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Endorfina do esporte ajuda a carregar povo da Ucrânia – 18/11/2024 – Esporte

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Marcos Guedes

“Não desistimos”, disse a esgrimista Olga Kharlan, quando recebeu sua medalha em Paris, bronze no sabre, a primeira da Ucrânia nos Jogos Olímpicos deste ano. “Esta medalha é muito especial para o meu país. É para o povo da Ucrânia, para seus defensores [no front], é para aqueles que não puderam estar aqui porque foram mortos pela Rússia.”

A Olimpíada acabou; a guerra, não.

A Ucrânia está sob ataque da Rússia, uma ofensiva iniciada em fevereiro de 2022 que continua a devastar o país de Olga. Como outras áreas, a estrutura esportiva está severamente danificada, sem data para reconstrução. Mas é no desporto que ao menos parte da população se agarra em um momento no qual há pouco no que se agarrar.

“O esporte está no sangue do povo ucraniano”, disse à Folha o ministro da Juventude e do Esporte, Matviy Bidnyi. “É muito importante para os ucranianos ter vitórias nessa área. Vimos uma participação de muito sucesso nos Jogos Olímpicos, foi muito simbólico. Os ucranianos precisam de endorfinas, e esses momentos de vitória ajudam demais.”

A endorfina é um hormônio produzido pelo corpo que alivia as dores e minimiza os efeitos do estresse. E é justamente a atividade física a maneira tida como mais saudável de liberar endorfina no organismo, algo que os ucranianos, sobretudo os mais jovens, procuram manter em meio à guerra.

Em Dnipro, por exemplo, na região centro-leste, funciona uma prestigiada academia de formação de atletas, pela qual já passaram 49 participantes dos Jogos Olímpicos –como Yaroslava Mahuchikh, ouro no salto em altura em Paris-2024. A escola foi danificada em abril por resíduos de um míssil abatido pela defesa ucraniana. Desde então, as áreas de treino são evacuadas a cada alerta de ataque aéreo.

O Instituto de Educação Física e Cultura de Dnipro, cuja cozinha foi destruída, teve danos leves na comparação com outras instalações. O Estádio Central de Irpin, na província de Kiev, tem crateras, decorrentes de tiros de morteiro. E, ainda assim, adolescentes correm e treinam ali, desviando-se dos buracos no trajeto.

“Nestas condições, o esporte é uma das melhores ferramentas para manter alguma saúde mental, manter condições psicológicas razoáveis. Mas é claro que o esporte de alto nível sofreu demais. Muitos atletas foram treinar no exterior, e a gente agradece a ajuda, mas o grosso da equipe nacional ficou, treinando em situação muito desafiadora”, afirmou Bidnyi.

As contas do governo ucraniano apontam mais de 500 instalações esportivas esfaceladas ou danificadas e também mais de 500 atletas, ex-atletas e treinadores mortos na frente de batalha. A checagem dos números é difícil, mas a devastação é visível e inegável.

Ainda assim, a Ucrânia teve resultados expressivos em Paris. O time olímpico ficou em 22º lugar no quadro de medalhas, com três ouros, cinco pratas e quatro bronzes, colocação melhor do que a obtida nos Jogos de Tóquio, em 2021, antes da guerra: 44º lugar. Nos Jogos Paralímpicos, o país mostrou ser uma potência: sétimo lugar, com 22 ouros, 28 pratas e 32 bronzes.

“Foi uma combinação de motivação heroica e resiliência dos nossos atletas, que tiveram de trabalhar em condições físicas e psicológicas muito difíceis. Todos nós tínhamos, temos, alguém na linha de frente, no campo de batalha, perdemos alguém. Agora mesmo, por exemplo, outro dia, uma jovem mãe foi morta com seus três filhos em uma de nossas cidades pacíficas, Kryvyi Rih, por terroristas russos”, disse o ministro do Esporte.

De acordo com Bidnyi, “houve desde o início apoio da comunidade esportiva”, do ponto de vista de recursos e auxílio logístico –no futebol, Shakhtar Donetsk e Dínamo de Kiev vêm disputando suas partidas da Liga dos Campeões e da Liga Europa na Alemanha. O que ele cobra é um maior alinhamento à posição de que atletas da Rússia e também da aliada Belarus devem ser banidos de competições internacionais.

