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Entenda as secas históricas na América do Sul – 05/11/2024 – Ambiente

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Julie Turkewitz, Ana Ionova, José María León Cabrera

Cortes de eletricidade em todo um país. Uma capital racionando água. Um prefeito incentivando as pessoas a tomarem banho juntas para economizar preciosas gotas. O maior sistema fluvial do mundo, o Amazonas, que sustenta cerca de 30 milhões de pessoas em oito países, está secando.

Uma seca recorde que já está em seu segundo ano está castigando grande parte da América do Sul, incluindo a floresta amazônica, desestabilizando vidas e economias locais e oferecendo um vislumbre alarmante do futuro à medida que os efeitos das mudanças climáticas se tornam mais aparentes.

No Brasil, incêndios florestais alimentados por calor escaldante e condições prolongadas de seca consumiram vastas áreas de floresta, pântanos e pastagens, com a fumaça se espalhando por 80% do país. Isso levou ao cancelamento de aulas, hospitalizações e uma poeira negra cobrindo o interior das casas.

Ao sul, no Paraguai, o rio Paraguai atingiu novos recordes de baixa. Navios estão encalhados e pescadores dizem que seus alvos mais valiosos —incluindo o enorme surubim— praticamente desapareceram, forçando muitas pessoas a procurar trabalho em outros lugares para sustentar suas famílias.

Com grande parte da América do Sul dependente de hidrelétricas, a produção de eletricidade despencou. No Equador, as pessoas estão enfrentando cortes de energia de até 14 horas por dia, derrubando a internet e enfraquecendo a economia do país.

Na capital da Colômbia, Bogotá, o governo está cortando o fornecimento de água para residências em intervalos regulares e o prefeito sugeriu que as pessoas “tomem banho em casal” para reduzir o consumo.

Longos trechos do rio Amazonas se transformaram em praias secas e marrons, e as autoridades estão dragando seções para torná-las mais profundas.

Quão grande é o problema?

A seca atingiu todos os países do continente, exceto Guiana, Suriname e Guiana Francesa. Ela se estende, aproximadamente, da província de Córdoba, no centro-norte da Argentina, até o extremo norte do continente, de acordo com a agência Noaa, dos EUA.

Brasil, Bolívia, Colômbia, Equador, Peru e Venezuela foram particularmente afetados, com grandes áreas desses países experimentando “seca excepcional”, marcada com uma cor vermelha profunda em um mapa da Noaa.

A seca cobre grandes partes da floresta amazônica, especialmente preocupante porque é o sumidouro de carbono mais importante do mundo, absorvendo gases que retêm calor.

Condições mais secas diminuem a capacidade da floresta de absorver esses gases, agravando o aquecimento global, diz Lincoln Muniz Alves, cientista climático do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) do Brasil.

Por que a seca está acontecendo?

A seca é alimentada por duas tendências ligadas às mudanças climáticas, diz Carlos Nobre, cientista brasileiro. Primeiro, um padrão climático El Niño particularmente forte secou a região.

Embora os El Niños, fenômeno climático natural ligado a condições mais quentes no oceano Pacífico tropical, tenham causado secas por milhões de anos, El Niños mais fortes se tornaram mais frequentes à medida que o planeta aquece.

Em segundo lugar, a temperatura no Atlântico Norte atingiu um novo recorde, contribuindo para as condições mais secas.

“Estamos com medo”, diz Nobre.

Quais são alguns dos efeitos sobre as pessoas?

Em setembro, a fumaça dos incêndios florestais surgiu como uma cortina de poeira sobre São Paulo, a capital econômica do Brasil e a maior cidade da América Latina, fazendo com que a metrópole registrasse a pior qualidade do ar do mundo.

Outras cidades brasileiras também sofreram um aumento acentuado na poluição do ar, levando as autoridades a cancelar aulas, adiar desfiles ao ar livre e instar as pessoas a ficarem em casa.

A fumaça adoeceu brasileiros e colocou hospitais sob pressão, à medida que mais pessoas procuram atendimento médico para problemas respiratórios, de acordo com o ministério da saúde do país. Até mesmo um juiz do Supremo Tribunal acabou hospitalizado quando uma densa fumaça cobriu a capital, Brasília.

A seca também atingiu a rede de energia do Brasil, já que a hidreletricidade fornece mais da metade da energia do país. As maiores represas do país tiveram seus reservatórios de água reduzidos para pouco mais de 40% em setembro.

Meses sem chuva secaram rios e riachos na Amazônia que servem como praticamente o único meio de conectar comunidades e movimentar o comércio em algumas das áreas mais remotas do planeta.

Aldeias indígenas distantes ficaram isoladas. Algumas enfrentam escassez de água potável, remédios e alimentos, com as autoridades entregando ajuda de helicóptero.

Buscando reduzir o consumo de energia, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva até considerou retornar ao sistema de horário de verão, que o governo aboliu em 2019.

E o resto do continente?

No Equador, mais de 70% do sistema elétrico do país depende de usinas hidrelétricas. Níveis baixos de água, combinados com falta de manutenção e investimento, levaram o sistema ao ponto de ruptura.

