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Chuvas: por que São Paulo tem sofrido tantos estragos? – 13/03/2025 – Cotidiano

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Chuvas: por que São Paulo tem sofrido tantos estragos? - 13/03/2025 - Cotidiano

André Biernath

Na última quarta-feira (12), a cidade de São Paulo foi afetada por uma forte tempestade, com rajadas de vento que ultrapassaram os 60 km/h.

O evento climático matou uma pessoa, causou alagamentos, derrubou mais de 300 árvores e deixou dezenas de milhares de moradores sem luz. A cidade está sob alerta para nova tempestade nesta quinta (13), até às 21h, segundo o Inmet (Instituto Nacional de Metereologia).

Para o físico Paulo Artaxo, professor da Universidade de São Paulo (USP), não adianta mais encarar episódios do tipo como algo isolado.

“Essa tempestade mais recente não veio de graça. Nos últimos três meses, tivemos pelo menos 30 chuvas fortes parecidas”, lembra ele.

“Isso é causado pelas mudanças climáticas globais e só evidencia como grandes cidades como São Paulo estão totalmente despreparadas”, destaca o especialista, que é um dos membros do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC).

Segundo Artaxo, a capital paulista “não possui um plano de contigência adequado” e não tem “uma Defesa Civil com o porte necessário” para lidar com chuvas e ventanias.

O cientista também cita a falta de políticas preventivas, como a poda de árvores e o aterramento de fios elétricos.

A reportagem buscou o posicionamento da Prefeitura de São Paulo sobre essas questões, mas não foram enviadas respostas até a publicação.

O que aconteceu em São Paulo

Um balanço das chuvas de 12 março publicado pelo Climatempo aponta que a capital paulista foi mais atingida entre as 16h30 e as 17h30, particularmente nos bairros do centro, da zona leste e da zona oeste.

O texto também destaca “rajadas de vento acima de 50 km/h” — e no aeroporto Campo de Marte, foi registrado um vendaval de 61 km/h às 17h03 de quarta-feira.

Bairros como Butantã, Pinheiros e Itaquera sofreram com granizo e pelo menos 1.478 raios caíram em toda a cidade durante o temporal.

O Centro de Gerenciamento de Eventos Climáticos da Prefeitura de São Paulo (CGE) registrou 23,2 milímetros de chuva na Sé, o maior índice em toda a cidade até às 18h20 de 12 de março.

A prefeitura também contabilizou a queda de 330 árvores.

Cerca de 173 mil clientes ficaram sem luz, de acordo com a Enel, a empresa responsável pelo fornecimento de eletricidade local.

A tempestade ainda deixou uma vítima: um taxista de 43 anos morreu após uma árvore cair sobre o veículo dele na região central de SP.

Para os próximos dias, o CGE aponta que o tempo na capital paulista permanecerá instável. Mas uma nova frente fria chega pelo litoral e deve reduzir a temperatura a partir do final de semana.

Novas pancadas de chuva são esperadas para a tarde desta quinta-feira (14).

O que explica esse fenômeno?

Artaxo destaca que a média de chuvas que cai em São Paulo cresceu em torno de 10 a 15% nos últimos 50 anos.

“Se você olhar para o número de dias em que choveu mais de 100 mm, houve um aumento considerável também”, acrescenta o cientista.

Um estudo feito na USP em 2020 revela como as precipitações extremas estão ficando cada vez mais comuns na cidade.

Segundo os dados, o número de dias com chuva acima de 100 mm já é maior nos últimos 20 anos do que no acumulado das seis décadas anteriores.

No período de 2001 a 2020, foram registrados 11 dias com tempestades que superaram a marca dos 100 mm/dia. Já entre os anos 1941 e 2000, foram 10 dias com esse fenômeno extremo.

A situação fica ainda mais dramática se considerarmos chuvas acima de 80 mm. Foram 25 eventos do tipo entre 2001 e 2020, ante 19 episódios entre 1941 e 2000.

Mas por que há mais chuvas intensas nos últimos anos?

