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Cúpula COP16 da ONU aborda migração forçada e insegurança – DW – 10/12/2024
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Até 40% das terras agrícolas do mundo são já degradadoe este número piora a cada ano, de acordo com a Convenção das Nações Unidas para o Combate à Desertificação (UNCCD).
A terra não é apenas um meio de subsistência – é a alma do povo, carrega as suas histórias, sonhos e esperanças, disse o chefe da UNCCD, Ibrahim Thiaw, na abertura do COP16 conversações sobre a desertificação na cidade saudita de Riade.
No entanto, o solo fértil que outrora os sustentou está a tornar-se estéril, incapaz de sustentar as colheitas ou saciar a sede do gado, segundo especialistas, que afirmam que esta perda não é apenas uma tragédia ambiental – ela obriga milhões de pessoas a procurar refúgio noutros lugares.
Poderá a Grande Muralha Verde de África ainda impedir a desertificação?
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Recursos em declínio, populações deslocadas
De acordo com o presidente da COP16, Abderrahman Al-Fadhli, ministro saudita do Ambiente, Água e Agricultura, as secas e a degradação dos solos alimentam não só a migração rural e transfronteiriça, mas também os conflitos.
“Uma grande parte dos conflitos e instabilidades políticas relacionados com os recursos está associada à degradação da terra e à perda de recursos, que impulsionam as migrações. Estas migrações ocorrem das zonas rurais para as cidades, ou através das fronteiras, em grande parte devido às secas e à degradação da terra”, disse ele.
No norte Quêniaas famílias estão a abandonar as suas aldeias, abandonando casas dilapidadas e campos rachados para acampamentos improvisados ou cidades sobrelotadas.
Esta realidade é particularmente evidente no condado queniano de Marsabit, onde a socióloga e economista Julia Fuelscher, especialista em adaptação, presta apoio aos mais vulneráveis.
“Muitas migrações têm origem em Marsabit e Turkana para Nairobi. Algumas até deixam o país com destino a Riade, o que atrai os quenianos devido ao seu ambiente estar mais alinhado com a sua fé e necessidades”, explicou Fuelscher, que participa nas discussões em Riade.
A Bacia do Lago Chade: uma região em crise
Salimata, 33 anos, é membro da comunidade Mbororo, no Chade. A mãe de dois filhos também participa da COP16 em Riad.
“Quando as chuvas pararam, tentamos ficar. Cavamos poços mais profundos, reduzimos nossas refeições, vendemos nosso gado. Mas nada foi suficiente”, contou ela durante reunião de povos indígenas na COP16. Para Salimata e o seu marido, a decisão foi tomada rapidamente: abandonar a sua pequena aldeia.
Um dos exemplos mais marcantes das consequências da degradação dos solos pode ser encontrado na Bacia do Lago Chade, onde mais de 6 milhões de pessoas sofrerão escassez de alimentos nos próximos meses “devido ao conflito e aos efeitos da mudanças climáticas“, de acordo com estimativas humanitárias citadas pela Cruz Vermelha.
Outrora vasto, o Lago Chade perdeu 90% da sua área em poucas décadas. Nesta região, a seca e a degradação dos solos não só levam ao deslocamento da população, mas também agravam outras crises, segundo Balarabe Abbas Lawal, Ministro do Ambiente da Nigéria.
“Temos casos muito graves na região do Deserto do Saara. Deixe-me dar um exemplo claro: o Lago Chade, que é partilhado por países como Nigéria, Chade, Camarões e Níger. Este lago está quase seco, restando menos de 9% de sua área original”, disse Lawal.
“Isso ilustra perfeitamente a degradação da terra de que estamos falando. Se você visitar o local, verá que o ecossistema foi completamente perturbado”.
“Este é um grande problema no norte da Nigéria, onde a desertificação tem causado agitação, incluindo questões ligadas à Boko Haram“, acrescentou Lawal, referindo-se ao grupo extremista que lançou uma campanha insurgência na região há quase 15 anos.
O norte da Nigéria, outrora fértil, permitiu que os residentes vivessem da pesca, da agricultura e de outras atividades. Hoje, as secas recorrentes e a degradação dos solos deixaram-nos sem nada.
“Isto demonstra uma relação muito estreita entre a degradação da terra e a insegurança, particularmente na Nigéria”, enfatizou o ministro.
Refugiados nos Camarões plantam árvores para combater a desertificação
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As vulnerabilidades exacerbadas das comunidades marginalizadas
Desertificação — uma forma de degradação da terra pela qual as terras férteis perdem grande parte da sua produtividade biológica e económica, e torna-se deserto — é um dos desafios mais significativos que a Nigéria enfrenta no norte, especialmente nos estados de Borno e Yobe, bem como nas zonas fronteiriças com o Chade e partes dos Camarões.
