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66 dias para criar um diário: ‘Sinto que estou quase enganando a morte’ | Vida e estilo

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Cait Kelly

CCriamos hábitos para que não tenhamos que nos concentrar em algo para fazê-lo funcionar. Então isso acontece facilmente. Pequenas mudanças que nos ajudam a longo prazo – mantendo-nos saudáveis ​​ou engordando as nossas contas bancárias, lembrando-nos de abrandar.

Por muito tempo lamentei minha terrível memória. Há muitas informações que escapam da minha cabeça – os aniversários dos meus amigos, onde deixei minha garrafa de água estupidamente cara (é preta e fina se alguém que eu conheço estiver lendo isso) e até mesmo às vezes o que eu estava fazendo 24 horas atrás.

Atrás de mim está uma série de dias dos quais não consigo me lembrar, objetos que já estão perdidos há muito tempo, piadas das quais nunca vou rir novamente, momentos preciosos e fugazes em que me senti conectado ao grande estrondo que desapareceu no abismo.

Decidi que se não conseguisse me lembrar da minha vida, escreveria tudo. Uma folha de dicas. Um diário. Eu tornaria a lembrança mais fácil – tornaria isso um hábito.

Foi assim que eu fui.

Semana Um

Eu configurei para que não possa falhar. Belo livro preto novo, uma boa caneta para escrever. Sentado aberto, pronto para ir para a minha mesa de cabeceira. Infalível. E nossa, um começo forte, todo dia uma entrada. Veja isso.

Muitas entradas sobre ir à academia – isso é um pouco chato. Mas quem se importa? Estou fora. Chame-me de jovem Helen Garner ou de gay Helen Garner, o que for.

Estou tendo visões de pegar meu diário para verificar os fatos de um amigo, lembrar de um jantar ou curtir uma fofoca. Sinto que estou quase enganando a morte – por que viver sua vida apenas uma vez, quando você pode escrevê-la e aproveitá-la de novo e de novo e de novo?

Segunda semana

Estou entrando no ritmo. Mas tem muita “academia” e “trabalho” e “jantar com (inserir amigo)”. Não há o suficiente para diferenciar nada disso. É uma longa lista das coisas que fiz. Ninguém quer olhar para trás, para sua vida preciosa e encontrar a monotonia. Estou caindo. Esqueça a porra da academia. Eu quero o T, o drama, as vibrações. Preciso mudar de rumo.

Uma vez li um livro sobre contação de histórias: o cara disse que anotava o momento mais inusitado ou original de cada dia que passava. Ele chamou isso de lição de casa para a vida toda, o que considerei um grande desestímulo. Mas agora me lembrei disso.

Eu reoriento. A partir de agora, as entradas precisam ser picantes. Ou tão perto também. Vou me perguntar – se eu estivesse prestes a cair em um poço em chamas e minhas últimas palavras só pudessem ser sobre uma história daquele dia (deixando de lado a situação do poço) – o que eu escolheria dizer?

Semana Três

O conteúdo melhorou. Há um desentendimento entre dois amigos. Uma paixão secreta. Minha unha caiu depois da minha primeira corrida de 21 km. Este é o registro do estrondo da vida que eu queria! Merda, está ficando bom.

Mas me deparei com um novo obstáculo. É “academia, levantamento terra” ou “doença gengival?” Não consigo ler a minha própria escrita. Uma entrada desta semana termina com “escrever mais limpo”, mas também pode ser “nada” ou “nu”.

Tenho os rabiscos de quem não faz teste de caligrafia desde os anos 90. As entradas estão ficando mais nítidas – quando eu tiver 75 anos vou lembrar que me diverti muito. Mas só se eu puder ler.

Semana Quatro

Parece haver muitas entradas sobre estar cansado. Talvez escrever o diário à noite seja uma má ideia? Tento mudar o horário do meu hábito. Sinto falta de um dia. Volto para a hora de dormir.

Semana Cinco

OK, fui para Noosa com meus pais – uma viagem adorável, e graças a Deus consigo me lembrar de alguns trechos porque o diário não chegou no avião. Aqueles dias agora são apenas linhas.

