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AMAZÔNIA

Simulador mostra berços, museus e túmulos da biodiversidade da América

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Estudo da Science recriou os processos que levaram à formação das espécies da América do Sul.

Uma simulação de computador criada por biólogos brasileiros, americanos e europeus conseguiu recriar, com fidelidade surpreendente, os processos que levaram à formação das espécies de animais e plantas da América do Sul. Resultado: as montanhas dos Andes parecem ter sido o fiel da balança no desenvolvimento da grande biodiversidade sul-americana, influenciando até regiões longínquas, como a mata atlântica na costa brasileira.

O modelo computacional apontou ainda as áreas que podem ser consideradas “berços” de espécies, as que têm papel de “museus” (onde espécies tenderiam a persistir por mais tempo sem se extinguir) e os “túmulos”, locais onde o risco de extinção é naturalmente maior.

“Supreendentemente, os Andes ocupam todos os três papéis”, diz Thiago Rangel, do Departamento de Ecologia da Universidade Federal de Goiás. Rangel é um dos coordenadores do estudo, publicado em artigo na última edição da revista especializada Science, uma das mais importantes do mundo.

Sítio arqueológico Qala Uta, nos Andes bolivianos – AFP

A simulação faz parte do esforço para tentar entender os padrões profundos da biodiversidade, ou seja, quais os fatores que fazem com que certas áreas do planeta acabem sendo agraciadas pela evolução com uma variedade de espécies fora do comum, como é o caso da América do Sul.

Neste pedaço do continente americano, esses padrões começaram a ser forjados há dezenas de milhões de anos. A equipe, porém, decidiu tentar reproduzir fenômenos mais recentes de diversificação de espécies, a partir de 800 mil anos atrás e chegando até o presente — isso porque esse período abrange boa quantidade de dados paleoclimáticos (ou seja, do clima do passado) bastante confiáveis. Isso permite simular vaivéns de calor e frio, secura e umidade, que poderiam afetar a sobrevivência e a diversificação das espécies ao longo do tempo.

No modelo computacional, a América do Sul foi dividida em retângulos, cada qual com parâmetros climáticos — temperatura e quantidade de chuva — que podiam variar conforme séculos e milênios transcorriam. Esses retângulos podiam abrigar uma ou mais espécies, caso elas tivessem capacidade de se adaptar às condições prevalentes em cada área.

Finalmente, o cenário inicial incluía quatro “espécies fundadoras” (ou seja, ancestrais das que viriam depois), distribuídas respectivamente pela Amazônia, pelos Andes, pela mata atlântica e pela Patagônia e ocupando vários retângulos. A simulação podia variar parâmetros como a capacidade de dispersão dessas espécies, ou seja, a que distância de seus retângulos natais elas podiam estabelecer novas populações, e a sua capacidade de aguentar condições climáticas variáveis.

Após “rodarem” as simulações diversas vezes, os pesquisadores verificaram que, apesar de elas serem uma versão muito simplificada dos processos reais que geraram a biodiversidade sul-americana, mesmo assim seus resultados são muito parecidos com mapas reais da variedade atual de espécies de mamíferos, aves e plantas da região.

Nas três categorias — berços, museus e túmulos —, a região dos Andes mais próxima da Amazônia mostrou ser a mais importante. Entre os berços, a mata atlântica também se destaca, enquanto as terras baixas da Amazônia e a Patagônia seriam túmulos importantes.

E o que está por trás da aparente magia evolutiva dos Andes? “Por causa da altura das montanhas, há todos os tipos de climas em um espaço geográfico muito pequeno. Isso significa que é possível abrigar mais espécies em uma região muito menor. Por isso, quando os ciclos de glaciação chegam, esse é o melhor lugar para estar, pois há maior chance de as espécies estarem próximas de um clima adequado às suas preferências”, explica Rangel. “Os Andes são um verdadeiro porto seguro para espécies. Se esquentar, basta subir a montanha para se manter confortável. Se esfriar, basta descer a montanha.”

Já a condição de túmulo, aparentemente paradoxal, está ligada à própria abundância de espécies – se há mais delas em certo lugar, algumas também vão acabar desaparecendo ali — e, de novo, à fragmentação da área ocupada pelas espécies, o que pode aumentar o risco de extinções. “Já a Amazônia é um túmulo pela homogeneidade climática ao longo de uma vasta área. Se você estiver no meio da Amazônia, especializado em clima quente e úmido, e isso se alterar, você realmente não terá para onde fugir”, diz o pesquisador.

