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É necessária uma nova dissuasão para o Líbano para evitar uma longa guerra com Israel | Israel ataca o Líbano

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Após a reeleição do antigo Presidente dos EUA, Donald Trump, os esforços para negociar um cessar-fogo entre o Líbano e Israel aparentemente ganharam impulso. Na segunda-feira, o enviado especial dos EUA, Amos Hochstein, e o ministro israelense de Assuntos Estratégicos, Ron Dermer, reuniram-se em Washington para discutir o assunto.

Em Outubro, Hochstein viajou para Beirute, mas a sua visita não deu frutos, pois deixou claro que para os EUA, “ambos os lados simplesmente comprometerem-se com (a Resolução 1701 do Conselho de Segurança das Nações Unidas) não é suficiente” e que é necessário que haja um novo “fórmula que ponha fim de uma vez por todas a este conflito”. Deixar de lado as decisões da ONU parece ter-se tornado comum entre os responsáveis ​​norte-americanos ultimamente, com consequências desastrosas.

Na sua última oferta, Israel e os EUA exigem que o Líbano aceite um novo acordo no qual as tropas israelitas possam envolver-se na “aplicação activa” da desmilitarização no sul do Líbano. Por outras palavras, Israel teria um controlo militar efectivo sobre o território libanês.

Nenhuma nação soberana – ou actor não estatal – concordaria alguma vez com tais termos. Nem o Líbano nem o Hezbollah desistiriam da sua dissuasão militar. Portanto, a insistência dos EUA e de Israel nestas novas condições apenas prolongará a guerra.

A construção de um novo consenso em torno da Resolução 1701 continua a ser o único caminho viável para a paz.

A resolução pôs fim à última guerra de Israel com o Líbano em 2006, funcionando como um mecanismo para parar as hostilidades e delineando medidas para limpar a área fronteiriça da presença de grupos armados. Embora tenha havido problemas com a sua plena implementação – algo que ambas as partes sabiam que iria acontecer – pôs efectivamente fim aos combates.

O compromisso com a sua implementação também pode parar as hostilidades desta vez. E o Hezbollah deve dar o primeiro passo.

A perspectiva sombria de uma longa guerra

No domingo, o Ministro da Defesa de Israel, Israel Katz, declarou que após 40 dias de intensos combates, o Hezbollah foi derrotado. “Agora é nossa função continuar a exercer pressão para colher os frutos dessa vitória”, disse ele durante uma cerimônia oficial.

Israel parece estar convencido de que pode levar o Hezbollah à capitulação pela força. Contudo, procurar uma solução militar no Líbano significa uma guerra que não será em nada parecida com o conflito de 2006.

Naquela altura, a ofensiva terrestre de Israel vacilou e o apoio público diminuiu à medida que as perdas aumentavam. Hoje, o Primeiro-Ministro Netanyahu tem o apoio do público israelita, impulsionado pelos sucessos militares que eliminaram a liderança do Hezbollah e perturbaram as suas redes de comunicações.

Apesar destas perdas, o Hezbollah também está mais bem preparado, mais bem equipado e possivelmente mais disciplinado do que em 2006. Não é de admirar que Israel não tenha conseguido ganhar mais do que alguns quilómetros de terreno desde que começaram as suas incursões terrestres e os disparos diários de foguetes dirigidos a Israel. no norte e centro de Israel continuam.

Salvo alguma mudança importante ou mudança diplomática sob a próxima administração Trump que possa pressionar Israel, tudo isto significa que estamos prestes a enfrentar uma guerra muito longa.

Um impedimento essencial

O Hezbollah reiniciou as hostilidades com Israel em apoio ao seu aliado Hamas e, até recentemente, estabeleceu um cessar-fogo com Israel condicionado por um cessar-fogo em Gaza. O grupo sabe que embora muitos libaneses compreendam a sua intervenção em curso, muitos também estão insatisfeitos, para dizer o mínimo, com as suas ações ao longo das últimas duas décadas.

