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Edinho Silva: “O PT deve ser humilde”

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É difícil passar um dia em que Edinho Silva, 59 anos, não fale com Lula, de quem é pessoa da mais alta confiança. Tanto assim que o presidente o tem como preferido (e não esconde isso) para suceder Gleisi Hoffmann no comando do PT, na eleição prevista para o início de 2025. Há quase quatro décadas na sigla, ex-vereador e ex-deputado estadual, o agora prefeito de Araraquara, no interior de São Paulo, que cumpre as últimas semanas de seu quarto mandato sem deixar sucessor (sua candidata acabou derrotada pelo rival bolsonarista), foi conquistando espaço em meio à fogueira das vaidades petistas pelo perfil conciliador, capaz de tecer acordos e fazer a poeira baixar quando o caldeirão ferve, como nos sombrios tempos do mensalão. Sociólogo de formação, ele também esteve à frente da Secretaria de Comunicação durante as turbulências do governo Dilma Rousseff. Se de fato tiver o leme do partido nas mãos, uma de suas duras missões será tentar unir as diversas fileiras da agremiação em torno da pauta econômica e pavimentar o caminho para a reeleição de Lula. “Também precisamos nos reconectar à classe trabalhadora”, avaliou na entrevista concedida a VEJA.

Por que o PT foi tão mal nas últimas eleições? O discurso antissistema, predominante na direita, chegou às camadas mais populares porque o poder de compra de seus integrantes vem sendo corroído. As pessoas vão ao supermercado e não conseguem mais encher o carrinho. A verdade é que o crescimento de 3% do PIB previsto para este ano, o avanço na renda e a queda do desemprego não têm se refletido em melhorias de vida para essa fatia tão numerosa da classe média. E o PT precisa ter humildade para ouvir o que a população não está apenas dizendo, mas gritando.

A questão se restringe à economia? Não é só isso. Observamos um movimento do eleitorado na direção de posições mais conservadoras. Tudo o que é identificado como parte do sistema passou a ser rechaçado — um fenômeno, aliás, detectado mundo afora, consequência ainda da crise econômica de 2008, comparável em gravidade à de 1929. Toda essa insatisfação abre espaço para o regresso de uma agenda racista, xenofóbica e antiglobalização, que acreditávamos ter sido deixada para trás no cenário pós-Segunda Guerra.

Mesmo assim, o PT voltou ao poder em 2022, derrotando justamente esse projeto. Por que não foi bem-­sucedido agora? Em 2020, houve a pandemia, que fez o sentimento antissistema arrefecer. A defesa do Estado e das instituições passou ali a ser liderada pela centro-esquerda e uniu o Brasil em torno do interesse comum de combate ao vírus. A polarização deu então uma breve suavizada. Esse Fla-Flu político, como num Maracanã lotado com as torcidas se xingando, só interessa ao outro lado.

Mas não foi o próprio PT que apostou na polarização contra bolsonaristas nos casos em que a disputa municipal seguiu para o segundo turno? Se apostou, errou. Só conseguimos eleger o Lula quando furamos a bolha e conquistamos parte do eleitorado do Bolsonaro. A questão é que depois, no governo, não avançamos aí.

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“Não acho que Gleisi Hoffmann tenha de abrir mão de suas convicções, mas não pode enfraquecer o ministro da Fazenda. Isso é tirar força do próprio governo”

Afinal, o PT deixou de falar à classe trabalhadora? É inegável que tem havido dificuldades. O PT nasceu do movimento sindical, só que hoje o mundo é outro: há uma imensa parte dos trabalhadores que não está em regime CLT, mas atuando como PJ ou MEI, e não quer ser formalizada. Esse grupo ascendente, de gente que vive de novos serviços que foram aparecendo, votou contra nós nas periferias por não se sentir contemplado por aquilo que temos a oferecer.

Uma ala da esquerda tem classificado essas pessoas como “pobres de direita”, apontando uma contradição no fato de a classe trabalhadora aderir ao liberalismo. Concorda? Se formos estigmatizá-los, cometeremos outro terrível erro. O que esse jovem quer ouvir é: “Eu sei como sinalizar caminhos para você crescer”. As pessoas têm o natural desejo de se desenvolver e alcançar a estabilidade. É justamente esse público que a igreja atrai. Não adianta a gente criticar a teologia da prosperidade, porque ela fornece uma resposta concreta para essa classe média baixa.