Semana Seis

Uau, há uma entrada muito longa que escrevi depois de algumas cervejas demais na festa de 30 anos de um amigo. Se eu pudesse ler, provavelmente seria uma grande fofoca. Desperdiçado.

Querido diário… Cait Kelly. Fotografia: Eugene Hyland/The Guardian

Semana Sete

Esta é minha semana de pico. Aperfeiçoei as entradas, a escrita está legível e os dias estão preenchidos. Estou me sentindo confiante. Na verdade, acho que criei o hábito.

Semana Oito

Hábito? Que hábito? A loucura de dezembro chegou. Também estou mudando de casa. Todas as noites saio para ver alguém ou alguma coisa.

Estou em inúmeros almoços ou jantares onde todos partilham o que sentiram gratos este ano. Estou feliz por poder lembrar porque estou esquecendo meu diário. É praticamente inexistente. Algumas noites eu, literalmente, olho o livro antes de dormir, apago a luz e rolo. Sinto como se estivesse negligenciando um animal de estimação. A culpa desce.

Semana Nove

“Cait é uma gostosa” – na última semana, é a única coisa escrita no meu diário.

Eu não coloquei lá. Deve ter sido um amigo na minha festa de aniversário, ou Dykemas, ou no jantar de Natal. Eles estavam claramente sentindo um calor festivo, provavelmente estimulado por intermináveis ​​margaritas. Não adoro isso, mas estou marcando os últimos 66 dias com um bilhete de outra pessoa. Isso é um fracasso?

O fim

Você não pensa em escrever alguns pensamentos sobre o seu dia, todos os dias, em um livro, como uma tarefa ambiciosa – mas é. Eu acertei – e então, como muitos antes de mim que fizeram resoluções de ano novo para colocar a caneta no papel, a coisa toda desmoronou.

Aqui vão minhas dicas: encontre o cerne do dia – a parte interessante, aquela que te fez sorrir ou chorar. A parte que você contaria do poço em chamas. Tenha algum respeito pelas árvores que morreram por causa dessa empreitada e não escreva novelas ali quando estiver bêbado. Escreva ordenadamente. E possivelmente o mais importante: esteja preparado para perder dias, tanto na vida quanto no diário.



Leia Mais: The Guardian

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Mulher alimenta pássaros livres na janela do apartamento e tem o melhor bom dia, diariamente; vídeo

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O projeto com os cavalos, no Kentucky (EUA), ajuda dependentes químicos a recomeçarem a vida. - Foto: AP News

Todos os dias de manhã, essa mulher começa a rotina com uma cena emocionante: alimenta vários pássaros livres que chegam à janela do apartamento dela, bem na hora do café. Ela gravou as imagens e o vídeo é tão incrível que já acumula mais de 1 milhão de visualizações.

Cecilia Monteiro, de São Paulo, tem o mesmo ritual. Entre alpiste e frutas coloridas, ela conversa com as aves e dá até nomes para elas.

Nas imagens, ela aparece espalhando delicadamente comida para os pássaros, que chegam aos poucos e transformam a janela num pedacinho de floresta urbana. “Bom dia. Chegaram cedinho hoje, hein?”, brinca Cecilia, enquanto as aves fazem a festa com o banquete.

Amor e semente

Todos os dias Cecilia acorda e vai direto preparar a comida das aves livres.

Ela oferece porções de alpiste e frutas frescas e arruma tudo na borda da janela para os pequenos visitantes.

E faz isso com tanto amor e carinho que a gratidão da natureza é visível.

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Cantos de agradecimento

E a recompensa vem em forma de asas e cantos.

Maritacas, sabiás, rolinha e até uma pomba muito ousada resolveu participar da festa.

O ambiente se transforma com todas as aves cantando e se deliciando.

Vai dizer que essa não é a melhor forma de começar o dia?

Liberdade e confiança

O que mais chama a atenção é a relação de respeito entre a mulher e as aves.

Nada de gaiolas ou cercados. Os pássaros vêm porque querem. E voltam porque confiam nela.

