MUNDO
‘De um inferno a outro’ – DW – 17/01/2025

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5 meses atrásem
Kim Janas não deixa dúvidas sobre suas experiências como ginasta de elite na Alemanha.
“Do ponto de vista humano, foi absolutamente horrível”, disse ela à DW.
Identificada como uma futura estrela, Janas cresceu treinando no centro de elite de sua cidade natal, Halle, no leste da Alemanha. Foi lá que ela logo descobriu o lado negro de seu amado esporte.
“Quando eu tinha oito ou nove anos, disseram-me que eu era gordo demais”, disse Janas. “Disseram-me que eu tinha uma bola medicinal no estômago que precisava ser eliminada e que fui proibido de comer e até mesmo (beber) água, porque contém carboidratos.”
Janas, agora com 25 anos, é uma entre uma dúzia de ex- Ginastas alemãs que tornaram públicas as suas histórias de abusos, com o desporto no país mais uma vez a enfrentar um acerto de contas, como aconteceu após um escândalo em torno do centro de treino olímpico de Chemnitz em 2020.
A última onda de denúncias, inicialmente feitas nas redes sociais, foi aparentemente desencadeada pela aposentadoria surpresa de Meolie Jauch, de 17 anos, no final do ano passado. Jauch treinou em Stuttgart, onde supostamente ocorreu grande parte dos abusos.
Num comunicado de 31 de dezembro, a Federação Alemã de Ginástica (DTB) disse que estava investigando as queixas e que havia tomado “medidas” não especificadas, com a mídia local noticiando que dois treinadores de Stuttgart haviam sido suspensos.
Alegações de abuso generalizadas
As ginastas revelaram um catálogo de maus-tratos e problemas de saúde, incluindo ser ameaçado e humilhado; desenvolver transtornos alimentares; e treinando com ossos quebrados.
Janas diz que também sentiu dores durante o treino, mas foi deixada de lado depois de sofrer a primeira de três rupturas no ligamento cruzado.
“Fui derrubado como uma batata quente, porque ninguém pensou que eu poderia voltar e competir com uma ruptura no ligamento cruzado”, disse o ex-campeão juvenil alemão.
“Eu basicamente não valia mais nada para o meu treinador. E então você pensa: ‘Ah, a lesão é minha culpa?’ Você continua se culpando repetidamente e, em algum momento, isso o destrói completamente.”
Aos 14 anos e já não se sentindo bem-vindo em Halle, Janas mudou-se para o centro de treino olímpico de Estugarda. Ela diz que a mudança foi a melhor decisão para sua carreira na ginástica, mas agora, pensando bem, reconhece que também foi afetada pelo tratamento lá.
“Fiz a comparação de que passei de um inferno para um inferno melhor”, disse ela.
“Sabemos que o desporto competitivo exige ir além dos limites. Mas isso não significa que as crianças devam ser abusadas psicologicamente, porque isso aconteceu comigo em Halle e em Estugarda.”
‘Eu tentei fazer alguma coisa’
Michelle Timm conta uma história semelhante.
Produto do sistema de Stuttgart, ela diz que foi forçada a treinar quando estava lesionada, mas normalizou essas práticas, acreditando que não valia a pena dizer nada por causa da “influência” que seus treinadores tinham sobre ela.
“Acontece que você começa tão jovem e depende tanto desses treinadores que simplesmente não percebe”, disse o ex-membro da seleção alemã à DW.
“Quando você sai dessa bolha e consegue olhar para ela de fora, você realmente percebe que muitas coisas não estavam certas.”
Desde que abandonou a ginástica de elite em 2022, Timm tem treinado um grupo de meninos de sete a nove anos, dividindo a sala de treinamento em Stuttgart com a seleção feminina e testemunhando os mesmos problemas que ela mesma enfrentou.
Isso levou a jovem de 27 anos a escrever ao DTB em outubro de 2024, levantando as suas preocupações.
“Tive que avaliar se conseguiria viver vendo essas coisas e não fazer nada”, disse ela. “No final, isso não me deixou em paz. E foi por isso que tentei fazer alguma coisa.”
