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Quase 16,4 milhões de pessoas moram em favelas no Brasil, revela Censo

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Quase 16,4 milhões de pessoas moram em favelas no Brasil, revela Censo

Bruno de Freitas Moura – Repórter da Agência Brasil

O Brasil tem 16,390 milhões de pessoas que moram em favelas e comunidades urbanas. Isso representa 8,1% do total de 203 milhões de habitantes no país, ou seja, de cada 100 pessoas, oito vivem nesses locais. Os dados fazem parte de um suplemento do Censo 2022, divulgado nesta sexta-feira (8) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A pesquisa apontou que há 12.348 favelas em 656 municípios Brasil afora.

Os pesquisadores do IBGE consideram favelas e comunidades urbanas localidades com características como insegurança jurídica da posse, ausência ou oferta precária ou incompleta de serviços públicos, padrões urbanísticos fora da ordem vigente e ocupação de áreas com restrição ou de risco ambiental.

Veja o perfil dos moradores de favelas

Até o Censo anterior, de 2010, o instituto adotava a expressão “aglomerados subnormais” para se referir às favelas. Em 2010, o IBGE tinha identificado 11,4 milhões de pessoas em 6.329 aglomerados subnormais, o que equivalia a 6% da população.
 


Brasília (DF), 07/11/2024 - Arte para a matéria Censo das favelas. Arte/Agência Brasil
Brasília (DF), 07/11/2024 - Arte para a matéria Censo das favelas. Arte/Agência Brasil

O IBGE detalhou que 43,4% dos moradores de favelas estão na região Sudeste. Arte/Agência Brasil

Os pesquisadores advertem que é preciso cuidado ao fazer a comparação entre 2010 e 2022, pois nesse intervalo de tempo aconteceram melhorias tecnológicas e metodológicas na identificação dos recortes territoriais.

A analista do IBGE Letícia de Carvalho Giannella explica que os avanços técnicos resultaram no mapeamento de áreas não identificadas anteriormente e no ajuste de limites. Dessa forma, ressalta ela, “a comparação entre o resultado das duas pesquisas apresenta limitações e não deve ser realizada de forma direta”.

“Quando a gente olha a variação de população, o aumento de território, sem essa crítica, o que pode parecer como um simples crescimento demográfico pode ser fruto, na realidade, de uma melhoria do mapeamento, das condições de classificações dessas áreas”, completa.

Distribuição

O IBGE detalhou que 43,4% dos moradores de favelas estão na região Sudeste. São 7,1 milhões. No Nordeste estão 28,3% (4,6 milhões); no Norte, 20% (3,3 milhões); no Sul, 5,9% (968 mil); e no Centro-Oeste, 2,4% (392 mil).

O estado de São Paulo tem a maior população de residentes em favelas, 3,6 milhões, seguido por Rio de Janeiro (2,1 milhão) e Pará (1,5 milhão). Os três estados juntos respondem por 44,7% do total de habitantes de comunidades do país. A maior favela é a Rocinha, no Rio de Janeiro, com 72.021 moradores.

Em proporção, o Amazonas tem a maior parcela de pessoas morando em favelas (34,7%). Isso equivale dizer que praticamente um em cada três moradores do estado vive em alguma comunidade.

O Amapá aparece na sequência com proporção de 24,4%. Pará (18,8%), Espírito Santo (15,6%), Rio de Janeiro (13,3%), Pernambuco (12%), Bahia (9,7%), Ceará (8,5%), Acre (8,3%) e São Paulo (8,2%) completam a lista de estados em que a proporção é maior que a média nacional (8,1%).

O Mato Grosso do Sul tinha a menor parcela de pessoas vivendo em favelas (0,6%), seguido por Goiás (1,3%) e Santa Catarina (1,4%).

Fenômeno urbano

O Censo observou que nas 26 grandes concentrações urbanas do país – espécie de região metropolitana que tenha mais de 750 mil habitantes – viviam 83,6 milhões de pessoas. Dessas, 13,6 milhões residiam em favelas, ou seja, 16,2%, o dobro da proporção de todo o país (8,1%).

O IBGE destaca também que os moradores das 26 grandes concentrações urbanas eram 41,2% do total da população brasileira, enquanto os moradores de favelas dessas regiões específicas somavam 82,6% do total de residentes em comunidades Brasil afora.

De acordo com a analista Letícia Giannella, a comparação é uma demonstração de que as favelas são um fenômeno marcadamente urbano. “É um indicativo que mostra a concentração dessas áreas e dessas populações nas regiões mais urbanizadas”, pontua.

