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Projeto de trança africana cria autoestima em alunos no RJ – 19/11/2024 – Educação

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Helena Carnieri

Para muita gente, o penteado não tem qualquer relação com o aprendizado. Mas a professora Cleide da Silva Magesk, 46, provou o contrário.

Ao resgatar a tradição das tranças africanas para alunos de ensino médio em Duque de Caxias, no Rio de Janeiro, ela não só provocou mais alegria e autoaceitação nos estudantes como também ajudou a estancar a evasão escolar e a melhorar as notas.

O projeto “Trançando Histórias”, realizado ao longo de três anos no Ciep (Centro Integrado de Educação Pública) Filinto Müller Brasil-China, foi premiado pelo portal Toda Matéria, que avaliou mais de 800 professores em todo o Brasil. Como “Professora do Ano”, ela recebeu um computador, smartphone, vale viagem no valor de R$ 5.000 e 20 horas de cursos.

A iniciativa também já recebeu a premiação de Melhor Prática Educacional da Secretaria de Estado de Educação do Rio de Janeiro, de Melhor Prática em Educação Antirracista da Baixada Fluminense e Melhor Prática em Educação Antirracista, pelo Porvir – Inovações em Educação.

“Muitas alunas do colégio alisavam o cabelo e dependiam da química da escova progressiva”, relembra a diretora da escola, Luciene Souza Oliveira. Foi ela quem convidou Cleide a atuar na instituição como docente de linguagens aplicadas às ciências e suas tecnologias. “Ela recebe os alunos com um abraço. Isso diz tudo”, conta a diretora.

A professora já havia passado por várias escolas e se deparou com uma realidade de muita carência de recursos e falta de engajamento.

“Foi um reconhecimento mútuo. Eu cheguei em sala de aula trançada e várias alunas usavam tranças. E a gente sofre muito preconceito, ouve coisas sobre isso. Então elas me pediram para fazer um trabalho sobre o tema e eu decidi que seria nosso mote durante todo o ensino médio”, conta a docente.

Na prática, o trabalho começou com uma pesquisa histórica: por que os escravizados usavam tranças? Como era a divisão entre tribos na África de acordo com o desenho do cabelo?

Após o estudo, a turma começou um podcast em que cada grupo gravou semanalmente episódios sobre um viés das tranças: ancestralidade, preconceito, conscientização sobre o uso e o trabalho dos trancistas atualmente. E colocaram mãos à obra, com o aprendizado da técnica e a confecção de tranças em vários alunos.

O interesse no assunto serviu de inspiração para a aluna Julyana Guedes, 18. “O projeto foi um divisor de águas na minha vida. Antes, eu alisava e ‘relaxava’ o meu cabelo, usava a trança só para esconder o meu cabelo natural, porque eu não gostava dele solto”, diz.

Quando as aulas passaram a tratar de tranças, autoaceitação e autoestima, conta a aluna, ela entendeu que o cabelo também era bonito da forma natural. “Consegui passar pela transição [interromper o uso de química e aguardar a normalização do cabelo], conhecer o meu cabelo, me sentir bonita e hoje usar a trança como um ato de orgulho.”

Meninos também foram impactados. “Esse projeto resume o meu ensino médio, foi marcante demais. Me ensinou a maravilha que é ser preto e ter o cabelo crespo, independente dos preconceitos. A minha professora Cleide me ensinou um provérbio: eu só sou quem eu sou hoje por conta de quem nós somos”, conta Eduardo Vicente, 18, em referência ao princípio da filosofia ubuntu.

O resgate de identidade dos jovens se refletiu nas notas e na presença. “Quando cheguei, minhas turmas estavam sempre muito vazias. Então começamos o ‘Trançando Histórias’ e eles se enxergaram, viram a narrativa da mãe, da avó, da tia. Aí o cenário mudou.”

O projeto conseguiu abranger diversos aspectos da cultura africana, descreve Tâmara Wink, Marketing & Sales na 7Graus, grupo responsável pelo portal Toda Matéria.

“Não foram só as tranças. Eles aprenderam também sobre a dança, canto, teatro e outras formas de manifestação artística, com a transformação da vida não só dos alunos, como também da comunidade. A professora trabalhou um tema importante —o racismo— e a autoestima das crianças afetadas por ele, e integrou a ancestralidade e a história da nossa rica cultura”, diz.

“Na escola pública a maioria dos alunos é negra, mas eles não se reconhecem no material didático e nele a história africana não é vista de forma positiva. A gente precisa fazer com que nossas crianças fortaleçam sua identidade e conheçam seus direitos e deveres”, afirma a professora premiada.



Leia Mais: Folha

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Ufac apresenta delegação que vai para os Jubs 2025 — Universidade Federal do Acre

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Ufac apresenta delegação que vai para os Jubs 2025 — Universidade Federal do Acre

A Ufac, por meio da Pró-Reitoria de Cultura e Extensão (Proex) e em parceria com a Federação do Desporto Universitário Acreano (FDUA), apresentou oficialmente a delegação que representará a instituição nos Jogos Universitários Brasileiros (Jubs) de 2025. O grupo, formado por cerca de 70 estudantes-atletas e técnicos voluntários, foi apresentado em cerimônia realizada na quadra do Sesi neste sábado, 27.

