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A médica que diz ‘não’ ao presidente Lula

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Marcela Mattos

Familiares da médica Ana Helena Germoglio definiram uma estratégia para monitorar a rotina da infectologista: se alguém não sabe o paradeiro dela, basta consultar a agenda do presidente Lula. Onde ele estiver, a infectologista também estará.

Tem sido assim desde janeiro de 2023, quando Ana Helena foi apresentada a Lula como a sua médica oficial e, no mesmo dia, embarcou rumo a Santos para acompanhar a ida do presidente ao velório do ex-jogador Pelé. Desde então, foram incontáveis viagens nacionais e internacionais acompanhando o presidente – sempre com duas maletas de pronto-atendimento a tiracolo.

Até hoje, a doutora Ana compareceu a todas missões oficiais, e até mesmo nos dias de folga do petista, em geral na Restinga de Marabaia, no Rio, ela está lá. Nessas circunstâncias, além da primeira-dama Janja, costuma estar apenas o staff mais próximo e relativo à segurança da família presidencial.

No último dia 19, após passar por seis cidades nos dez dias anteriores, a médica chegou a Brasília no meio da tarde. Entrou em casa, conversou um pouco com os seus filhos e logo o telefone tocou: o presidente havia se acidentado e seria encaminhado a um hospital. Imediatamente, ela entrou no carro e dirigiu até o local – chegou antes mesmo que Lula, após uma jornada acelerada.

Foi ela quem ligou para o cardiologista Roberto Kalil, que cuida do presidente há três décadas, para contar o ocorrido. Morador de São Paulo, ele chegou à capital no dia seguinte.

Viagens canceladas

Também cabe à infectologista fazer recomendações que nem sempre são as que Lula quer ouvir. A principal delas é a de cancelar viagens, normalmente programadas com antecedência e desmarcadas de última hora.

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O presidente teve de cancelar três missões em decorrência de questões de saúde. A primeira delas foi a ida à China, programada para março de 2023, que acabou adiada na véspera em decorrência de pneumonia e infecção do vírus Influenza A. Mais recentemente, ele não pôde ir à Cúpula do Brics, na Rússia, e também já foi anunciado que ele não vai mais à Colômbia, para a COP-16, na próxima semana, por causa do acidente doméstico.

Firme, a doutora Ana Helena vai direto ao ponto. “Chefe, eu entendo que vai ter muita repercussão, mas eu não posso não dar a minha opinião técnica”, já afirmou a médica ao presidente. No caso da contaminação por Influenza A, também pesava o fato de o vírus ser transmissível, e, por isso, é contraindicado o contato com outras pessoas.

Sabendo que pode desagradar, ela mesma faz brincadeira com a situação: “Daqui a pouco o senhor vai me exonerar”, diz a ele, aos risos. Lula, definido pelo médico Roberto Kalil como um “paciente obediente”, em todas as circunstâncias acatou as orientações. Sem nenhum sinal de descontentamento com a médica – justamente o contrário disso -, o presidente a agraciou com a Ordem Rio Branco, uma condecoração feita aos bons serviços prestados.

Presença constante

É praxe que todos os presidentes da República tenham um médico sempre à disposição, independentemente do horário e do dia da semana. Os profissionais, em geral, só não estão ao lado do chefe de Estado nas horas de descanso no Palácio da Alvorada, a residência oficial, que conta com uma ambulância e uma equipe de brigadistas.

A infectologista Ana Helena assumiu a função, inclusive, após a indicação do ortopedista Cléber Ferreira, o médico de Lula em seus mandatos anteriores. À época, ela atuava em um hospital público de Brasília e também fazia atendimentos na rede privada.

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Durante a Covid-19, coube à médica atender a primeira paciente de Brasília a se infectar e evoluir a um quadro grave. Por uma ironia do destino, ela já estava deixando o Hospital Regional da Asa Norte quando foi anunciado que precisariam de uma infectologista – a doutora Ana Helena era a única com a especialidade naquele momento.

Ela voltou, então, e assumiu o tratamento, que contou com quatro meses de internação na UTI, mas a paciente saiu bem. Durante a pandemia, a médica passou a ser referência em entrevistas para elucidar as incertezas causadas pelo novo vírus.

Discreta, sem nenhuma vinculação partidária e avessa a falar sobre a vida do seu ilustre paciente, Ana Helena limita-se a dizer que, na função de médica presidencial, tem o privilégio de conhecer os mais diversos lugares do país e do mundo, dos mais ricos aos mais pobres – e que o ritmo acelerado de Lula, como ele próprio já contou, por vezes é um desafio físico para a sua equipe.

Católica, o ponto alto até aqui foi um encontro com o papa Francisco em junho de 2023. “ Tem coisas que a gente vivencia que nem tendo todo o dinheiro do mundo inteiro seria possível vivenciar”, afirma.



