NOSSAS REDES

ACRE

‘As Polacas’ narra tráfico sexual no século 20 no Brasil – 11/12/2024 – Ilustrada

PUBLICADO

em

Thales de Menezes

As Polacas” estreia nos cinemas com bons atrativos para o público. Conta uma história impactante e tem no elenco rostos conhecidos das novelas, Valentina Herszage e Caco Ciocler. O roteiro trata de fatos do começo do século passado, quando mulheres judias polonesas vieram ao Brasil e foram obrigadas a entrar na prostituição.

O diretor João Jardim tem experiência no filme de época. Ele fez “Getúlio“, com Tony Ramos, e mais uma vez mostra facilidade ao recriar bem um Rio de Janeiro de cem anos atrás. A bonita fotografia contrasta com o tom cinzento da narrativa das agruras de Rebeca, que vem da Polônia com o filho pequeno, em 1917, para se encontrar com o marido, sem saber que ele está morto.

Sem ter a quem recorrer, se torna presa fácil para o cafetão Tzvi, que afasta a criança da mãe. Usando o garoto como instrumento de dominação, ele vai aos poucos forçando Rebeca a trabalhar em seu bordel. Na resistência da mulher, o que se vê é um duelo intenso de interpretações entre Valentina e Ciocler. Assistir ao filme é ver o quanto ela ainda relutará e até onde a maldade do vilão pode chegar na tentativa de dobrá-la.

O filme vai além. Retrata um movimento real, a Sociedade da Verdade, grupo formado por prostitutas judias no Rio de Janeiro, para se defenderem da opressão. “Eu já tinha ouvido a história das polacas”, diz Herszage. “Meus bisavós por parte de pai vieram da Polônia depois da Primeira Guerra. Primeiro para a Argentina, meu avô nasceu lá, e depois ao Rio. Pouca gente conhece a história da Sociedade. O cinema tem a função de trazer essas coisas à luz.”

A atriz fez um teste para ser a protagonista no início de 2022 e logo foi aprovada pelo diretor. “A ideia da Iafa Britz, produtora do filme, era que o elenco tivesse alguma ascendência, para verossimilhança mesmo”, afirma Jardim. “Quando entram os personagens brasileiros, como os interpretados por Otávio Muller e Erom Cordeiro, tem um contraste.”

Impressiona ver que uma história centrada num pequeno grupo de mulheres no Rio do início do século passado possa simbolizar o que acontece com milhões de mulheres pelo mundo. Nos créditos finais, o filme divulga que hoje o tráfico de pessoas atinge 30 milhões de vítimas —80% delas, mulheres.

“A intenção sempre foi essa. Trazer o que aconteceu para agora, mais de cem anos depois. É um filme atual, o tema é o uso do corpo da mulher, e em todos esses anos vem acontecendo o mesmo”, afirma Jardim.

“Tzvi representa o ‘modus operandi’ desses homens. Eles não enxergam o que estão fazendo como maldade, acham que estão ajudando essas mulheres proporcionando uma nova vida com dinheiro. Não têm consciência que estão sendo maldosos, têm uma convicção de estarem fazendo o bem.”

O personagem de Ciocler usa o filho de Rebeca para dominá-la. “Ele acredita muito que está ajudando suas prostitutas. Tzvi é um monstro, mas Caco deixa claro que ele não acredita ser um monstro”, diz Valentina. Para o diretor, o embate entre Rebeca e Tzvi exibe até nos menores detalhes o conflito de gênero. “Eu tenho essa tendência de explorar ao máximo o embate. Eu trabalhei com Nelson Rodrigues, e com ele tudo é conflito.”

“Temos feito sessões com a comunidade judaica, muito bonitas, mas o filme transcende esse grupo, fala de união feminina, de sororidade”, diz a atriz. “Quero que chegue a todo mundo, porque esse trabalho da Sociedade da Verdade é muito bonito. Elas lutam para que as prostitutas tenham um lugar para serem enterradas, seguindo os seus rituais. É o mínimo de dignidade.”

Hesrzage está encerrando um ano de muita projeção no cinema. Ela protagonizou “O Mensageiro“, de Lúcia Murat, que faz uma reflexão sobre os prisioneiros da ditadura militar, e está no elenco de “Ainda Estou Aqui“, o filme de Walter Salles que lidera as bilheterias e foi indicado a melhor filme estrangeiro no próximo Globo de Ouro.

