NOSSAS REDES

ACRE

Uma renda básica universal global sustentável pode ser alcançada. Aqui está como | Negócios e Economia

PUBLICADO

em

Em Setembro, o Papa Francisco participou no Encontro Mundial dos Movimentos Populares, uma iniciativa que lançou há 10 anos como uma plataforma para as organizações de base se unirem e abordarem a “economia da exclusão e da desigualdade”. Durante o seu discurso no evento, o chefe da Igreja Católica renovou o seu apelo a um rendimento básico universal (UBI) global, dizendo que a implementação de tal medida não seria apenas um reflexo de compaixão, mas também de “justiça estrita”.

O Papa Francisco juntou-se a um movimento internacional crescente que defende a redistribuição de rendimentos através de um esquema de pagamentos mensais incondicionais em dinheiro a cada indivíduo para cobrir as suas necessidades básicas e proporcionar segurança económica como um direito humano fundamental.

Um RBI global não é apenas uma questão de alívio da pobreza. É também uma questão de justiça social. Séculos de exploração e extracção excessiva de recursos concentraram a riqueza no Norte Global e, como resultado, a maioria dos países do Sul Global não tem a base tributária e o poder de fogo fiscal para financiar os seus próprios RBU nacionais. Um RBU global não só acabaria com a pobreza mundial, mas também representaria uma redistribuição necessária e equitativa da riqueza de norte a sul.

Os críticos do movimento apontaram frequentemente para o custo significativo que a implementação do UBI poderia acarretar para os governos. Então, existe uma maneira sustentável de pagar por isso?

Na Equal Right, uma organização sem fins lucrativos que também defende a RBU, desenvolvemos uma modelagem detalhada apresentada em nosso artigo “Justiça Climática sem Fronteiras”. Mostra que uma taxa de 135 dólares por tonelada sobre a extracção global de combustíveis fósseis poderia arrecadar até 5 biliões de dólares por ano e financiar um RBI global de pelo menos 30 dólares por mês. Um imposto progressivo sobre a riqueza, variando entre 1 e 8 por cento sobre os multimilionários e multimilionários mais ricos do mundo, poderia render mais 22 dólares por cada pessoa no mundo, e um imposto sobre transacções financeiras de apenas 0,1 por cento poderia arrecadar outros 16 dólares para cada pessoa.

Estes pagamentos poderiam ser complementados por outros impostos sobre os bens comuns globais, incluindo terras, mineração e ferramentas de inteligência artificial, reconhecendo o direito igual que todos temos a uma parte da riqueza e dos recursos do mundo.

Agora, um pagamento de cerca de US$ 70 por mês pode não mudar a vida de muitos. Mas para os 712 milhões de pessoas que vivem na pobreza extrema em todo o mundo, seria transformador. Programas-piloto do Canadá à Índia e da Finlândia ao Brasil demonstraram os enormes benefícios sociais e económicos de dar dinheiro às pessoas.

Assim, podemos financiar um RBI global tributando o carbono e a riqueza, mas temos de reconhecer as limitações desta abordagem. À medida que as emissões de carbono diminuem e a riqueza se torna mais uniformemente distribuída, os recursos tributáveis ​​diminuirão. Isto cria um precipício para a longevidade do RBI, que só pode ser superado através de um financiamento mais sustentável.

Ao mesmo tempo, uma transição verde justa é urgentemente necessária para acabar com a nossa dependência dos combustíveis fósseis, e existe um enorme potencial no Sul Global, em particular. Actualmente, esta transição é dificultada por empréstimos predatórios e com juros elevados que mantêm muitos países em ciclos de dívida intermináveis.

É por isso que, para garantir a sustentabilidade da RBU e apoiar uma transição verde justa, a Equal Right propõe a criação de um Fundo Global Commons (GCF) – uma iniciativa de propriedade popular que iria recolher receitas provenientes da taxa de combustíveis fósseis, investindo-as na economia verde e distribuir um UBI como dividendo a todos os cidadãos. Com base no desempenho de fundos soberanos semelhantes, como o da Noruega (que vale 1,7 biliões de dólares), esperamos que o fundo possa tornar-se autossustentável (e deixar de depender de receitas extractivas) dentro de cerca de 20 anos. No entanto, uma dotação inicial de capital dos países do Norte Global poderia acelerar este processo.

