coragem envolver as crianças numa luta destas”, disse Klimarev.
Um especialista técnico da iniciativa russa de direitos humanos NetFreedomsProject, que não quis ser identificado por questões de segurança, disse que era de fato possível identificar pessoas e suas localizações com a ajuda da administração do Telegram.
“Essa é a única maneira de descobrir quem está por trás dos chats do Telegram – se estão no exterior ou se são provocadores na própria Rússia”, disse o especialista.
Mais de 550 pessoas processadas por sabotagem e incêndio criminoso
O Corpo de Voluntários Russos, formado por cidadãos russos que estão do lado da Ucrânia, apresenta vários vídeos mostrando atos de sabotagem contra o sistema ferroviário russo em seu canal Telegram. A DW entrevistou alguém próximo do grupo que insistiu em permanecer anônimo.
Ele disse que a participação de menores e amadores em sabotagens é um assunto polêmico dentro do grupo.
“Um profissional está bem preparado e sabe no que está se metendo”, afirmou. No entanto, disse ele, as pessoas que recrutam jovens consideram-no um método barato e conveniente de utilizar o fogo para atingir rapidamente os alvos. Ele sugeriu que os canais do Telegram também poderiam ser usados por agentes do serviço secreto para prender os jovens.
De acordo com o projecto de direitos humanos Avtozak LIVE, mais de 550 pessoas estão a ser processadas por actos de sabotagem e incêndios criminosos contra escritórios de recrutamento do exército russo. Não contém números específicos sobre menores.
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O projecto OVD-Info informa que pelo menos 28 pessoas na Rússia foram condenadas à prisão por sabotagem desde o início da invasão. Segundo a lei russa, tais casos podem implicar penas de prisão de 10 a 12 anos para pessoas com mais de 16 anos.
Neste momento, jovens suspeitos de sabotagem são acusados de crimes “terroristas”, disse Alexander Verkhovsky, chefe do centro de investigação SOWA. Ele disse que dois jovens de 14 anos em São Petersburgo foram condenados a dois e quatro anos de prisão por atear fogo a uma caixa de retransmissão. Verkhovsky disse que infelizmente não existem estatísticas sobre esses casos, pois os documentos não foram disponibilizados ao público. O parlamento russo está actualmente a considerar um projecto de lei que reduziria para 14 anos o limite de idade para acusação de acusações de sabotagem.
Evegeny Smirnov, advogada do projeto de direitos humanos Primeiro Departamento (Perviy otdel), disse que a acusação de participação em uma organização terrorista ou de alta traição poderia ser feita se os investigadores acreditassem que um ato de sabotagem foi realizado a mando do Partido da Liberdade. da Legião Russa ou outra organização proibida na Rússia. Isso significaria uma sentença de prisão ainda mais dura, disse ele.
Embora as autoridades russas estejam a impor penas mais pesadas e a reduzir o limite de idade para acusação, disse Smirnov, não estão a eliminar a razão dos actos de sabotagem: nomeadamente, a guerra contra a Ucrânia. “Não espero uma redução nos processos judiciais até que o conflito termine”, disse ele.
Este artigo foi escrito originalmente em russo.
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Mulher alimenta pássaros livres na janela do apartamento e tem o melhor bom dia, diariamente; vídeo

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7 dias atrásem
26 de maio de 2025
Todos os dias de manhã, essa mulher começa a rotina com uma cena emocionante: alimenta vários pássaros livres que chegam à janela do apartamento dela, bem na hora do café. Ela gravou as imagens e o vídeo é tão incrível que já acumula mais de 1 milhão de visualizações.
Cecilia Monteiro, de São Paulo, tem o mesmo ritual. Entre alpiste e frutas coloridas, ela conversa com as aves e dá até nomes para elas.
Nas imagens, ela aparece espalhando delicadamente comida para os pássaros, que chegam aos poucos e transformam a janela num pedacinho de floresta urbana. “Bom dia. Chegaram cedinho hoje, hein?”, brinca Cecilia, enquanto as aves fazem a festa com o banquete.
Amor e semente
Todos os dias Cecilia acorda e vai direto preparar a comida das aves livres.