Como ocorreu nos Jogos Olímpicos, os desportistas desses países vêm competindo em diversas modalidades sob “bandeira neutra”. Na prática, o que muda é que sua nacionalidade não é mencionada em publicações oficiais e a bandeira não é hasteada. Isso não impede a belarussa Aryna Sabalenka de liderar o ranking mundial de tênis.

“Nós realmente valorizamos toda a ajuda. Mas, para nós, é muito mais importante uma postura de restrições constantes ao esporte russo e belarusso. Nós não podemos tolerar propaganda russa no esporte! Essa tem que ser uma visão comum. É uma questão significativa para nós. Apreciamos os recursos que recebemos, valorizamos toda a ajuda, mas é mais importante essa posição comum”, afirmou o ministro, certo que a restrição deveria ser total “até o fim da guerra”.

A disputa está em curso, no campo de batalha e nas relações geopolíticas. É um assunto sensível a declaração a ser divulgada pelo G20, com uma negociação difícil em relação ao trecho que tratará das guerras em curso no planeta. O grupo que reúne os países com as maiores economias do mundo neste ano é presidido pelo Brasil, com as principais reuniões marcadas para esta segunda (18) e esta terça (19), no Rio de Janeiro —a Rússia faz parte; a Ucrânia, não.

Narrativas e visões distintas à parte, independentemente das razões do conflito e da redação do texto do G20, é incontornável o fato de que o esporte da Ucrânia foi torpedeado. Antecessor de Bidnyi no ministério e atual presidente do Comitê Olímpico Nacional da Ucrânia, o ex-esgrimista Vadym Gutzeit, ouro nos Jogos de Barcelona, em 1992, disse que “a próxima geração de atletas da Ucrânia foi perdida”.

“Se falamos sobre jovens, não só crianças, são mais de 2 milhões que hoje vivem fora da Ucrânia”, observou Bidnyi. “A questão sobre o futuro do esporte é difícil, sem dúvida. Nós temos que concentrar os esforços em criar as melhores condições para os jovens atletas e para as crianças voltarem quando a guerra acabar.”

O fim da guerra não parece iminente. E, nesse cenário de desalento, o esporte é capaz de produzir alegria. A única vitória da Ucrânia na Eurocopa deste ano —um 2 a 1 sobre a Eslováquia, de virada— foi muito celebrada no país e acompanhada atentamente por soldados, pela televisão.

“Os momentos de vitória nos ajudam a acreditar no futuro, liberam endorfina. Esses momentos nos ajudam a acreditar na nossa vitória, fazem a gente ser mais resiliente, fazem a gente acreditar na nossa gana de vencer”, resumiu o ministro. “É vital.”



Leia Mais: Folha

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Mulher alimenta pássaros livres na janela do apartamento e tem o melhor bom dia, diariamente; vídeo

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O projeto com os cavalos, no Kentucky (EUA), ajuda dependentes químicos a recomeçarem a vida. - Foto: AP News

Todos os dias de manhã, essa mulher começa a rotina com uma cena emocionante: alimenta vários pássaros livres que chegam à janela do apartamento dela, bem na hora do café. Ela gravou as imagens e o vídeo é tão incrível que já acumula mais de 1 milhão de visualizações.

Cecilia Monteiro, de São Paulo, tem o mesmo ritual. Entre alpiste e frutas coloridas, ela conversa com as aves e dá até nomes para elas.

Nas imagens, ela aparece espalhando delicadamente comida para os pássaros, que chegam aos poucos e transformam a janela num pedacinho de floresta urbana. “Bom dia. Chegaram cedinho hoje, hein?”, brinca Cecilia, enquanto as aves fazem a festa com o banquete.

Amor e semente

Todos os dias Cecilia acorda e vai direto preparar a comida das aves livres.

Ela oferece porções de alpiste e frutas frescas e arruma tudo na borda da janela para os pequenos visitantes.

E faz isso com tanto amor e carinho que a gratidão da natureza é visível.

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Cantos de agradecimento

E a recompensa vem em forma de asas e cantos.

Maritacas, sabiás, rolinha e até uma pomba muito ousada resolveu participar da festa.

