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Apesar da opressão e das conquistas da extrema direita, as feministas ainda ousam sonhar | Faye Macheke

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Faye Macheke

euNo mês passado, 3.500 feministas de todos os cantos do mundo se reuniram em Bangkok para uma conferência organizada pela Associação pelos Direitos da Mulher no Desenvolvimento (Awid). O evento teve oito anos de planejamento, anos que coincidiram com alguns dos momentos globais mais desafiadores e transformadores. A pandemia de Covid, por exemplo, garantiu que um 14º fórum presencial não pudesse ser realizado em 2020.

O tema deste dezembro, Rising Together, falei não apenas sobre a resiliência colectiva dos movimentos feministas, mas também sobre o percurso que testemunhei ao longo de décadas de activismo: um percurso definido pela coragem, solidariedade e recusa em desistir, independentemente das probabilidades.

A organização do fórum teve os seus desafios: restrições de vistos, instabilidade geopolítica e crises climáticas impediram muitos de se juntarem a nós. Os do Líbano enfrentaram a incerteza devido à agressão militar israelita. As feministas haitianas não puderam comparecer porque a violência das gangues fechou o aeroporto.

Para mim, isto foi um lembrete claro da violência arraigada que enfrentamos e, no entanto, também sublinhou a razão pela qual espaços como o fórum Awid não são negociáveis. Num contexto de conquistas políticas de extrema direita – da América do Norte a África – e da ascensão implacável de forças antifeministas, o fórum foi um santuário e um grito de guerra.

Crescendo no Zimbabué, vi em primeira mão a natureza interligada da opressão – patriarcado, racismo e injustiça económica. Estes sistemas não funcionam isoladamente, nem os nossos movimentos. O fórum, para mim, foi um testemunho desta interligação: reunimo-nos para refletir, aprender, traçar estratégias – e imaginar coletivamente um futuro positivo e justo.

‘Nossa resistência não conhece fronteiras.’ Fotografia: Cortesia de Awid

Ouvir as histórias de feministas na linha da frente – seja de Gaza, do Sudão ou de Myanmar – trouxe tristeza e orgulho. Dor e frustração pelas perdas inimagináveis ​​que sofreram enquanto a maior parte do mundo se afastou, e orgulho pela sua resistência inabalável. Enviámos mensagens de solidariedade às feministas afegãs, cuja própria existência está a ser criminalizada sob a O regime brutal do Talibã. Estas histórias lembraram-me do poder dos movimentos feministas para criar uma cultura de esperança, mesmo face a uma violência avassaladora.

O tema de Subir Juntos foi um apelo à ação. Feminismo não pode dar-se ao luxo de ser reativo; deve permanecer visionário.

Fiquei impressionado com a ousadia das conversas sobre a violência militarizada e os seus facilitadores globais – negócios de armas, ganância corporativa, destruição climática. Estes são sistemas que lucram com a opressão, mas em Banguecoque era claro: a nossa resistência não conhece fronteiras.

A mesma ousadia emergiu nas discussões sobre a recuperação de espaços digitais. À medida que feministas de todo o mundo partilhavam as suas histórias de assédio, vigilância e silenciamento online, lembrei-me do poder da segurança colectiva e da inovação. A tecnologia pode ser uma ferramenta de opressão, mas também pode ser uma ferramenta de libertação.

A criatividade também foi fundamental para o fórum. Desde instalações artísticas de tirar o fôlego até poesia falada, mostrando que o feminismo não é apenas uma luta – é também uma expressão de alegria, tristeza e resistência.

Num mundo onde a desigualdade, o autoritarismo e as crises climáticas se cruzam para exacerbar a opressão sistémica, os movimentos feministas estão na vanguarda da resistência e da transformação. No entanto, estes movimentos permanecem cronicamente subfinanciados, forçados a fazer escolhas impossíveis.

Os intervenientes estatais e as instituições filantrópicas muitas vezes não têm vontade política para financiar adequadamente estes movimentos, deixando-os vulneráveis ​​e com pouco apoio face às ameaças crescentes. Este subfinanciamento não é apenas uma questão de mudança de prioridades dos financiadores; é uma escolha política que reflecte uma subvalorização sistémica do trabalho feminista e quão crítico é para todas as mudanças sociais positivas.

pular a promoção do boletim informativo

Delegados em Bangkok assistem à cerimônia de encerramento. Fotografia: Cortesia de Awid

Investir nos direitos das mulheres e nos movimentos feministas significa dar ao mundo a oportunidade de uma sociedade justa e equitativa. Apoiá-los não é opcional – é indispensável.


Olhando para 2025, o 30.º aniversário da Declaração de Pequim (uma resolução global sobre os direitos das mulheres adoptada pela ONU em 1995), dou por mim a reflectir sobre o seu legado. Pequim foi histórica, sim, mas as suas promessas continuam por cumprir. Hoje, enfrentamos uma reação tão severa que ameaça desfazer décadas de progresso.

No entanto, o fórum lembrou-me que o poder do feminismo reside na sua capacidade de evoluir. As activistas mais jovens apelam a um feminismo inclusivo e com visão de futuro – centrado nas mulheres indígenas, nas pessoas com deficiência, nos jovens e em outras pessoas que foram historicamente marginalizadas.