“Podem vir, podem vir”, diz ela na legenda do vídeo.

Internautas apaixonados

O vídeo se tornou viral e emocionou milhares de pessoas nas redes sociais.

Os comentários vão de elogios carinhosos a relatos de seguidores que se sentiram inspirados a fazer o mesmo.

“O nome disso é riqueza! De alma, de vida, de generosidade!”, disse um.

“Pra mim quem conquista os animais assim é gente de coração puro, que benção, moça”, compartilhou um segundo.

Olha que fofura essa janela movimentada, cheia de aves:

Cecila tem a mesma rotina todos os dias. Que gracinha! - Foto: @cecidasaves/TikTok Cecila tem a mesma rotina todos os dias. Põe comida para os pássaros livres na janela do apartamento dela em SP. – Foto: @cecidasaves/TikTok



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Cavalos ajudam dependentes químicos a se reconectar com a vida, emprego e família

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Cecília, uma mulher de São Paulo, põe alimentos todos os dias os para pássaros livres na janela do apartamento dela. - Foto: @cecidasaves/TikTok

O poder sensorial dos cavalos e de conexão com seres humanos é incrível. Tanto que estão ajudando dependentes químicos a se reconectar com a família, a vida e trabalho nos Estados Unidos. Até agora, mais de 110 homens passaram com sucesso pelo programa.

No Stable Recovery, em Kentucky, os cavalos imensos parecem intimidantes, mas eles estão ali para ajudar. O projeto ousado, criado por Frank Taylor, coloca os homens em contato direto com os equinos para desenvolverem um senso de responsabilidade e cuidado.

“Eu estava simplesmente destruído. Eu só queria algo diferente, e no dia em que entrei neste estábulo e comecei a trabalhar com os cavalos, senti que eles estavam curando minha alma”, contou Jaron Kohari, um dos pacientes.

Ideia improvável

Os pacientes chegam ali perdidos, mas saem com emprego, dignidade e, muitas vezes, de volta ao convívio com aqueles que amam.

“Você é meio egoísta e esses cavalos exigem sua atenção 24 horas por dia, 7 dias por semana, então isso te ensina a amar algo e cuidar dele novamente”, disse Jaron Kohari, ex-mineiro de 36 anos, em entrevista à AP News.

O programa nasceu da cabeça de Frank, criador de cavalos puro-sangue e dono de uma fazenda tradicional na indústria de corridas. Ele, que já foi dependente em álcool, sabe muito bem como é preciso dar uma chance para aqueles que estão em situação de vulnerabilidade.

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A ideia

Mas antes de colocar a iniciativa em prática, precisou convencer os irmãos a deixar ex-viciados lidarem com animais avaliados em milhões de dólares.“Frank, achamos que você é louco”, disse a família dele.

Mesmo assim, ele não desistiu e conseguiu a autorização para tentar por 90 dias. Se algo desse errado, o programa seria encerrado imediatamente.

E o melhor aconteceu.

A recuperação

Na Stable Recovery, os participantes acordam às 4h30, participam de reuniões dos Alcoólicos Anônimos e trabalham o dia inteiro cuidando dos cavalos.

Eles escovam, alimentam, limpam baias, levam aos pastos e acompanham as visitas de veterinários aos animais.

À noite, cozinham em esquema revezamento e vão dormir às 21h.

Todo o programa dura um ano, e isso permite que os participantes se tornem amigos, criem laços e fortaleçam a autoestima.

“Em poucos dias, estando em um estábulo perto de um cavalo, ele está sorrindo, rindo e interagindo com seus colegas. Um cara que literalmente não conseguia levantar a cabeça e olhar nos olhos já está se saindo melhor”, disse Frank.

Cavalos que curam

Os cavalos funcionam como espelhos dos tratadores. Se o homem está tenso, o cavalo sente. Se está calmo, ele vai retribuir.

Frank, o dono, chegou a investir mais de US$ 800 mil para dar suporte aos pacientes.

Ao olhar tantas vidas que ele já ajudou a transformar, ele diz que não se arrepende de nada.