O Equador também experimentou um aumento nos incêndios florestais que devastaram mais de 23.450 hectares de vegetação, de acordo com autoridades equatorianas. Os incêndios fizeram muitos fugirem em setembro quando as chamas invadiram Quito, a capital.

O incêndio consumiu a casa da família Moya, figuras proeminentes na cena arquitetônica do Equador, incinerando um tesouro cultural: uma extensa biblioteca e arquivo editorial dedicado à história arquitetônica do país.

No Paraguai, a seca no Pantanal —a maior área úmida tropical do mundo— fez o rio Paraguai cair a níveis históricos.

Pescadores dizem que os peixes estão desaparecendo. Naufrágios no agora raso rio estão prendendo redes e danificando motores. Na ausência de predadores maiores, as piranhas estão proliferando, mastigando varas e anzóis.

“Como você sobrevive se é uma pessoa pobre e ganha a vida pescando?”, diz Dionisio González, 51, líder de um sindicato local de pescadores, acampado em uma praia rochosa que estava submersa há algumas semanas.

Na Colômbia, quase 70% da energia do país é gerada por meio de barragens hidrelétricas, e especialistas dizem que a seca pode levar ao racionamento de eletricidade em todo o país.

O governo já está incentivando as empresas de serviços públicos a aumentarem a produção de energia térmica queimando carvão e gás natural.

Quando a seca vai acabar?

Os cientistas esperam que um novo padrão climático, conhecido como La Niña, comece em breve, disse Alves, trazendo “alguma chance” de aumento das chuvas em todo o continente e melhores condições até o final do ano.

Ainda assim, isso não mudará a tendência maior: as temperaturas estão subindo, remodelando a vida em toda a região.



Leia Mais: Folha

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Mulher alimenta pássaros livres na janela do apartamento e tem o melhor bom dia, diariamente; vídeo

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O projeto com os cavalos, no Kentucky (EUA), ajuda dependentes químicos a recomeçarem a vida. - Foto: AP News

Todos os dias de manhã, essa mulher começa a rotina com uma cena emocionante: alimenta vários pássaros livres que chegam à janela do apartamento dela, bem na hora do café. Ela gravou as imagens e o vídeo é tão incrível que já acumula mais de 1 milhão de visualizações.

Cecilia Monteiro, de São Paulo, tem o mesmo ritual. Entre alpiste e frutas coloridas, ela conversa com as aves e dá até nomes para elas.

Nas imagens, ela aparece espalhando delicadamente comida para os pássaros, que chegam aos poucos e transformam a janela num pedacinho de floresta urbana. “Bom dia. Chegaram cedinho hoje, hein?”, brinca Cecilia, enquanto as aves fazem a festa com o banquete.

Amor e semente

Todos os dias Cecilia acorda e vai direto preparar a comida das aves livres.

Ela oferece porções de alpiste e frutas frescas e arruma tudo na borda da janela para os pequenos visitantes.

E faz isso com tanto amor e carinho que a gratidão da natureza é visível.

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Cantos de agradecimento

E a recompensa vem em forma de asas e cantos.

Maritacas, sabiás, rolinha e até uma pomba muito ousada resolveu participar da festa.

O ambiente se transforma com todas as aves cantando e se deliciando.

Vai dizer que essa não é a melhor forma de começar o dia?

Liberdade e confiança

O que mais chama a atenção é a relação de respeito entre a mulher e as aves.

Nada de gaiolas ou cercados. Os pássaros vêm porque querem. E voltam porque confiam nela.

“Podem vir, podem vir”, diz ela na legenda do vídeo.

Internautas apaixonados

O vídeo se tornou viral e emocionou milhares de pessoas nas redes sociais.

Os comentários vão de elogios carinhosos a relatos de seguidores que se sentiram inspirados a fazer o mesmo.

“O nome disso é riqueza! De alma, de vida, de generosidade!”, disse um.

“Pra mim quem conquista os animais assim é gente de coração puro, que benção, moça”, compartilhou um segundo.

Olha que fofura essa janela movimentada, cheia de aves:

Cecila tem a mesma rotina todos os dias. Que gracinha! - Foto: @cecidasaves/TikTok Cecila tem a mesma rotina todos os dias. Põe comida para os pássaros livres na janela do apartamento dela em SP. – Foto: @cecidasaves/TikTok



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Cavalos ajudam dependentes químicos a se reconectar com a vida, emprego e família

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Cecília, uma mulher de São Paulo, põe alimentos todos os dias os para pássaros livres na janela do apartamento dela. - Foto: @cecidasaves/TikTok

O poder sensorial dos cavalos e de conexão com seres humanos é incrível. Tanto que estão ajudando dependentes químicos a se reconectar com a família, a vida e trabalho nos Estados Unidos. Até agora, mais de 110 homens passaram com sucesso pelo programa.

No Stable Recovery, em Kentucky, os cavalos imensos parecem intimidantes, mas eles estão ali para ajudar. O projeto ousado, criado por Frank Taylor, coloca os homens em contato direto com os equinos para desenvolverem um senso de responsabilidade e cuidado.