A desertificação funciona como uma aliada silenciosa da insegurança. A instabilidade está a alastrar e os governos, muitas vezes sobrecarregados, lutam para restaurar o equilíbrio sustentável.
A perda de meios de subsistência na Bacia do Lago Chade leva a inúmeras consequências. Em alguns casos, a luta por recursos degenera em violência comunitária, manipulada por grupos armados que exploram o desespero para recrutar novos membros, disse o activista chadiano Hindou Oumarou Ibrahim.
“Com a escassez de recursos, as comunidades concentram-se em torno destes lagos, especialmente no lado chadiano. Isto causa conflitos intercomunitários”, disse Ibrahim.
“Ao mesmo tempo, o Boko Haram, activo em toda a região, tira vantagem. Às vezes oferece-se para pagar às pessoas. Para alguém que não tem cinco dólares para sobreviver um ano, é fácil aceitar qualquer coisa para preservar a sua dignidade.”
Em muitas culturas, os homens têm a responsabilidade de sustentar as suas famílias, observou Ibrahim.
“Quando já não conseguem satisfazer as necessidades das suas famílias, estão dispostos a fazer tudo para salvar a sua dignidade. Isto pode forçá-los a migrar para outras regiões, a atravessar o mar – onde muitos morrem – ou a atravessar desertos, onde alguns morrem de sede. Tenho primos que morreram no deserto por falta de água”, testemunhou ela.
Empreendedor verde do Mali luta contra a desertificação
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Um apelo à ação global
Confrontado com estes desafios, o chefe da UNCCD, Thiaw, apelou a uma acção imediata.
“Quando você é médico e chega um paciente sangrando, a primeira coisa a fazer é estancar a hemorragia. É preciso, portanto, estancar a degradação do solo. Depois, é preciso fazer um torniquete e procurar curar a ferida”.
Para Thiaw, restaurar terras é uma forma de curar as feridas infligidas ao planeta. Apelou a uma maior mobilização financeira para a restauração de terras, a produção agrícola, a segurança alimentar e a redução das migrações e dos conflitos.
Iniciativas como a Grande Muralha Verdeque visa restaurar milhões de hectares de terras degradadas em África, demonstram que é possível inverter a tendência e manter as populações nas suas localidades.
No entanto, estes projetos requerem um aumento de financiamento, que ainda demora a concretizar-se.
Editado por: Keith Walker
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Aperfeiçoamento em cuidado pré-natal é encerrado na Ufac — Universidade Federal do Acre
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12 de novembro de 2025A Ufac realizou o encerramento do curso de aperfeiçoamento em cuidado pré-natal na atenção primária à saúde, promovido pela Pró-Reitoria de Extensão e Cultura (Proex), Secretaria de Estado de Saúde do Acre (Sesacre) e Secretaria Municipal de Saúde de Rio Branco (Semsa). O evento, que ocorreu nessa terça-feira, 11, no auditório do E-Amazônia, campus-sede, marcou também a primeira mostra de planos de intervenção que se transformaram em ações no território, intitulada “O Cuidar que Floresce”.
Com carga horária de 180 horas, o curso qualificou 70 enfermeiros da rede municipal de saúde de Rio Branco, com foco na atualização das práticas de cuidado pré-natal e na ampliação da atenção às gestantes de risco habitual. A formação teve início em março e foi conduzida em formato modular, utilizando metodologias ativas de aprendizagem.
Representando a reitora da Ufac, Guida Aquino, o diretor de Ações de Extensão da Proex, Gilvan Martins, destacou o papel social da universidade na formação continuada dos profissionais de saúde. “Cada cursista leva consigo o conhecimento científico que foi compartilhado aqui. Esse é o compromisso da Ufac: transformar o saber em ação, alcançando as comunidades e contribuindo para a melhoria da assistência às mulheres atendidas nas unidades.”
A coordenadora do curso, professora Clisângela Lago Santos, explicou que a iniciativa nasceu de uma demanda da Sesacre e foi planejada de forma inovadora. “Percebemos que o modelo tradicional já não surtia o efeito esperado. Por isso, pensamos em um formato diferente, com módulos e metodologias ativas. Foi a nossa primeira experiência nesse formato e o resultado foi muito positivo.”
Para ela, a formação representa um esforço conjunto. “Esse curso só foi possível com o envolvimento de professores, residentes e estudantes da graduação, além do apoio da Rede Alyne e da Sesacre”, disse. “Hoje é um dia de celebração, porque quem vai sentir os resultados desse trabalho são as gestantes atendidas nos territórios.”
Representando o secretário municipal de Saúde, Rennan Biths, a diretora de Políticas de Saúde da Semsa, Jocelene Soares, destacou o impacto da qualificação na rotina dos profissionais. “Esse curso veio para aprimorar os conhecimentos de quem está na ponta, nas unidades de saúde da família. Sei da dedicação de cada enfermeiro e fico feliz em ver que a qualidade do curso está se refletindo no atendimento às nossas gestantes.”