Artaxo pontua que a ocorrência desses eventos climáticos extremos está prevista nos modelos e estudos sobre as mudanças climáticas, como os relatórios do IPCC.

“Não é nenhuma surpresa estarmos vivendo isso agora”, observa ele. “A termodinâmica da atmosfera explica muito bem esses fenômenos”, complementa o físico.

O cientista cita a chamada equação de Clausius-Clapeyron. Segundo essa fórmula, para cada grau de aumento da temperatura, a atmosfera terrestre retém 7% mais umidade.

“E na cidade de São Paulo nós já elevamos a temperatura na ordem de 2,3 °C [em comparação com o período pré-industrial]”, estima ele. Ou seja: há muito mais vapor na atmosfera, que “desaba” com força durante as chuvas.

Segundo Artaxo, embora esses eventos climáticos extremos estivessem projetados, as cidades não se prepararam para lidar com eles ou para mitigar os danos.

“O que choca é uma cidade como São Paulo ficar completamente paralisada, sem assistência dos órgãos públicos para a população”, crítica o físico, que confessa ter demorado duas horas e meia para ir da região da Faria Lima até a USP na quarta-feira (12) — num dia normal, esse trajeto leva em torno de 20 a 45 minutos.

“Além do transtorno, isso gera enormes prejuízos econômicos”, observa ele.

O cientista sugere uma série de ações para que as tempestades dos próximos meses, anos e décadas sejam menos impactantes.

“São coisas simples, que não custam tanto. É olhar para a saúde das árvores. É enterrar a rede elétrica. Nós temos um monte de lições de casa a fazer”, lista ele.

“Precisamos também nos preparar para a necessidade atual. Ficou muito claro que não temos uma Defesa Civil à altura das demandas da cidade. É necessário treinar mais profissionais, identificar áreas de risco e fornecer equipamentos para as pessoas agirem de maneira eficiente e rápida”, complementa o especialista.

Artaxo lembra que esse não é apenas um problema de São Paulo — e todas as cidades brasileiras precisam aprimorar os planos de contigência para eventos climáticos, como chuvas fortes, secas, enchentes e ventanias.

Em seu site, a CGE também lista uma série de medidas simples para amenizar os efeitos de alagamentos:

  • Evite transitar em ruas alagadas;
  • Não se aventure a enfrentar correntezas em áreas de inundação;
  • Fique em lugar seguro e, se precisar, peça ajuda;
  • Mantenha-se longe da rede elétrica;
  • Não pare debaixo de árvores;
  • Abrigue-se em casas e prédios;
  • Planeje suas viagens para diminuir a probabilidade de enfrentar engarrafamentos.

Em caso de emergência, ligue para o Samu no número 192.

O texto foi originalmente publicado aqui



Leia Mais: Folha

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Greves aéreos israelenses em Gaza: Início de uma “campanha maior”? | Al Jazeera

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Greves aéreos israelenses em Gaza: Início de uma "campanha maior"? | Al Jazeera

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Mouin Rabbani, analista do Oriente Médio, decompõe os últimos ataques aéreos de Israel em Gaza.

Mouin Rabbani, analista do Oriente Médio, discute a nova onda de ataques aéreos israelenses em Gaza, e se este é um ou o início de uma campanha maior.



Leia Mais: Aljazeera

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Em que estado está realmente o clima global? – DW – 19/03/2025

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Em que estado está realmente o clima global? - DW - 19/03/2025

O ano passado foi o mais quente já registrado, com pesquisas da Organização Meteorológica Mundial (WMO) destacando como os “sinais claros de Mudança climática induzida pelo homem alcançou novos patamares em 2024 “.

Nos últimos 12 meses, a temperatura média global do ar foi de 1,55 graus Celsius (2,79 Fahrenheit) acima do que, nos anos de 1850 a 1900, o período antes de os seres humanos começarem a queimar combustíveis fósseis como carvão e petróleo em escala industrial. Quebrou a temperatura anterior Registro definido em 2023.