Ela oferece porções de alpiste e frutas frescas e arruma tudo na borda da janela para os pequenos visitantes.
E faz isso com tanto amor e carinho que a gratidão da natureza é visível.
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Cantos de agradecimento
E a recompensa vem em forma de asas e cantos.
Maritacas, sabiás, rolinha e até uma pomba muito ousada resolveu participar da festa.
O ambiente se transforma com todas as aves cantando e se deliciando.
Vai dizer que essa não é a melhor forma de começar o dia?
Liberdade e confiança
O que mais chama a atenção é a relação de respeito entre a mulher e as aves.
Nada de gaiolas ou cercados. Os pássaros vêm porque querem. E voltam porque confiam nela.
“Podem vir, podem vir”, diz ela na legenda do vídeo.
Internautas apaixonados
O vídeo se tornou viral e emocionou milhares de pessoas nas redes sociais.
Os comentários vão de elogios carinhosos a relatos de seguidores que se sentiram inspirados a fazer o mesmo.
“O nome disso é riqueza! De alma, de vida, de generosidade!”, disse um.
“Pra mim quem conquista os animais assim é gente de coração puro, que benção, moça”, compartilhou um segundo.
Olha que fofura essa janela movimentada, cheia de aves:
Cecila tem a mesma rotina todos os dias. Põe comida para os pássaros livres na janela do apartamento dela em SP. – Foto: @cecidasaves/TikTok
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Cavalos ajudam dependentes químicos a se reconectar com a vida, emprego e família

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1 semana atrásem
26 de maio de 2025
O poder sensorial dos cavalos e de conexão com seres humanos é incrível. Tanto que estão ajudando dependentes químicos a se reconectar com a família, a vida e trabalho nos Estados Unidos. Até agora, mais de 110 homens passaram com sucesso pelo programa.
No Stable Recovery, em Kentucky, os cavalos imensos parecem intimidantes, mas eles estão ali para ajudar. O projeto ousado, criado por Frank Taylor, coloca os homens em contato direto com os equinos para desenvolverem um senso de responsabilidade e cuidado.
“Eu estava simplesmente destruído. Eu só queria algo diferente, e no dia em que entrei neste estábulo e comecei a trabalhar com os cavalos, senti que eles estavam curando minha alma”, contou Jaron Kohari, um dos pacientes.
Ideia improvável
Os pacientes chegam ali perdidos, mas saem com emprego, dignidade e, muitas vezes, de volta ao convívio com aqueles que amam.
“Você é meio egoísta e esses cavalos exigem sua atenção 24 horas por dia, 7 dias por semana, então isso te ensina a amar algo e cuidar dele novamente”, disse Jaron Kohari, ex-mineiro de 36 anos, em entrevista à AP News.
O programa nasceu da cabeça de Frank, criador de cavalos puro-sangue e dono de uma fazenda tradicional na indústria de corridas. Ele, que já foi dependente em álcool, sabe muito bem como é preciso dar uma chance para aqueles que estão em situação de vulnerabilidade.
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A ideia
Mas antes de colocar a iniciativa em prática, precisou convencer os irmãos a deixar ex-viciados lidarem com animais avaliados em milhões de dólares.“Frank, achamos que você é louco”, disse a família dele.
Mesmo assim, ele não desistiu e conseguiu a autorização para tentar por 90 dias. Se algo desse errado, o programa seria encerrado imediatamente.
E o melhor aconteceu.
A recuperação
Na Stable Recovery, os participantes acordam às 4h30, participam de reuniões dos Alcoólicos Anônimos e trabalham o dia inteiro cuidando dos cavalos.
Eles escovam, alimentam, limpam baias, levam aos pastos e acompanham as visitas de veterinários aos animais.
À noite, cozinham em esquema revezamento e vão dormir às 21h.
Todo o programa dura um ano, e isso permite que os participantes se tornem amigos, criem laços e fortaleçam a autoestima.
“Em poucos dias, estando em um estábulo perto de um cavalo, ele está sorrindo, rindo e interagindo com seus colegas. Um cara que literalmente não conseguia levantar a cabeça e olhar nos olhos já está se saindo melhor”, disse Frank.
