NOSSAS REDES

MUNDO

Duas abordagens de psicoterapia são eficazes para insônia – 10/10/2024 – Equilíbrio

PUBLICADO

em

Maria Fernanda Ziegler

Estudo conduzido na USP (Universidade de São Paulo) com 227 voluntários avaliou a eficácia de duas abordagens distintas de psicoterapia no tratamento da insônia.

Os resultados, divulgados no Journal of Consulting and Clinical Psychology, indicam que a chamada Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC), cujo foco está em trabalhar comportamentos e pensamentos relacionados ao sono, apresentou efeitos mais rápidos. Já a Terapia de Aceitação e Compromisso (ACT), que visa ampliar a flexibilidade psicológica do indivíduo, teve efeitos melhores depois de alguns meses de tratamento, mesmo na ausência de orientações específicas sobre o sono.

“Trata-se de uma ótima notícia para os insones. Já se sabia que a TCC é eficaz para o tratamento da insônia, oferecendo ótimos resultados. Nosso trabalho, no entanto, é o primeiro a avaliar, em um número grande de participantes, as respostas da ACT e compará-las com as da TCC e com a ausência de tratamento. Isso é importante, pois nem todos os pacientes conseguem melhorar com a TCC”, conta Renatha El Rafihi-Ferreira, professora do Departamento de Psicologia Clínica do Instituto de Psicologia da USP e primeira autora do artigo.

Estima-se que uma em cada quatro pessoas no mundo sofra com sintomas de insônia. Na maioria dos casos eles têm curta duração e são provocados por questões pontuais, como estresse ou doença. Já a insônia crônica atinge 10% da população. Esse índice inclui indivíduos com dificuldade para adormecer ou para permanecer dormindo, bem como aqueles que acordam antes do tempo desejado pelo menos três vezes por semana, ao longo de três meses ou mais.

Na pesquisa financiada pela Fapesp, os 227 participantes diagnosticados com insônia foram divididos em três grupos. Um deles realizou sessões coletivas de TCC, o outro de ACT e o terceiro ficou em uma suposta lista de espera e não fez nenhuma terapia. O objetivo foi comparar as três situações no fim do período de seis semanas. As avaliações e intervenções do ensaio clínico foram todas conduzidas on-line.

Como explica a pesquisadora, as duas abordagens seguem lógicas distintas. Enquanto a TCC foca nos hábitos e na higiene de sono, bem como na modificação de crenças e pensamentos sobre as causas e consequências da insônia, a ACT busca entender a forma como o indivíduo se relaciona com o sono, além de analisar a função dos comportamentos que estão mantendo a insônia.

Desse modo, uma pessoa com uma higiene do sono muito ruim, por exemplo –que não faz atividade física, chega tarde em casa, tem pouco espaço na rotina para o sono e para cuidar de si próprio–, na TCC vai seguir recomendações para cuidar dessa rotina a partir de técnicas comportamentais e mudanças de crenças (entendimentos que o indivíduo tem sobre si mesmo, o mundo e os outros). Já na ACT o foco seria entender a função de manter determinado comportamento ou estilo de vida que faz com que o paciente tenha hábitos prejudiciais para o sono.

El Rafihi-Ferreira explica que a ACT visa desenvolver a flexibilidade do indivíduo, aumentando a capacidade de se contatar com o presente (inclusive por meio de mindfulness).

“Dessa forma, o paciente primeiro vai aprender a aceitar a dificuldade de sono para só então se comprometer a resolvê-la. A insônia é um problema que afeta a vida do indivíduo em vários sentidos, fazendo com que ele foque muito mais na sua dificuldade e ignore vários outros aspectos da vida. Ao mudar o foco das queixas para a aceitação de sentimentos e pensamentos associados ao problema, a ACT pode ser uma boa opção para o tratamento”, explica.

Vale ressaltar que, para evitar o desconforto de passar uma noite em claro, é relativamente comum que o indivíduo opte por comportamentos que podem prejudicar o sono, como ficar rolando a tela do celular antes de dormir ou ingerir bebidas alcoólicas na tentativa de adormecer.

“A ACT propõe uma abertura para sentir esse desconforto, o que chamamos de aceitação, aliada ao comprometimento de atingir o que de fato é importante para a pessoa a longo prazo, isso é, seus valores, mesmo que para isso precise sentir desconforto a curto prazo. Talvez por ter uma abordagem mais global, trabalhando questões muito além desses maus hábitos de sono, a ACT não apresente resultados tão rápidos quanto a TCC”, explica.