As grandes concentrações urbanas com maior proporção de habitantes morando em comunidades eram Belém (57,1%), Manaus (55,8%), Salvador (34,9%), São Luís (33,2%), Recife (26,9%) e Vitória (22,5%). A concentração do Rio de Janeiro figurava na 11ª posição (14,8%); e a de São Paulo na 13ª (14,3%).

Já as grandes concentrações urbanas com os percentuais mais baixos eram Campo Grande (0,9%), São José dos Campos/SP (1%), Goiânia (1,5%) e Sorocaba/SP (1,8%).

 


Rio de Janeiro - Comunidade da Rocinha, após confrontos entre grupos de traficantes rivais pelo controle de pontos de venda de drogas (Fernando Frazão/Agência Brasil)
Rio de Janeiro - Comunidade da Rocinha, após confrontos entre grupos de traficantes rivais pelo controle de pontos de venda de drogas (Fernando Frazão/Agência Brasil)

Rio de Janeiro – Comunidade da Rocinha (Fernando Frazão/Agência Brasil)

 

Domicílios

O Censo 2022 identificou que 72,5% das favelas brasileiras tinham até 500 domicílios, enquanto 15,6% possuíam de 501 a 999, e 11,9% tinham mais de 1 mil domicílios.

Ao todo, o IBGE contou 6,56 milhões de domicílios nas favelas brasileiras, o que representava 7,2% do total de lares do país. Desses, 5,56 milhões foram classificados como domicílios particulares permanentes ocupados (DPPO), onde moram 99,8% da população de favelas.

A pesquisa mostra que o número médio de moradores dos domicílios em favelas era de 2,9 pessoas, levemente acima da média do total da população brasileira, 2,8. Em 2010, a média nas favelas era 3,5 pessoas; e a do país como um todo, 3,3.

Os recenseadores identificaram que 96,1% dos domicílios em favelas são casas, incluindo as de vila ou em condomínios. No total da população brasileira, a proporção é de 84,8%.

O IBGE coletou informações sobre as condições dos lares em favelas. Em relação ao abastecimento, identificou que 89,3% dos domicílios particulares permanentes ocupados tinham ligação com rede geral de distribuição. No total do país, esse percentual é menor, 87,4%.

Os pesquisadores fazem a ressalva de que o total do país inclui áreas rurais, que podem dispor de formas próprias de abastecimento de água, esgotamento e coleta de lixo, fazendo com que números relativos a características dos domicílios das favelas sejam melhores que o do total nacional.

Em relação ao esgotamento, 61,5% dos domicílios nas favelas tinham ligação com rede geral ou pluvial e fossa séptica ou filtro ligada à rede. No total do país, o percentual é de 65% nessas condições. Praticamente todos os lares em favelas (99%) tinham banheiro de uso exclusivo.

Enquanto no total do país 83,1% dos lares possuem coleta de lixo no domicílio, nas favelas o percentual cai para 76%. Para outros 20,7%, a destinação do lixo é via depósito em caçambas.

Estabelecimentos

As favelas brasileiras possuíam 958 mil estabelecimentos em 2022. A grande maioria, 616,6 mil, era classificada como “outras finalidades”, o que inclui atividades como comércio e serviço. Havia 50,9 mil estabelecimentos religiosos; 7,9 mil de ensino;  2,8 mil de saúde e 995 agropecuários. Cerca de 280 mil estavam em construção ou reforma.



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Médica faz cirurgia gratuita de catarata e glaucoma para crianças carentes no CE

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A homenagem para os 40 anos da esposa foi linda: o marido pagou a taxa de adoção de 40 animais de um abrigo para incentivar a adoção, nos Estados Unidos. - Foto: Wavy 10

Médica faz cirurgia gratuita de catarata e glaucoma para crianças carentes no CE

Esta médica brasileira, que faz cirurgia gratuita de catarata e glaucoma, já ajudou a transformar a vida de mais de mil crianças. Ela ajuda a devolver a visão a aos pequenos que vivem em situação de vulnerabilidade social.

Esse projeto social incrível, chamado Caviver, é da oftalmologista Islame Verçosa, de Fortaleza, no Ceará. Com apoio de uma equipe com vários profissionais ela leva saúde, alegria e esperança a jovens brasileiros carentes.

“A trajetória do Caviver traz histórias emocionantes que ressignificam, inclusive, nosso existir. As famílias são incansáveis e, mesmo com diferentes barreiras, conseguem transpor desafios e alcançar aquilo que tanto almejam para os próprios filhos”, disse a profissional em entrevista ao Diário do Nordeste.