O ambiente se transforma com todas as aves cantando e se deliciando.

Vai dizer que essa não é a melhor forma de começar o dia?

Liberdade e confiança

O que mais chama a atenção é a relação de respeito entre a mulher e as aves.

Nada de gaiolas ou cercados. Os pássaros vêm porque querem. E voltam porque confiam nela.

“Podem vir, podem vir”, diz ela na legenda do vídeo.

Internautas apaixonados

O vídeo se tornou viral e emocionou milhares de pessoas nas redes sociais.

Os comentários vão de elogios carinhosos a relatos de seguidores que se sentiram inspirados a fazer o mesmo.

“O nome disso é riqueza! De alma, de vida, de generosidade!”, disse um.

“Pra mim quem conquista os animais assim é gente de coração puro, que benção, moça”, compartilhou um segundo.

Olha que fofura essa janela movimentada, cheia de aves:

Cecila tem a mesma rotina todos os dias. Que gracinha! - Foto: @cecidasaves/TikTok Cecila tem a mesma rotina todos os dias. Põe comida para os pássaros livres na janela do apartamento dela em SP. – Foto: @cecidasaves/TikTok



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Cavalos ajudam dependentes químicos a se reconectar com a vida, emprego e família

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Cecília, uma mulher de São Paulo, põe alimentos todos os dias os para pássaros livres na janela do apartamento dela. - Foto: @cecidasaves/TikTok

O poder sensorial dos cavalos e de conexão com seres humanos é incrível. Tanto que estão ajudando dependentes químicos a se reconectar com a família, a vida e trabalho nos Estados Unidos. Até agora, mais de 110 homens passaram com sucesso pelo programa.

No Stable Recovery, em Kentucky, os cavalos imensos parecem intimidantes, mas eles estão ali para ajudar. O projeto ousado, criado por Frank Taylor, coloca os homens em contato direto com os equinos para desenvolverem um senso de responsabilidade e cuidado.

“Eu estava simplesmente destruído. Eu só queria algo diferente, e no dia em que entrei neste estábulo e comecei a trabalhar com os cavalos, senti que eles estavam curando minha alma”, contou Jaron Kohari, um dos pacientes.

Ideia improvável

Os pacientes chegam ali perdidos, mas saem com emprego, dignidade e, muitas vezes, de volta ao convívio com aqueles que amam.

“Você é meio egoísta e esses cavalos exigem sua atenção 24 horas por dia, 7 dias por semana, então isso te ensina a amar algo e cuidar dele novamente”, disse Jaron Kohari, ex-mineiro de 36 anos, em entrevista à AP News.

O programa nasceu da cabeça de Frank, criador de cavalos puro-sangue e dono de uma fazenda tradicional na indústria de corridas. Ele, que já foi dependente em álcool, sabe muito bem como é preciso dar uma chance para aqueles que estão em situação de vulnerabilidade.

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A ideia

Mas antes de colocar a iniciativa em prática, precisou convencer os irmãos a deixar ex-viciados lidarem com animais avaliados em milhões de dólares.“Frank, achamos que você é louco”, disse a família dele.

Mesmo assim, ele não desistiu e conseguiu a autorização para tentar por 90 dias. Se algo desse errado, o programa seria encerrado imediatamente.

E o melhor aconteceu.

A recuperação

Na Stable Recovery, os participantes acordam às 4h30, participam de reuniões dos Alcoólicos Anônimos e trabalham o dia inteiro cuidando dos cavalos.

Eles escovam, alimentam, limpam baias, levam aos pastos e acompanham as visitas de veterinários aos animais.

À noite, cozinham em esquema revezamento e vão dormir às 21h.

Todo o programa dura um ano, e isso permite que os participantes se tornem amigos, criem laços e fortaleçam a autoestima.

“Em poucos dias, estando em um estábulo perto de um cavalo, ele está sorrindo, rindo e interagindo com seus colegas. Um cara que literalmente não conseguia levantar a cabeça e olhar nos olhos já está se saindo melhor”, disse Frank.

Cavalos que curam

Os cavalos funcionam como espelhos dos tratadores. Se o homem está tenso, o cavalo sente. Se está calmo, ele vai retribuir.

