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documento do Brasil passa no G20; Milei contra Agenda 2030

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O Brasil aprovou, nesta segunda-feira (18), com “consenso” entre todos os membros, o documento final proposto pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na cúpula do G20. Apesar de divulgar uma lista de ressalvas, o presidente da Argentina, Javier Milei, aderiu à declaração final. Devido às discordâncias anunciadas, havia a dúvida sobre a concordância por parte dele. Segundo Milei, o governo argentino aceitou aderir ao texto, mas o país se dissociou “parcialmente de todo o conteúdo vinculado à Agenda 2030”.

Além disso, o governo argentino deixou claras as suas posições contra a limitação da liberdade de expressão nas redes sociais e ainda as ressalvas sobre a intervenção estatal ser encarada como forma de se combater a fome. Integrantes do governo Lula admitem que foram justamente os impasses colocados na mesa pela Argentina que provocaram os maiores embates no G20. O presidente brasileiro esteve com Milei pela primeira vez na abertura da cúpula e o encontro foi marcado apenas por um aperto de mão formal entre os dois.

“Sem obstaculizar a declaração dos outros líderes, o presidente Javier Milei deixou claro na sua participação no G20 que não apoia vários pontos da declaração, entre eles: a promoção da limitação da liberdade de expressão nas redes sociais, o esquema de imposição e vulnerabilização da soberania das instituições de governança global, o tratamento desigual perante a lei e, especialmente, a noção de que uma maior intervenção estatal é a forma de combater a fome”, disse o governo argentino.

Diante disso, havia um temor por parte do Palácio do Planalto de que Milei, por exemplo, não assinasse a declaração conjunta final, o que representaria uma derrota para a diplomacia de Lula. Desde o início das negociações entre os países, a diplomacia argentina também vinha questionando a inclusão de menções sobre os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) no documento final da cúpula do G20.

“Organizações e fóruns internacionais como o G-20 foram criados no espírito de que todas as nações envolvidas pudessem unir-se para cooperar voluntariamente, como iguais e de forma autônoma, para, entre outras coisas, salvaguardar os direitos básicos das pessoas”, informou o gabinete de Milei.

Agenda 2030

Milei se opõe à Agenda 2030 da ONU, que tem 17 metas adotadas em 2015, as quais, segundo a ONU, teriam como objetivo promover a sustentabilidade, erradicar a pobreza e proteger o planeta até o final da década. Em setembro, durante seu discurso na Assembleia-Geral da ONU, o presidente argentino já havia feito um pronunciamento focado em críticas ao que chamou de agenda ideológica.

À época, ele disse que a Agenda 2030 se tratava de um “programa supranacional de natureza socialista, que pretende resolver os problemas da modernidade com soluções que atentam contra a soberania dos Estados e que violentam o direito da vida”. 

Matéria da Gazeta do Povo, publicada em 2022, mostrou que a lista reúne objetivos genéricos, como “erradicar a pobreza e a fome”, “educação e saúde de qualidade”, “crescimento econômico”, e outros bastante controversos, que geralmente escondem “armadilhas”, como “igualdade de gênero” e “ação climática”.

A reportagem ainda salientou que o documento menciona explicitamente a aplicação do acesso das mulheres à educação sexual e a métodos de proteção contra DSTs e gestações indesejadas, no âmbito do que é chamado de saúde sexual e direitos reprodutivos. Não há menção explícita ao aborto, mas se sabe que a prática é considerada um desses “direitos” pela Organização Mundial da Saúde (OMS), um dos braços da ONU.

Brasil manteve trecho sobre taxação dos “super-ricos”

Outro entrave que havia sido colocado à mesa pela Argentina dizia respeito ao ponto do texto final que trata sobre a proposta da taxação dos super-ricos. Os integrantes da diplomacia argentina vinham se opondo desde o início do avento à inclusão desse ponto no texto.

Para aliados do Planalto, a resistência do presidente da Argentina é vista como uma sinalização ao presidente eleito dos EUA, Donald Trump. O republicano já anunciou que pretende prorrogar os cortes de imposto de renda – inclusive para os super-ricos – e taxas sobre empresas que implementou em 2017. 

Em julho, durante encontro de ministros da Fazenda e equivalentes do G20, o Brasil negociou um texto que reafirmava o compromisso dos países com a promoção do “diálogo global sobre tributação justa e progressiva”, incluindo “indivíduos com patrimônio líquido ultra-elevado”.

Paralelamente, a diplomacia brasileira alegou que a proposta da taxação dos super-ricos teve “ampla adesão” entres os demais países. Desde então, o governo brasileiro vinha atuando para não ceder sobre as demandas da Argentina e optou por manter a menção à “taxação dos super-ricos” no documento final.

O grupo conta com as 19 maiores economias do mundo, mais União Europeia e a União Africana e segue reunido no Rio de Janeiro até esta terça-feira (19). 