A defesa de pautas identitárias, com pouca aderência nesse eleitorado, atrapalha a esquerda? As lutas identitárias devem continuar porque representam um avanço do direito individual, mas só elas não vão nos reconectar com a sociedade. Embora seja um tema polêmico no PT, é crucial entender que há um grande distanciamento entre o Estado e a população. E a esquerda não tem apresentado uma proposta de reforma para promover essa tão necessária aproximação. A democracia representativa foi posta em xeque, gostemos disso ou não.

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O PT deveria caminhar para o centro? O PT jamais vai fazer o giro para o centro. Quem tem essa expectativa pode esquecer. A atual realidade brasileira nos empurra rumo a nossas próprias bandeiras. É preciso ter a habilidade para entender que o grande inimigo no século XXI é o fascismo, o nacionalismo de direita, que se fortalece com a subida ao poder de líderes como Donald Trump, nos Estados Unidos. Mais do que nunca, devemos tecer no Brasil uma aliança no campo democrático.

Com tantas tensões entre o PT e partidos da base aliada, é possível pensar numa aliança desse patamar? De fato, as tensões existem e não dá para discordar disso. O presidente Lula, que tem uma elevada capacidade de leitura política, sabe que precisamos entrar em 2025 já com outra configuração. Do contrário, vai ser muito complicado para o PT. A pergunta que tem de ser feita é: vamos ou não construir uma aliança que garanta governabilidade e dê condições à reeleição? Caso haja mesmo uma reforma ministerial, que ela sirva para consolidar essa coalizão.

O pleito municipal demonstrou que algumas legendas da base, como União Brasil e PSD, são bastante competitivas. Por que se aliariam ao PT numa disputa nacional? Pela responsabilidade que têm, essas siglas querem instituições fortes, previsibilidade e a solidez da democracia.

Isso não soa demasiado utópico diante do manifesto que o PT acaba de assinar criticando o ajuste fiscal defendido pelo ministro Fernando Haddad? Em um governo de coalizão, não está errado o partido defender suas posições históricas, mas é também vital entender que temos responsabilidades nesse processo. O presidente da República e o ministro da Fazenda são ambos do PT. Considero essencial que se faça esse debate dentro do governo, para não fragilizar os envolvidos publicamente.

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Gleisi Hoffmann errou ao permitir que o documento fosse assinado? Não acompanhei esse diálogo de perto, daí ser difícil opinar. Mas o desejável é que a discussão tivesse sido esgotada internamente.

Gleisi tem travado inúmeros embates com Haddad. Ela radicaliza demais? Não acho que a Gleisi tenha de abrir mão de suas convicções, mas não pode enfraquecer o ministro da Fazenda. Isso é tirar força do próprio governo.

Qual sua visão sobre a condução da política econômica? Para mim, o equilíbrio fiscal não deve ser uma bandeira da direita ou da esquerda. Se você não equaliza o orçamento, cria um problemão financeiro no futuro. Uma parte do corte de gastos é conjuntural, imposta pelo momento que atravessamos, enquanto a outra é estrutural. Precisamos refletir, por exemplo, sobre o modelo previdenciário e as desonerações de impostos, que não podem durar ad aeternum. Importante frisar que nossos fundamentos econômicos são sólidos. Corrigir o rumo não é difícil.

A PEC que propõe acabar com a jornada 6×1 (seis dias trabalhados versus um de descanso) é uma bandeira que o PT pretende encampar? É uma pauta legítima, que veio para ficar, fruto das transformações da base produtiva e da economia como um todo. O Brasil talvez não tenha condições de implantá-la de hoje para amanhã, mas vai na linha certa, no sentido de repensar a relação entre capital e trabalho. O governo e o Congresso não podem se fechar a isso.

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Os críticos dizem que o PT fala o tempo todo em debate, mas anda sem projeto. Procede? Projeto de sociedade, nós temos, mas seria arrogância da minha parte dizer aqui que possuo todas as respostas para este mundo em franca mudança. É preciso, sim, melhorar nossas propostas e dialogar com os novos setores da sociedade brasileira.

“As lutas identitárias devem continuar, mas só elas não vão nos reconectar com a sociedade. É crucial para o PT entender que há um distanciamento entre o Estado e a população”

O Supremo Tribunal Federal (STF) recém derrubou as acusações que pesavam contra José Dirceu. Ele deve ser integrado ao governo? Acredito que nem ele queira voltar, mas Dirceu está se reintegrando à política. O PT também não pode abrir mão de quadros como Ricardo Berzoini, João Vaccari e José Genoino, figuras históricas que, até outro dia, estavam alijados da vida partidária. O PT precisa ouvir essas lideranças, assim como é necessário que construa outras.

O fato de não se avistarem jovens lideranças petistas no horizonte tem a ver com o espírito centralizador de Lula? O presidente é o maior estimulador de novas lideranças e está, inclusive, muito preocupado com o processo de renovação do partido. Mas é claro que a palavra dele tem um peso imenso.

