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Cerqueira Leite promovia a arte e a defesa de democracia – 01/12/2024 – Ciência

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7 meses atrásem
O físico Rogério Cezar Cerqueira Leite morreu aos 93 anos na madrugada deste domingo (1º). Cerqueira Leite foi um dos mais importantes cientistas brasileiros e esteve à frente de alguns dos principais departamentos de pesquisa e tecnologia do país.
Foi também coordenador geral, professor emérito e diretor dos institutos de Física e Artes da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas).
Além da forte atuação acadêmica, Cerqueira Leite se firmou como um promotor da arte e defensor da democracia. Fundou empresas e atuou em prol do meio ambiente e da reforma agrária. Na Folha, foi membro do Conselho editorial entre 1978 e 2021, e participou da estreia da seção Tendências/Debates em 22 de janeiro de 1976.
Em seu último artigo, falou sobre a distribuição de verbas para pesquisa acadêmica e propôs que a maior parte fosse dedicada a projetos necessários para o desenvolvimento nacional, enquanto a menor parcela destinada aos temas escolhidos pelos cientistas.
Enquanto assinava artigos para o jornal, também atuava no desenvolvimento de centros de pesquisas e laboratórios como o CNPEM (Centro Nacional de Pesquisas em Energia e Materiais), do qual era presidente.
Embora formado na área de exatas e com foco no desenvolvimento energético do país, Cerqueira Leite também se interessava por arte. Era um colecionador apaixonado e dono de um acervo de esculturas, máscaras e objetos pré-colombianos, chineses e do continente africano.
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Em 2012, expôs na Pinacoteca do Estado de São Paulo seu acervo com cerca de 200 itens formado por esculturas, máscaras e arte de países africanos, como o Mali. Entre agosto e setembro deste ano, a coleção foi exibida no Instituto CPFL, em Campinas, com 300 obras que retratam cinco mil anos de arte chinesa.
O físico também atuava fortemente no campo social. Em 1996, chegou a propor a venda do título de uma propriedade na região do Pontal do Paranapanema, no interior de São Paulo, para estimular a reforma agrária no estado durante o ápice da discussão sobre o tema no país.
Ele também fundou e dirigiu duas empresas na área de pesquisa, ambas em Campinas: a Codetec (Companhia de Desenvolvimento Tecnológico), em 1975, e a Ciatec (Companhia de Desenvolvimento do Polo de Alta Tecnologia de Campinas), em 1979.
De 1983 a 1986, durante o governo estadual de Franco Montoro (PMDB), foi vice-presidente executivo da CPFL (Companhia Paulista de Força e Luz). Seu trabalho levou a empresa a ser a primeira do Brasil a realizar contratos de compra de energia de biomassa proveniente da cana-de-açúcar. As principais vantagens dessa alternativa energética em relação ao uso de combustíveis fósseis são o custo de aquisição mais baixo, menor impacto no meio ambiente e menor corrosão de fornos e caldeiras, além de ser um recurso renovável.
Foi agraciado com a Cátedra da Universidade de Montreal, Canadá, em 1979, e com a Comenda da Ordem Nacional do Mérito da França, em 1980. No Brasil, recebeu a Grã-Cruz da Ordem Nacional do Mérito Científico (2006).
Crítico do acordo nuclear Brasil-Alemanha desde sua assinatura, em 1975, entre outras razões por considerá-lo desvantajoso para o desenvolvimento da tecnologia nacional no setor, Cerqueira Leite também foi um observador atento de outras iniciativas governamentais nesse campo.
Em 1984, em plena efervescência política do país com a mobilização pelas eleições diretas para a presidência da República, ele afirmou em um debate na Folha que suspeitava que um programa nuclear para fins militares estava sendo desenvolvido em sigilo pela Aeronáutica, no ITA, e pela Marinha, nas instalações da CNEN (Comissão Nacional de Energia Nuclear), na USP (Universidade de São Paulo).
Em 2007, em uma reunião na Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), Cerqueira Leite apresentou um estudo propondo a substituição de 10% da gasolina usada no mundo por álcool produzido no Brasil. Para isso, seria necessário o aumento da produção nacional do combustível, então de cerca de 2,8 bilhões de litros por ano, para cerca de 200 bilhões. Isso exigiria investimentos de R$ 20 bilhões em 20 anos e crescimento de 400% da área de plantio de cana no Brasil, segundo a avaliação Projeto Etanol, uma parceria da Unicamp com o Ministério da Ciência e Tecnologia iniciada em 2005 e que foi coordenada por ele.
Em relação ao aquecimento global, além de suas propostas de mais investimentos no etanol e em novas tecnologias, o professor emérito da Unicamp vinha criticando duramente os autodenominados céticos do clima, que negam a participação humana na origem do aumento da temperatura média global desde a Revolução Industrial e também a previsão de grandes mudanças climáticas com prejuízo para o ambiente e a sociedade.
“Apenas a vaidade arrogante e a irresponsabilidade intelectual acomodariam esse abuso contra a razão”, disse ele em um artigo de fevereiro de 2010.