“Perdemos cerca de metade do nosso dinheiro, mas apesar disso, todos aqueles caras permaneceram sóbrios.”

A gente aqui ama cavalos. E você?

A rotina com os animais é puxada, mas a recompensa é enorme. – Foto: AP News



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Resgatado brasileiro que ficou preso na neve na Patagônia após seguir sugestão do GPS

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O brasileiro Hugo Calderano, de 28 anos, conquista a inédita medalha de prata no Mundial de Tênis de Mesa no Catar.- Foto: @hugocalderano

Cuidado com as sugestões do GPS do seu carro. Este brasileiro, que ficou preso na neve na Patagônia, foi resgatado após horas no frio. Ele seguiu as orientações do navegador por satélite e o carro acabou atolado em uma duna de neve. Sem sinal de internet para pedir socorro, teve que caminhar durante horas no frio de -10º C, até que foi salvo pela polícia.

O progframador Thiago Araújo Crevelloni, de 38 anos, estava sozinho a caminho de El Calafate, no dia 17 de maio, quando tudo aconteceu. Ele chegou a pensar que não sairia vivo.

O resgate só ocorreu porque a anfitriã da pousada onde ele estava avisou aos policiais sobre o desaparecimento do Thiago. Aí começaram as buscas da polícia.

Da tranquilidade ao pesadelo

Thiago seguia viagem rumo a El Calafate, após passar por Mendoza, El Bolsón e Perito Moreno.

Cruzar a Patagônia de carro sempre foi um sonho para ele. Na manhã do ocorrido, nevava levemente, mas as estradas ainda estavam transitáveis.

A antiga Rota 40, por onde ele dirigia, é famosa pelas paisagens e pela solidão.

Segundo o programador, alguns caminhões passavam e havia máquinas limpando a neve.

Tudo parecia seguro, até que o GPS sugeriu o desvio que mudou tudo.

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Caminho errado

Thiago seguiu pela rota alternativa e, após 20 km, a neve ficou mais intensa e o vento dificultava a visibilidade.

“Até que, numa curva, o carro subiu em uma espécie de duna de neve que não dava para distinguir bem por causa do vento branco. Tudo era branco, não dava para ver o que era estrada e o que era acúmulo de neve. Fiquei completamente preso”, contou em entrevista ao G1.

Ele tentou desatolar o veículo com pedras e ferramentas, mas nada funcionava.

Caiu na neve

Sem ajuda por perto, exausto, encharcado e com muito frio, Thiago decidiu caminhar até a estrada principal.

Mesmo fraco, com fome e mal-estar, colocou uma mochila nas costas e saiu por volta das 17h.

Após mais de cinco horas de caminhada no escuro e com o corpo congelando, ele caiu na neve.

“Fiquei deitado alguns minutos, sozinho, tentando recuperar energia. Consegui me levantar e segui, mesmo sem saber quanta distância faltava.”

Luz no fim do túnel

Sem saber quanto tempo faltava para a estrada principal, Thiago se levantou e continuou a caminhada.

De repente, viu uma luz. No início, o programador achou que estava alucinando.

“Um pouco depois, ao olhar para trás em uma reta infinita, vi uma luz. Primeiro achei que estava vendo coisas, mas ela se aproximava. Era uma viatura da polícia com as luzes acesas. Naquele momento senti um alívio que não consigo descrever. Agitei os braços, liguei a lanterna do celular e eles me viram”, disse.

A gentileza dos policiais

Os policiais ofereceram água, comida e agasalhos.

“Falaram comigo com uma ternura que me emocionou profundamente. Me levaram ao hospital, depois para um hotel. Na manhã seguinte, com a ajuda de um guincho, consegui recuperar o carro”, agradeceu o brasileiro.

Apesar do susto, ele se recuperou e decidiu manter a viagem. Afinal, era o sonho dele!

Veja como foi resgatado o brasileiro que ficou preso na neve na Patagônia:

Thiago caminhou por 5 horas no frio até ser encontrado. – Foto: Thiago Araújo Crevelloni

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