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Lula errou ao escolher Guilherme Boulos, político do PSOL mais à esquerda do PT, para a disputa em São Paulo? Não. A aliança com o PSOL foi importantíssima em 2022. Boulos é uma das principais lideranças que surgiram no país nos últimos dez anos, assim como João Campos, o prefeito de Recife. Também precisamos olhar com carinho para Tabata Amaral.

Qual o futuro que vê para o PT depois de Lula? O Brasil não vai produzir outro Lula, pelo menos não no próximo século. O sucessor do presidente será o partido, e ele tem de estar forte, conectado com a sociedade e dialogando efetivamente com a realidade brasileira.

Há alguma chance de Lula não concorrer à reeleição em 2026? Ele tem todo o direito de fazer isso. Já se doou demais à vida pública brasileira. Mas conhecendo Lula tão bem, se a eleição fosse hoje, ele seria candidato com certeza.

Publicado em VEJA de 15 de novembro de 2024, edição nº 2919

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SUS vai distribuir vacina contra herpes-zóster, afirma ministro da Saúde; vídeo

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São 7 os próximos feriados de 2025. Três vão cair em plena quinta-feira. - Foto: Freepik

Em breve, os brasileiros poderão se imunizar de graça contra uma doença silenciosa, muito dolorida, que atinge principalmente, quem tem mais de 50 anos. O SUS (Sistema Único de Saúde) vai incluir a vacina contra herpes-zóster na lista de prioridades. A notícia boa foi dada esta semana pelo Ministro da Saúde, Alexandre Padilha.

Atualmente, a vacina é oferecida apenas nas unidades privadas – em duas doses –  e custa, em média, R$ 800. O pedido para a inclusão da vacina foi feito diretamente ao ministro durante audiência na Comissão de Saúde na Câmara, por uma deputada que teve a doença.

“É uma prioridade nossa, enquanto ministro da Saúde, que essa vacina possa estar no Sistema Único de Saúde. A gente pode fazer grandes campanhas de vacinação para as pessoas que têm indicação de receber essa vacina. Pode contar conosco”, afirmou Padilha.

Experiência dolorosa pessoal

O apelo partiu da deputada federal Adriana Accorsi (PT-GO), que ficou cinco dias internada em Goiânia, por uma crise causada pelo vírus que provoca herpes-zóster. Com dores pelo corpo, sentindo a pele queimar, ela disse que foi uma experiência muito dolorosa.

“Passei por essa doença recentemente e senti na pele o quanto ela é dolorosa, perigosa e pode deixar sequelas graves. Por isso, sei o quanto é fundamental garantir acesso à prevenção e à informação, especialmente para quem mais precisa”, afirmou a parlamentar.

As sequelas mais graves da doença podem provocar lesões na pele, cegueira, surdez e paralisia cerebral, por exemplo. Estudos indicam que os casos aumentaram 35% após a pandemia de Covid-19

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A doença herpes-zóster

Só em 2023, mais de 2,6 mil pessoas foram internadas com o diagnóstico da doença no Brasil.

O herpes- zóster, chamado popularmente como “cobreiro”, é infeccioso. A doença é causada pelo vírus varicela-zóster, o mesmo que causa a catapora.

A crise gera erupções na pele, febre, mal-estar e dor intensa fortes nos nervos.

Em geral as pessoas com baixa imunidade estão mais propensas.

Vai SUS!

A vacina contra herpes-zóster deve ser incluída na lista de prioridades, de acordo com o ministro Alexandre Padilha. Foto: Ministério da Saúde A vacina contra herpes-zóster deve ser incluída na lista de prioridades, de acordo com o ministro Alexandre Padilha. Foto: Ministério da Saúde

A promessa do ministro da Saúde, Alexandre Padilha, foi registrada:



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Anvisa aprova medicamento que pode retardar Alzheimer

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São 7 os próximos feriados de 2025. Três vão cair em plena quinta-feira. - Foto: Freepik

Anvisa aprovou o Kinsula, primeiro medicamento que pode retardar a progressão do Alzheimer. Já provado nos EUA, ele é da farmacêutica Eli Lilly. – Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Uma notícia boa para renovar a esperança de milhares de brasileiros. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou um novo medicamento internacional para tratar o Alzheimer.

Indicado para o estágio inicial da doença, o Kisunla (donanemabe) é fruto de mais de três décadas de pesquisa. Em testes, o medicamento retardou em até 35% o avanço da doença em pacientes com sintomas leves.

