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‘Alienígenas do mar’ podem fundir seus corpos – 20/10/2024 – Ciência

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Carl Zimmer

As águas-vivas-pente são algumas das criaturas mais estranhas da Terra. “Elas são os alienígenas do mar”, afirma o neurocientista Leonid Moroz, do Laboratório Whitney para Biosciência Marinha em St. Augustine, Flórida.

Esses “alienígenas” pertencem ao ramo mais antigo da árvore genealógica animal. Eles se separaram dos ancestrais de todos os outros animais vivos há cerca de 700 milhões de anos e seguiram seu próprio caminho evolutivo desde então. Estudos de Moroz e outros pesquisadores sugerem que as águas-vivas-pente evoluíram seu próprio sistema nervoso, bem como seus próprios músculos e trato digestivo, com dois ânus.

Mas um estudo publicado no início deste mês deixa claro que os cientistas mal começaram a entender a biologia bizarra dessas criaturas. Pesquisadores descobriram que um par de águas-vivas-pente não relacionadas podem se fundir espontaneamente em um único corpo. Essa capacidade surpreendente não só levanta mais questões sobre esses animais mas também dá pistas sobre a evolução do nosso próprio sistema imunológico.

“Isso abre uma caixa de Pandora”, diz Moroz, que não estava envolvido na pesquisa.

A caixa foi aberta acidentalmente por Kei Jokura, que estuda as águas-vivas-pente, também conhecidas como ctenóforos. Recentemente, o biólogo viajou para o Laboratório Biológico Marinho em Woods Hole, Massachusetts (Estados Unidos), para estudar como esses animais usam a luz para se orientar.

Todo dia, ele caminhava até o litoral e capturava águas-vivas-pente do tamanho de bolas de golfe pertencentes à espécie Mnemiopsis leidyi.

Uma noite, enquanto inspecionava sua última captura, notou que uma das águas-vivas-pente era duas vezes maior que as outras. Percebeu, então, que ela tinha duas bocas.

O biólogo pegou o animal do tanque com um béquer para mostrá-lo. “De repente, tarde da noite, Kei está dizendo: ‘Há um ctenóforo estranho aqui que parece dois fundidos!'”, lembra Mariana Rodriguez-Santiago, pesquisadora pós-doutorada da Universidade do Estado do Colorado.

Rodriguez-Santiago deixou de lado sua pesquisa com sapos para ajudar Jokura e outros dois cientistas a investigar aquela água-viva-pente. Uma inspeção detalhada confirmou que, na verdade, eram dois animais, porém pareciam se comportar como um só. Quando os pesquisadores cutucaram uma das águas-vivas-pente, ela contraiu seus músculos para escapar —e seu parceiro também fez o mesmo.

Os pesquisadores se perguntaram se poderiam criar mais águas-vivas-pente fundidas. Eles cortaram pedaços de tecido de dois animais e os mantiveram juntos durante a noite. Na manhã seguinte, eles haviam se fundido. Os pesquisadores repetiram esse experimento mais nove vezes. Em todas as tentativas, exceto uma, conseguiram fundir os animais.

Foram apenas duas horas para os animais se unirem e se comportarem como uma única criatura. Nadavam coordenando suas contrações, sugerindo que seus sistemas nervosos haviam se fundido. Quando Jokura e seus colegas puseram comida na boca de uma água-viva-pente, as partículas do alimento acabaram no intestino da outra.

As águas-vivas-pente podem se fundir graças à sua extraordinária capacidade de se recuperar de ferimentos, disse Casey Dunn, da Universidade Yale que não estava envolvido na pesquisa. Quando cortadas ao meio, elas se curam em duas horas e regeneram suas metades ausentes em dois dias. “Não me surpreende que pudessem se fundir”, diz o biólogo.

Jokura, que hoje trabalha no Instituto Nacional de Biologia Básica em Okazaki, Japão, afirma que era impossível saber com que frequência as águas-vivas-pente se fundiam na natureza. Colocar duas delas feridas no mesmo tanque lotado pode ter criado as condições certas e raras para que se unissem.

Mesmo que isso se prove verdadeiro, Dunn diz, a descoberta ainda é significativa. “O fato de ser improvável ocorrer na natureza não diminui sua importância.”

Isso porque outros animais não se fundem facilmente. Na verdade, os animais geralmente atacam tecidos estranhos assim que seus sistemas imunológicos os detectam.

Essa resposta mortal é a razão pela qual pacientes precisam tomar medicamentos imunossupressores para receber órgãos de outras pessoas. O fato de essa resposta ser tão comum no reino animal sugere que evoluiu centenas de milhões de anos atrás como algum tipo de mecanismo de defesa.

O novo estudo de Jokura sugere que as águas-vivas-pente não têm alo-reconhecimento. É possível que essa defesa tenha evoluído nos animais somente após as águas-vivas se ramificarem por conta própria há 700 milhões de anos.

Moroz alerta, porém, que as águas-vivas não eram fósseis vivos, inalterados desde tempos imemoriais. É possível que o alo-reconhecimento já tivesse evoluído em animais primitivos e que as águas-vivas tenham perdido isso centenas de milhões de anos depois.

