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Vespa bebe ‘etanol de posto’ ao dia e não fica bêbada – 26/10/2024 – Ciência

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Reinaldo José Lopes

É quase como se um inseto conseguisse se alimentar do etanol que abastece carros flex nos postos. A vespa-oriental (Vespa orientalis), espécie de ampla distribuição na Ásia, na África e em parte do sul da Europa, é capaz de consumir uma solução com teor alcoólico de 80% sem nenhum efeito negativo aparente sobre sua saúde —o do combustível supera 90%.

Embora outros animais além do ser humano tenham o costume de ingerir álcool em doses modestas, todos ficam muito atrás da vespa do Velho Mundo no que diz respeito à tolerância alcoólica, afirma a equipe da Universidade de Tel Aviv que estudou as capacidades do inseto.

Em estudo publicado na última segunda-feira (21) na revista especializada PNAS, eles propõem que o feito da espécie é possibilitado pela presença, em seu DNA, de cópias extras de um gene crucial para a “quebra” das moléculas de álcool pelo organismo. Assim, os possíveis efeitos nocivos da substância não teriam tempo de ter um efeito cumulativo no corpo da vespa.

A equipe de Tel Aviv, liderada por Sofia Bouchebti e Eran Levin, decidiu investigar o organismo dos bichos porque as vespas já eram consideradas “enofílicas” (ou seja, com atração por bebidas alcoólicas) há tempos.

Isso se deve ao fato de consumirem néctar e frutas maduras, que naturalmente podem apresentar algum teor de álcool, além de carregarem no próprio corpo a levedura (fungo microscópico) Saccharomyces cerevisiae. A semelhança entre o nome da levedura e palavra “cerveja” em português não é casual, já que, de fato, ela realiza a fermentação que transforma o açúcar em álcool em certas bebidas.

Além do mais, o etanol é, no papel, uma fonte de alimento mais rica em energia do que o açúcar, por exemplo (gera sete calorias por grama, contra apenas quatro do açúcar). Haveria vantagens, portanto, em se aproveitar desse recurso. Mas, na maioria das espécies, elas acabam sendo contrabalançadas pela toxicidade das altas concentrações de álcool, com efeitos sobre o sistema nervoso que afetam movimentos e cognição, entre outras coisas.

Bouchebti e seus colegas resolveram tirar isso à prova alimentando as vespas orientais com uma solução de sacarose —basicamente o açúcar que usamos para adoçar o café ou o leite— que podia conter até 80% de etanol duas vezes ao dia, durante uma semana. A bebida foi o único alimento oferecido aos bichos nesse período.

Os resultados foram impressionantes. Não só as chances de sobrevivência dos bichos e seu comportamento (incluindo agressividade e capacidade de construir ninhos) não mudaram nada como elas tratavam o alimento “batizado” com álcool de maneira totalmente natural.

Se tinham a opção de se alimentar de sucrose pura ou de sucrose com alto teor de álcool, a probabilidade de que escolhessem qualquer uma das opções era idêntica. Isso é ainda mais surpreendente quando se considera que abelhas submetidas ao mesmo “regime” morreram em no máximo 24 horas.

O trabalho mostrou ainda que o etanol era metabolizado rapidamente, sendo seus componentes incorporados à composição do organismo dos bichos em diferentes partes do corpo (embora com uma predominância do que seria o equivalente ao fígado das vespas).

Análises do genoma de espécies aparentadas à vespa-oriental sugerem que, na evolução do bicho, ocorreu uma multiplicação de cópias do trecho do DNA que contém a receita para a fabricação da álcool desidrogenase, molécula que ajuda a “desmontar” o etanol no organismo.

Para os pesquisadores, o mais provável é que essa capacidade tenha sido favorecida pela convivência das vespas com leveduras produtoras de álcool. Por outro lado, as propriedades antimicrobianas do etanol também poderiam ser interessantes para o animal. Eles propõem ainda que a espécie pode se tornar um modelo importante para estudos sobre a tolerância do organismo ao álcool.



Leia Mais: Folha

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Evento no PZ para estudantes do Ifac difunde espécies botânicas — Universidade Federal do Acre

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A Pró-Reitoria de Extensão e Cultura (Proex) da Ufac realizou a abertura do Floresta em Evidência, nesta quarta-feira, 20, no auditório da Associação dos Docentes (Adufac). O projeto de extensão segue até quinta-feira, 21, desenvolvido pelo Herbário do Parque Zoobotânico (PZ) da Ufac em parceria com o Instituto Federal do Acre (Ifac) e o Jardim Botânico do Rio de Janeiro. A iniciativa tem como público-alvo estudantes do campus Transacreana do Ifac.

O projeto busca difundir conhecimentos teóricos e práticos sobre coleta, identificação e preservação de espécies botânicas, contribuindo para valorização da biodiversidade amazônica e fortalecimento da pesquisa científica na região.

Representando a Proex, a professora Keiti Roseani Mendes Pereira enfatizou a importância da extensão universitária como espaço de democratização do conhecimento. “A extensão nos permite sair dos muros da universidade e alcançar a sociedade.”