Este diálogo capturou o que o feminismo é na sua essência: um movimento vivo e respirante, enraizado nas realidades das pessoas mais afetadas pela injustiça. É um movimento que critica, reflete e ousa sonhar.

O caminho a seguir será difícil, mas sei que não o percorremos sozinhos. Juntos, vamos subir.



Leia Mais: The Guardian

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Mulher alimenta pássaros livres na janela do apartamento e tem o melhor bom dia, diariamente; vídeo

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O projeto com os cavalos, no Kentucky (EUA), ajuda dependentes químicos a recomeçarem a vida. - Foto: AP News

Todos os dias de manhã, essa mulher começa a rotina com uma cena emocionante: alimenta vários pássaros livres que chegam à janela do apartamento dela, bem na hora do café. Ela gravou as imagens e o vídeo é tão incrível que já acumula mais de 1 milhão de visualizações.

Cecilia Monteiro, de São Paulo, tem o mesmo ritual. Entre alpiste e frutas coloridas, ela conversa com as aves e dá até nomes para elas.

Nas imagens, ela aparece espalhando delicadamente comida para os pássaros, que chegam aos poucos e transformam a janela num pedacinho de floresta urbana. “Bom dia. Chegaram cedinho hoje, hein?”, brinca Cecilia, enquanto as aves fazem a festa com o banquete.

Amor e semente

Todos os dias Cecilia acorda e vai direto preparar a comida das aves livres.

Ela oferece porções de alpiste e frutas frescas e arruma tudo na borda da janela para os pequenos visitantes.

E faz isso com tanto amor e carinho que a gratidão da natureza é visível.

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Cantos de agradecimento

E a recompensa vem em forma de asas e cantos.

Maritacas, sabiás, rolinha e até uma pomba muito ousada resolveu participar da festa.

O ambiente se transforma com todas as aves cantando e se deliciando.

Vai dizer que essa não é a melhor forma de começar o dia?

Liberdade e confiança

O que mais chama a atenção é a relação de respeito entre a mulher e as aves.

Nada de gaiolas ou cercados. Os pássaros vêm porque querem. E voltam porque confiam nela.

“Podem vir, podem vir”, diz ela na legenda do vídeo.

Internautas apaixonados

O vídeo se tornou viral e emocionou milhares de pessoas nas redes sociais.

Os comentários vão de elogios carinhosos a relatos de seguidores que se sentiram inspirados a fazer o mesmo.

“O nome disso é riqueza! De alma, de vida, de generosidade!”, disse um.

“Pra mim quem conquista os animais assim é gente de coração puro, que benção, moça”, compartilhou um segundo.

Olha que fofura essa janela movimentada, cheia de aves:

Cecila tem a mesma rotina todos os dias. Que gracinha! - Foto: @cecidasaves/TikTok Cecila tem a mesma rotina todos os dias. Põe comida para os pássaros livres na janela do apartamento dela em SP. – Foto: @cecidasaves/TikTok



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Cavalos ajudam dependentes químicos a se reconectar com a vida, emprego e família

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Cecília, uma mulher de São Paulo, põe alimentos todos os dias os para pássaros livres na janela do apartamento dela. - Foto: @cecidasaves/TikTok

O poder sensorial dos cavalos e de conexão com seres humanos é incrível. Tanto que estão ajudando dependentes químicos a se reconectar com a família, a vida e trabalho nos Estados Unidos. Até agora, mais de 110 homens passaram com sucesso pelo programa.

No Stable Recovery, em Kentucky, os cavalos imensos parecem intimidantes, mas eles estão ali para ajudar. O projeto ousado, criado por Frank Taylor, coloca os homens em contato direto com os equinos para desenvolverem um senso de responsabilidade e cuidado.

“Eu estava simplesmente destruído. Eu só queria algo diferente, e no dia em que entrei neste estábulo e comecei a trabalhar com os cavalos, senti que eles estavam curando minha alma”, contou Jaron Kohari, um dos pacientes.

Ideia improvável

Os pacientes chegam ali perdidos, mas saem com emprego, dignidade e, muitas vezes, de volta ao convívio com aqueles que amam.

“Você é meio egoísta e esses cavalos exigem sua atenção 24 horas por dia, 7 dias por semana, então isso te ensina a amar algo e cuidar dele novamente”, disse Jaron Kohari, ex-mineiro de 36 anos, em entrevista à AP News.

O programa nasceu da cabeça de Frank, criador de cavalos puro-sangue e dono de uma fazenda tradicional na indústria de corridas. Ele, que já foi dependente em álcool, sabe muito bem como é preciso dar uma chance para aqueles que estão em situação de vulnerabilidade.

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A ideia

Mas antes de colocar a iniciativa em prática, precisou convencer os irmãos a deixar ex-viciados lidarem com animais avaliados em milhões de dólares.“Frank, achamos que você é louco”, disse a família dele.

Mesmo assim, ele não desistiu e conseguiu a autorização para tentar por 90 dias. Se algo desse errado, o programa seria encerrado imediatamente.