A equipe, que competirá no maior evento de desporto universitário da América Latina, levará as cores da Ufac e do Acre em diversas modalidades: handebol, voleibol, xadrez, taekwondo, basquete, cheerleading, futsal e a modalidade eletrônica Free Fire. A edição deste ano dos jogos ocorrerá em Natal, no Rio Grande do Norte, entre 5 e 19 de outubro, e deve reunir mais de 6.500 atletas de todo o país.

A abertura do evento ficou por conta da apresentação da bateria Kamboteria, da Associação Atlética Acadêmica de Medicina da Ufac, a Sinistra. Sob o comando da mestra Alexia de Albuquerque, o grupo animou os presentes com o som de tamborins, chocalhos, agogôs, repiques e caixas.

Em um dos momentos mais simbólicos da solenidade, a reitora da Ufac, Guida Aquino, entregou as bandeiras do Acre e da universidade aos atletas. Em sua fala, ela destacou o orgulho e a confiança depositada na delegação.

“Este é um momento de grande alegria para a nossa universidade. Ver a dedicação e o talento de nossos estudantes-atletas nos enche de orgulho. Vocês não estão apenas indo competir; estão levando o nome da Ufac e a força do nosso estado para todo o Brasil”, disse a reitora, que complementou: “O esporte universitário é uma ferramenta poderosa de formação, que ensina sobre disciplina, trabalho em equipe e superação”.

A cerimônia contou ainda com a apresentação do time de cheerleading, que empolgou os presentes com suas acrobacias, e foi encerrada com um jogo amistoso de vôlei.

Compuseram o dispositivo de honra do evento o deputado federal e representante da Federação das Indústrias do Estado do Acre (Fieac), José Adriano Ribeiro; o deputado estadual Eduardo Ribeiro; o vereador de Rio Branco Samir Bestene; o vice-presidente da Federação do Desporto Universitário do Acre, Sandro Melo; o pró-reitor de Extensão, Carlos Paula de Moraes; a diretora de Arte, Cultura e Integração Comunitária, Lya Beiruth; o coordenador do Centro de Referência Paralímpico e Dirigente Oficial da Delegação da Ufac nos Jubs 2025, Jader de Andrade Bezerra; e o presidente da Liga das Atléticas da Ufac, Max William da Silva Pedrosa.

 



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Ufac realiza 3ª Jornada das Profissões para alunos do ensino médio — Universidade Federal do Acre

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Ufac realiza 3ª Jornada das Profissões para alunos do ensino médio — Universidade Federal do Acre

A Pró-Reitoria de Graduação da Ufac realizou a solenidade de abertura da 3ª Jornada das Profissões. O evento ocorreu nesta sexta-feira, 26, no Teatro Universitário, campus-sede, e reuniu estudantes do ensino médio de escolas públicas e privadas do Estado, com o objetivo de aproximá-los da universidade e auxiliá-los na escolha de uma carreira. A abertura contou com apresentação cultural do palhaço Microbinho e exibição do vídeo institucional da Ufac.

A programação prevê a participação de cerca de 3 mil alunos durante todo o dia, vindos de 20 escolas, entre elas o Ifac e o Colégio de Aplicação da Ufac. Ao longo da jornada, os jovens conhecem os 53 cursos de graduação da instituição, além de laboratórios, espaços culturais e de pesquisa, como o Museu de Paleontologia, o Parque Zoobotânico e o Complexo da Medicina Veterinária.


Na abertura, a reitora Guida Aquino destacou a importância do encontro para os estudantes e para a instituição. Segundo ela, a energia da juventude renova o compromisso da universidade com sua missão. “Vocês são a razão de existir dessa universidade”, disse. “Tenho certeza de que muitos dos que estão aqui hoje ingressarão em 2026 na Ufac. Aproveitem este momento, conheçam os cursos e escolham aquilo que os fará felizes.”

A reitora também ressaltou a trajetória do evento, que chega à 3ª edição consolidado, e agradeceu as parcerias institucionais que possibilitam sua realização, como a Secretaria de Estado de Educação e Cultura (SEE) e a Fundação de Cultura Elias Mansour (FEM). “Sozinho ninguém faz nada, mas juntos somos mais fortes; é assim que a Ufac tem crescido, firmando-se como referência no ensino superior da Amazônia”, afirmou.
A pró-reitora de Graduação, Ednaceli Damasceno, explicou a proposta da jornada e o esforço coletivo envolvido na organização. “Nosso objetivo é mostrar os cursos de graduação da Ufac e ajudar esses jovens a identificarem áreas de afinidade que possam orientar suas escolhas profissionais. Muitos acreditam que a universidade é paga, então esse é também um momento de reforçar que se trata de uma instituição pública e gratuita.”

Entre os estudantes presentes estava Ana Luiza Souza de Oliveira, do 3º ano da Escola Boa União, que participou pela primeira vez da jornada. Ela contou estar animada com a experiência. “Quero ver de perto como funcionam as profissões, entender melhor cada uma. Tenho vontade de fazer Psicologia, mas também penso em Enfermagem. É uma oportunidade para tirar dúvidas.”


Também compuseram o dispositivo de honra o pró-reitor de Planejamento, Alexandre Hid; o pró-reitor de Administração, Tone Eli da Silva Roca; o presidente da FEM, Minoru Kinpara; além de diretores da universidade e representantes da SEE.



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Enanpoll — Universidade Federal do Acre

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publicado:
26/09/2025 14h57,


última modificação:
26/09/2025 14h58

1 a 3 de outubro de 2025



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