Nos últimos anos, o físico brasileiro passou a ser ainda mais critico à tradição e à estrutura das universidades brasileiras, nas quais ele apontava ineficiência gerada por “uma convergência de fatores perniciosos, dentre os quais se destacam excessos burocráticos, corporativismo e diluição de autoridade e de responsabilidades”.
Ele deixa a esposa, três filhos e seis netos. Cerqueira Leite ficou internado nas últimas semanas por complicações da diabetes e será velado no cemitério Flamboyant, no bairro de Gramado, em Campinas, neste domingo.
Maurício Tuffani, um dos autores deste texto, morreu aos 63 anos em 2021. Ex-editor de Ciência da Folha, foi referência no jornalismo científico e ambiental do país
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Mulher alimenta pássaros livres na janela do apartamento e tem o melhor bom dia, diariamente; vídeo

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4 semanas atrásem
26 de maio de 2025
Todos os dias de manhã, essa mulher começa a rotina com uma cena emocionante: alimenta vários pássaros livres que chegam à janela do apartamento dela, bem na hora do café. Ela gravou as imagens e o vídeo é tão incrível que já acumula mais de 1 milhão de visualizações.
Cecilia Monteiro, de São Paulo, tem o mesmo ritual. Entre alpiste e frutas coloridas, ela conversa com as aves e dá até nomes para elas.
Nas imagens, ela aparece espalhando delicadamente comida para os pássaros, que chegam aos poucos e transformam a janela num pedacinho de floresta urbana. “Bom dia. Chegaram cedinho hoje, hein?”, brinca Cecilia, enquanto as aves fazem a festa com o banquete.
Amor e semente
Todos os dias Cecilia acorda e vai direto preparar a comida das aves livres.
Ela oferece porções de alpiste e frutas frescas e arruma tudo na borda da janela para os pequenos visitantes.
E faz isso com tanto amor e carinho que a gratidão da natureza é visível.
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Cantos de agradecimento
E a recompensa vem em forma de asas e cantos.
Maritacas, sabiás, rolinha e até uma pomba muito ousada resolveu participar da festa.
O ambiente se transforma com todas as aves cantando e se deliciando.
Vai dizer que essa não é a melhor forma de começar o dia?
Liberdade e confiança
O que mais chama a atenção é a relação de respeito entre a mulher e as aves.
Nada de gaiolas ou cercados. Os pássaros vêm porque querem. E voltam porque confiam nela.
“Podem vir, podem vir”, diz ela na legenda do vídeo.
Internautas apaixonados
O vídeo se tornou viral e emocionou milhares de pessoas nas redes sociais.
Os comentários vão de elogios carinhosos a relatos de seguidores que se sentiram inspirados a fazer o mesmo.
“O nome disso é riqueza! De alma, de vida, de generosidade!”, disse um.
“Pra mim quem conquista os animais assim é gente de coração puro, que benção, moça”, compartilhou um segundo.
Olha que fofura essa janela movimentada, cheia de aves:
Cecila tem a mesma rotina todos os dias. Põe comida para os pássaros livres na janela do apartamento dela em SP. – Foto: @cecidasaves/TikTok
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Cavalos ajudam dependentes químicos a se reconectar com a vida, emprego e família

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4 semanas atrásem
26 de maio de 2025
O poder sensorial dos cavalos e de conexão com seres humanos é incrível. Tanto que estão ajudando dependentes químicos a se reconectar com a família, a vida e trabalho nos Estados Unidos. Até agora, mais de 110 homens passaram com sucesso pelo programa.
No Stable Recovery, em Kentucky, os cavalos imensos parecem intimidantes, mas eles estão ali para ajudar. O projeto ousado, criado por Frank Taylor, coloca os homens em contato direto com os equinos para desenvolverem um senso de responsabilidade e cuidado.
“Eu estava simplesmente destruído. Eu só queria algo diferente, e no dia em que entrei neste estábulo e comecei a trabalhar com os cavalos, senti que eles estavam curando minha alma”, contou Jaron Kohari, um dos pacientes.
Ideia improvável
Os pacientes chegam ali perdidos, mas saem com emprego, dignidade e, muitas vezes, de volta ao convívio com aqueles que amam.
“Você é meio egoísta e esses cavalos exigem sua atenção 24 horas por dia, 7 dias por semana, então isso te ensina a amar algo e cuidar dele novamente”, disse Jaron Kohari, ex-mineiro de 36 anos, em entrevista à AP News.
O programa nasceu da cabeça de Frank, criador de cavalos puro-sangue e dono de uma fazenda tradicional na indústria de corridas. Ele, que já foi dependente em álcool, sabe muito bem como é preciso dar uma chance para aqueles que estão em situação de vulnerabilidade.
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A ideia
Mas antes de colocar a iniciativa em prática, precisou convencer os irmãos a deixar ex-viciados lidarem com animais avaliados em milhões de dólares.“Frank, achamos que você é louco”, disse a família dele.
Mesmo assim, ele não desistiu e conseguiu a autorização para tentar por 90 dias. Se algo desse errado, o programa seria encerrado imediatamente.