O vaivém climático também permitiu que as espécies andinas se espalhassem por outros locais da América do Sul quando condições favoráveis a elas se tornavam mais comuns pelo continente. Também há sinais dessa troca de espécies entre a Amazônia e a mata atlântica no passado, em fases de aumento de umidade: nesses casos, a floresta tropical se expande, formando uma ponte entre os dois biomas passando pelo Pantanal. Reinaldo José Lopes. Folha SP.

AMAZÔNIA

LIVRO E CULTURA: Vidas em fluxo à beira do rio Araguaia

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Livro de Francisco Neto Pereira Pinto apresenta as mudanças do meio ambiente e os aspectos intrínsecos da humanidade a partir da história de uma família ribeirinha.

À beira do Araguaia, a vida transcorre no mesmo ritmo da corrente. Ali, as águas são companheiras de uma família ribeirinha que atravessou casamentos, nascimentos e mortes ao lado de um dos maiores rios do país. Unidos por laços sanguíneos e um lar, pai, mãe, filho, filha e até os gatos se tornam os protagonistas da obra publicada por Francisco Neto Pereira Pinto, que convida os leitores a olharem para seus mundos internos a partir de experiências típicas da floresta amazônica.

Os 14 contos desta coletânea podem ser lidos de forma independente, mas juntos formam um mosaico da cultura daqueles que fazem da pesca artesanal, da pequena produção rural e do empreendedorismo familiar seus principais meios de sustento. Com uma linguagem poética, regionalista e experimental, os textos evocam uma memória ancestral sobre as tradições do Norte brasileiro.

A casa de Ana e Pedro no alto da ribanceira parecia ter sido feita para uma conquista como somente aquela cheia poderia impor. Uma noite espessa, pesada, úmida, escura e esvoaçante e a casa lá, com um candeeiro de chama nervosa e intensa, alimentada por azeite de mamona e pavio de algodão. (À beira do Araguaia, p. 43)

Sob o olhar ribeirinho, o autor atravessa questões essenciais do contexto social, ambiental e político do país. Entre as páginas, retrata a partida dolorosa de um pai que decide trabalhar com o garimpo em busca de melhores condições econômicas; as consequências da pesca predatória; os efeitos da destruição da natureza no cotidiano; e a história da Guerra do Araguaia. Temas como diferenças de gênero, racismo, saúde mental e luto também são abordados com um rigor estético que perpassa desde a escrita até as pinturas em acrílico de John Oliveira.

Com apresentação de Neide Luzia de Rezende, professora da Universidade de São Paulo, o livro reúne contos que se desdobram de forma similar a um romance. Sem uma linha cronológica definida, as histórias retratam as vidas de Ana e Pedro, que aparecem como protagonistas ou secundários em diferentes momentos; dos filhos Eve e Téo, com conflitos específicos entrelaçados a gênero e educação na contemporaneidade; além dos gatos Calíope e Dom, presentes para representar a força das relações entre humanos e animais.

Sobre o lançamento, que aconteceu no dia 3 e dezembro de 2024, no auditório da Reitoria, na Universidade Federal do Norte do Tocantins, em Araguaína, Francisco Neto Pereira Pinto comenta: “o projeto foi uma maneira de revisitar minhas memórias de menino, porque vivi até os 15 anos em uma vila à beira do Araguaia. Cresci ali, mas hoje vejo o rio secando, o meio ambiente sendo degradado e como isso afeta os ribeirinhos. Meu livro chama atenção para essa realidade. Tenho um desejo muito forte de preservar uma cultura que parece estar desaparecendo”.

FICHA TÉCNICA

Título: À beira do Araguaia
Autor: Francisco Neto Pereira Pinto

Editora: Mercado de Letras
ISBN: 978-6586089769
Páginas: 88
Preço: R$ 41
Onde comprar: Amazon

Booktrailer no Youtube

Sobre o autor: Francisco Neto Pereira Pinto é professor, escritor e psicanalista. Doutor em Ensino de Língua e Literatura e graduado em Letras – Português / Inglês, leciona no programa de pós-graduação em Linguística e Literatura da Universidade Federal do Norte do Tocantins e nos cursos de Medicina e Direito do Centro Universitário Presidente Antônio Carlos. Membro da Academia de Letras de Araguaína – Acalanto, publicou os livros: “Sobre a vida e outras coisas”, “O gato Dom”, “Você vai ganhar um irmãozinho”, “Saudades do meu gato Dom” e À beira do Araguaia.

