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artistas de Juiz de Fora reforçam importância da escritora para a literatura infantil
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Morreu, nesta sexta-feira (8), aos 76 anos, Mary França, escritora e professora, nascida em Santos Dumont, autora de mais de 300 livros infantis. Casada com Eliardo França, deixa filhos, netos e um legado para a literatura voltada sobretudo para as crianças. O corpo de Mary será velado na Capela 4 do Parque da Saudade neste sábado (9), a partir das 8h. O enterro acontece às 11h30. A Tribuna conversou com artistas de Juiz de Fora, cidade onde morou a maior parte de sua vida, e amigos da escritora, que reforçaram sua importância para a cultura da cidade e do Brasil.
“Pessoa espetacular”
Eridan Leão conheceu o casal no início dos anos 1980, quando trabalhava na Funalfa, e destacou a atuação dos dois na cultura de Juiz de Fora. “Eles possuem um trabalho maravilhoso que fizeram ao longo de mais de 50 anos de parceria profissional e familiar.” E completa: “A Mary é uma pessoa espetacular, uma grande mãe, uma grande escritora, uma pessoa que conduziu o casal para os feitos culturais. O que eu posso dizer é que a cidade está perdendo uma de suas autoras mais importantes, o Brasil está perdendo, a literatura infantil também. Ela vai deixar uma lacuna muito grande. A saudade já é grande”.
Entre os destaques da atuação da dupla, Eridan destaca a produção literária da Mary que, junto às ilustrações de Eliardo, construíram um universo literário infantil. “Eles construíram uma linha editorial dedicada às crianças que é uma das melhores produções literárias que o Brasil já teve para crianças que, desde cedo, passaram a ler e conhecer as historinhas simples criadas pelo texto da Mary e ilustradas pelo traço e pelas cores maravilhosas do Eliardo. Eles eram e são amigos de muitos amigos, são reconhecidos nacionalmente.”
Obra de Mary França atravessa gerações
Kleber Marinho que, além de trabalhar com o casal há mais de 25 anos, é amigo da família, ressalta que a obra de Mary já atravessa gerações. “Com a carreira muito longa tem adultos que já têm filhos e que agora já têm netos que estão lendo as mesmas obras. Já tem três gerações que trabalharam os mesmos livros dela. São autores muito renomados.”
Kleber também compartilhou com a Tribuna aquela que ele trata como a criação mais genial do casal. “A coisa mais genial que eu vi com eles foi a criação dos personagens d’Os Pingos’. São personagens criados a partir de uma gota de tinta, cada um com uma cor do arco íris e com uma personalidade. Um é comilão, outro alegre, outro dorminhoco… As crianças se identificam com cada pingo. Para mim, é o mais emocionante do trabalho deles.”
Mas, o trabalho criativo de Mary não era sua única habilidade. Amigos também destacaram seu lado empreendedor. Recentemente, Mary havia reunido um grupo de escritores renomados e cada um criou seu próprio selo para que pudessem vender seus livros diretamente para o governo. Segundo Kleber, a ideia veio pois o valor recebido pelos autores corresponde apenas aos direitos autorais, que giram na casa dos 10%. Com a criação dos selos, os escritores têm a oportunidade de vender suas obras diretamente para o comprador final, auxiliando na sua renda.
Parcerias além da literatura
A qualidade engenhosa e empreendedora de Mary também foi destacada por José Luiz Ribeiro, professor aposentado da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), membro da Academia Brasileira de Cultura e diretor do Grupo Divulgação, que relembrou à Tribuna sua relação com Mary e Eliardo. Amigos de muitas décadas, o trio já realizou diversos trabalhos em parceria. “Quando eles fizeram ali na Rua Santo Antônio, em uma casa – dessas que foi demolida para fazer esses edifícios – um quintal arco-íris, nós do Grupo Divulgação fomos lá para fazer um teatro de fantoches para as crianças”, disse.
Mas essa não foi a única parceria dos três. Em 2002, o Grupo Divulgação montou o espetáculo infantil “O rei de quase-tudo”, uma adaptação do livro homônimo de Eliardo França. A ponte foi feita por Mary. “Ela sempre foi muito engenhosa nessa divulgação da literatura infantil, das coleções que eles fizeram. A gente teve uma conversa (sobre ‘O rei de quase-tudo’), e fez uma associação e montamos o espetáculo.”
