POLÍTICA
Corrupção: No Peru, Lava Jato condena ex-president…
PUBLICADO
1 ano atrásem
José Casado
Na quinta-feira 31 de outubro, às 8 horas em Brasília, a Justiça do Peru divulga a sentença de Alejandro Toledo, primeiro ex-presidente peruano condenado por corrupção na trama da empreiteira Odebrecht, desvelada a partir do Brasil na Operação Lava Jato.
Toledo está preso há três anos, parte deles na Califórnia (EUA) onde morava e dava aulas na Universidade de Stanford. Nesta segunda-feira (21/10), em Lima, ouviu da juíza Inés Rojas Contreras uma frase definitiva de uma dezena de palavras: “Este [tribunal] colegiado assume o pedido feito pelo representante do Ministério Público.”
Para o homem de 78 anos que governou o Peru (de 2001 a 2006) significa uma condenação no que lhe resta de vida.
Pelo calendário judicial, ele só deverá sair da cadeia pouco antes de se tornar centenário – aos 98 anos de idade.
Na contagem pessoal, porém, a liberdade talvez chegue mais cedo – por resolução biológica: “Tenho câncer e problemas de coração, por favor, deixem que me recupere ou morra em casa”, disse na audiência da última quarta-feira (16/10), mas não comoveu os juízes do tribunal de primeira instância.
Até à apelação judicial, depois da leitura da sentença, sua perspectiva é a de viver trancafiado por nove anos por fraude com a Odebrecht e mais onze anos e seis meses por lavagem do dinheiro do suborno recebido da empreiteira.
A Odebrecht pagou-lhe propinas no total de 35 milhões de dólares (equivalentes a 200 milhões de reais), segundo a Justiça, para facilitar contratos de construção da rodovia Interoceânica, que deu ao Brasil uma saída para o Oceano Pacífico, e de exploração de jazidas de gás. Toledo lavou o dinheiro na compra de imóveis em Israel, usando uma empresa da Costa Rica, diz a documentação apresentada nos tribunais de Lima e da Califórnia pelos promotores da versão peruana da Lava Jato.
A Interoceânica, ou Estrada do Pacífico, começa em Limeira (SP), na BR 364, passa por Rio Branco e desemboca nos portos peruanos. Do lado brasileiro as obras foram concluídas ainda no primeiro governo Lula. Do lado peruano começou com Toledo e acabou com Alan García, em 2011.
Há nuances entre a Lava Jato no Peru e no Brasil. Aqui, tudo começou em investigações sobre doleiros envolvidos na lavagem de dinheiro do suborno pago a políticos por fornecedores da Petrobras, nos governos Lula e Dilma.
Em Lima, o caso foi revelado por jornalistas, principalmente do portal IDL Reporteros, a partir de indícios coletados nos processos brasileiros. Entre outras coisas, descobriu-se que o governo peruano pagou 149% de sobrepreço à Odebrecht na construção da estrada Interoceânica; 52% nas linhas do Metro; e, 42% para outras empreiteiras na reforma de trechos de avenidas.
Na reconstituição feita sete anos atrás pelos repórteres Romina Mella e Gustavo Gorriti, as obscuras transações começaram durante uma solenidade governamental, em meados de 2004. Foi quando um lobista local, Avi Dan On, encontrou Jorge Barata, chefe da estação da Odebrecht no Peru.
Doze anos depois, em depoimento judicial, Barata deu detalhes dessa conversa dentro da sede do governo peruano. Ele se referiu a Dan On como o “louro do pirata”, pela proximidade com o então presidente Toledo. “Gostaria muito que vocês ganhassem a [licitação da] Interoceânica Sul”, ouviu do “louro”. “E aí”, contou o executivo da Odebrecht, “surge que o presidente queria ter uma participação, um benefício nesse processo [da rodovia]. Ele [o lobista] me informou que gostaria de ter uma contrapartida, uma vantagem indevida e que ele poderia ajudar a ganhar o processo.”
Negócio feito. A Odebrecht ganhou um contrato de 2,8 bilhões de dólares e pagou 35 milhões em propina a Toledo.