Ao apoiar o regime sírio na década de 2010, ao ajudar a manter o domínio da elite libanesa corrupta quando a economia entrou em colapso em 2019 e ao bloquear a investigação sobre a explosão no porto de Beirute em 2020, o Hezbollah fez muitos inimigos a nível interno e externo e teve confiar quase completamente no Irão para influência diplomática e proeza militar.

A sua recusa em integrar-se numa estratégia de defesa nacional, mantendo as suas armas fora do comando e controlo das Forças Armadas Libanesas (LAF), também levou a uma colossal má gestão da segurança nacional e deixou o país vulnerável às forças militares muito superiores de Israel.

A devastação que Israel está a causar no Líbano é também um grande motivo de preocupação. Quanto mais durar o enorme deslocamento do sul e do leste do país, mais crescerão as tensões sociais e a raiva contra o Hezbollah.

Ao mesmo tempo, o arsenal dissuasor de mísseis e caças do Hezbollah é a única verdadeira moeda de troca do Líbano. Sem o Hezbollah, os tanques Merkava de Israel quase certamente invadiriam Beirute e instalariam um regime fantoche, enfrentando pouca resistência ao longo do caminho.

Os libaneses que apelam ao Hezbollah para que desista das armas em prol da paz ou vivem num mundo de fantasia ou são apenas péssimos negociadores.

Dito isto, se o Hezbollah quiser salvar qualquer aparência de unidade libanesa, recai sobre ele a responsabilidade de chegar à mesa com um plano político para a implementação da Resolução 1701. Ele também precisa provar que pode funcionar dentro de uma estrutura nacional, não apenas agir como um procurador iraniano.

Dada a desconfiança entre os seus detratores, para que estas iniciativas funcionassem, elas precisariam acontecer em fases. Para começar, o Hezbollah teria de explicar como irá coordenar-se formalmente com as LAF para formar uma força de dissuasão conjunta, tal como fez em 2017, quando lutaram juntos contra o ISIL (ISIS). Além disso, o Hezbollah terá de aceitar que o exército nacional e o governo falem em seu nome e que precise de ocupar o seu lugar numa tal configuração, sem a ameaça de armas ou poder de veto sobre decisões políticas.

A partir daí, o partido terá de elaborar a estratégia de defesa nacional do Líbano, que não pode depender apenas da LAF, que tem poucos recursos. Essa estratégia necessita das armas do Hezbollah – mas com um roteiro claro para a integração.

Novo quadro de dissuasão

Qualquer nova estratégia de defesa que deixe o Líbano sem uma dissuasão contra a máquina de guerra de Israel está fadada ao fracasso e reforçará a justificação para o Irão e o Hezbollah manterem uma dissuasão não estatal. Falar de um novo quadro de segurança nacional e de apoio às FAL em conferências como a organizada pela França no final de Outubro continua a ser irrelevante, uma vez que não existe garantias concretas de segurança para o Líbano.

Se o Presidente francês Emmanuel Macron, ou qualquer outro líder ocidental, levassem a sério o apoio ao Líbano, ofereceriam algo mais concreto do que a mera conversa sobre um embargo de armas a Israel. A França poderia oferecer jactos Rafale ou sistemas de defesa aérea, por exemplo, o que permitiria à LAF estabelecer a sua própria dissuasão.

É claro que isso significaria que a França ultrapassaria os EUA em termos de apoio material às FAL – algo que é improvável antes, pelo menos, de uma posição bem definida sobre a defesa nacional do Líbano ser tomada pelo Hezbollah e pelo Irão.

O que está claro nesta fase é que é necessária uma solução diplomática internacional, mas não uma que descarte o consenso alcançado em 2006. O Ocidente e a próxima administração Trump precisam de enfrentar o facto de que, sem um regresso à Resolução 1701, as garantias de segurança e uma dissuasão militar para o Líbano, as guerras com Israel continuarão.

O Hezbollah e o Irão também precisam de compreender que não podem dirigir um exército privado no Líbano e sair impunes sem consequências mortais. Caso contrário, todos voltarão ao campo de batalha falando sobre mais uma “nova fórmula”.