O contato do trio foi para além das produções artísticas, Eliardo foi membro, junto de José Luiz, do Teatro Universitário, e Augusto França, filho do casal, não fugiu à tradição e foi, por muito tempo, ator e membro do Grupo Divulgação. “Ele (Augusto) fez teatro com a gente por muito tempo, é uma pessoa muito especial. Eu fiz o cerimonial do casamento dele. Nós temos uma ligação muito afetiva. Eu dizia para eles: ‘O Augusto é um filho que vocês me deram’.”
Para José Luiz, a perda de Mary França representa, entre outras coisas, uma geração que está indo. “A importância deles é em renome nacional. O Eliardo é muito reconhecido e competente como artista plástico e ela como escritora, mas também como empreendedora. Ela sempre foi esse motor que colocava o barco andando.”
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Curso de Letras/Libras da Ufac realiza sua 8ª Semana Acadêmica — Universidade Federal do Acre
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4 de novembro de 2025O curso de Letras/Libras da Ufac realizou, nessa segunda-feira, 3, a abertura de sua 8ª Semana Acadêmica, com o tema “Povo Surdo: Entrelaçamentos entre Línguas e Culturas”. A programação continua até quarta-feira, 5, no anfiteatro Garibaldi Brasil, campus-sede, com palestras, minicursos e mesas-redondas que abordam o bilinguismo, a educação inclusiva e as práticas pedagógicas voltadas à comunidade surda.
“A Semana de Letras/Libras é um momento importante para o curso e para a universidade”, disse a pró-reitora de Graduação, Edinaceli Damasceno. “Reúne alunos, professores e a comunidade surda em torno de um diálogo sobre educação, cultura e inclusão. Ainda enfrentamos desafios, mas o curso tem se consolidado como um dos mais importantes da Ufac.”
O pró-reitor de Extensão e Cultura, Carlos Paula de Moraes, ressaltou que o evento representa um espaço de transformação institucional. “A semana provoca uma reflexão sobre a necessidade de acolher o povo surdo e integrar essa diversidade. A inclusão não é mais uma escolha, é uma necessidade. As universidades precisam se mobilizar para acompanhar as mudanças sociais e culturais, e o curso de Libras tem um papel fundamental nesse processo.”

A organizadora da semana, Karlene Souza, destacou que o evento celebra os 11 anos do curso e marca um momento de fortalecimento da extensão universitária. “Essa é uma oportunidade de promover discussões sobre bilinguismo e educação de surdos com nossos alunos, egressos e a comunidade externa. Convidamos pesquisadores e professores surdos para compartilhar experiências e ampliar o debate sobre as políticas públicas de educação bilíngue.”
A palestra de abertura foi ministrada pela professora da Universidade Federal do Paraná, Sueli Fernandes, referência nacional nos estudos sobre bilinguismo e ensino de português como segunda língua para surdos.
O evento também conta com a participação de representantes da Secretaria de Estado de Educação e Cultura, da Secretaria Municipal de Educação, do Centro de Apoio ao Surdo e de profissionais que atuam na gestão da educação especial.
(Fhagner Soares, estagiário Ascom/Ufac)
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A Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação (Propeg) comunica que estão abertas as inscrições até esta segunda-feira, 3, para o mestrado profissional em Administração Pública (Profiap). São oferecidas oito vagas para servidores da Ufac, duas para instituições de ensino federais e quatro para ampla concorrência.
Confira mais informações e o QR code na imagem abaixo:
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Atlética Sinistra conquista 5º título em disputa de baterias em RO — Universidade Federal do Acre
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31 de outubro de 2025A atlética Sinistra, do curso de Medicina da Ufac, participou, entre os dias 22 e 26 de outubro, do 10º Intermed Rondônia-Acre, sediado pela atlética Marreta, em Porto Velho. O evento reuniu estudantes de diferentes instituições dos dois Estados em competições esportivas e culturais, com destaque para a tradicional disputa de baterias universitárias.
Na competição musical, a bateria da atlética Sinistra conquistou o pentacampeonato do Intermed (2018, 2019, 2023, 2024 e 2025), tornando-se a mais premiada da história do evento. O grupo superou sete concorrentes do Acre e de Rondônia, com uma apresentação que se destacou pela técnica, criatividade e entrosamento.
Além do título principal, a bateria levou quase todos os prêmios individuais da disputa, incluindo melhor estandarte, chocalho, tamborim, mestre de bateria, surdos de marcação e surdos de terceira.
Nas modalidades esportivas, a Sinistra obteve o terceiro lugar geral, sendo a única equipe fora de Porto Velho a subir no pódio, por uma diferença mínima de pontos do segundo colocado.
(Camila Barbosa, estagiária Ascom/Ufac)
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