Como começou

O Caviver nasceu durante a prática da profissão como médica.

Durante os atendimentos, Islane reparou que muitas crianças com problemas de visão poderiam ter uma boa chance de recuperação, elas só precisam de um tratamento adequado!

Foi então que, junto com o terapeuta ocupacional Jean Hipólito, nasceu o Caviver. Hoje, já são mais de 500 crianças atendidas por ano!

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Esperança para as famílias

E entre essas 500 histórias, está a da Sofia. A menina nasceu com catarata e microftalmia. No início, a família sofria muito por não ter tido contato visual com a bebê.

Mas a partir das mãos dos profissionais do Caviver, a pequena ganhou uma nova chance.

Depois da cirurgia, a mãe de Sofia foi às lágrimas. Ela agora consegue ter contato com a filha!

Esperança também para a família do pequeno Ruan, que tinha catarata em ambos os olhos. Mais uma vez a Caviver entrou em ação e renovou as esperanças do pequeno e da família.

Equipe multidisciplinar

E o atendimento não acaba depois da cirurgia. Além da consulta oftalmológica, os pequenos ficam em recuperação para reabilitação.

Durante o período, são atendidos por profissionais de áreas como Assistência Social e Psicologia. Toda a equipe é voluntária!

“Eles acompanham o tratamento de Habilitação e Reabilitação Visual até a alta da criança beneficiada. Os pequenos têm oportunidade de voltarem a enxergar e, com isso, terem uma vida com mais conexões, além de terem condições de melhor aprendizado, experiência sensorial e relação com o que está ao entorno”, disse Islane

Planos para expandir

Com o sucesso do projeto, a iniciativa vai se expandir para ajudar ainda mais crianças.

A sede fica localizada no bairro Meireles, em Fortaleza, e vai ganhar novos andares.

Além disso, um novo centro cirúrgico deve ser inaugurado em breve. Com isso, os serviços serão otimizados e o número de crianças atendidas vai aumentar.

Para a médica, o motivo de existir do projeto sempre se renova quando uma criança volta a enxergar.

“Após o tratamento, e até mesmo durante, as famílias se sentem agradecidas. As crianças pacientes já se sentem beneficiadas pela possibilidade de enxergarem. Aquilo que antes parecia impossível (por não se enxergar, por não se perceber) se torna uma atividade super agradável. A razão de nosso existir é colaborar para que os pequenos possam ver com os próprios olhos e, assim, serem protagonistas das próprias histórias. Das próprias vidas”, finalizou.

O garotinho Ruan foi um dos beneficiados pelo projeto. – Foto: Divulgação/Caviver

O Caviver ajuda mais de 500 crianças por ano e o projeto vai expandir mais ainda. - Foto: Divulgação/Caviver

O Caviver ajuda mais de 500 crianças por ano e o projeto vai expandir mais ainda. – Foto: Divulgação/Caviver





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O indiano Dommaraju Gukesh se torna o mais jovem campeão mundial de xadrez aos 18 anos

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O indiano Dommaraju Gukesh se torna o mais jovem campeão mundial de xadrez aos 18 anos

Dommaraju Gukesh derrotou Ding Liren na 14ª partida do Campeonato Mundial de Xadrez em Cingapura em 12 de dezembro de 2024.

O indiano Dommaraju Gukesh tornou-se, na quinta-feira, 12 de dezembro, aos 18 anos, o mais jovem campeão mundial de xadrez, ao vencer o último jogo longo do torneio, organizado em Singapura, contra o detentor do título, o chinês Ding Liren.

Os dois jogadores estavam empatados antes deste dia 14e rodada, que parecia caminhar para o empate. Mas Dommaraju Gukesh aproveitou erro do adversário, aos 55e de repente, para obter uma vantagem decisiva e forçar a aposentadoria logo depois. “Quando percebi o erro dele, foi o melhor momento da minha vida”disse o interessado em conferência de imprensa.