As opiniões expressas neste artigo são do próprio autor e não refletem necessariamente a posição editorial da Al Jazeera.



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Aperfeiçoamento em cuidado pré-natal é encerrado na Ufac — Universidade Federal do Acre

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Aperfeiçoamento em cuidado pré-natal é encerrado na Ufac — Universidade Federal do Acre

A Ufac realizou o encerramento do curso de aperfeiçoamento em cuidado pré-natal na atenção primária à saúde, promovido pela Pró-Reitoria de Extensão e Cultura (Proex), Secretaria de Estado de Saúde do Acre (Sesacre) e Secretaria Municipal de Saúde de Rio Branco (Semsa). O evento, que ocorreu nessa terça-feira, 11, no auditório do E-Amazônia, campus-sede, marcou também a primeira mostra de planos de intervenção que se transformaram em ações no território, intitulada “O Cuidar que Floresce”.

Com carga horária de 180 horas, o curso qualificou 70 enfermeiros da rede municipal de saúde de Rio Branco, com foco na atualização das práticas de cuidado pré-natal e na ampliação da atenção às gestantes de risco habitual. A formação teve início em março e foi conduzida em formato modular, utilizando metodologias ativas de aprendizagem.

Representando a reitora da Ufac, Guida Aquino, o diretor de Ações de Extensão da Proex, Gilvan Martins, destacou o papel social da universidade na formação continuada dos profissionais de saúde. “Cada cursista leva consigo o conhecimento científico que foi compartilhado aqui. Esse é o compromisso da Ufac: transformar o saber em ação, alcançando as comunidades e contribuindo para a melhoria da assistência às mulheres atendidas nas unidades.” 

A coordenadora do curso, professora Clisângela Lago Santos, explicou que a iniciativa nasceu de uma demanda da Sesacre e foi planejada de forma inovadora. “Percebemos que o modelo tradicional já não surtia o efeito esperado. Por isso, pensamos em um formato diferente, com módulos e metodologias ativas. Foi a nossa primeira experiência nesse formato e o resultado foi muito positivo.”

Para ela, a formação representa um esforço conjunto. “Esse curso só foi possível com o envolvimento de professores, residentes e estudantes da graduação, além do apoio da Rede Alyne e da Sesacre”, disse. “Hoje é um dia de celebração, porque quem vai sentir os resultados desse trabalho são as gestantes atendidas nos territórios.” 

Representando o secretário municipal de Saúde, Rennan Biths, a diretora de Políticas de Saúde da Semsa, Jocelene Soares, destacou o impacto da qualificação na rotina dos profissionais. “Esse curso veio para aprimorar os conhecimentos de quem está na ponta, nas unidades de saúde da família. Sei da dedicação de cada enfermeiro e fico feliz em ver que a qualidade do curso está se refletindo no atendimento às nossas gestantes.”

A programação do encerramento contou com uma mostra cultural intitulada “O Impacto da Formação na Prática dos Enfermeiros”, que reuniu relatos e produções dos participantes sobre as transformações promovidas pelo curso em suas rotinas de trabalho. Em seguida, foi realizada uma exposição de banners com os planos de intervenção desenvolvidos pelos cursistas, apresentando as ações implementadas nos territórios de saúde. 

Também participaram do evento o coordenador da Rede Alyne, Walber Carvalho, representando a Sesacre; a enfermeira cursista Narjara Campos; além de docentes e residentes da área de saúde da mulher da Ufac.

 



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CAp promove minimaratona com alunos, professores e comunidade — Universidade Federal do Acre

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CAp promove minimaratona com alunos, professores e comunidade — Universidade Federal do Acre

O Colégio de Aplicação (CAp) da Ufac realizou uma minimaratona com participação de estudantes, professores, técnico-administrativos, familiares e ex-alunos. A atividade é um projeto de extensão pedagógico interdisciplinar, chamado Maracap, que está em sua 11ª edição. Reunindo mais de 800 pessoas, o evento ocorreu em 25 de outubro, no campus-sede da Ufac.