Declaração final do G20

O documento da declaração final do G20 tem 22 páginas e está dividido em 85 tópicos. Os chefes de Estado se comprometeram a “aproveitar o potencial das tecnologias digitais e emergentes para reduzir as desigualdades”. No entanto, destacaram que o avanço das novas tecnologias “impactaram dramaticamente a velocidade, a escala e o alcance da desinformação não intencional e intencional, discurso de ódio e de outras formas de danos online”.

Além do tema da taxação dos super-ricos, o texto aborda ainda questões como as guerras em curso, big techs e regulação da IA, reforma das instituições de Governança Global, inclusão social, energia renovável, entre outros temas.

O grupo fez um apelo para que as big techs respeitem os marcos regulatórios. “Enfatizamos a necessidade de transparência e responsabilidade das plataformas digitais, em linha com as políticas relevantes e os marcos legais aplicáveis, e trabalharemos com as plataformas e as partes interessadas pertinentes a esse respeito”, diz a declaração.

O G20 também declarou apoio a um “cessar-fogo abrangente” na Faixa de Gaza e no Líbano e expressou “profunda preocupação com a situação humanitária catastrófica” na região com a escalada da ofensiva de Israel. Os chefes de Estado enfatizaram a “necessidade urgente de expandir o fluxo de assistência humanitária e reforçar a proteção de civis e exigir a remoção de todas as barreiras à prestação de assistência humanitária em escala”.

O texto também destaca a possibilidade de reforma na governança global para aumentar a representatividade de países emergentes em órgãos internacionais como o Conselho de Segurança da ONU.

Confira a íntegra da declaração final do G20.

Milei aderiu de última hora à aliança contra a fome 

Além das discussões entre os dois países sobre o documento final da cúpula do G20, os diplomatas já haviam travado embate sobre a participação da Argentina na Aliança Global contra a Fome e a Pobreza. Essa era tida pelo Palácio do Planalto como a principal iniciativa do governo Lula no fórum.  

A confirmação por parte de Milei só aconteceu depois que o presidente brasileiro já havia anunciado que 81 países tinham aderido ao documento. Aderir à aliança significa que os países anunciaram compromissos para reduzir a fome e a pobreza — a maioria, no âmbito nacional.  

Com a adesão da Argentina, o número de integrantes do pacto passou para 82. Outros países também prometeram conceder recursos para auxiliar na implementação de políticas públicas em regiões em desenvolvimento. 

“Compete aos que estão aqui em volta desta mesa a inadiável tarefa de acabar com essa chaga que envergonha a humanidade. Por isso, colocamos como objetivo central da presidência brasileira no G-20 o lançamento de uma Aliança Global contra a Fome e a Pobreza”, disse Lula em seu discurso. 

Por outro lado, Milei disse ter uma posição clara sobre o tema. “Se queremos lutar contra a fome e erradicar a pobreza, a solução é correr para o Estado médio ”, disse o presidente argentino.

“Devemos desregulamentar a atividade econômica para libertar o mercado e facilitar o comércio, e que a troca voluntária de bens e serviços é o que traz prosperidade. O capitalismo de mercado livre já tirou 90% da população mundial da pobreza extrema e duplicou a esperança de vida”, completou Milei.

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Ufac recebe 3 micro-ônibus por emenda do deputado Roberto Duarte — Universidade Federal do Acre

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Ufac recebe 3 micro-ônibus por emenda do deputado Roberto Duarte — Universidade Federal do Acre

A Ufac recebeu três micro-ônibus provenientes de emenda parlamentar no valor de R$ 8 milhões, alocadas pelo deputado federal Roberto Duarte (Republicanos-AC) em 2024. A entrega ocorreu nessa quinta-feira, 13, no estacionamento A do campus-sede. Os veículos foram estacionados em frente ao bloco da Reitoria, dois ficarão no campus-sede e um irá para o campus Floresta, em Cruzeiro do Sul.

“É sem dúvida o melhor momento para a gestão, entregar melhorias para a universidade”, disse a reitora Guida Aquino. “Quero agradecer imensamente ao deputado Roberto Duarte.” Ela ressaltou outros investimentos provindos dessa emenda. “Serão três cursos de graduação na interiorização.”

Duarte disse que este ano alocou mais R$ 2 milhões para a universidade e enfatizou que os micro-ônibus contribuirão para mobilidade dos alunos e professores da instituição. “Também virá uma van, mais cursos que vamos fazer no interior do Estado do Acre, o que vai ajudar muito a população acreana. Estamos muitos felizes, satisfeitos e honrados em poder contribuir e ajudar cada vez mais no desenvolvimento da Universidade Federal do Acre, que só nos dá orgulho.”