Para testar essa possibilidade, será necessário estudar mais das 185 espécies que vivem em ambientes que vão dos oceanos polares aos mares tropicais. “Os ctenóforos provavelmente estão cheios de mais surpresas”, afirma Moroz.



Leia Mais: Folha

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MUNDO

Mulher alimenta pássaros livres na janela do apartamento e tem o melhor bom dia, diariamente; vídeo

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O projeto com os cavalos, no Kentucky (EUA), ajuda dependentes químicos a recomeçarem a vida. - Foto: AP News

Todos os dias de manhã, essa mulher começa a rotina com uma cena emocionante: alimenta vários pássaros livres que chegam à janela do apartamento dela, bem na hora do café. Ela gravou as imagens e o vídeo é tão incrível que já acumula mais de 1 milhão de visualizações.

Cecilia Monteiro, de São Paulo, tem o mesmo ritual. Entre alpiste e frutas coloridas, ela conversa com as aves e dá até nomes para elas.

Nas imagens, ela aparece espalhando delicadamente comida para os pássaros, que chegam aos poucos e transformam a janela num pedacinho de floresta urbana. “Bom dia. Chegaram cedinho hoje, hein?”, brinca Cecilia, enquanto as aves fazem a festa com o banquete.

Amor e semente

Todos os dias Cecilia acorda e vai direto preparar a comida das aves livres.

Ela oferece porções de alpiste e frutas frescas e arruma tudo na borda da janela para os pequenos visitantes.

E faz isso com tanto amor e carinho que a gratidão da natureza é visível.

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Cantos de agradecimento

E a recompensa vem em forma de asas e cantos.

Maritacas, sabiás, rolinha e até uma pomba muito ousada resolveu participar da festa.

O ambiente se transforma com todas as aves cantando e se deliciando.

Vai dizer que essa não é a melhor forma de começar o dia?

Liberdade e confiança

O que mais chama a atenção é a relação de respeito entre a mulher e as aves.

Nada de gaiolas ou cercados. Os pássaros vêm porque querem. E voltam porque confiam nela.

“Podem vir, podem vir”, diz ela na legenda do vídeo.

Internautas apaixonados

O vídeo se tornou viral e emocionou milhares de pessoas nas redes sociais.

Os comentários vão de elogios carinhosos a relatos de seguidores que se sentiram inspirados a fazer o mesmo.

“O nome disso é riqueza! De alma, de vida, de generosidade!”, disse um.

“Pra mim quem conquista os animais assim é gente de coração puro, que benção, moça”, compartilhou um segundo.

Olha que fofura essa janela movimentada, cheia de aves:

Cecila tem a mesma rotina todos os dias. Que gracinha! - Foto: @cecidasaves/TikTok Cecila tem a mesma rotina todos os dias. Põe comida para os pássaros livres na janela do apartamento dela em SP. – Foto: @cecidasaves/TikTok



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Cavalos ajudam dependentes químicos a se reconectar com a vida, emprego e família

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Cecília, uma mulher de São Paulo, põe alimentos todos os dias os para pássaros livres na janela do apartamento dela. - Foto: @cecidasaves/TikTok

O poder sensorial dos cavalos e de conexão com seres humanos é incrível. Tanto que estão ajudando dependentes químicos a se reconectar com a família, a vida e trabalho nos Estados Unidos. Até agora, mais de 110 homens passaram com sucesso pelo programa.

No Stable Recovery, em Kentucky, os cavalos imensos parecem intimidantes, mas eles estão ali para ajudar. O projeto ousado, criado por Frank Taylor, coloca os homens em contato direto com os equinos para desenvolverem um senso de responsabilidade e cuidado.

“Eu estava simplesmente destruído. Eu só queria algo diferente, e no dia em que entrei neste estábulo e comecei a trabalhar com os cavalos, senti que eles estavam curando minha alma”, contou Jaron Kohari, um dos pacientes.

Ideia improvável

Os pacientes chegam ali perdidos, mas saem com emprego, dignidade e, muitas vezes, de volta ao convívio com aqueles que amam.

“Você é meio egoísta e esses cavalos exigem sua atenção 24 horas por dia, 7 dias por semana, então isso te ensina a amar algo e cuidar dele novamente”, disse Jaron Kohari, ex-mineiro de 36 anos, em entrevista à AP News.

O programa nasceu da cabeça de Frank, criador de cavalos puro-sangue e dono de uma fazenda tradicional na indústria de corridas. Ele, que já foi dependente em álcool, sabe muito bem como é preciso dar uma chance para aqueles que estão em situação de vulnerabilidade.

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A ideia

Mas antes de colocar a iniciativa em prática, precisou convencer os irmãos a deixar ex-viciados lidarem com animais avaliados em milhões de dólares.“Frank, achamos que você é louco”, disse a família dele.

Mesmo assim, ele não desistiu e conseguiu a autorização para tentar por 90 dias. Se algo desse errado, o programa seria encerrado imediatamente.

E o melhor aconteceu.

