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artistas de Juiz de Fora reforçam importância da escritora para a literatura infantil

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Mary França
Mary França deixa seu legado nos mais de 300 livros escritos (Foto: Felipe Couri/ Arquivo TM)

Morreu, nesta sexta-feira (8), aos 76 anos, Mary França, escritora e professora, nascida em Santos Dumont, autora de mais de 300 livros infantis. Casada com Eliardo França, deixa filhos, netos e um legado para a literatura voltada sobretudo para as crianças. O corpo de Mary será velado na Capela 4 do Parque da Saudade neste sábado (9), a partir das 8h. O enterro acontece às 11h30. A Tribuna conversou com artistas de Juiz de Fora, cidade onde morou a maior parte de sua vida, e amigos da escritora, que reforçaram sua importância para a cultura da cidade e do Brasil.

“Pessoa espetacular”

Eridan Leão conheceu o casal no início dos anos 1980, quando trabalhava na Funalfa, e destacou a atuação dos dois na cultura de Juiz de Fora. “Eles possuem um trabalho maravilhoso que fizeram ao longo de mais de 50 anos de parceria profissional e familiar.” E completa: “A Mary é uma pessoa espetacular, uma grande mãe, uma grande escritora, uma pessoa que conduziu o casal para os feitos culturais. O que eu posso dizer é que a cidade está perdendo uma de suas autoras mais importantes, o Brasil está perdendo, a literatura infantil também. Ela vai deixar uma lacuna muito grande. A saudade já é grande”.

Entre os destaques da atuação da dupla, Eridan destaca a produção literária da Mary que, junto às ilustrações de Eliardo, construíram um universo literário infantil. “Eles construíram uma linha editorial dedicada às crianças que é uma das melhores produções literárias que o Brasil já teve para crianças que, desde cedo, passaram a ler e conhecer as historinhas simples criadas pelo texto da Mary e ilustradas pelo traço e pelas cores maravilhosas do Eliardo. Eles eram e são amigos de muitos amigos, são reconhecidos nacionalmente.”

Obra de Mary França atravessa gerações

Kleber Marinho que, além de trabalhar com o casal há mais de 25 anos, é amigo da família, ressalta que a obra de Mary já atravessa gerações. “Com a carreira muito longa tem adultos que já têm filhos e que agora já têm netos que estão lendo as mesmas obras. Já tem três gerações que trabalharam os mesmos livros dela. São autores muito renomados.” 

Kleber também compartilhou com a Tribuna aquela que ele trata como a criação mais genial do casal. “A coisa mais genial que eu vi com eles foi a criação dos personagens d’Os Pingos’. São personagens criados a partir de uma gota de tinta, cada um com uma cor do arco íris e com uma personalidade. Um é comilão, outro alegre, outro dorminhoco… As crianças se identificam com cada pingo. Para mim, é o mais emocionante do trabalho deles.”

Mas, o trabalho criativo de Mary não era sua única habilidade. Amigos também destacaram seu lado empreendedor. Recentemente, Mary havia reunido um grupo de escritores renomados e cada um criou seu próprio selo para que pudessem vender seus livros diretamente para o governo. Segundo Kleber, a ideia veio pois o valor recebido pelos autores corresponde apenas aos direitos autorais, que giram na casa dos 10%. Com a criação dos selos, os escritores têm a oportunidade de vender suas obras diretamente para o comprador final, auxiliando na sua renda. 

Parcerias além da literatura

A qualidade engenhosa e empreendedora de Mary também foi destacada por José Luiz Ribeiro, professor aposentado da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), membro da Academia Brasileira de Cultura e diretor do Grupo Divulgação, que relembrou à Tribuna sua relação com Mary e Eliardo. Amigos de muitas décadas, o trio já realizou diversos trabalhos em parceria. “Quando eles fizeram ali na Rua Santo Antônio, em uma casa – dessas que foi demolida para fazer esses edifícios – um quintal arco-íris, nós do Grupo Divulgação fomos lá para fazer um teatro de fantoches para as crianças”, disse. 

Mas essa não foi a única parceria dos três. Em 2002, o Grupo Divulgação montou o espetáculo infantil “O rei de quase-tudo”, uma adaptação do livro homônimo de Eliardo França. A ponte foi feita por Mary. “Ela sempre foi muito engenhosa nessa divulgação da literatura infantil, das coleções que eles fizeram. A gente teve uma conversa (sobre ‘O rei de quase-tudo’), e fez uma associação e montamos o espetáculo.”

O contato do trio foi para além das produções artísticas, Eliardo foi membro, junto de José Luiz, do Teatro Universitário, e Augusto França, filho do casal, não fugiu à tradição e foi, por muito tempo, ator e membro do Grupo Divulgação. “Ele (Augusto) fez teatro com a gente por muito tempo, é uma pessoa muito especial. Eu fiz o cerimonial do casamento dele. Nós temos uma ligação muito afetiva. Eu dizia para eles: ‘O Augusto é um filho que vocês me deram’.” 