 



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Aperfeiçoamento em cuidado pré-natal é encerrado na Ufac — Universidade Federal do Acre

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Aperfeiçoamento em cuidado pré-natal é encerrado na Ufac — Universidade Federal do Acre

A Ufac realizou o encerramento do curso de aperfeiçoamento em cuidado pré-natal na atenção primária à saúde, promovido pela Pró-Reitoria de Extensão e Cultura (Proex), Secretaria de Estado de Saúde do Acre (Sesacre) e Secretaria Municipal de Saúde de Rio Branco (Semsa). O evento, que ocorreu nessa terça-feira, 11, no auditório do E-Amazônia, campus-sede, marcou também a primeira mostra de planos de intervenção que se transformaram em ações no território, intitulada “O Cuidar que Floresce”.

Com carga horária de 180 horas, o curso qualificou 70 enfermeiros da rede municipal de saúde de Rio Branco, com foco na atualização das práticas de cuidado pré-natal e na ampliação da atenção às gestantes de risco habitual. A formação teve início em março e foi conduzida em formato modular, utilizando metodologias ativas de aprendizagem.

Representando a reitora da Ufac, Guida Aquino, o diretor de Ações de Extensão da Proex, Gilvan Martins, destacou o papel social da universidade na formação continuada dos profissionais de saúde. “Cada cursista leva consigo o conhecimento científico que foi compartilhado aqui. Esse é o compromisso da Ufac: transformar o saber em ação, alcançando as comunidades e contribuindo para a melhoria da assistência às mulheres atendidas nas unidades.” 

A coordenadora do curso, professora Clisângela Lago Santos, explicou que a iniciativa nasceu de uma demanda da Sesacre e foi planejada de forma inovadora. “Percebemos que o modelo tradicional já não surtia o efeito esperado. Por isso, pensamos em um formato diferente, com módulos e metodologias ativas. Foi a nossa primeira experiência nesse formato e o resultado foi muito positivo.”

Para ela, a formação representa um esforço conjunto. “Esse curso só foi possível com o envolvimento de professores, residentes e estudantes da graduação, além do apoio da Rede Alyne e da Sesacre”, disse. “Hoje é um dia de celebração, porque quem vai sentir os resultados desse trabalho são as gestantes atendidas nos territórios.” 

Representando o secretário municipal de Saúde, Rennan Biths, a diretora de Políticas de Saúde da Semsa, Jocelene Soares, destacou o impacto da qualificação na rotina dos profissionais. “Esse curso veio para aprimorar os conhecimentos de quem está na ponta, nas unidades de saúde da família. Sei da dedicação de cada enfermeiro e fico feliz em ver que a qualidade do curso está se refletindo no atendimento às nossas gestantes.”

A programação do encerramento contou com uma mostra cultural intitulada “O Impacto da Formação na Prática dos Enfermeiros”, que reuniu relatos e produções dos participantes sobre as transformações promovidas pelo curso em suas rotinas de trabalho. Em seguida, foi realizada uma exposição de banners com os planos de intervenção desenvolvidos pelos cursistas, apresentando as ações implementadas nos territórios de saúde. 

Também participaram do evento o coordenador da Rede Alyne, Walber Carvalho, representando a Sesacre; a enfermeira cursista Narjara Campos; além de docentes e residentes da área de saúde da mulher da Ufac.

 



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CAp promove minimaratona com alunos, professores e comunidade — Universidade Federal do Acre

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CAp promove minimaratona com alunos, professores e comunidade — Universidade Federal do Acre

O Colégio de Aplicação (CAp) da Ufac realizou uma minimaratona com participação de estudantes, professores, técnico-administrativos, familiares e ex-alunos. A atividade é um projeto de extensão pedagógico interdisciplinar, chamado Maracap, que está em sua 11ª edição. Reunindo mais de 800 pessoas, o evento ocorreu em 25 de outubro, no campus-sede da Ufac.

Idealizado e coordenado pela professora de Educação Física e vice-diretora do CAp, Alessandra Lima Peres de Oliveira, o projeto promove a saúde física e social no ambiente estudantil, com caráter competitivo e formativo, integrando diferentes áreas do conhecimento e estimulando o espírito esportivo e o convívio entre gerações. A minimaratona envolve alunos dos ensinos fundamental e médio, do 6º ano à 3ª série, com classificação para o 1º, 2º e 3º lugar em cada categoria. 

“O Maracap é muito mais do que uma corrida. Ele representa a união da nossa comunidade em torno de valores como disciplina, cooperação e respeito”, disse Alessandra. “É também uma proposta de pedagogia de inclusão do esporte no currículo escolar, que desperta nos estudantes o prazer pela prática esportiva e pela vida saudável.”

O pró-reitor de Extensão e Cultura, Carlos Paula de Moraes, ressaltou a importância do projeto como uma ação de extensão universitária que conecta a Ufac à sociedade. “Projetos como o Maracap mostram como a extensão universitária cumpre seu papel de integrar a universidade à comunidade. O Colégio de Aplicação é um espaço de formação integral e o esporte é uma poderosa ferramenta para o desenvolvimento humano, social e educacional.”

 



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