O índio, que jogou com as peças pretas – portanto segundo colocado – aproveitou a falta de tempo do rival, de 32 anos. No momento do erro, faltavam apenas dez minutos para Ding Liren, uma hora a menos que Dommaraju Gukesh. “Minha estratégia para a partida foi forçar o máximo possível, seja qual for a minha cor”disse o novo campeão mundial. “Eu poderia ter sido melhor, mas já tive sorte de sobreviver ontem”reagiram por sua vez os chineses, em referência ao 13e jogo de quarta-feira onde esteve perto de perder. E para garantir: “Não me arrependo. »

“Aquele que traz o título de volta à Índia”

Dommaraju Gukesh é o segundo jogador de seu país a ser coroado campeão mundial, depois de Viswanathan Anand, detentor do título de 2007 a 2012. “Quando eu estava assistindo ao jogo em 2013 (e a derrota, em casa, deste último para o norueguês Magnus Carlsen), Disse a mim mesmo que seria tão bom estar no lugar deles. Eu queria ser o único a trazer o título de volta à Índia. Este sonho tem sido a coisa mais importante da minha vida até agora.”disse ele, muito emocionado, depois de ter prestado homenagem ao seu adversário, “um dos melhores jogadores da história em anos”.

Leia também | Artigo reservado para nossos assinantes Pela primeira vez, dois asiáticos se enfrentam no Mundial de Xadrez

Dommaraju Gukesh não perdeu a oportunidade de continuar sua ascensão meteórica no mundo do xadrez. Sua designação como desafiante graças à vitória no Torneio de Candidatos, em abril, foi surpreendente, mas ele continuou ganhando força, com ótimo desempenho durante a Olimpíada de Xadrez, em setembro, dominada pela Índia. Ele é agora o quinto jogador do mundo e o mais jovem entre os 50 melhores.

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México e Canadá avaliam possíveis consequências das tarifas de Trump – DW – 12/12/2024

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México e Canadá avaliam possíveis consequências das tarifas de Trump – DW – 12/12/2024

Canadá e México estão lutando com Presidente eleito dos EUA A ameaça de Donald Trump de impor tarifas de 25% sobre as exportações no seu mercado comercial mais importantecom ambos os governos a ponderarem as suas abordagens.

Trump disse que implementaria as tarifas por meio de ordem executiva em seu primeiro dia de mandato, em janeiro. Ele relacionou a questão ao que ele diz ser o fracasso do México e do Canadá em prevenir a migração ilegal e o tráfico de drogas nas fronteiras dos EUA.

Os economistas dizem que as tarifas seriam muito prejudiciais tanto para o Canadá como para o México, sendo este último particularmente vulnerável.

“O México está realmente ligado à economia dos EUA, e qualquer disputa comercial prejudicará muito ambas as economias, mas prejudicará o México muito mais profundamente do que os EUA”, disse Jeffrey J. Schott, pesquisador sênior do Instituto Peterson de Economia Internacional, à DW. .

Trump planeja novas tarifas sobre Canadá, China e México

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Wendy Wagner, advogada especializada em comércio internacional na empresa Gowling WLG, com sede em Ottawa, Canadá, diz que as tarifas causariam sérios problemas ao Canadá.

“Parece uma proposta muito irrealista e prejudicial impor tarifas de importação de 25% no seu principal mercado de exportação”, disse ela à DW.

Dividir e conquistar

As ameaças tarifárias causaram tensão entre o México e o Canadá.

Durante uma reunião com Trump em sua base na Flórida no mês passadoo primeiro-ministro canadense, Justin Trudeau, teria tentado convencer Trump de que o Canadá não deveria ser confundido com o México em questões de drogas ou de fronteira.

A presidente do México, Claudia Sheinbaum, aperta a mão do primeiro-ministro Justin Trudeau, do Canadá, na sessão de abertura da Cúpula do G20 no Rio de Janeiro, Brasil, na quinta-feira, 18 de novembro de 2024
Trudeau e Sheinbaum têm trocado farpas sobre suas respectivas abordagens às questões de fronteira e drogasImagem: Presidência/ZUMA Press/IMAGO

A presidente mexicana Claudia Sheinbaum disse que o Canadá tem “um problema muito sério com o fentanil”, acrescentando que “o México não deve ser usado como parte de campanhas eleitorais”, referindo-se às próximas eleições canadenses.

Sheinbaum teve um telefonema com Trumpapós o que ela afirmou que “não haverá uma guerra tarifária potencial”. Ela disse que tinha deu garantias a Trump sobre iniciativas de migração e tráfico de drogas.

Jeff Schott acredita que a estratégia de Trump é lidar separadamente com os países e minar o chamado acordo Estados Unidos-México-Canadá (USMCA) — um acordo de comércio livre negociado durante o seu primeiro mandato e que sucedeu ao antigo pacto NAFTA.

“Trump gosta de negociar bilateralmente”, disse ele. “Então ele não vai tratar isso como uma questão norte-americana.”

