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Eduardo Paes decidiu enfrentar o cartel dos ônibus – 11/01/2025 – Elio Gaspari

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O ano começou com uma grande notícia. O prefeito do Rio, Eduardo Paes, atacou o cartel dos transportes públicos da cidade: “Estamos enfrentando uma turma que é uma máfia […]. Mafiosos que fazem essa caixa-preta há muito tempo no Rio. Eles não vão nos deter. Vamos dar transparência a esse sistema e pagar um preço justo”.

Na raiz da zanga do prefeito está sua tentativa de integração dos transportes com um novo sistema de bilhetagem. No quarto mandato, Paes conhece de cor e salteado as operações do que agora, felizmente, chama de máfia.

Revisitar as proezas desse cartel é um passeio pela ruína da política e dos serviços públicos da cidade.

Em 2004, a prefeita Marta Suplicy instituiu o Bilhete Único em São Paulo. Incomodou as empresas e os transportes que defendiam seus interesses. No Rio, fez-se de conta que a inovação era coisa de outra galáxia. Só em 2007 a Fetranspor, alma do cartel, criou um pastel de vento chamado RioCard Expresso, sem desconto.

O Rio só instituiu o Bilhete Único em 2010. Custava mais caro que o de São Paulo e tinha serventia menor. A Assembleia Legislativa criou uma CPI para abrir a caixa-preta da Fetranspor. Acabou em CPIzza.

Governadores, prefeitos e transportecas empulhavam a população com BRTs e promessas, enquanto tudo continuava na mesma nos domínios do cartel.

Em 2017 a Polícia Federal entrou no circuito e prendeu um pedaço daquilo que Eduardo Paes agora chama de máfia. Foram presos o empresário Jacob Barata Filho, o “Rei dos Ônibus”, e seu grão-vizir Lélis Marcos Teixeira, presidente da Fetranspor.

Disso resultou a exposição de uma rede de propinas que ia dos gabinetes dos governadores Luiz Fernando Pezão e Sérgio Cabral à Assembleia, passando pela Secretaria dos Transportes e pelo Tribunal de Contas.

O Magnífico Cabral teria recebido R$ 144,7 milhões da Fetranspor de 2010 a 2016. A investigação alcançou Rodrigo Bethlem, ex-secretário especial da Ordem Pública do prefeito Eduardo Paes.

Vale lembrar um trecho do relatório do Ministério Público, de novembro de 2017, referindo-se a Jorge Picciani e Paulo Melo, ex-presidentes da Assembleia: “Essas planilhas dizem para nós que, no período de 15 de julho de 2010 a 14 de julho de 2015, foram pagos da conta da Fetranspor para Picciani R$ 58,6 milhões e, para Paulo Melo, R$ 54,3 milhões. Desse dinheiro, parte foi paga a mando de Sérgio Cabral”.

O dinheiro das empresas de ônibus tem uma virtude rara, pois não deixa rastro. O cidadão paga sua passagem, a empresa recolhe, ensaca as notas e as remete ao amigo. Tudo longe do faro do Coaf ou do Banco Central.

Todas essas acusações poderiam ser coisa de jornalistas irresponsáveis, procuradores vingativos ou políticos malvados, até que em 2019 o doutor Lélis Teixeira resolveu falar.

Os repórteres Aguirre Talento e Luiz Ernesto Magalhães revelaram que, com a autoridade de ex-presidente da Fetranspor, Lélis prestou uma colaboração que rendeu 25 anexos. Detonou empresários, políticos, servidores e magistrados. Pela sua conta, em dez anos o cartel aspergiu R$ 120 milhões para pelo menos 30 afortunadas autoridades. Secretários recebiam mesadas de até R$ 200 mil.

Segundo Lélis, a Fetranspor investiu R$ 40 milhões na campanha de 2012 de Eduardo Paes. Ele respondeu afirmando que todas as suas contas de campanha foram aprovadas pela Justiça Eleitoral e lamentava ter que responder a acusações sem conhecer seu teor.