“O cinema às vezes tem essa bolha difícil de furar. ‘Ainda Estou Aqui’ está fazendo isso, atraindo gente que não costuma ir ao cinema. Quando eu vou ao banco, ou me hospedo em hotel, todo mundo me fala que assistiu”, diz Valentina, que participa de um terceiro filme sobre o período do regime militar, com estreia em 2025, “A Batalha da Rua Maria Antônia”, de Vera Egito. “Ele se passa em 1968. Foi um período muito longo, ainda com muitas histórias para contar.”



Leia Mais: Folha

Advertisement
Comentários

Warning: Undefined variable $user_ID in /home/u824415267/domains/acre.com.br/public_html/wp-content/themes/zox-news/comments.php on line 48

You must be logged in to post a comment Login

Comente aqui

ACRE

Aperfeiçoamento em cuidado pré-natal é encerrado na Ufac — Universidade Federal do Acre

PUBLICADO

em

Aperfeiçoamento em cuidado pré-natal é encerrado na Ufac — Universidade Federal do Acre

A Ufac realizou o encerramento do curso de aperfeiçoamento em cuidado pré-natal na atenção primária à saúde, promovido pela Pró-Reitoria de Extensão e Cultura (Proex), Secretaria de Estado de Saúde do Acre (Sesacre) e Secretaria Municipal de Saúde de Rio Branco (Semsa). O evento, que ocorreu nessa terça-feira, 11, no auditório do E-Amazônia, campus-sede, marcou também a primeira mostra de planos de intervenção que se transformaram em ações no território, intitulada “O Cuidar que Floresce”.

Com carga horária de 180 horas, o curso qualificou 70 enfermeiros da rede municipal de saúde de Rio Branco, com foco na atualização das práticas de cuidado pré-natal e na ampliação da atenção às gestantes de risco habitual. A formação teve início em março e foi conduzida em formato modular, utilizando metodologias ativas de aprendizagem.

Representando a reitora da Ufac, Guida Aquino, o diretor de Ações de Extensão da Proex, Gilvan Martins, destacou o papel social da universidade na formação continuada dos profissionais de saúde. “Cada cursista leva consigo o conhecimento científico que foi compartilhado aqui. Esse é o compromisso da Ufac: transformar o saber em ação, alcançando as comunidades e contribuindo para a melhoria da assistência às mulheres atendidas nas unidades.” 

A coordenadora do curso, professora Clisângela Lago Santos, explicou que a iniciativa nasceu de uma demanda da Sesacre e foi planejada de forma inovadora. “Percebemos que o modelo tradicional já não surtia o efeito esperado. Por isso, pensamos em um formato diferente, com módulos e metodologias ativas. Foi a nossa primeira experiência nesse formato e o resultado foi muito positivo.”

Para ela, a formação representa um esforço conjunto. “Esse curso só foi possível com o envolvimento de professores, residentes e estudantes da graduação, além do apoio da Rede Alyne e da Sesacre”, disse. “Hoje é um dia de celebração, porque quem vai sentir os resultados desse trabalho são as gestantes atendidas nos territórios.” 

Representando o secretário municipal de Saúde, Rennan Biths, a diretora de Políticas de Saúde da Semsa, Jocelene Soares, destacou o impacto da qualificação na rotina dos profissionais. “Esse curso veio para aprimorar os conhecimentos de quem está na ponta, nas unidades de saúde da família. Sei da dedicação de cada enfermeiro e fico feliz em ver que a qualidade do curso está se refletindo no atendimento às nossas gestantes.”

A programação do encerramento contou com uma mostra cultural intitulada “O Impacto da Formação na Prática dos Enfermeiros”, que reuniu relatos e produções dos participantes sobre as transformações promovidas pelo curso em suas rotinas de trabalho. Em seguida, foi realizada uma exposição de banners com os planos de intervenção desenvolvidos pelos cursistas, apresentando as ações implementadas nos territórios de saúde. 

Também participaram do evento o coordenador da Rede Alyne, Walber Carvalho, representando a Sesacre; a enfermeira cursista Narjara Campos; além de docentes e residentes da área de saúde da mulher da Ufac.