Para José Luiz, a perda de Mary França representa, entre outras coisas, uma geração que está indo. “A importância deles é em renome nacional. O Eliardo é muito reconhecido e competente como artista plástico e ela como escritora, mas também como empreendedora. Ela sempre foi esse motor que colocava o barco andando.”



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Ufac recebe deputado Tadeu Hassem e vereadores de Capixaba para tratar de cursos e transporte estudantil — Universidade Federal do Acre

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A reitora da Universidade Federal do Acre (Ufac), Guida Aquino, recebeu, na manhã desta segunda-feira, 18, no gabinete da reitoria, a visita do deputado estadual Tadeu Hassem (Republicanos) e de vereadores do município de Capixaba. A pauta do encontro envolveu a possibilidade de oferta de cursos de graduação no município e apoio ao transporte de estudantes daquele município que frequentam a instituição em Rio Branco.

A reitora Guida Aquino destacou que a interiorização do ensino superior é um compromisso da universidade, mas depende de emendas parlamentares para custeio e viabilização dos cursos. “O meu partido é a educação, e a universidade tem sido o caminho de transformação para jovens do interior. É por meio de parcerias e recursos destinados por parlamentares que conseguimos levar cursos fora da sede. Precisamos estar juntos para garantir essas oportunidades”, afirmou.

Atualmente, 32 alunos de Capixaba estudam na Ufac. A demanda apresentada pelos parlamentares inclui parcerias com o governo estadual para garantir transporte adequado, além da implantação de cursos a distância por meio do polo da Universidade Aberta do Brasil (UAB), em parceria com a prefeitura.

O deputado Tadeu Hassem reforçou o pedido de apoio e colocou seu mandato à disposição para buscar soluções junto ao governo estadual. “Estamos tratando de um tema fundamental para Capixaba. Queremos viabilizar transporte aos estudantes e também novas possibilidades de cursos, seja de forma presencial ou a distância. Esse é um compromisso que assumimos com a população”, declarou.

A vereadora Dra. Ângela Paula (PL) ressaltou a transformação pessoal que viveu ao ingressar na universidade e defendeu a importância de ampliar esse acesso para jovens de Capixaba. “A universidade mudou minha vida e pode mudar a vida de muitas outras pessoas. Hoje, nossos alunos têm dificuldades para se deslocar e muitos desistem do sonho. Precisamos de sensibilidade para garantir oportunidades de estudo também no nosso município”, disse.

Também participaram da reunião a pró-reitora de Graduação, Ednaceli Abreu Damasceno; o presidente da Câmara Municipal de Capixaba, Diego Paulista (PP); e o advogado Amós D’Ávila de Paulo, representante legal do Legislativo municipal.



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Professora da Ufac é nomeada membro afiliada da ABC — Universidade Federal do Acre

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A professora da Ufac, Simone Reis, foi nomeada membro afiliada da Academia Brasileira de Ciências (ABC) na terça-feira (5), em cerimônia realizada na Universidade Federal do Oeste do Pará (Ufopa), em Santarém (PA). A escolha reconhece sua trajetória acadêmica e a pesquisa de pós-doutorado desenvolvida na Universidade de Oxford, na Inglaterra, com foco em biodiversidade, ecologia e conservação.

A ABC busca estimular a continuidade do trabalho científico de seus membros, promover a pesquisa nacional e difundir a ciência. Todos os anos, cinco jovens cientistas são indicados e eleitos por membros titulares para integrar a categoria de membros afiliados, criada em 2007 para reconhecer e incentivar novos talentos na ciência brasileira.
“Nunca imaginei estar nesse time e fiquei muito surpresa por isso. Espero contribuir com pesquisas científicas, parcerias internacionais e discussões ecológicas junto à ABC”, disse a professora Simone Reis.



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Reitora assina contrato de digitalização de acervo acadêmico — Universidade Federal do Acre

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A reitora da Ufac, Guida Aquino, assinou o contrato de digitalização do acervo de documentos acadêmicos. A ação ocorreu na tarde de quarta-feira, 13, no hall do Núcleo de Registro e Controle Acadêmico (Nurca). A empresa responsável pelo serviço é a SOS Tecnologia e Gestão da Informação.

O processo atende à Portaria do MEC nº 360, de 18 de maio de 2022, que obriga instituições federais de ensino a converterem o acervo acadêmico para o meio digital. A medida busca garantir segurança, organização e acesso facilitado às informações, além de preservar documentos físicos de valor histórico e acadêmico.

Para a reitora Guida Aquino, a ação reforça o compromisso institucional com a memória da comunidade acadêmica. “É de extrema importância arquivar a história da nossa querida universidade”, afirmou.

A decisão foi discutida e aprovada pelo Comitê Gestor do Acervo Acadêmico da Ufac, em reunião realizada no dia 7 de julho de 2022. Agora, a meta é mensurar o tamanho dos arquivos do Nurca para dar continuidade ao processo, assegurando que toda a documentação esteja em conformidade legal e disponível em formato digital.



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