Frank, o dono, chegou a investir mais de US$ 800 mil para dar suporte aos pacientes.

Ao olhar tantas vidas que ele já ajudou a transformar, ele diz que não se arrepende de nada.

“Perdemos cerca de metade do nosso dinheiro, mas apesar disso, todos aqueles caras permaneceram sóbrios.”

A gente aqui ama cavalos. E você?

A rotina com os animais é puxada, mas a recompensa é enorme. – Foto: AP News



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Resgatado brasileiro que ficou preso na neve na Patagônia após seguir sugestão do GPS

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O brasileiro Hugo Calderano, de 28 anos, conquista a inédita medalha de prata no Mundial de Tênis de Mesa no Catar.- Foto: @hugocalderano

Cuidado com as sugestões do GPS do seu carro. Este brasileiro, que ficou preso na neve na Patagônia, foi resgatado após horas no frio. Ele seguiu as orientações do navegador por satélite e o carro acabou atolado em uma duna de neve. Sem sinal de internet para pedir socorro, teve que caminhar durante horas no frio de -10º C, até que foi salvo pela polícia.

O progframador Thiago Araújo Crevelloni, de 38 anos, estava sozinho a caminho de El Calafate, no dia 17 de maio, quando tudo aconteceu. Ele chegou a pensar que não sairia vivo.

O resgate só ocorreu porque a anfitriã da pousada onde ele estava avisou aos policiais sobre o desaparecimento do Thiago. Aí começaram as buscas da polícia.

Da tranquilidade ao pesadelo

Thiago seguia viagem rumo a El Calafate, após passar por Mendoza, El Bolsón e Perito Moreno.

Cruzar a Patagônia de carro sempre foi um sonho para ele. Na manhã do ocorrido, nevava levemente, mas as estradas ainda estavam transitáveis.

A antiga Rota 40, por onde ele dirigia, é famosa pelas paisagens e pela solidão.

Segundo o programador, alguns caminhões passavam e havia máquinas limpando a neve.

Tudo parecia seguro, até que o GPS sugeriu o desvio que mudou tudo.

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Caminho errado

Thiago seguiu pela rota alternativa e, após 20 km, a neve ficou mais intensa e o vento dificultava a visibilidade.

“Até que, numa curva, o carro subiu em uma espécie de duna de neve que não dava para distinguir bem por causa do vento branco. Tudo era branco, não dava para ver o que era estrada e o que era acúmulo de neve. Fiquei completamente preso”, contou em entrevista ao G1.

Ele tentou desatolar o veículo com pedras e ferramentas, mas nada funcionava.

Caiu na neve

Sem ajuda por perto, exausto, encharcado e com muito frio, Thiago decidiu caminhar até a estrada principal.

Mesmo fraco, com fome e mal-estar, colocou uma mochila nas costas e saiu por volta das 17h.

Após mais de cinco horas de caminhada no escuro e com o corpo congelando, ele caiu na neve.

“Fiquei deitado alguns minutos, sozinho, tentando recuperar energia. Consegui me levantar e segui, mesmo sem saber quanta distância faltava.”

Luz no fim do túnel

Sem saber quanto tempo faltava para a estrada principal, Thiago se levantou e continuou a caminhada.

De repente, viu uma luz. No início, o programador achou que estava alucinando.

“Um pouco depois, ao olhar para trás em uma reta infinita, vi uma luz. Primeiro achei que estava vendo coisas, mas ela se aproximava. Era uma viatura da polícia com as luzes acesas. Naquele momento senti um alívio que não consigo descrever. Agitei os braços, liguei a lanterna do celular e eles me viram”, disse.

A gentileza dos policiais

Os policiais ofereceram água, comida e agasalhos.

“Falaram comigo com uma ternura que me emocionou profundamente. Me levaram ao hospital, depois para um hotel. Na manhã seguinte, com a ajuda de um guincho, consegui recuperar o carro”, agradeceu o brasileiro.

Apesar do susto, ele se recuperou e decidiu manter a viagem. Afinal, era o sonho dele!

Veja como foi resgatado o brasileiro que ficou preso na neve na Patagônia:

Thiago caminhou por 5 horas no frio até ser encontrado. – Foto: Thiago Araújo Crevelloni

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