Apesar de receber um telefonema inicial, Timm sentiu que suas preocupações não foram abordadas.
A prometida ‘mudança cultural’ aconteceu?
Na sequência do escândalo de Chemnitz, a DTB prometeu uma “mudança cultural”, prometendo, entre outras coisas, ter em conta as necessidades dos jovens ginastas. Tendo indicado que os problemas iam além de Chemnitz, a organização criou um grupo de trabalho para analisar outros centros de formação na Alemanha. No entanto, os resultados nunca foram publicados, tendo o DTB admitido anteriormente que nenhum outro treinador tinha sido sancionado.
No que diz respeito aos que fazem as últimas alegações, o que poderia parecer bom no papel não se traduziu em mudanças reais. Só agora, dizem eles, houve uma reação.
“O lado positivo é que está a receber muita atenção, porque é claro que agora está a forçar as pessoas a agir”, disse Timm. “E devo dizer que não acho que isso teria acontecido de outra forma.”
Numa resposta escrita a uma consulta da DW, o DTB disse ter ficado “chocado” com os relatórios individuais, ao mesmo tempo que insistiu que as reformas que introduziu em 2021 “alcançaram mudanças e melhorias importantes”.
“As declarações atuais mostram que ainda não atingimos os nossos objetivos”, afirmou o DTB. “Devemos reconhecer que leva tempo para que mudanças de atitude e mentalidade se tornem parte do treino diário. Estamos muito conscientes de que seremos julgados pela forma como lidamos com as actuais acusações. Esta é a única forma de conseguirmos manter e reconquistar a confiança.”
Esperanças para o futuro
Apesar de tudo, Timm diz que está esperançosa para o futuro – com uma ressalva.
“Tem que haver regras muito claras, para que todos saibam em que direção vamos e como queremos desafiar e apoiar as crianças em conjunto, sem derrubá-las”, disse ela. “Definitivamente deveria haver consequências para as coisas que deram errado.”
Para Janas, isso não precisa envolver a demissão de dirigentes ou treinadores, mas sim que eles “demonstrem remorso” pelo que aconteceu.
“Eles precisam estar realmente interessados em mudar as coisas e, acima de tudo, parar de encobrir as coisas”, disse Janas. “Porque é precisamente este encobrimento que leva a este círculo vicioso onde as pessoas dizem: ‘Não sabíamos de nada’.
“O que eu realmente gostaria é que as crianças se divertissem novamente, para que não viessem para a academia e imediatamente começassem a chorar e a sentir medo de interagir com seus treinadores. acabar quebrado e dizer: ‘Não sei quem sou ou o que quero. Por que estou vivo?’
Editado por: Chuck Penfold
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MUNDO
Mulher alimenta pássaros livres na janela do apartamento e tem o melhor bom dia, diariamente; vídeo

PUBLICADO
1 mês atrásem
26 de maio de 2025
Todos os dias de manhã, essa mulher começa a rotina com uma cena emocionante: alimenta vários pássaros livres que chegam à janela do apartamento dela, bem na hora do café. Ela gravou as imagens e o vídeo é tão incrível que já acumula mais de 1 milhão de visualizações.
Cecilia Monteiro, de São Paulo, tem o mesmo ritual. Entre alpiste e frutas coloridas, ela conversa com as aves e dá até nomes para elas.
Nas imagens, ela aparece espalhando delicadamente comida para os pássaros, que chegam aos poucos e transformam a janela num pedacinho de floresta urbana. “Bom dia. Chegaram cedinho hoje, hein?”, brinca Cecilia, enquanto as aves fazem a festa com o banquete.
Amor e semente
Todos os dias Cecilia acorda e vai direto preparar a comida das aves livres.
Ela oferece porções de alpiste e frutas frescas e arruma tudo na borda da janela para os pequenos visitantes.
E faz isso com tanto amor e carinho que a gratidão da natureza é visível.
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Cantos de agradecimento
E a recompensa vem em forma de asas e cantos.
Maritacas, sabiás, rolinha e até uma pomba muito ousada resolveu participar da festa.