 Redes sociais do autor:

Instagram: @francisconetopereirapinto

LinkedIn: Francisco Neto Pereira Pinto

Youtube: @francisconetopereirapinto

Site do autor: https://francisconetopereirapinto.online/

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AMAZÔNIA

Tarauacá engaja-se no Programa Isa Carbono para fortalecer Políticas Ambientais

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Tarauacá se destacou como um dos municípios engajados nas consultas públicas para atualização do Programa Isa Carbono, iniciativa vinculada ao Sistema de Incentivo a Serviços Ambientais (Sisa). Representantes das comunidades ribeirinhas, extrativistas e povos indígenas participaram do fórum organizado pelo Instituto de Mudanças Climáticas (IMC). Durante o evento, foram discutidos temas como REDD+, mercado de crédito de carbono e financiamentos climáticos, com vistas a garantir uma repartição justa de benefícios socioambientais.

O fórum incluiu a criação de Grupos de Trabalho específicos para as comunidades tradicionais, que apresentou propostas ajustadas às particularidades locais. Entre os encaminhamentos, foi pactuada a produção de materiais didáticos de fácil compreensão para os participantes, o que reforça o compromisso do governo em promover uma participação verdadeiramente inclusiva. A iniciativa foi amplamente elogiada por líderes comunitários, que enfatizaram o respeito às salvaguardas socioambientais e aos direitos das populações tradicionais.

Esse marco evidencia o protagonismo de Tarauacá na preservação ambiental e na luta contra o desmatamento ilegal. O sucesso da iniciativa dependerá da continuidade do diálogo entre governo e comunidades, com atenção especial à execução das políticas deliberadas no fórum. A mobilização comunitária fortalece não apenas a conservação ambiental, mas também a construção de uma economia sustentável para a região.

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ACRE

Morre em Rio Branco, Acre, vítima de problemas respiratórios causados por queimadas

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Rio Branco, AC – Uma pessoa morreu hoje na capital do Acre, Rio Branco, em decorrência de complicações respiratórias agravadas pela poluição causada pelas queimadas que afetam a região. De acordo com informações fornecidas pelas autoridades de saúde locais, a vítima, um morador da cidade, já apresentava um quadro respiratório debilitado, que se agravou devido à elevada concentração de fumaça e partículas no ar, resultado dos incêndios florestais.

A morte aconteceu em meio a uma crise ambiental que vem assolando o estado nas últimas semanas, com um número crescente de queimadas, que não só destroem áreas da floresta amazônica, mas também afetam gravemente a qualidade do ar. A Secretaria de Saúde do Acre alertou a população sobre o risco elevado de doenças respiratórias, especialmente entre crianças, idosos e pessoas com comorbidades.

O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) registrou, nos últimos dias, um aumento significativo no número de focos de calor na região, o que contribuiu para a densa camada de fumaça que cobre Rio Branco e outras áreas do estado. Especialistas indicam que a poluição provocada pelas queimadas é altamente prejudicial, podendo desencadear e agravar doenças pulmonares e cardiovasculares.

Familiares da vítima relataram que ela vinha enfrentando dificuldades respiratórias nos últimos dias, e apesar de procurar atendimento médico, o agravamento de sua condição foi inevitável. “As queimadas têm prejudicado a saúde de todos nós, e, infelizmente, hoje perdemos alguém querido por causa disso”, lamentou um dos familiares. O nome da vítima não foi divulgado. 

As autoridades locais estão em alerta e já solicitaram apoio do governo federal para conter as queimadas e promover o atendimento às vítimas dos efeitos da poluição. Enquanto isso, a população de Rio Branco segue convivendo com os impactos das chamas, sem uma previsão clara de quando a situação será controlada.

A morte registrada hoje reflete um problema mais amplo que afeta grande parte da Amazônia, com consequências que vão além da destruição ambiental, atingindo diretamente a saúde pública e a qualidade de vida dos habitantes da região.

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