Uma superauditoria para os transportes

Um novo sistema de bilhetagem para os transportes do Rio pode encerrar décadas de domínio daquilo que o prefeito Eduardo Paes chamou de máfia. Pelo sistema atual, as empresas de ônibus recebem subsídios públicos a partir de vagos relatórios de transporte de passageiros. Há décadas esse sistema é conhecido como “caixa-preta”.

Comprovadamente, a Fetranspor foi uma usina de jabaculês. A leitura do que se sabe desanima.

O jornalista Franklin Martins pôs na rede o lundu “Estamos no Século das Luzes”, de 1857, quando se cantava no Rio:

“Os transportes são imensos,

Quer por terra, quer por mar.

[…]

Hoje tudo são progressos

Da famosa padroeira”.

Nascida em 1955, a Fetranspor resistiu a governadores, prefeitos (inclusive três mandatos de Eduardo Paes), CPIzzas, decisões judiciais e inúmeras operações policiais. O resultado desse domínio pode ser avaliado todos os dias nas ruas do Rio.

A Fetranspor é um dos cumes de um sistema corrupto, mas não é sua base. A adoção de um novo sistema de bilhetagem depende de muitos fatores, inclusive uma articulação com o governo do estado, onde está o doutor Cláudio Castro.

O Rio de Janeiro vive uma situação semelhante à de Nova York no fim do século 19. Lá, empresários e juízes se articularam contra a famosa ladroeira e conseguiram alguns resultados.

Conhecido o passado, o prefeito Eduardo Paes poderia nomear uma comissão composta por empresários e engenheiros sem vínculo com o governo para avaliar os contratos de transportes públicos do Rio.

Ela examinaria os acertos vigentes e os já assinados, bem como as planilhas do Riocard, voraz filhote da Fetranspor. A comissão poderia ser presidida por um ex-ministro (ou ministra) do Supremo Tribunal.

Em poucas semanas, essa comissão fecharia os buracos por onde a máfia se enfiou e também aqueles por onde poderá voltar a se enfiar.

Galeão

Houve dias em que os passageiros de voos internacionais do aeroporto do Galeão ralaram mais de uma hora nas filas do check-in e da verificação de passaportes.

São muitos os aeroportos onde se rala no desembarque. Ralar para embarcar é jabuticaba.


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MUNDO

Mulher alimenta pássaros livres na janela do apartamento e tem o melhor bom dia, diariamente; vídeo

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O projeto com os cavalos, no Kentucky (EUA), ajuda dependentes químicos a recomeçarem a vida. - Foto: AP News

Todos os dias de manhã, essa mulher começa a rotina com uma cena emocionante: alimenta vários pássaros livres que chegam à janela do apartamento dela, bem na hora do café. Ela gravou as imagens e o vídeo é tão incrível que já acumula mais de 1 milhão de visualizações.

Cecilia Monteiro, de São Paulo, tem o mesmo ritual. Entre alpiste e frutas coloridas, ela conversa com as aves e dá até nomes para elas.

Nas imagens, ela aparece espalhando delicadamente comida para os pássaros, que chegam aos poucos e transformam a janela num pedacinho de floresta urbana. “Bom dia. Chegaram cedinho hoje, hein?”, brinca Cecilia, enquanto as aves fazem a festa com o banquete.

Amor e semente

Todos os dias Cecilia acorda e vai direto preparar a comida das aves livres.

Ela oferece porções de alpiste e frutas frescas e arruma tudo na borda da janela para os pequenos visitantes.

E faz isso com tanto amor e carinho que a gratidão da natureza é visível.

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Cantos de agradecimento

E a recompensa vem em forma de asas e cantos.

Maritacas, sabiás, rolinha e até uma pomba muito ousada resolveu participar da festa.

O ambiente se transforma com todas as aves cantando e se deliciando.

Vai dizer que essa não é a melhor forma de começar o dia?

Liberdade e confiança

O que mais chama a atenção é a relação de respeito entre a mulher e as aves.

Nada de gaiolas ou cercados. Os pássaros vêm porque querem. E voltam porque confiam nela.