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CPMI do INSS deve causar estrago ainda maior ao go…

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CPMI do INSS deve causar estrago ainda maior ao go...

Marcela Rahal

Como se não bastasse a ideia de uma CPI na Câmara, ainda a depender do aval do presidente Hugo Motta (o que parece que não deve acontecer), o governo pode enfrentar uma investigação para apurar os desvios bilionários do INSS nas duas Casas.

Já são 211 assinaturas de parlamentares a favor da CPMI, 182 deputados e 29 senadores, o suficiente para o início dos trabalhos. A deputada Coronel Fernanda, autora do pedido na Câmara, vai protocolar o requerimento nesta terça-feira, 6. Caberá ao presidente do Congresso, Davi Alcolumbre, convocar o plenário para a leitura da proposta e, consequentemente, a criação da Comissão.

Segundo a parlamentar, que convocou uma entrevista coletiva para amanhã às 14h30, agora o processo deve andar. O governo ficará muito mais exposto com um escândalo que tem tudo para ficar cada vez maior, segundo as investigações ainda em andamento.

O desgaste será inevitável. O apelo do caso é forte e de fácil entendimento para a população. O assalto bilionário aos aposentados e pensionistas do INSS.



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Com fortes dores, Antonio Rueda passará por cirurg…

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Com fortes dores, Antonio Rueda passará por cirurg...

Ludmilla de Lima

Presidente da Federação União Progressista, Antonio Rueda passará por uma cirurgia nesta segunda-feira, 05, devido a um cálculo renal. Por causa de fortes dores, o procedimento, que estava marcado para amanhã, terá que ser antecipado. Antes do anúncio da federação, na terça da semana passada, ele já havia sido operado por causa do problema, colocando um cateter.

Do União Brasil, Rueda divide a presidência da federação com Ciro Nogueira, do PP. Os dois partidos juntos agora têm a maior bancada do Congresso, com 109 deputados e 14 senadores. O PP defendia que o ex-presidente da Câmara Arthur Lira ficasse no comando do bloco, mas o União insistia no nome de Rueda. A solução foi estabelecer um sistema de copresidentes, que funcionará ao menos até o fim deste ano. 

A “superfederação” ultrapassa o PL na Câmara – o partido de Jair Bolsonaro tem 92 deputados – e se iguala ao PSD e ao PL no Senado. O poder do grupo, que seguirá unido nos próximos quatro anos, também é medido pelo fundo partidário, de R$ 954 milhões.

A intensificação das agendas políticas nos últimos dias agravou o quadro de saúde de Rueda, que precisou também cancelar uma viagem ao Rio.



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POLÍTICA

Os dois bolsonaristas unidos contra Moraes para pu…

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Os dois bolsonaristas unidos contra Moraes para pu...

Matheus Leitão

A mais nova dobradinha contra Alexandre de Moraes tem gerado frisson nas redes bolsonaristas, mas parece mesmo uma novela de mau gosto. Protagonizada por Eduardo Bolsonaro, o filho Zero Três licenciado da Câmara, e Paulo Figueiredo, neto do último general ditador do Brasil, os dois se uniram para tentar punir o ministro do Supremo Tribunal Federal nos EUA.

Em uma insistente tentativa de se portarem com alguma relevância perante o governo Donald Trump, os dois agora somam posts misteriosos de Eduardo com promessas vazias de Figueiredo após uma viagem por alguns dias a Washington.

Um aparece mostrando, por exemplo, a lateral da Casa Branca em um ângulo no qual parece, pelo menos nas redes sociais, a parte interna da residência oficial do presidente dos Estados Unidos. O outro promete que as sanções ao ministro do STF estão 70% construídas e pede mais “72 horas” aos seus seguidores.

“Aliás, hoje aqui de manhã, eu tive um [inaudível] com eles, no caso o Departamento de Estado especificamente, e o termo que usaram para mim foi: olha, nós não queremos criar excesso de expectativa, mas nós estamos muito otimistas que algo vai acontecer e a gente vai poder fazer num curto prazo”, disse Paulo Figueiredo.

A ideia dos dois é que, primeiro, Alexandre de Moraes, tenha seu visto cancelado e não possa mais entrar nos Estados Unidos. Depois, que ele tenha algumas sanções econômicas, caso tenha bens nos Estados Unidos, como o bloqueio financeiro a instituições do país, como empresas de cartão de crédito.

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“O que eu posso dizer para você é que a gente nunca esteve tão perto. Eu não posso dizer quando e nem garantir que vão acontecer”, prometeu ainda Paulo Figueiredo. A novela ainda vai ganhar novos ares nesta semana com a chegada de David Gamble, coordenador para Sanções do governo de Trump, ao Brasil nesta semana. 

A seguir as cenas dos próximos capítulos…



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