Sob o Acordo climático de Parisos governos se comprometeram a limitar o aquecimento global a bem abaixo de 2 ° C acima dos níveis pré -industriais e buscar esforços para manter o aumento da temperatura sob 1,5 C.

Como as temperaturas médias são medidas ao longo de décadas, em oposição a anos únicos, os achados no Relatório anual do estado do clima da WMO Não significa que o alvo de Paris tenha sido superado. Mas está chegando perto.

O relatório afirma que o aquecimento global de longo prazo está atualmente entre 1,34 e 1,41 C.

Os pesquisadores encontraram concentrações de gás de aquecimento do planeta dióxido de carbono (CO2), que é emitido através do Combustíveis fósseis Queimamos para impulsionar a indústria, aquecer nossas casas e administrar nossos carros, para ser maior do que em qualquer momento nos últimos 2 milhões de anos.

O secretário-geral da WMO, Celeste Saulo, chamou o novo estudo de “uma chamada de alerta de que estamos aumentando os riscos de nossas vidas, economias e para o planeta”.

Carros dirigem por uma estrada inundada
Partes da Espanha foram atingidas por fortes inundações em 2024Imagem: Angel Martinez/Getty Images

O clima extremo, acrescentou, continua a ter “consequências devastadoras em todo o mundo”, com apenas metade de todos os países atualmente equipados com sistemas adequados de alerta precoce que ajudam a proteger vidas e propriedades. “Isso deve mudar”, disse Saulo.

Em pesquisa separada Publicado no final do ano passado, a World Weather Attribution (WWA), uma iniciativa acadêmica do Reino Unido, descobriu que as mudanças climáticas “contribuíram para a morte de pelo menos 3.700 pessoas e o deslocamento de milhões” nos 26 eventos climáticos que analisaram em 2024.

Mas como havia quase 200 episódios de inundações, seca ou tempestades extremas Que eles não estudaram, concluíram que o número real morto poderia muito bem estar “nas dezenas, ou centenas de milhares”.

Os oceanos estão ficando cada vez mais quentes

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Como os combustíveis fósseis estão aparecendo em nossos oceanos

O relatório da WMO, que é baseado em contribuições científicas de diferentes órgãos especialistas, também citou uma mudança de um resfriamento La Nina para aquecer o evento climático El Nino como um fator que contribui no recorde de 2024. No entanto, os autores enfatizaram que as temperaturas do ar são apenas uma parte de uma imagem maior.

Com 90% do excesso de calor atmosférico absorvido em nossos mares, 2024 testemunhou os níveis mais altos de aquecimento do oceano durante uma janela observacional de 65 anos.

Tais afetam o afeto dos ecossistemas marinhos, causando um declínio em Biodiversidade e redução na capacidade do oceano de absorver carbono. Da mesma forma, os oceanos mais quentes estão ligados a tempestades tropicais e níveis mais altos de acidificação, o que por sua vez os danos habitats marinhos e, assim, a indústria da pesca.

Erosão em Miami Beach em 9 de março de 2025 durante a cilcona tropical Alfred
A erosão costeira é apenas um impacto do aumento dos níveis do marImagem: David Gray/AFP

Como a água mais quente se expande e precisa de mais espaço, também é um fator em aumento do nível do marque o relatório dizia que “tem impactos prejudiciais em cascata nos ecossistemas e infraestrutura costeiros”. O aumento da água também pode levar a danos causados ​​por inundações e contaminação das águas subterrâneas com sal do oceano.

“Nosso planeta está emitindo mais sinais de angústia”, disse o secretário-geral das Nações Unidas, Antonio Guterres em comunicado. “Mas este relatório mostra que a limitação da temperatura global a longo prazo aumenta para 1,5 graus Celsius ainda é possível”.

Ele disse que devia aos líderes “avançar para fazer isso acontecer” “aproveitando os benefícios de renováveis ​​baratos e limpos para seu povo e economias”.

O mundo está adotando energia renovável?