O ambiente se transforma com todas as aves cantando e se deliciando.
Vai dizer que essa não é a melhor forma de começar o dia?
Liberdade e confiança
O que mais chama a atenção é a relação de respeito entre a mulher e as aves.
Nada de gaiolas ou cercados. Os pássaros vêm porque querem. E voltam porque confiam nela.
“Podem vir, podem vir”, diz ela na legenda do vídeo.
Internautas apaixonados
O vídeo se tornou viral e emocionou milhares de pessoas nas redes sociais.
Os comentários vão de elogios carinhosos a relatos de seguidores que se sentiram inspirados a fazer o mesmo.
“O nome disso é riqueza! De alma, de vida, de generosidade!”, disse um.
“Pra mim quem conquista os animais assim é gente de coração puro, que benção, moça”, compartilhou um segundo.
Olha que fofura essa janela movimentada, cheia de aves:
Cecila tem a mesma rotina todos os dias. Põe comida para os pássaros livres na janela do apartamento dela em SP. – Foto: @cecidasaves/TikTok
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Cavalos ajudam dependentes químicos a se reconectar com a vida, emprego e família

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1 mês atrásem
26 de maio de 2025
O poder sensorial dos cavalos e de conexão com seres humanos é incrível. Tanto que estão ajudando dependentes químicos a se reconectar com a família, a vida e trabalho nos Estados Unidos. Até agora, mais de 110 homens passaram com sucesso pelo programa.
No Stable Recovery, em Kentucky, os cavalos imensos parecem intimidantes, mas eles estão ali para ajudar. O projeto ousado, criado por Frank Taylor, coloca os homens em contato direto com os equinos para desenvolverem um senso de responsabilidade e cuidado.
“Eu estava simplesmente destruído. Eu só queria algo diferente, e no dia em que entrei neste estábulo e comecei a trabalhar com os cavalos, senti que eles estavam curando minha alma”, contou Jaron Kohari, um dos pacientes.
Ideia improvável
Os pacientes chegam ali perdidos, mas saem com emprego, dignidade e, muitas vezes, de volta ao convívio com aqueles que amam.
“Você é meio egoísta e esses cavalos exigem sua atenção 24 horas por dia, 7 dias por semana, então isso te ensina a amar algo e cuidar dele novamente”, disse Jaron Kohari, ex-mineiro de 36 anos, em entrevista à AP News.
O programa nasceu da cabeça de Frank, criador de cavalos puro-sangue e dono de uma fazenda tradicional na indústria de corridas. Ele, que já foi dependente em álcool, sabe muito bem como é preciso dar uma chance para aqueles que estão em situação de vulnerabilidade.
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A ideia
Mas antes de colocar a iniciativa em prática, precisou convencer os irmãos a deixar ex-viciados lidarem com animais avaliados em milhões de dólares.“Frank, achamos que você é louco”, disse a família dele.
Mesmo assim, ele não desistiu e conseguiu a autorização para tentar por 90 dias. Se algo desse errado, o programa seria encerrado imediatamente.
E o melhor aconteceu.
A recuperação
Na Stable Recovery, os participantes acordam às 4h30, participam de reuniões dos Alcoólicos Anônimos e trabalham o dia inteiro cuidando dos cavalos.
Eles escovam, alimentam, limpam baias, levam aos pastos e acompanham as visitas de veterinários aos animais.
À noite, cozinham em esquema revezamento e vão dormir às 21h.
Todo o programa dura um ano, e isso permite que os participantes se tornem amigos, criem laços e fortaleçam a autoestima.
“Em poucos dias, estando em um estábulo perto de um cavalo, ele está sorrindo, rindo e interagindo com seus colegas. Um cara que literalmente não conseguia levantar a cabeça e olhar nos olhos já está se saindo melhor”, disse Frank.
Cavalos que curam
Os cavalos funcionam como espelhos dos tratadores. Se o homem está tenso, o cavalo sente. Se está calmo, ele vai retribuir.
Frank, o dono, chegou a investir mais de US$ 800 mil para dar suporte aos pacientes.