E o melhor aconteceu.

A recuperação

Na Stable Recovery, os participantes acordam às 4h30, participam de reuniões dos Alcoólicos Anônimos e trabalham o dia inteiro cuidando dos cavalos.

Eles escovam, alimentam, limpam baias, levam aos pastos e acompanham as visitas de veterinários aos animais.

À noite, cozinham em esquema revezamento e vão dormir às 21h.

Todo o programa dura um ano, e isso permite que os participantes se tornem amigos, criem laços e fortaleçam a autoestima.

“Em poucos dias, estando em um estábulo perto de um cavalo, ele está sorrindo, rindo e interagindo com seus colegas. Um cara que literalmente não conseguia levantar a cabeça e olhar nos olhos já está se saindo melhor”, disse Frank.

Cavalos que curam

Os cavalos funcionam como espelhos dos tratadores. Se o homem está tenso, o cavalo sente. Se está calmo, ele vai retribuir.

Frank, o dono, chegou a investir mais de US$ 800 mil para dar suporte aos pacientes.

Ao olhar tantas vidas que ele já ajudou a transformar, ele diz que não se arrepende de nada.

“Perdemos cerca de metade do nosso dinheiro, mas apesar disso, todos aqueles caras permaneceram sóbrios.”

A gente aqui ama cavalos. E você?

A rotina com os animais é puxada, mas a recompensa é enorme. – Foto: AP News



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Resgatado brasileiro que ficou preso na neve na Patagônia após seguir sugestão do GPS

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O brasileiro Hugo Calderano, de 28 anos, conquista a inédita medalha de prata no Mundial de Tênis de Mesa no Catar.- Foto: @hugocalderano

Cuidado com as sugestões do GPS do seu carro. Este brasileiro, que ficou preso na neve na Patagônia, foi resgatado após horas no frio. Ele seguiu as orientações do navegador por satélite e o carro acabou atolado em uma duna de neve. Sem sinal de internet para pedir socorro, teve que caminhar durante horas no frio de -10º C, até que foi salvo pela polícia.

O progframador Thiago Araújo Crevelloni, de 38 anos, estava sozinho a caminho de El Calafate, no dia 17 de maio, quando tudo aconteceu. Ele chegou a pensar que não sairia vivo.

O resgate só ocorreu porque a anfitriã da pousada onde ele estava avisou aos policiais sobre o desaparecimento do Thiago. Aí começaram as buscas da polícia.

Da tranquilidade ao pesadelo

Thiago seguia viagem rumo a El Calafate, após passar por Mendoza, El Bolsón e Perito Moreno.

Cruzar a Patagônia de carro sempre foi um sonho para ele. Na manhã do ocorrido, nevava levemente, mas as estradas ainda estavam transitáveis.

A antiga Rota 40, por onde ele dirigia, é famosa pelas paisagens e pela solidão.

Segundo o programador, alguns caminhões passavam e havia máquinas limpando a neve.

Tudo parecia seguro, até que o GPS sugeriu o desvio que mudou tudo.

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Caminho errado

Thiago seguiu pela rota alternativa e, após 20 km, a neve ficou mais intensa e o vento dificultava a visibilidade.

“Até que, numa curva, o carro subiu em uma espécie de duna de neve que não dava para distinguir bem por causa do vento branco. Tudo era branco, não dava para ver o que era estrada e o que era acúmulo de neve. Fiquei completamente preso”, contou em entrevista ao G1.

Ele tentou desatolar o veículo com pedras e ferramentas, mas nada funcionava.

Caiu na neve

Sem ajuda por perto, exausto, encharcado e com muito frio, Thiago decidiu caminhar até a estrada principal.

Mesmo fraco, com fome e mal-estar, colocou uma mochila nas costas e saiu por volta das 17h.

Após mais de cinco horas de caminhada no escuro e com o corpo congelando, ele caiu na neve.

“Fiquei deitado alguns minutos, sozinho, tentando recuperar energia. Consegui me levantar e segui, mesmo sem saber quanta distância faltava.”

Luz no fim do túnel

Sem saber quanto tempo faltava para a estrada principal, Thiago se levantou e continuou a caminhada.

De repente, viu uma luz. No início, o programador achou que estava alucinando.

“Um pouco depois, ao olhar para trás em uma reta infinita, vi uma luz. Primeiro achei que estava vendo coisas, mas ela se aproximava. Era uma viatura da polícia com as luzes acesas. Naquele momento senti um alívio que não consigo descrever. Agitei os braços, liguei a lanterna do celular e eles me viram”, disse.

A gentileza dos policiais

Os policiais ofereceram água, comida e agasalhos.

“Falaram comigo com uma ternura que me emocionou profundamente. Me levaram ao hospital, depois para um hotel. Na manhã seguinte, com a ajuda de um guincho, consegui recuperar o carro”, agradeceu o brasileiro.

Apesar do susto, ele se recuperou e decidiu manter a viagem. Afinal, era o sonho dele!

Veja como foi resgatado o brasileiro que ficou preso na neve na Patagônia:

Thiago caminhou por 5 horas no frio até ser encontrado. – Foto: Thiago Araújo Crevelloni

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