As renováveis ​​geraram um recorde de 30% da eletricidade global em 2023, impulsionada pelo crescimento do solar e do vento. Energia geotérmica.

Até os EUA, que sob presidente Donald Trump é Movendo -se para reverter regulamentos de proteção climática em favor de maior extração de combustível fóssilestá experimentando um crescimento contínuo no setor solar. No ano passado, houve um aumento na instalação solar e na infraestrutura de armazenamento de bateria, o que significa que o sol agora pode cobrir mais de 7% das necessidades de eletricidade do país.

Energia primária

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O custo da energia limpa também tem caiu dramaticamente na última década.

Falando em conjunto com uma análise de custos publicada no outono passado, Francesco LA Camera, diretor-geral da Agência Internacional de Energia Renovável (IRENA), disse que o custo da energia limpa havia caído tanto que “os preços de renováveis ​​não são mais desculpas, pelo contrário”.

Ainda assim, apesar desse impulso contínuo na mudança para as renováveis, os cientistas enfatizam a necessidade de uma ação muito maior e mais rápida.

Em um comunicado que responde ao relatório da OMM, Stephen Belcher, cientista -chefe do Reino Unido O Serviço Nacional de Clima e Clima, o Met Office, disse que a “mais recente verificação de saúde planetária nos diz que a Terra está profundamente doente”.

“Sem esforços sérios para prestar atenção aos avisos, eventos climáticos extremos – como seca, ondas de calor e inundações – continuarão a piorar”.

Editado por: Jennifer Collins, Wesley Dockery



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Diploma do prefeito da Universidade de Turkiye Istambul, Diploma do IMAMOGLU | Notícias da política

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Diploma do prefeito da Universidade de Turkiye Istambul, Diploma do IMAMOGLU | Notícias da política

O líder da oposição critica o movimento da universidade como “ilegal”, dizendo que não tem o poder de tomar a decisão.

A Universidade de Istambul, de Turkiye, anulou o diploma do prefeito Ekrem Imamoglu, citando irregularidades com o Conselho de Regulamentos de Ensino Superior e ameaçando suas chances de concorrer nas eleições presidenciais de 2028.

A Universidade disse na terça-feira que 38 pessoas, incluindo o prefeito de Istambul, haviam transferido irregularmente o programa em inglês de seu corpo docente de administração em 1990.

Ele acrescentou que 10 das pessoas com a irregularidade tiveram sua transferência anulada e os graus de 28 graduados, incluindo imamoglu, “serão retirados e cancelados com base em … erro óbvio”.

Imamoglu criticou a mudança como “ilegal” e prometeu combater a decisão no tribunal.

“Eles (a universidade) não têm autoridade para tomar essa decisão.

“Os dias em que aqueles que tomaram essa decisão serão responsabilizados antes que a história e a justiça estejam próximos.

Murat Emir, um legislador do Partido Popular Republicano de Imamoglu, disse que a decisão “deu um golpe pesado à nossa democracia”.

Musavat Dervisoglu, o presidente do bom partido da oposição, disse que a anulação estava “além de eliminar um rival político”.

2028 Eleição

A decisão poderia prejudicar os planos de Imamoglu de desafiar o presidente Recep Tayyip Erdogan nas eleições de 2028 e veio dias antes de se esperar que a oposição selecionasse o Imamoglu como seu candidato presidencial.

Sob a constituição turca, os candidatos presidenciais devem ter um diploma de ensino superior.

Imamoglu, atualmente em seu segundo mandato como prefeito de Istambul, é objeto de múltiplas investigações e casos.

O oponente vocal de Erdogan, em janeiro, criticou o que chamou de “assédio” depois de deixar um tribunal de Istambul por interrogar como parte de uma investigação aberta sobre suas críticas ao promotor público da cidade.

Em 2022, Imamoglu foi condenado a dois anos e sete meses de prisão e proibido de atividades políticas por “insultar” membros do Conselho Eleitoral de Altos Eleições de Turkiye, uma sentença que a Imamoglu apelou.



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