Cavalos que curam
Os cavalos funcionam como espelhos dos tratadores. Se o homem está tenso, o cavalo sente. Se está calmo, ele vai retribuir.
Frank, o dono, chegou a investir mais de US$ 800 mil para dar suporte aos pacientes.
Ao olhar tantas vidas que ele já ajudou a transformar, ele diz que não se arrepende de nada.
“Perdemos cerca de metade do nosso dinheiro, mas apesar disso, todos aqueles caras permaneceram sóbrios.”
A gente aqui ama cavalos. E você?
A rotina com os animais é puxada, mas a recompensa é enorme. – Foto: AP News
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Resgatado brasileiro que ficou preso na neve na Patagônia após seguir sugestão do GPS

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1 semana atrásem
26 de maio de 2025
Cuidado com as sugestões do GPS do seu carro. Este brasileiro, que ficou preso na neve na Patagônia, foi resgatado após horas no frio. Ele seguiu as orientações do navegador por satélite e o carro acabou atolado em uma duna de neve. Sem sinal de internet para pedir socorro, teve que caminhar durante horas no frio de -10º C, até que foi salvo pela polícia.
O progframador Thiago Araújo Crevelloni, de 38 anos, estava sozinho a caminho de El Calafate, no dia 17 de maio, quando tudo aconteceu. Ele chegou a pensar que não sairia vivo.
O resgate só ocorreu porque a anfitriã da pousada onde ele estava avisou aos policiais sobre o desaparecimento do Thiago. Aí começaram as buscas da polícia.
Da tranquilidade ao pesadelo
Thiago seguia viagem rumo a El Calafate, após passar por Mendoza, El Bolsón e Perito Moreno.
Cruzar a Patagônia de carro sempre foi um sonho para ele. Na manhã do ocorrido, nevava levemente, mas as estradas ainda estavam transitáveis.
A antiga Rota 40, por onde ele dirigia, é famosa pelas paisagens e pela solidão.
Segundo o programador, alguns caminhões passavam e havia máquinas limpando a neve.
Tudo parecia seguro, até que o GPS sugeriu o desvio que mudou tudo.
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Caminho errado
Thiago seguiu pela rota alternativa e, após 20 km, a neve ficou mais intensa e o vento dificultava a visibilidade.
“Até que, numa curva, o carro subiu em uma espécie de duna de neve que não dava para distinguir bem por causa do vento branco. Tudo era branco, não dava para ver o que era estrada e o que era acúmulo de neve. Fiquei completamente preso”, contou em entrevista ao G1.
Ele tentou desatolar o veículo com pedras e ferramentas, mas nada funcionava.
Caiu na neve
Sem ajuda por perto, exausto, encharcado e com muito frio, Thiago decidiu caminhar até a estrada principal.
Mesmo fraco, com fome e mal-estar, colocou uma mochila nas costas e saiu por volta das 17h.
Após mais de cinco horas de caminhada no escuro e com o corpo congelando, ele caiu na neve.
“Fiquei deitado alguns minutos, sozinho, tentando recuperar energia. Consegui me levantar e segui, mesmo sem saber quanta distância faltava.”
Luz no fim do túnel
Sem saber quanto tempo faltava para a estrada principal, Thiago se levantou e continuou a caminhada.
De repente, viu uma luz. No início, o programador achou que estava alucinando.
“Um pouco depois, ao olhar para trás em uma reta infinita, vi uma luz. Primeiro achei que estava vendo coisas, mas ela se aproximava. Era uma viatura da polícia com as luzes acesas. Naquele momento senti um alívio que não consigo descrever. Agitei os braços, liguei a lanterna do celular e eles me viram”, disse.
A gentileza dos policiais
Os policiais ofereceram água, comida e agasalhos.
“Falaram comigo com uma ternura que me emocionou profundamente. Me levaram ao hospital, depois para um hotel. Na manhã seguinte, com a ajuda de um guincho, consegui recuperar o carro”, agradeceu o brasileiro.
Apesar do susto, ele se recuperou e decidiu manter a viagem. Afinal, era o sonho dele!
Veja como foi resgatado o brasileiro que ficou preso na neve na Patagônia:
Thiago caminhou por 5 horas no frio até ser encontrado. – Foto: Thiago Araújo Crevelloni
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