Segundo El Rafihi-Ferreira, este é o terceiro de uma série de estudos que comparam a Terapia Cognitivo-Comportamental e a Terapia de Aceitação e Compromisso para indivíduos com insônia crônica.

No primeiro deles, ambas as terapias tiveram efeitos semelhantes na melhora da insônia. “Neste primeiro ensaio incluímos estratégias comportamentais específicas para o sono na ACT, como, por exemplo, a orientação de usar a cama apenas para o sono e sexo, estratégia presente no protocolo de TCC”, diz a pesquisadora.

Já no segundo a ACT foi aplicada sem estratégias comportamentais específicas para o sono. “Nesse estudo, nas primeiras semanas, a ACT apresentou melhora na insônia em 50% dos participantes, enquanto a TCC mostrou melhora em 65% deles. No entanto, após seis meses do término do tratamento, os participantes da ACT continuaram melhorando, aumentando de 50% para 56% dos participantes com redução de queixas de insônia, enquanto na TCC a porcentagem caiu de 65% para 58% com o passar do tempo”, conta.

“Isso mostra que a ACT é melhor no longo prazo, enquanto os resultados da TCC são obtidos no curto prazo, embora sejam mais difíceis de serem sustentados”, diz.

O terceiro estudo, realizado com os 227 participantes insones, mostrou que a TCC teve resultados melhores a curto prazo e que a ACT e a TCC são semelhantes no longo prazo.

“Este mostrou que a diferença entre as duas terapias é muito pequena e que ambas são eficazes. No entanto, o protocolo de TCC envolve orientações que são de difícil adesão para alguns pacientes. Como, por exemplo, a orientação de levantar-se da cama ao acordar no meio da noite. Nosso estudo mostrou que, mesmo na ausência dessas recomendações específicas sobre o sono, a ACT também é eficaz”, diz.

Além do artigo, o estudo rendeu um livro voltado para psicólogos e outros profissionais da saúde com maior detalhamento sobre os dois tipos de psicoterapia. Há também relatos de casos de pacientes com insônia. O trabalho foi premiado no Congresso da Association for Contextual Behavioral Science (ACBS), em 2023. A pesquisadora também recebeu o prêmio da American Psychological Association (APA), em 2024, pelo conjunto de estudos realizados.

Impactos

A privação de sono tem um peso econômico relevante, pois está associada a maior suscetibilidade a infecções, obesidade, problemas cardiovasculares e transtornos psiquiátricos, como ansiedade e depressão. Além disso, há redução da produtividade, aumento de absenteísmo e da utilização de serviços médicos. Estima-se que um insone precise seis vezes mais de atendimento médico do que uma pessoa que dorme bem.

“Além de melhorar a qualidade de vida do indivíduo como um todo, os tratamentos para insônia geram impactos em termos de saúde pública, reduzindo custos de utilização de cuidados de saúde e melhorando questões de produtividade no trabalho, por exemplo. Por isso, é tão importante, principalmente para países de renda baixa e média, como é o caso do Brasil, demonstrar que mais uma abordagem de psicoterapia realizada em grupo e no formato on-line tenha efeitos tão eficientes”, afirma a pesquisadora.

Outro ponto destacado pela pesquisadora é que, com a comprovação da eficiência, a ACT pode surgir como uma esperança para os pacientes refratários à TCC ou que não conseguiram seguir as orientações da terapia no longo prazo. El Rafihi-Ferreira explica que uma das técnicas mais eficazes para insônia presente no protocolo da TCC também é uma das mais difíceis de obter adesão dos pacientes.

Isso porque, na técnica de restrição de tempo na cama, presente no protocolo da TCC, o tempo de cama e o tempo de sono do indivíduo são calculados e, posteriormente, é estabelecida uma janela de sono com horários de dormir e acordar que se aproximem do tempo total de sono do indivíduo. Dessa forma, por exemplo, se uma pessoa permanece na cama por nove horas, mas está dormindo apenas seis, a janela de sono da pessoa será de seis horas. Pela estratégia, a privação parcial de tempo de cama e sono produz um aumento na pressão de sono que teria o efeito de reduzir os despertares noturnos. Posteriormente com acompanhamento profissional, o tempo de permanência na cama vai aumentando gradualmente.

“Apesar de eficaz, essa técnica é de difícil adesão. Nosso estudo mostrou que, mesmo na ausência desta técnica, a ACT foi também eficaz para a insônia. O que pode facilitar o tratamento daqueles indivíduos que não conseguem seguir esse tipo de orientação”, afirma.