A programação do encerramento contou com uma mostra cultural intitulada “O Impacto da Formação na Prática dos Enfermeiros”, que reuniu relatos e produções dos participantes sobre as transformações promovidas pelo curso em suas rotinas de trabalho. Em seguida, foi realizada uma exposição de banners com os planos de intervenção desenvolvidos pelos cursistas, apresentando as ações implementadas nos territórios de saúde.
Também participaram do evento o coordenador da Rede Alyne, Walber Carvalho, representando a Sesacre; a enfermeira cursista Narjara Campos; além de docentes e residentes da área de saúde da mulher da Ufac.
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CAp promove minimaratona com alunos, professores e comunidade — Universidade Federal do Acre
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11 de novembro de 2025O Colégio de Aplicação (CAp) da Ufac realizou uma minimaratona com participação de estudantes, professores, técnico-administrativos, familiares e ex-alunos. A atividade é um projeto de extensão pedagógico interdisciplinar, chamado Maracap, que está em sua 11ª edição. Reunindo mais de 800 pessoas, o evento ocorreu em 25 de outubro, no campus-sede da Ufac.
Idealizado e coordenado pela professora de Educação Física e vice-diretora do CAp, Alessandra Lima Peres de Oliveira, o projeto promove a saúde física e social no ambiente estudantil, com caráter competitivo e formativo, integrando diferentes áreas do conhecimento e estimulando o espírito esportivo e o convívio entre gerações. A minimaratona envolve alunos dos ensinos fundamental e médio, do 6º ano à 3ª série, com classificação para o 1º, 2º e 3º lugar em cada categoria.
“O Maracap é muito mais do que uma corrida. Ele representa a união da nossa comunidade em torno de valores como disciplina, cooperação e respeito”, disse Alessandra. “É também uma proposta de pedagogia de inclusão do esporte no currículo escolar, que desperta nos estudantes o prazer pela prática esportiva e pela vida saudável.”
O pró-reitor de Extensão e Cultura, Carlos Paula de Moraes, ressaltou a importância do projeto como uma ação de extensão universitária que conecta a Ufac à sociedade. “Projetos como o Maracap mostram como a extensão universitária cumpre seu papel de integrar a universidade à comunidade. O Colégio de Aplicação é um espaço de formação integral e o esporte é uma poderosa ferramenta para o desenvolvimento humano, social e educacional.”
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Semana de Letras/Português da Ufac tematiza ‘língua pretuguesa’ — Universidade Federal do Acre
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11 de novembro de 2025O curso e o Centro Acadêmico de Letras/Português da Ufac iniciaram, nessa segunda-feira, 10, no anfiteatro Garibaldi Brasil, sua 24ª Semana Acadêmica, com o tema “Minha Pátria é a Língua Pretuguesa”. O evento é dedicado à reflexão sobre memória, decolonialidade e as relações históricas entre o Brasil e as demais nações de língua portuguesa. A programação segue até sexta-feira, 14, com mesas-redondas, intervenções artísticas, conferências, minicursos, oficinas e comunicações orais.
Na abertura, o coordenador da semana acadêmica, Henrique Silvestre Soares, destacou a necessidade de ligar a celebração da língua às lutas históricas por soberania e justiça social. Segundo ele, é importante que, ao celebrar a Semana de Letras e a independência dos países africanos, se lembre também que esses países continuam, assim como o Brasil, subjugados à força de imperialismos que conduzem à pobreza, à violência e aos preconceitos que ainda persistem.
O pró-reitor de Extensão e Cultura, Carlos Paula de Moraes, salientou o compromisso ético da educação e reforçou que a universidade deve assumir uma postura crítica diante da realidade. “A educação não é imparcial. É preciso, sim, refletir sobre essas questões, é preciso, sim, assumir o lado da história.”
A pró-reitora de Graduação, Ednaceli Damasceno, ressaltou a força do tema proposto. Para ela, o assunto é precioso por levar uma mensagem forte sobre o papel da universidade na sociedade. “Na própria abertura dos eventos na faculdade, percebemos o que ocorre ao nosso redor e que não podemos mais tratar como aula generalizada ou naturalizada”, observou.
O diretor do Centro de Educação, Letras e Artes (Cela), Selmo Azevedo Pontes, reafirmou a urgência do debate proposto pela semana. Ele lembrou que, no Brasil, as universidades estiveram, durante muitos anos, atreladas a um projeto hegemônico. “Diziam que não era mais urgente nem necessário, mas é urgente e necessário.”
Também estiveram presentes na cerimônia de abertura o vice-reitor, Josimar Batista Ferreira; o coordenador de Letras/Português, Sérgio da Silva Santos; a presidente do Cela, Thaís de Souza; e a professora do Laboratório de Letras, Jeissyane Furtado da Silva.
(Camila Barbosa, estagiária Ascom/Ufac)
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