O GCF procuraria acabar com o ciclo da dívida dos países pobres e fornecer subsídios para a mitigação e adaptação climática. Poderia até render juros aos governos que demonstrassem liderança, mantendo as suas reservas de combustíveis fósseis no solo.

Fundamentalmente, temos de garantir que este fundo não incentiva uma maior exploração dos nossos recursos partilhados. Portanto, propomos um limite global para a extracção de carbono, com base em recomendações científicas para manter o aumento da temperatura global dentro de 1,5 graus Celsius. As empresas de combustíveis fósseis pagariam então uma taxa para aceder a cada tonelada de combustível fóssil extraída ao abrigo deste limite.

O “limitar e compartilhar” O modelo que elaborámos não só financia um RBU global, mas também mitiga a crise climática, abrindo caminho para uma transformação socioecológica radical, mas necessária, necessária para nos manter dentro dos limites planetários e evitar o caos climático contínuo.

O próprio UBI poderia ser uma ferramenta poderosa para enfrentar a crise climática. Por exemplo, na Índia, programas-piloto de rendimento básico demonstraram que as famílias que recebem RBU têm maior probabilidade de fazer a transição para opções de combustíveis mais limpos. No Peru, uma ONG chamada Cool Earth fornece uma renda básica para trabalhos de conservação na Amazônia. Entretanto, as ONG GiveDirectly e o Comité Internacional de Resgate estão a utilizar dados para prever catástrofes naturais e fornecer pagamentos em dinheiro para ajudar as comunidades a prepararem-se e a reconstruírem-se, agindo como uma forma de compensação por perdas e danos.

A justiça climática e a justiça económica são duas faces da mesma moeda. O nosso sistema “cap and share” não só aborda a necessidade urgente de financiamento climático, mas também combate a pobreza e a desigualdade através do financiamento de um RBI global.

À medida que o mundo olha para a COP29 e aumenta a pressão sobre os Estados-membros para alcançarem os objectivos do Acordo de Paris e chegarem a acordo sobre um Novo Objectivo Quantificado Colectivo (NCQG) para o financiamento climático, a Equal Right insta os decisores políticos a considerarem o potencial do “cap and share ” sistema.

Esta abordagem radical, mas necessária, pode financiar um RBU global, tal como defendido pelo Papa Francisco, ao mesmo tempo que limita os combustíveis fósseis e financia um futuro melhor para todos nós. A adoção destas abordagens ousadas, mas essenciais, não só promoverá a justiça climática, mas também promoverá a equidade económica, garantindo que ninguém seja deixado para trás na busca de um futuro sustentável e justo para todos.

Numa época de imensa incerteza, “cap and share” dá-nos opções: uma saída, uma saída e um caminho a seguir.

As opiniões expressas neste artigo são do próprio autor e não refletem necessariamente a posição editorial da Al Jazeera.



Leia Mais: Aljazeera

Advertisement
Comentários

Warning: Undefined variable $user_ID in /home/u824415267/domains/acre.com.br/public_html/wp-content/themes/zox-news/comments.php on line 48

You must be logged in to post a comment Login

Comente aqui

ACRE

PPG em Educação da Ufac promove 4º Simpósio de Pesquisa — Universidade Federal do Acre

PUBLICADO

em

PPG em Educação da Ufac promove 4º Simpósio de Pesquisa — Universidade Federal do Acre

A Ufac realizou, nessa terça-feira, 18, no teatro E-Amazônia, campus-sede, a abertura do 4º Simpósio de Pesquisa do Programa de Pós-Graduação em Educação (PPGE). Com o tema “A Produção do Conhecimento, a Formação Docente e o Compromisso Social”, o evento marca os dez anos do programa e reúne estudantes, professores e pesquisadores da comunidade acadêmica. A programação terminou nesta quarta-feira, 19, com debates, mesas-redondas e apresentação de estudos que abordam os desafios e avanços da pesquisa em educação no Estado.