Ao olhar tantas vidas que ele já ajudou a transformar, ele diz que não se arrepende de nada.
“Perdemos cerca de metade do nosso dinheiro, mas apesar disso, todos aqueles caras permaneceram sóbrios.”
A gente aqui ama cavalos. E você?
A rotina com os animais é puxada, mas a recompensa é enorme. – Foto: AP News
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Resgatado brasileiro que ficou preso na neve na Patagônia após seguir sugestão do GPS

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1 mês atrásem
26 de maio de 2025
Cuidado com as sugestões do GPS do seu carro. Este brasileiro, que ficou preso na neve na Patagônia, foi resgatado após horas no frio. Ele seguiu as orientações do navegador por satélite e o carro acabou atolado em uma duna de neve. Sem sinal de internet para pedir socorro, teve que caminhar durante horas no frio de -10º C, até que foi salvo pela polícia.
O progframador Thiago Araújo Crevelloni, de 38 anos, estava sozinho a caminho de El Calafate, no dia 17 de maio, quando tudo aconteceu. Ele chegou a pensar que não sairia vivo.
O resgate só ocorreu porque a anfitriã da pousada onde ele estava avisou aos policiais sobre o desaparecimento do Thiago. Aí começaram as buscas da polícia.
Da tranquilidade ao pesadelo
Thiago seguia viagem rumo a El Calafate, após passar por Mendoza, El Bolsón e Perito Moreno.
Cruzar a Patagônia de carro sempre foi um sonho para ele. Na manhã do ocorrido, nevava levemente, mas as estradas ainda estavam transitáveis.
A antiga Rota 40, por onde ele dirigia, é famosa pelas paisagens e pela solidão.
Segundo o programador, alguns caminhões passavam e havia máquinas limpando a neve.
Tudo parecia seguro, até que o GPS sugeriu o desvio que mudou tudo.
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Caminho errado
Thiago seguiu pela rota alternativa e, após 20 km, a neve ficou mais intensa e o vento dificultava a visibilidade.
“Até que, numa curva, o carro subiu em uma espécie de duna de neve que não dava para distinguir bem por causa do vento branco. Tudo era branco, não dava para ver o que era estrada e o que era acúmulo de neve. Fiquei completamente preso”, contou em entrevista ao G1.
Ele tentou desatolar o veículo com pedras e ferramentas, mas nada funcionava.
Caiu na neve
Sem ajuda por perto, exausto, encharcado e com muito frio, Thiago decidiu caminhar até a estrada principal.
Mesmo fraco, com fome e mal-estar, colocou uma mochila nas costas e saiu por volta das 17h.
Após mais de cinco horas de caminhada no escuro e com o corpo congelando, ele caiu na neve.
“Fiquei deitado alguns minutos, sozinho, tentando recuperar energia. Consegui me levantar e segui, mesmo sem saber quanta distância faltava.”
Luz no fim do túnel
Sem saber quanto tempo faltava para a estrada principal, Thiago se levantou e continuou a caminhada.
De repente, viu uma luz. No início, o programador achou que estava alucinando.
“Um pouco depois, ao olhar para trás em uma reta infinita, vi uma luz. Primeiro achei que estava vendo coisas, mas ela se aproximava. Era uma viatura da polícia com as luzes acesas. Naquele momento senti um alívio que não consigo descrever. Agitei os braços, liguei a lanterna do celular e eles me viram”, disse.
A gentileza dos policiais
Os policiais ofereceram água, comida e agasalhos.
“Falaram comigo com uma ternura que me emocionou profundamente. Me levaram ao hospital, depois para um hotel. Na manhã seguinte, com a ajuda de um guincho, consegui recuperar o carro”, agradeceu o brasileiro.
Apesar do susto, ele se recuperou e decidiu manter a viagem. Afinal, era o sonho dele!
Veja como foi resgatado o brasileiro que ficou preso na neve na Patagônia:
Thiago caminhou por 5 horas no frio até ser encontrado. – Foto: Thiago Araújo Crevelloni
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