Idealizado e coordenado pela professora de Educação Física e vice-diretora do CAp, Alessandra Lima Peres de Oliveira, o projeto promove a saúde física e social no ambiente estudantil, com caráter competitivo e formativo, integrando diferentes áreas do conhecimento e estimulando o espírito esportivo e o convívio entre gerações. A minimaratona envolve alunos dos ensinos fundamental e médio, do 6º ano à 3ª série, com classificação para o 1º, 2º e 3º lugar em cada categoria. 

“O Maracap é muito mais do que uma corrida. Ele representa a união da nossa comunidade em torno de valores como disciplina, cooperação e respeito”, disse Alessandra. “É também uma proposta de pedagogia de inclusão do esporte no currículo escolar, que desperta nos estudantes o prazer pela prática esportiva e pela vida saudável.”

O pró-reitor de Extensão e Cultura, Carlos Paula de Moraes, ressaltou a importância do projeto como uma ação de extensão universitária que conecta a Ufac à sociedade. “Projetos como o Maracap mostram como a extensão universitária cumpre seu papel de integrar a universidade à comunidade. O Colégio de Aplicação é um espaço de formação integral e o esporte é uma poderosa ferramenta para o desenvolvimento humano, social e educacional.”

 



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Semana de Letras/Português da Ufac tematiza ‘língua pretuguesa’ — Universidade Federal do Acre

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Semana de Letras/Português da Ufac tematiza ‘língua pretuguesa’ — Universidade Federal do Acre

O curso e o Centro Acadêmico de Letras/Português da Ufac iniciaram, nessa segunda-feira, 10, no anfiteatro Garibaldi Brasil, sua 24ª Semana Acadêmica, com o tema “Minha Pátria é a Língua Pretuguesa”. O evento é dedicado à reflexão sobre memória, decolonialidade e as relações históricas entre o Brasil e as demais nações de língua portuguesa. A programação segue até sexta-feira, 14, com mesas-redondas, intervenções artísticas, conferências, minicursos, oficinas e comunicações orais.

Na abertura, o coordenador da semana acadêmica, Henrique Silvestre Soares, destacou a necessidade de ligar a celebração da língua às lutas históricas por soberania e justiça social. Segundo ele, é importante que, ao celebrar a Semana de Letras e a independência dos países africanos, se lembre também que esses países continuam, assim como o Brasil, subjugados à força de imperialismos que conduzem à pobreza, à violência e aos preconceitos que ainda persistem.

O pró-reitor de Extensão e Cultura, Carlos Paula de Moraes, salientou o compromisso ético da educação e reforçou que a universidade deve assumir uma postura crítica diante da realidade. “A educação não é imparcial. É preciso, sim, refletir sobre essas questões, é preciso, sim, assumir o lado da história.”

A pró-reitora de Graduação, Ednaceli Damasceno, ressaltou a força do tema proposto. Para ela, o assunto é precioso por levar uma mensagem forte sobre o papel da universidade na sociedade. “Na própria abertura dos eventos na faculdade, percebemos o que ocorre ao nosso redor e que não podemos mais tratar como aula generalizada ou naturalizada”, observou.

O diretor do Centro de Educação, Letras e Artes (Cela), Selmo Azevedo Pontes, reafirmou a urgência do debate proposto pela semana. Ele lembrou que, no Brasil, as universidades estiveram, durante muitos anos, atreladas a um projeto hegemônico. “Diziam que não era mais urgente nem necessário, mas é urgente e necessário.”

Também estiveram presentes na cerimônia de abertura o vice-reitor, Josimar Batista Ferreira; o coordenador de Letras/Português, Sérgio da Silva Santos; a presidente do Cela, Thaís de Souza; e a professora do Laboratório de Letras, Jeissyane Furtado da Silva.

(Camila Barbosa, estagiária Ascom/Ufac)

 

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