“Podem vir, podem vir”, diz ela na legenda do vídeo.

Internautas apaixonados

O vídeo se tornou viral e emocionou milhares de pessoas nas redes sociais.

Os comentários vão de elogios carinhosos a relatos de seguidores que se sentiram inspirados a fazer o mesmo.

“O nome disso é riqueza! De alma, de vida, de generosidade!”, disse um.

“Pra mim quem conquista os animais assim é gente de coração puro, que benção, moça”, compartilhou um segundo.

Olha que fofura essa janela movimentada, cheia de aves:

Cecila tem a mesma rotina todos os dias. Que gracinha! - Foto: @cecidasaves/TikTok Cecila tem a mesma rotina todos os dias. Põe comida para os pássaros livres na janela do apartamento dela em SP. – Foto: @cecidasaves/TikTok



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Cavalos ajudam dependentes químicos a se reconectar com a vida, emprego e família

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Cecília, uma mulher de São Paulo, põe alimentos todos os dias os para pássaros livres na janela do apartamento dela. - Foto: @cecidasaves/TikTok

O poder sensorial dos cavalos e de conexão com seres humanos é incrível. Tanto que estão ajudando dependentes químicos a se reconectar com a família, a vida e trabalho nos Estados Unidos. Até agora, mais de 110 homens passaram com sucesso pelo programa.

No Stable Recovery, em Kentucky, os cavalos imensos parecem intimidantes, mas eles estão ali para ajudar. O projeto ousado, criado por Frank Taylor, coloca os homens em contato direto com os equinos para desenvolverem um senso de responsabilidade e cuidado.

“Eu estava simplesmente destruído. Eu só queria algo diferente, e no dia em que entrei neste estábulo e comecei a trabalhar com os cavalos, senti que eles estavam curando minha alma”, contou Jaron Kohari, um dos pacientes.

Ideia improvável

Os pacientes chegam ali perdidos, mas saem com emprego, dignidade e, muitas vezes, de volta ao convívio com aqueles que amam.

“Você é meio egoísta e esses cavalos exigem sua atenção 24 horas por dia, 7 dias por semana, então isso te ensina a amar algo e cuidar dele novamente”, disse Jaron Kohari, ex-mineiro de 36 anos, em entrevista à AP News.

O programa nasceu da cabeça de Frank, criador de cavalos puro-sangue e dono de uma fazenda tradicional na indústria de corridas. Ele, que já foi dependente em álcool, sabe muito bem como é preciso dar uma chance para aqueles que estão em situação de vulnerabilidade.

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A ideia

Mas antes de colocar a iniciativa em prática, precisou convencer os irmãos a deixar ex-viciados lidarem com animais avaliados em milhões de dólares.“Frank, achamos que você é louco”, disse a família dele.

Mesmo assim, ele não desistiu e conseguiu a autorização para tentar por 90 dias. Se algo desse errado, o programa seria encerrado imediatamente.

E o melhor aconteceu.

A recuperação

Na Stable Recovery, os participantes acordam às 4h30, participam de reuniões dos Alcoólicos Anônimos e trabalham o dia inteiro cuidando dos cavalos.

Eles escovam, alimentam, limpam baias, levam aos pastos e acompanham as visitas de veterinários aos animais.

À noite, cozinham em esquema revezamento e vão dormir às 21h.

Todo o programa dura um ano, e isso permite que os participantes se tornem amigos, criem laços e fortaleçam a autoestima.

“Em poucos dias, estando em um estábulo perto de um cavalo, ele está sorrindo, rindo e interagindo com seus colegas. Um cara que literalmente não conseguia levantar a cabeça e olhar nos olhos já está se saindo melhor”, disse Frank.

Cavalos que curam

Os cavalos funcionam como espelhos dos tratadores. Se o homem está tenso, o cavalo sente. Se está calmo, ele vai retribuir.

Frank, o dono, chegou a investir mais de US$ 800 mil para dar suporte aos pacientes.

Ao olhar tantas vidas que ele já ajudou a transformar, ele diz que não se arrepende de nada.