É o quarto ex-presidente peruano enlaçado pela Lava Jato peruana em negócios obscuros com a Odebrecht. Pedro Pablo Kuczynski (2016-2018) renunciou. Ollanta Humala (2011-2016) foi preso. García (1985-1990 e 2006-2011) se matou, em casa, depois de receber ordem de prisão. A líder da oposição, Keiko Fujimori, chegou a ser presa, saiu, se candidatou à presidência nas eleições em 2021, e perdeu. Vários ex-ministros e empresários locais são acusados em diferentes processos.
A lava Jato segue… no Peru.
Relacionado
VOCÊ PODE GOSTAR
Matheus Leitão
Relâmpago: Digital Completo a partir R$ 5,99
“Estou muito envergonhado! Isto é uma indignidade inexplicável!” (Ciro Gomes, ex-ministro da Fazenda, usando as redes sociais para reclamar da troca de Carlos Lupi por Wolney Queiroz, seu desafeto no PDT, no comando do Ministério da Previdência Social)
Digital Completo
Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*
Apenas 5,99/mês
DIA DAS MÃES
Revista em Casa + Digital Completo
Receba 4 revistas de Veja no mês, além de todos os benefícios do plano Digital Completo (cada revista sai por menos de R$ 9)
A partir de 35,90/mês
*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a R$ 5,99/mês.
PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Relacionado
Felipe Barbosa
Relâmpago: Digital Completo a partir R$ 5,99
Digital Completo
Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*
Apenas 5,99/mês
DIA DAS MÃES
Revista em Casa + Digital Completo
Receba 4 revistas de Veja no mês, além de todos os benefícios do plano Digital Completo (cada revista sai por menos de R$ 9)
A partir de 35,90/mês
*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a R$ 5,99/mês.
PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Relacionado
POLÍTICA
A articulação para mudar quem define o teto de jur…
PUBLICADO
8 meses atrásem
5 de maio de 2025Nicholas Shores
O Ministério da Fazenda e os principais bancos do país trabalham em uma articulação para transferir a definição do teto de juros das linhas de consignado para o Conselho Monetário Nacional (CMN).
A ideia é que o poder de decisão sobre o custo desse tipo de crédito fique com um órgão vocacionado para a análise da conjuntura econômica.
Compõem o CMN os titulares dos ministérios da Fazenda e do Planejamento e Orçamento e da presidência do Banco Central – que, atualmente, são Fernando Haddad, Simone Tebet e Gabriel Galípolo.
A oportunidade enxergada pelos defensores da mudança é a MP 1.292 de 2025, do chamado consignado CLT. O Congresso deve instalar a comissão mista que vai analisar a proposta na próxima quarta-feira.
Uma possibilidade seria aprovar uma emenda ao texto para transferir a função ao CMN.
Hoje, o poder de definir o teto de juros das diferentes linhas de empréstimo consignado está espalhado por alguns ministérios.
Cabe ao Conselho Nacional da Previdência Social (CNPS), presidido pelo ministro da Previdência Social, Wolney Queiroz, fixar o juro máximo cobrado no consignado para pensionistas e aposentados do INSS.
A ministra da Gestão e Inovação, Esther Dweck, é quem decide o teto para os empréstimos consignados contraídos por servidores públicos federais.
Na modalidade do consignado para beneficiários do BPC-Loas, a decisão cabe ao ministro do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Wellington Dias.
Já no consignado de adiantamento do saque-aniversário do FGTS, é o ministro do Trabalho, Luiz Marinho, que tem a palavra final sobre o juro máximo.
Atualmente, o teto de juros no consignado para aposentados do INSS é de 1,85% ao mês. No consignado de servidores públicos federais, o limite está fixado em 1,80% ao mês.
Segundo os defensores da transferência da decisão para o CMN, o teto “achatado” de juros faz com que, a partir de uma modelagem de risco de crédito, os bancos priorizem conceder empréstimos nessas linhas para quem ganha mais e tem menos idade – restringindo o acesso a crédito para uma parcela considerável do público-alvo desses consignados.
Ainda de acordo com essa lógica, com os contratos de juros futuros de dois anos beirando os 15% e a regra do Banco Central que proíbe que qualquer empréstimo consignado tenha rentabilidade negativa, a tendência é que o universo de tomadores elegíveis para os quais os bancos estejam dispostos a emprestar fique cada vez menor.


Warning: Undefined variable $user_ID in /home/u824415267/domains/acre.com.br/public_html/wp-content/themes/zox-news/comments.php on line 48
You must be logged in to post a comment Login