O coordenador do PZ, Harley Araújo, destacou a contribuição do parque para a conservação ambiental e a formação de profissionais. “A documentação botânica está diretamente ligada à conservação. O PZ é uma unidade integradora da universidade que abriga mais de 400 espécies de animais e mais de 340 espécies florestais nativas.”

A professora do Ifac, Rosana Cavalcante, lembrou que a articulação entre instituições é fundamental para consolidar a pesquisa no Acre. “Ninguém faz ciência sozinho. Esse curso é fruto de parcerias e amizades acadêmicas que nos permitem avançar. Para mim, voltar à Ufac nesse contexto é motivo de grande emoção.”

A pesquisadora Viviane Stern ressaltou a relevância da etnobotânica como campo de estudo voltado para a interação entre pessoas e plantas. “A Amazônia é enorme e diversa; conhecer essa relação entre comunidades e a floresta é essencial para compreender e preservar. Estou muito feliz com a recepção e em poder colaborar com esse trabalho em parceria com a Ufac e o Ifac.”

O evento contou ainda com a palestra da professora Andréa Rocha (Ufac), que abordou o tema “Justiça Climática e Produção Acadêmica na Amazônia”.

Nesta quarta-feira, à tarde, no PZ, ocorre a parte teórica do minicurso “Coleta e Herborização: Apoiando a Documentação da Sociobiodiversidade na Amazônia”. Na quinta-feira, 21, será realizada a etapa prática do curso, também no PZ, encerrando o evento.



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Ufac recebe deputado Tadeu Hassem e vereadores de Capixaba para tratar de cursos e transporte estudantil — Universidade Federal do Acre

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A reitora da Universidade Federal do Acre (Ufac), Guida Aquino, recebeu, na manhã desta segunda-feira, 18, no gabinete da reitoria, a visita do deputado estadual Tadeu Hassem (Republicanos) e de vereadores do município de Capixaba. A pauta do encontro envolveu a possibilidade de oferta de cursos de graduação no município e apoio ao transporte de estudantes daquele município que frequentam a instituição em Rio Branco.

A reitora Guida Aquino destacou que a interiorização do ensino superior é um compromisso da universidade, mas depende de emendas parlamentares para custeio e viabilização dos cursos. “O meu partido é a educação, e a universidade tem sido o caminho de transformação para jovens do interior. É por meio de parcerias e recursos destinados por parlamentares que conseguimos levar cursos fora da sede. Precisamos estar juntos para garantir essas oportunidades”, afirmou.

Atualmente, 32 alunos de Capixaba estudam na Ufac. A demanda apresentada pelos parlamentares inclui parcerias com o governo estadual para garantir transporte adequado, além da implantação de cursos a distância por meio do polo da Universidade Aberta do Brasil (UAB), em parceria com a prefeitura.

O deputado Tadeu Hassem reforçou o pedido de apoio e colocou seu mandato à disposição para buscar soluções junto ao governo estadual. “Estamos tratando de um tema fundamental para Capixaba. Queremos viabilizar transporte aos estudantes e também novas possibilidades de cursos, seja de forma presencial ou a distância. Esse é um compromisso que assumimos com a população”, declarou.

A vereadora Dra. Ângela Paula (PL) ressaltou a transformação pessoal que viveu ao ingressar na universidade e defendeu a importância de ampliar esse acesso para jovens de Capixaba. “A universidade mudou minha vida e pode mudar a vida de muitas outras pessoas. Hoje, nossos alunos têm dificuldades para se deslocar e muitos desistem do sonho. Precisamos de sensibilidade para garantir oportunidades de estudo também no nosso município”, disse.

Também participaram da reunião a pró-reitora de Graduação, Ednaceli Abreu Damasceno; o presidente da Câmara Municipal de Capixaba, Diego Paulista (PP); e o advogado Amós D’Ávila de Paulo, representante legal do Legislativo municipal.



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Professora da Ufac é nomeada membro afiliada da ABC — Universidade Federal do Acre

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A professora da Ufac, Simone Reis, foi nomeada membro afiliada da Academia Brasileira de Ciências (ABC) na terça-feira (5), em cerimônia realizada na Universidade Federal do Oeste do Pará (Ufopa), em Santarém (PA). A escolha reconhece sua trajetória acadêmica e a pesquisa de pós-doutorado desenvolvida na Universidade de Oxford, na Inglaterra, com foco em biodiversidade, ecologia e conservação.

A ABC busca estimular a continuidade do trabalho científico de seus membros, promover a pesquisa nacional e difundir a ciência. Todos os anos, cinco jovens cientistas são indicados e eleitos por membros titulares para integrar a categoria de membros afiliados, criada em 2007 para reconhecer e incentivar novos talentos na ciência brasileira.
“Nunca imaginei estar nesse time e fiquei muito surpresa por isso. Espero contribuir com pesquisas científicas, parcerias internacionais e discussões ecológicas junto à ABC”, disse a professora Simone Reis.



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