O primeiro-ministro Justin Trudeau e o presidente dos EUA, Donald Trump, conversando ao chegar para uma cúpula da OTAN em Watford, Inglaterra,
Tem havido especulação de que o Canadá poderia procurar o seu próprio acordo bilateral com os EUAImagem: Sean Kilpatrick/The Canadian Press/empics/picture Alliance

Um novo acordo ou nenhum acordo?

Alguns líderes provinciais canadianos falaram sobre a necessidade de o Canadá estabelecer o seu próprio acordo com os EUA, excluindo o México. Trudeau disse que apoia o USMCA e que mantê-lo é sua “primeira escolha”. Mas ele sugeriu opções alternativas “pendentes de decisões e escolhas que o México tenha feito”.

Bill Reinsch, consultor sênior de economia do Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais, acredita que as tarifas sobre o Canadá e o México permanecem na “categoria de ameaça” e enfatizou que o USMCA será renegociado em 2026.

“É inevitável. Eles têm que lidar com isso de qualquer maneira”, disse ele à DW. “Na melhor das hipóteses, Trump vai adiantar as negociações um ano, mas ainda será a mesma negociação. É complicado porque a ameaça tem a ver com drogas e migrantes. Não tem a ver com comércio.”

Uma seringa contendo um medicamento líquido
Donald Trump vinculou a questão comercial ao contrabando de drogas Imagem: Teun Voeten/Sipa/aliança de imagens

Da ameaça à realidade

Se as tarifas passassem da categoria de ameaça para a realidade, não há dúvidas de que representariam enormes desafios para as economias canadiana e mexicana.

Quase 75% de todas as exportações canadenses foram para os EUA em 2022, de acordo com o índice do Observatório de Complexidade Econômica do MITsublinhando o quão crítico é para o Canadá evitar tarifas.

“É um número muito elevado, mas torna-se ainda mais importante pelo facto de o Canadá ser uma economia exportadora”, disse Wendy Wagner. “Não existe um grande mercado interno. A maioria das empresas canadenses inicia seus negócios com a expectativa de exportar.”

O Canadá exporta uma ampla gama de bens e commodities para os EUA, desde petróleo até turbinas a gás, madeira e automóveis. Wagner diz que um factor adicional na relação é o quão interligadas estão as suas cadeias de abastecimento, particularmente na indústria automóvel.

O presidente Donald Trump, o primeiro-ministro canadense Justin Trudeau e o presidente mexicano Enrique Pena Neto, mostrados em uma foto durante a cerimônia de assinatura do novo acordo comercial do NAFTA chamado USMCA em 30 de novembro de 2018
Trump forçou o México e o Canadá a renegociar o pacto comercial NAFTA. Os dias do USMCA também estão contadosImagem: Ron Przysucha/ZUMA/IMAGO

Dependência mexicana

O México é ainda mais dependente dos EUA como destino de exportação, com 77% dos seus produtos indo para lá em 2022, segundo o MIT.

O setor automobilístico está especialmente inserido e Schott enfatiza que as tarifas tornariam os carros mais caros para os consumidores nos EUA.

“Isso não será um benefício para a produção dos EUA, porque as empresas que serão prejudicadas pelas tarifas que afetam o México são as empresas que também produzem nos Estados Unidos. Esses custos serão repassados ​​ao consumidor dos EUA.” disse ele, acrescentando que as tarifas do México poderiam tornar uma das questões que Trump está tentando resolver – que é a migração – ainda maior.

“Os danos à economia mexicana apenas pioram as condições económicas no México e encorajam mais migração ilegal para os Estados Unidos. Não tenho a certeza de que esse factor esteja a ser abordado de forma adequada nas propostas da próxima administração Trump.”

Ameaça ociosa ou risco sério?

Em caso de tarifasa retaliação tanto do México como do Canadá seria provável, de acordo com Bill Reinsch, que observou que o presidente do México já disse que iria implementar tarifas. “Penso que a situação política no Canadá provavelmente os obrigaria a fazer o mesmo, o que seria enormemente perturbador para as três economias e seria enormemente inflacionário”, disse Reinsch.

Ainda existe algum optimismo de que o estilo de negociação de Trump, ao fazer ameaças antes de chegar a um acordo, significa que as tarifas não serão efectivamente aprovadas.

Wagner espera uma solução diferente para o problema, observando que “as tarifas são realmente uma solução muito imperfeita”.

No entanto, o facto de Trump ter imposto tarifas sobre o aço e o alumínio tanto do Canadá como do México leva Jeff Schott a levar a sério esta nova ameaça. “Ele fez isso e estaria disposto a fazê-lo novamente nas circunstâncias certas.” Portanto, a ameaça não é inútil.

Editado por: Uwe Hessler



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