Leia Mais: Folha

Advertisement
Comentários

Warning: Undefined variable $user_ID in /home/u824415267/domains/acre.com.br/public_html/wp-content/themes/zox-news/comments.php on line 48

You must be logged in to post a comment Login

Comente aqui

MUNDO

Após racismo em shopping, estudantes fazem manifestação com dança em SP; vídeo

PUBLICADO

em

Esse cãozinho bastante ferido pediu socorro em uma delegacia no Recife (PE), com um chicote de moto no pescoço dele. Foi atendido na hora. Foto: PRF

Estudantes do Colégio Equipe, em São Paulo, fizeram uma manifestação contra um caso de racismo no Shopping Pátio Higienópolis. Com danças, músicas e jograis, eles pediram justiça contra o preconceito sofrido por dois adolescentes pretos. Racistas não passarão!

Isaque e Giovana, alunos da escola, foram abordados por um segurança enquanto esperavam na fila da praça de alimentação. Eles estavam acompanhados de uma colega branca, que foi abordada pela segurança e questionada se os amigos a “incomodavam”.

Nesta terça-feira (23), estudantes, professores, familiares e movimentos sociais tomaram as ruas da região próxima ao shopping. Ao som de Ilê Aiyê, música de Paulo Camafeu, as crianças deram um show e mostraram que o preconceito não tem vez!

Ato de resistência

A resposta ao caso de racismo veio uma semana depois. Com o apoio de diversos movimentos, os estudantes organizaram a manifestação potente e simbólica.

Eles caminharam pelas ruas e avenidas da região até o Shopping. Lá, leram um manifesto emocionado, que foi repetido em jogral.

Dentro e fora do estabelecimento, o recado foi bem claro: basta de racismo! “Abaixo o racismo! Justiça para Isaque e Giovana”, disse o Colégio Equipe em uma postagem nas redes.

Leia mais notícia boa

Histórico de discriminação

Não foi a primeira vez que estudantes pretos do Colégio Equipe enfrentaram preconceito no Pátio Higienópolis.

Em 2022, outro aluno foi seguido por um segurança dentro de uma loja.

A escola afirmou que tentou dialogar com o shopping na época, mas sem sucesso.

Desta vez, a resposta foi outra: “Ao final, convidamos a direção do shopping para uma reunião no Colégio Equipe. A advogada que recebeu os representantes se comprometeu a encaminhar e responder ao convite.”

Internet apoia

Postado na internet, o vídeo do protesto teve milhares de visualizações e recebeu apoio dos internautas.

“Parabéns escola! Parabéns alunos! Me emocionei aqui! Fiquei até com vontade de mudar meu filho de escola”, disse a ativista Luisa Mell.

Outro exaltou o exemplo de cidadania dos pequenos.

“Cidadania na prática! Que orgulho de toda a equipe e pais. Que orgulho desses alunos que foram solidários. Incrível!”.

O racismo tem que acabar!

Veja como foi a manifestação dos estudantes:

O recado foi certeiro: não passarão!

Uma verdadeira festa da democracia:



Leia Mais: Só Notícias Boas

Continue lendo

MUNDO

Cai preço dos seguros dos carros mais vendidos no Brasil; Top 10

PUBLICADO

em

O garoto João, de 10 anos, fez um verdadeiro discurso de capitão emocionante para incentivar o time, que perdia partida de futebol em Aparecida de Goiás. - Foto: @caboverdetop/Instagra

Notícia boa para o consumidor. Enquanto tudo sobe, cai o preço dos seguros dos carros mais vendidos no Brasil. É o que revela um novo estudo divulgado esta semana.

Conduzida pela Agger, plataforma especializada no setor de seguros, a pesquisa mostrou que o custo médio para proteger os dez veículos com maior volume de vendas no país teve redução de 5,4%. Os dados foram analisados entre fevereiro de 2024 e fevereiro de 2025.

Dentre os modelos avaliados, o Renault Kwid se destacou ao apresentar a maior diminuição no valor, com queda de 12,5%. A queda nos preços reflete uma série de fatores, desde o perfil dos condutores até as estratégias adotadas pelas seguradoras para se manterem competitivas.

Carros com maiores descontos

Entre os modelos analisados, vários apresentaram queda no valor das apólices. Veja os destaques:

  • Renault Kwid: queda de 12,5%
  • Volkswagen T-Cross: queda de 11,22%
  • Honda HR-V: queda de 8,29%
  • Fiat Argo: queda de 7,73%
  • Fiat Mobi: queda de 6,06%
  • Hyundai Creta: queda de 5,88%
  • Volkswagen Polo: queda de 1,27%
  • Chevrolet Onix: queda de 0,43%

Leia mais notícia boa

Impacto para motoristas

Para quem está pensando em contratar ou renovar o seguro, a notícia é animadora.