Desenvolvido pela farmacêutica Eli Lilly, o donanemabe foi aprovado nos Estados Unidos em julho de 2024. No Brasil, a aprovação foi divulgada nesta terça-feira (22). O Kisunla é injetável e deve ser administrado uma vez por mês.

Como funciona

A principal função do fármaco é remover as chamadas placas amiloides, os acúmulos anormais de proteínas no cérebro.

São esses acúmulos que atrapalham a comunicação entre os neurônios e estão associados ao surgimento e à progressão da doença.

Nos testes clínicos, o remédio conseguiu eliminar até 75% das placas após 18 meses de tratamento.

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Quem se beneficia

O tratamento é indicado apenas para pacientes com comprometimento cognitivo leve e demência leve.

Por outro lado, o Kisunla não é recomendado para quem usa anticoagulantes ou sofre de uma condição chamada angiopatia amiloide cerebral.

Também há restrições para pacientes que não possuem uma variante específica do gene ApoE ε4.

Em comunicado à imprensa, Luiz Magno, diretor médico sênior da Lilly do Brasil, comemorou a aprovação pela Anvisa:

“Estamos vivendo um momento único na história da neurociência. Depois de mais de trinta e cinco anos de pesquisa da Lilly, finalmente temos o primeiro tratamento que modifica a história natural da doença de Alzheimer aprovado no Brasil. Claro, esse é um marco para nós como companhia e para a ciência, mas principalmente para as pessoas que vivem com a doença de Alzheimer e seus familiares – que há anos buscam por mais esperança. Essa é nossa missão, transformar vidas.”

Estudo clínico

A avaliação para a aprovação foi feita a partir de um estudo clínico de 2023. Ao todo, a pesquisa envolveu 1.736 pacientes de 8 países com Alzheimer em estágio inicial.

Aqueles que receberam o Kisunla tiveram uma progressão clínica da doença menor em comparação aos pacientes tratados com o placebo.

Segundo a Anvisa, assim como qualquer outro remédio, o medicamento vai continuar sendo monitorado.

Disponível em breve

Apesar da aprovação, o Kisunla ainda não está disponível nas farmácias.

Para isso, é preciso esperar o medicamento passar pela Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (CMED).

O processo pode levar semanas ou até meses.

Nos Estados Unidos, o tratamento com o fármaco custa por volta de US$ 12.522 por 6 meses e US$32.000 por 12 meses, aproximadamente R$ 183.192 na cotação atual.

O medicamento é injetável e deve ser administrado uma vez por mês. - Foto: Getty Images/Science Photo Libra

O medicamento é injetável e deve ser administrado uma vez por mês. – Foto: Getty Images/Science Photo Libra



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China lança banda larga 10G; a primeira e mais rápida do mundo

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São 7 os próximos feriados de 2025. Três vão cair em plena quinta-feira. - Foto: Freepik

Na vanguarda sempre, os chineses surpreendem mais uma vez. A China lança a primeira banda larga 10G do mundo. A expectativa é oferecer velocidades de download de até 9.834 Mbps, velocidades de upload de 1.008 Mbps e latência de 3 milissegundos, muito maiores do que as usadas atualmente.

Com o 10G vai ser possível baixar em apenas 20 segundos um filme completo em 4K (com cerca de 20 GB), que normalmente leva de 7 a 10 minutos em uma conexão de 1 Gbps.

A tecnologia de Rede Óptica Passiva (PON) 50G, que abastece a rede 10G, melhora a transmissão de dados pela infraestrutura – de fibra óptica atual.

Trabalho em parceria

A inovação foi anunciada, no Condado de Sunan, província de Hebei. O lançamento é resultado de um trabalho colaborativo da Huawei e da China Unicom.

Essa tecnologia permitirá, por exemplo, o uso de nuvem, realidade virtual e aumentada, streaming de vídeo 8K e integração de dispositivos domésticos inteligentes, tudo de uma só vez.

Com essa iniciativa, a China supera a banda larga comercial em países, como Emirados Árabes e Catar, de acordo com o Times of India.

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Expectativas de aplicações sociais

A implementação da banda larga 10G deve facilitar avanços em setores sociais, como saúde, educação e agricultura por intermédio da transmissão de dados mais rápida e confiável.

De acordo com os engenheiros e pesquisadores envolvidos, essa tecnologia será usada em aplicados “exigentes” de alta velocidade.

Com a banda larga 10G, a China se coloca à frente dos Emirados Árabes e do Catar em tecnologia comercial. Foto: Freepik Com a banda larga 10G, a China se coloca à frente dos Emirados Árabes e do Catar em tecnologia comercial. Foto: Freepik



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