 



Leia Mais: UFAC

Continue lendo

ACRE

CAp promove minimaratona com alunos, professores e comunidade — Universidade Federal do Acre

PUBLICADO

em

CAp promove minimaratona com alunos, professores e comunidade — Universidade Federal do Acre

O Colégio de Aplicação (CAp) da Ufac realizou uma minimaratona com participação de estudantes, professores, técnico-administrativos, familiares e ex-alunos. A atividade é um projeto de extensão pedagógico interdisciplinar, chamado Maracap, que está em sua 11ª edição. Reunindo mais de 800 pessoas, o evento ocorreu em 25 de outubro, no campus-sede da Ufac.

Idealizado e coordenado pela professora de Educação Física e vice-diretora do CAp, Alessandra Lima Peres de Oliveira, o projeto promove a saúde física e social no ambiente estudantil, com caráter competitivo e formativo, integrando diferentes áreas do conhecimento e estimulando o espírito esportivo e o convívio entre gerações. A minimaratona envolve alunos dos ensinos fundamental e médio, do 6º ano à 3ª série, com classificação para o 1º, 2º e 3º lugar em cada categoria. 

“O Maracap é muito mais do que uma corrida. Ele representa a união da nossa comunidade em torno de valores como disciplina, cooperação e respeito”, disse Alessandra. “É também uma proposta de pedagogia de inclusão do esporte no currículo escolar, que desperta nos estudantes o prazer pela prática esportiva e pela vida saudável.”

O pró-reitor de Extensão e Cultura, Carlos Paula de Moraes, ressaltou a importância do projeto como uma ação de extensão universitária que conecta a Ufac à sociedade. “Projetos como o Maracap mostram como a extensão universitária cumpre seu papel de integrar a universidade à comunidade. O Colégio de Aplicação é um espaço de formação integral e o esporte é uma poderosa ferramenta para o desenvolvimento humano, social e educacional.”

 



Leia Mais: UFAC

Continue lendo

ACRE

Semana de Letras/Português da Ufac tematiza ‘língua pretuguesa’ — Universidade Federal do Acre

PUBLICADO

em

Semana de Letras/Português da Ufac tematiza ‘língua pretuguesa’ — Universidade Federal do Acre

O curso e o Centro Acadêmico de Letras/Português da Ufac iniciaram, nessa segunda-feira, 10, no anfiteatro Garibaldi Brasil, sua 24ª Semana Acadêmica, com o tema “Minha Pátria é a Língua Pretuguesa”. O evento é dedicado à reflexão sobre memória, decolonialidade e as relações históricas entre o Brasil e as demais nações de língua portuguesa. A programação segue até sexta-feira, 14, com mesas-redondas, intervenções artísticas, conferências, minicursos, oficinas e comunicações orais.

Na abertura, o coordenador da semana acadêmica, Henrique Silvestre Soares, destacou a necessidade de ligar a celebração da língua às lutas históricas por soberania e justiça social. Segundo ele, é importante que, ao celebrar a Semana de Letras e a independência dos países africanos, se lembre também que esses países continuam, assim como o Brasil, subjugados à força de imperialismos que conduzem à pobreza, à violência e aos preconceitos que ainda persistem.

O pró-reitor de Extensão e Cultura, Carlos Paula de Moraes, salientou o compromisso ético da educação e reforçou que a universidade deve assumir uma postura crítica diante da realidade. “A educação não é imparcial. É preciso, sim, refletir sobre essas questões, é preciso, sim, assumir o lado da história.”

A pró-reitora de Graduação, Ednaceli Damasceno, ressaltou a força do tema proposto. Para ela, o assunto é precioso por levar uma mensagem forte sobre o papel da universidade na sociedade. “Na própria abertura dos eventos na faculdade, percebemos o que ocorre ao nosso redor e que não podemos mais tratar como aula generalizada ou naturalizada”, observou.

O diretor do Centro de Educação, Letras e Artes (Cela), Selmo Azevedo Pontes, reafirmou a urgência do debate proposto pela semana. Ele lembrou que, no Brasil, as universidades estiveram, durante muitos anos, atreladas a um projeto hegemônico. “Diziam que não era mais urgente nem necessário, mas é urgente e necessário.”

Também estiveram presentes na cerimônia de abertura o vice-reitor, Josimar Batista Ferreira; o coordenador de Letras/Português, Sérgio da Silva Santos; a presidente do Cela, Thaís de Souza; e a professora do Laboratório de Letras, Jeissyane Furtado da Silva.

(Camila Barbosa, estagiária Ascom/Ufac)

 

//www.instagram.com/embed.js



Leia Mais: UFAC

Continue lendo

MAIS LIDAS