“Perdemos cerca de metade do nosso dinheiro, mas apesar disso, todos aqueles caras permaneceram sóbrios.”

A gente aqui ama cavalos. E você?

A rotina com os animais é puxada, mas a recompensa é enorme. – Foto: AP News



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Resgatado brasileiro que ficou preso na neve na Patagônia após seguir sugestão do GPS

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O brasileiro Hugo Calderano, de 28 anos, conquista a inédita medalha de prata no Mundial de Tênis de Mesa no Catar.- Foto: @hugocalderano

Cuidado com as sugestões do GPS do seu carro. Este brasileiro, que ficou preso na neve na Patagônia, foi resgatado após horas no frio. Ele seguiu as orientações do navegador por satélite e o carro acabou atolado em uma duna de neve. Sem sinal de internet para pedir socorro, teve que caminhar durante horas no frio de -10º C, até que foi salvo pela polícia.

O progframador Thiago Araújo Crevelloni, de 38 anos, estava sozinho a caminho de El Calafate, no dia 17 de maio, quando tudo aconteceu. Ele chegou a pensar que não sairia vivo.

O resgate só ocorreu porque a anfitriã da pousada onde ele estava avisou aos policiais sobre o desaparecimento do Thiago. Aí começaram as buscas da polícia.

Da tranquilidade ao pesadelo

Thiago seguia viagem rumo a El Calafate, após passar por Mendoza, El Bolsón e Perito Moreno.

Cruzar a Patagônia de carro sempre foi um sonho para ele. Na manhã do ocorrido, nevava levemente, mas as estradas ainda estavam transitáveis.

A antiga Rota 40, por onde ele dirigia, é famosa pelas paisagens e pela solidão.

Segundo o programador, alguns caminhões passavam e havia máquinas limpando a neve.

Tudo parecia seguro, até que o GPS sugeriu o desvio que mudou tudo.

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Caminho errado

Thiago seguiu pela rota alternativa e, após 20 km, a neve ficou mais intensa e o vento dificultava a visibilidade.

“Até que, numa curva, o carro subiu em uma espécie de duna de neve que não dava para distinguir bem por causa do vento branco. Tudo era branco, não dava para ver o que era estrada e o que era acúmulo de neve. Fiquei completamente preso”, contou em entrevista ao G1.

Ele tentou desatolar o veículo com pedras e ferramentas, mas nada funcionava.

Caiu na neve

Sem ajuda por perto, exausto, encharcado e com muito frio, Thiago decidiu caminhar até a estrada principal.

Mesmo fraco, com fome e mal-estar, colocou uma mochila nas costas e saiu por volta das 17h.

Após mais de cinco horas de caminhada no escuro e com o corpo congelando, ele caiu na neve.

“Fiquei deitado alguns minutos, sozinho, tentando recuperar energia. Consegui me levantar e segui, mesmo sem saber quanta distância faltava.”

Luz no fim do túnel

Sem saber quanto tempo faltava para a estrada principal, Thiago se levantou e continuou a caminhada.

De repente, viu uma luz. No início, o programador achou que estava alucinando.

“Um pouco depois, ao olhar para trás em uma reta infinita, vi uma luz. Primeiro achei que estava vendo coisas, mas ela se aproximava. Era uma viatura da polícia com as luzes acesas. Naquele momento senti um alívio que não consigo descrever. Agitei os braços, liguei a lanterna do celular e eles me viram”, disse.

A gentileza dos policiais

Os policiais ofereceram água, comida e agasalhos.

“Falaram comigo com uma ternura que me emocionou profundamente. Me levaram ao hospital, depois para um hotel. Na manhã seguinte, com a ajuda de um guincho, consegui recuperar o carro”, agradeceu o brasileiro.

Apesar do susto, ele se recuperou e decidiu manter a viagem. Afinal, era o sonho dele!

Veja como foi resgatado o brasileiro que ficou preso na neve na Patagônia:

Thiago caminhou por 5 horas no frio até ser encontrado. – Foto: Thiago Araújo Crevelloni

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