Representando a Reitoria, a pró-reitora de Pós-Graduação, Margarida Lima Carvalho, destacou o papel coletivo na consolidação do programa. “Não se faz um programa de pós-graduação somente com a coordenação, mas com uma equipe inteira comprometida e formada por professores dedicados.”

O coordenador do PPGE, Nádson Araújo dos Santos, reforçou a relevância histórica do momento. “Uma década pode parecer pouco diante dos longos caminhos da ciência, mas nós sabemos que dez anos em educação carregam o peso de muitas lutas, muitas conquistas e muitos sonhos coletivos.”

 

A aluna do programa, Nicoly de Lima Quintela, também ressaltou o significado acadêmico da programação e a importância do evento para a formação crítica e investigativa dos estudantes. “O simpósio não é simplesmente dois dias de palestra, mas dois dias de produção de conhecimento.” 

A palestra de abertura foi conduzida por Mariam Fabia Alves, presidente da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Educação (Anped), que discutiu os rumos da pesquisa educacional no Brasil e os desafios contemporâneos enfrentados pela área. O evento contou ainda com um espaço de homenagens, incluindo a exibição de vídeos e a entrega de placas a professores e colaboradores que contribuíram para o fortalecimento do PPGE ao longo desses dez anos.

Também participaram da solenidade o diretor do Cela, Selmo Azevedo Apontes; a presidente estadual da Associação de Política e Administração da Educação; e a coordenadora estadual da Anfope, Francisca do Nascimento Pereira Filha.

(Camila Barbosa, estagiária Ascom/Ufac)

 



Leia Mais: UFAC

Continue lendo

ACRE

Consu da Ufac adia votação para 24/11 devido ao ponto facultativo — Universidade Federal do Acre

PUBLICADO

em

ufac.jpg

A votação do Conselho Universitário (Consu) da Ufac, prevista para sexta-feira, 21, foi adiada para a próxima segunda-feira, 24. O adiamento ocorre em razão do ponto facultativo decretado pela Reitoria para esta sexta-feira, 21, após o feriado do Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra.

A votação será realizada na segunda-feira, 24, a partir das 9h, por meio do sistema eletrônico do Órgão dos Colegiados Superiores. Os conselheiros deverão acessar o sistema com sua matrícula e senha institucional, selecionar a pauta em votação e registrar seu voto conforme as orientações enviadas previamente por e-mail institucional. Em caso de dúvidas, o suporte da Secrecs estará disponível antes e durante o período de votação.

 



Leia Mais: UFAC

Continue lendo

ACRE

Professora Aline Nicolli, da Ufac, é eleita presidente da Abrapec — Universidade Federal do Acre

PUBLICADO

em

Professora Aline Nicolli, da Ufac, é eleita presidente da Abrapec — Universidade Federal do Acre

A professora Aline Andréia Nicolli, do Centro de Educação, Letras e Artes (Cela) da Ufac, foi eleita presidente da Associação Brasileira de Pesquisa em Educação em Ciências (Abrapec), para o biênio 2025-2027, tornando-se a primeira representante da região Norte a assumir a presidência da entidade.

Segundo ela, sua eleição simboliza não apenas o reconhecimento de sua trajetória acadêmica (recentemente promovida ao cargo de professora titular), mas também a valorização da pesquisa produzida no Norte do país. Além disso, Aline considera que sua escolha resulta de sua ampla participação em redes de pesquisa, da produção científica qualificada e do engajamento em discussões sobre formação de professores, práticas pedagógicas e políticas públicas para o ensino de ciências.

“Essa eleição também reflete o prestígio crescente das pesquisas desenvolvidas na região Norte, reforçando a mensagem de que é possível produzir ciência rigorosa, inovadora e socialmente comprometida, mesmo diante das dificuldades operacionais e logísticas que marcam a realidade amazônica”, opinou a professora.

Aline explicou que, à frente da Abrapec, deverá conduzir iniciativas que ampliem a interlocução da associação com universidades, escolas e entidades científicas, fortalecendo a pesquisa em educação em ciências e contribuindo para a consolidação de espaços acadêmicos mais diversos, plurais e conectados aos desafios educacionais do país.

 



Leia Mais: UFAC

Continue lendo

MAIS LIDAS