E o melhor aconteceu.
A recuperação
Na Stable Recovery, os participantes acordam às 4h30, participam de reuniões dos Alcoólicos Anônimos e trabalham o dia inteiro cuidando dos cavalos.
Eles escovam, alimentam, limpam baias, levam aos pastos e acompanham as visitas de veterinários aos animais.
À noite, cozinham em esquema revezamento e vão dormir às 21h.
Todo o programa dura um ano, e isso permite que os participantes se tornem amigos, criem laços e fortaleçam a autoestima.
“Em poucos dias, estando em um estábulo perto de um cavalo, ele está sorrindo, rindo e interagindo com seus colegas. Um cara que literalmente não conseguia levantar a cabeça e olhar nos olhos já está se saindo melhor”, disse Frank.
Cavalos que curam
Os cavalos funcionam como espelhos dos tratadores. Se o homem está tenso, o cavalo sente. Se está calmo, ele vai retribuir.
Frank, o dono, chegou a investir mais de US$ 800 mil para dar suporte aos pacientes.
Ao olhar tantas vidas que ele já ajudou a transformar, ele diz que não se arrepende de nada.
“Perdemos cerca de metade do nosso dinheiro, mas apesar disso, todos aqueles caras permaneceram sóbrios.”
A gente aqui ama cavalos. E você?
A rotina com os animais é puxada, mas a recompensa é enorme. – Foto: AP News
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Resgatado brasileiro que ficou preso na neve na Patagônia após seguir sugestão do GPS

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4 semanas atrásem
26 de maio de 2025
Cuidado com as sugestões do GPS do seu carro. Este brasileiro, que ficou preso na neve na Patagônia, foi resgatado após horas no frio. Ele seguiu as orientações do navegador por satélite e o carro acabou atolado em uma duna de neve. Sem sinal de internet para pedir socorro, teve que caminhar durante horas no frio de -10º C, até que foi salvo pela polícia.
O progframador Thiago Araújo Crevelloni, de 38 anos, estava sozinho a caminho de El Calafate, no dia 17 de maio, quando tudo aconteceu. Ele chegou a pensar que não sairia vivo.
O resgate só ocorreu porque a anfitriã da pousada onde ele estava avisou aos policiais sobre o desaparecimento do Thiago. Aí começaram as buscas da polícia.
Da tranquilidade ao pesadelo
Thiago seguia viagem rumo a El Calafate, após passar por Mendoza, El Bolsón e Perito Moreno.
Cruzar a Patagônia de carro sempre foi um sonho para ele. Na manhã do ocorrido, nevava levemente, mas as estradas ainda estavam transitáveis.
A antiga Rota 40, por onde ele dirigia, é famosa pelas paisagens e pela solidão.
Segundo o programador, alguns caminhões passavam e havia máquinas limpando a neve.
Tudo parecia seguro, até que o GPS sugeriu o desvio que mudou tudo.
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Caminho errado
Thiago seguiu pela rota alternativa e, após 20 km, a neve ficou mais intensa e o vento dificultava a visibilidade.
“Até que, numa curva, o carro subiu em uma espécie de duna de neve que não dava para distinguir bem por causa do vento branco. Tudo era branco, não dava para ver o que era estrada e o que era acúmulo de neve. Fiquei completamente preso”, contou em entrevista ao G1.
Ele tentou desatolar o veículo com pedras e ferramentas, mas nada funcionava.
Caiu na neve
Sem ajuda por perto, exausto, encharcado e com muito frio, Thiago decidiu caminhar até a estrada principal.
Mesmo fraco, com fome e mal-estar, colocou uma mochila nas costas e saiu por volta das 17h.
Após mais de cinco horas de caminhada no escuro e com o corpo congelando, ele caiu na neve.
“Fiquei deitado alguns minutos, sozinho, tentando recuperar energia. Consegui me levantar e segui, mesmo sem saber quanta distância faltava.”
Luz no fim do túnel
Sem saber quanto tempo faltava para a estrada principal, Thiago se levantou e continuou a caminhada.
De repente, viu uma luz. No início, o programador achou que estava alucinando.
“Um pouco depois, ao olhar para trás em uma reta infinita, vi uma luz. Primeiro achei que estava vendo coisas, mas ela se aproximava. Era uma viatura da polícia com as luzes acesas. Naquele momento senti um alívio que não consigo descrever. Agitei os braços, liguei a lanterna do celular e eles me viram”, disse.
A gentileza dos policiais
Os policiais ofereceram água, comida e agasalhos.
“Falaram comigo com uma ternura que me emocionou profundamente. Me levaram ao hospital, depois para um hotel. Na manhã seguinte, com a ajuda de um guincho, consegui recuperar o carro”, agradeceu o brasileiro.
Apesar do susto, ele se recuperou e decidiu manter a viagem. Afinal, era o sonho dele!
Veja como foi resgatado o brasileiro que ficou preso na neve na Patagônia:
Thiago caminhou por 5 horas no frio até ser encontrado. – Foto: Thiago Araújo Crevelloni
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