Com os valores mais baixos, fica mais fácil encontrar um plano acessível e que tenha boa cobertura.

Segundo Gabriel Ronacher, CEO da Agger, “é essencial que os motoristas busquem a orientação de corretores especializados para garantir a melhor cobertura e custo-benefício”, disse em entrevista à Tupi FM.

Impacto nos preços

De acordo com o estudo publicado pela Agger, quatro fatores explicam o motivo dos preços de um seguro.

O histórico do motorista é o principal. Quem não se envolve em acidentes tende a pagar menos.

A idade e o valor do carro também interferem. Veículos mais caros ou com peças difíceis de achar têm seguros mais altos.

Proprietários que moram em regiões com mais roubos ou colisões também tendem a pagar mais.

Por último, o perfil do consumidor, como idade, gênero e até mesmo hábitos de direção.

O Renault Kwid teve uma redução de mais de 12% no preço do seguro. - Foto: Divulgação O Renault Kwid teve uma redução de mais de 12% no preço do seguro. – Foto: Divulgação



Leia Mais: Só Notícias Boas

Continue lendo

MUNDO

Estudantes de Medicina terão de fazer nova prova tipo “Exame da OAB”; entenda

PUBLICADO

em

O garoto João, de 10 anos, fez um verdadeiro discurso de capitão emocionante para incentivar o time, que perdia partida de futebol em Aparecida de Goiás. - Foto: @caboverdetop/Instagra

A partir de agora, é como com os bacharéis de Direito: se formou, será submetido a uma avaliação específica para verificar os  conhecimentos. Os estudantes de medicina terão de obrigatoriamente fazer uma prova, no último ano do curso, tipo exame da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil).

O exame já será aplicado, em outubro de 2025, e mais de 42 mil alunos devem ser avaliados. Será um exame nacional e anual. Porém, diferentemente do que ocorre no Direito, o resultado não será uma exigência para o exercício da profissão. O Ministério da Educação (MEC) lançou o Exame Nacional de Avaliação da Formação Médica (Enamed) para avaliar a formação dos profissionais no país.

Para os ministros Camilo Santana (Educação) e Alexandre Padilha (Saúde), o exame vai elevar a qualidade da formação dos médicos no Brasil, assim como reforçar a humanização no tratamento dos pacientes.

Como vai funcionar

A nota poderá servir como meio de ingresso em programas de residência médica de acesso direto. A prova será anual. O exame vai verificar se os estudantes adquiriram as competências e habilidades exigidas para o exercício prático e efetivo da profissão.

Também há a expectativa de que, a partir dos resultados, seja possível aperfeiçoar os cursos já existentes, elevando a qualidade oferecida no país. Outra meta é unificar a avaliação para o ingresso na residência médica.

Há, ainda, a previsão de preparar os futuros médicos para o atendimento no SUS (Sistema Único de Saúde). Os médicos já formados, que tiverem interesse, poderão participar do processo seletivo de programas de residência médica de acesso direto.

Leia mais notícia boa

O que os resultados vão mudar

Os resultados poderão ser utilizados para acesso a programas de residência médica. Caberá ao estudante decidir se quer que a nota seja aplicada para a escolha do local onde fará residência.

A estimativa é de que 42 mil estudantes, no último ano do curso de Medicina, façam o exame. No total são 300 cursos no país, com aplicação das provas em 200 municípios.

O exame será conduzido pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) em colaboração com a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh).

Segundo as autoridades, a ideia é unificar as matrizes de referência e os instrumentos de avaliação no âmbito do Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade) para os cursos e a prova objetiva de acesso direto do Exame Nacional de Residência (Enare).

Como fazer as inscrições

Os interessados deverão se inscrever a partir de julho. O exame é obrigatório para todos os estudantes concluintes de cursos de graduação em Medicina.

A aplicação da prova está prevista para outubro e a divulgação dos resultados individuais para dezembro.

Para utilizar os resultados do Enamed para o Exame Nacional de Residência, é necessário se inscrever no Enare e pagar uma taxa de inscrição (exceto casos de isenção previstos em edital).

Os estudantes que farão o Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes e que não pretendem utilizar os resultados da prova para ingressar na residência, pelo Enare, estarão isentos de taxa, segundo o MEC.

O exame será aplicado, em outubro de 2025, e cerca de 42 mil estudantes devem fazer a prova. Foto: Agência Brasil O exame será aplicado, em outubro de 2025, e cerca de 42 mil estudantes devem fazer a prova. Foto: Agência Brasil



Leia Mais: Só Notícias Boas

Continue lendo

MAIS LIDAS