A recuperação

Na Stable Recovery, os participantes acordam às 4h30, participam de reuniões dos Alcoólicos Anônimos e trabalham o dia inteiro cuidando dos cavalos.

Eles escovam, alimentam, limpam baias, levam aos pastos e acompanham as visitas de veterinários aos animais.

À noite, cozinham em esquema revezamento e vão dormir às 21h.

Todo o programa dura um ano, e isso permite que os participantes se tornem amigos, criem laços e fortaleçam a autoestima.

“Em poucos dias, estando em um estábulo perto de um cavalo, ele está sorrindo, rindo e interagindo com seus colegas. Um cara que literalmente não conseguia levantar a cabeça e olhar nos olhos já está se saindo melhor”, disse Frank.

Cavalos que curam

Os cavalos funcionam como espelhos dos tratadores. Se o homem está tenso, o cavalo sente. Se está calmo, ele vai retribuir.

Frank, o dono, chegou a investir mais de US$ 800 mil para dar suporte aos pacientes.

Ao olhar tantas vidas que ele já ajudou a transformar, ele diz que não se arrepende de nada.

“Perdemos cerca de metade do nosso dinheiro, mas apesar disso, todos aqueles caras permaneceram sóbrios.”

A gente aqui ama cavalos. E você?

A rotina com os animais é puxada, mas a recompensa é enorme. – Foto: AP News



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Resgatado brasileiro que ficou preso na neve na Patagônia após seguir sugestão do GPS

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O brasileiro Hugo Calderano, de 28 anos, conquista a inédita medalha de prata no Mundial de Tênis de Mesa no Catar.- Foto: @hugocalderano

Cuidado com as sugestões do GPS do seu carro. Este brasileiro, que ficou preso na neve na Patagônia, foi resgatado após horas no frio. Ele seguiu as orientações do navegador por satélite e o carro acabou atolado em uma duna de neve. Sem sinal de internet para pedir socorro, teve que caminhar durante horas no frio de -10º C, até que foi salvo pela polícia.

O progframador Thiago Araújo Crevelloni, de 38 anos, estava sozinho a caminho de El Calafate, no dia 17 de maio, quando tudo aconteceu. Ele chegou a pensar que não sairia vivo.

O resgate só ocorreu porque a anfitriã da pousada onde ele estava avisou aos policiais sobre o desaparecimento do Thiago. Aí começaram as buscas da polícia.

Da tranquilidade ao pesadelo

Thiago seguia viagem rumo a El Calafate, após passar por Mendoza, El Bolsón e Perito Moreno.

Cruzar a Patagônia de carro sempre foi um sonho para ele. Na manhã do ocorrido, nevava levemente, mas as estradas ainda estavam transitáveis.

A antiga Rota 40, por onde ele dirigia, é famosa pelas paisagens e pela solidão.

Segundo o programador, alguns caminhões passavam e havia máquinas limpando a neve.

Tudo parecia seguro, até que o GPS sugeriu o desvio que mudou tudo.

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Caminho errado

Thiago seguiu pela rota alternativa e, após 20 km, a neve ficou mais intensa e o vento dificultava a visibilidade.

“Até que, numa curva, o carro subiu em uma espécie de duna de neve que não dava para distinguir bem por causa do vento branco. Tudo era branco, não dava para ver o que era estrada e o que era acúmulo de neve. Fiquei completamente preso”, contou em entrevista ao G1.

Ele tentou desatolar o veículo com pedras e ferramentas, mas nada funcionava.

Caiu na neve

Sem ajuda por perto, exausto, encharcado e com muito frio, Thiago decidiu caminhar até a estrada principal.

Mesmo fraco, com fome e mal-estar, colocou uma mochila nas costas e saiu por volta das 17h.

Após mais de cinco horas de caminhada no escuro e com o corpo congelando, ele caiu na neve.

“Fiquei deitado alguns minutos, sozinho, tentando recuperar energia. Consegui me levantar e segui, mesmo sem saber quanta distância faltava.”

Luz no fim do túnel

Sem saber quanto tempo faltava para a estrada principal, Thiago se levantou e continuou a caminhada.

De repente, viu uma luz. No início, o programador achou que estava alucinando.

“Um pouco depois, ao olhar para trás em uma reta infinita, vi uma luz. Primeiro achei que estava vendo coisas, mas ela se aproximava. Era uma viatura da polícia com as luzes acesas. Naquele momento senti um alívio que não consigo descrever. Agitei os braços, liguei a lanterna do celular e eles me viram”, disse.

A gentileza dos policiais

Os policiais ofereceram água, comida e agasalhos.

“Falaram comigo com uma ternura que me emocionou profundamente. Me levaram ao hospital, depois para um hotel. Na manhã seguinte, com a ajuda de um guincho, consegui recuperar o carro”, agradeceu o brasileiro.

Apesar do susto, ele se recuperou e decidiu manter a viagem. Afinal, era o sonho dele!

Veja como foi resgatado o brasileiro que ficou preso na neve na Patagônia:

Thiago caminhou por 5 horas no frio até ser encontrado. – Foto: Thiago Araújo Crevelloni

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