“Eu estava simplesmente destruído. Eu só queria algo diferente, e no dia em que entrei neste estábulo e comecei a trabalhar com os cavalos, senti que eles estavam curando minha alma”, contou Jaron Kohari, um dos pacientes.

Ideia improvável

Os pacientes chegam ali perdidos, mas saem com emprego, dignidade e, muitas vezes, de volta ao convívio com aqueles que amam.

“Você é meio egoísta e esses cavalos exigem sua atenção 24 horas por dia, 7 dias por semana, então isso te ensina a amar algo e cuidar dele novamente”, disse Jaron Kohari, ex-mineiro de 36 anos, em entrevista à AP News.

O programa nasceu da cabeça de Frank, criador de cavalos puro-sangue e dono de uma fazenda tradicional na indústria de corridas. Ele, que já foi dependente em álcool, sabe muito bem como é preciso dar uma chance para aqueles que estão em situação de vulnerabilidade.

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A ideia

Mas antes de colocar a iniciativa em prática, precisou convencer os irmãos a deixar ex-viciados lidarem com animais avaliados em milhões de dólares.“Frank, achamos que você é louco”, disse a família dele.

Mesmo assim, ele não desistiu e conseguiu a autorização para tentar por 90 dias. Se algo desse errado, o programa seria encerrado imediatamente.

E o melhor aconteceu.

A recuperação

Na Stable Recovery, os participantes acordam às 4h30, participam de reuniões dos Alcoólicos Anônimos e trabalham o dia inteiro cuidando dos cavalos.

Eles escovam, alimentam, limpam baias, levam aos pastos e acompanham as visitas de veterinários aos animais.

À noite, cozinham em esquema revezamento e vão dormir às 21h.

Todo o programa dura um ano, e isso permite que os participantes se tornem amigos, criem laços e fortaleçam a autoestima.

“Em poucos dias, estando em um estábulo perto de um cavalo, ele está sorrindo, rindo e interagindo com seus colegas. Um cara que literalmente não conseguia levantar a cabeça e olhar nos olhos já está se saindo melhor”, disse Frank.

Cavalos que curam

Os cavalos funcionam como espelhos dos tratadores. Se o homem está tenso, o cavalo sente. Se está calmo, ele vai retribuir.

Frank, o dono, chegou a investir mais de US$ 800 mil para dar suporte aos pacientes.

Ao olhar tantas vidas que ele já ajudou a transformar, ele diz que não se arrepende de nada.

“Perdemos cerca de metade do nosso dinheiro, mas apesar disso, todos aqueles caras permaneceram sóbrios.”

A gente aqui ama cavalos. E você?

A rotina com os animais é puxada, mas a recompensa é enorme. – Foto: AP News



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Resgatado brasileiro que ficou preso na neve na Patagônia após seguir sugestão do GPS

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O brasileiro Hugo Calderano, de 28 anos, conquista a inédita medalha de prata no Mundial de Tênis de Mesa no Catar.- Foto: @hugocalderano

Cuidado com as sugestões do GPS do seu carro. Este brasileiro, que ficou preso na neve na Patagônia, foi resgatado após horas no frio. Ele seguiu as orientações do navegador por satélite e o carro acabou atolado em uma duna de neve. Sem sinal de internet para pedir socorro, teve que caminhar durante horas no frio de -10º C, até que foi salvo pela polícia.

O progframador Thiago Araújo Crevelloni, de 38 anos, estava sozinho a caminho de El Calafate, no dia 17 de maio, quando tudo aconteceu. Ele chegou a pensar que não sairia vivo.

O resgate só ocorreu porque a anfitriã da pousada onde ele estava avisou aos policiais sobre o desaparecimento do Thiago. Aí começaram as buscas da polícia.

Da tranquilidade ao pesadelo

Thiago seguia viagem rumo a El Calafate, após passar por Mendoza, El Bolsón e Perito Moreno.

Cruzar a Patagônia de carro sempre foi um sonho para ele. Na manhã do ocorrido, nevava levemente, mas as estradas ainda estavam transitáveis.

A antiga Rota 40, por onde ele dirigia, é famosa pelas paisagens e pela solidão.

Segundo o programador, alguns caminhões passavam e havia máquinas limpando a neve.

Tudo parecia seguro, até que o GPS sugeriu o desvio que mudou tudo.

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Caminho errado

Thiago seguiu pela rota alternativa e, após 20 km, a neve ficou mais intensa e o vento dificultava a visibilidade.

“Até que, numa curva, o carro subiu em uma espécie de duna de neve que não dava para distinguir bem por causa do vento branco. Tudo era branco, não dava para ver o que era estrada e o que era acúmulo de neve. Fiquei completamente preso”, contou em entrevista ao G1.

Ele tentou desatolar o veículo com pedras e ferramentas, mas nada funcionava.

Caiu na neve

Sem ajuda por perto, exausto, encharcado e com muito frio, Thiago decidiu caminhar até a estrada principal.

Mesmo fraco, com fome e mal-estar, colocou uma mochila nas costas e saiu por volta das 17h.

Após mais de cinco horas de caminhada no escuro e com o corpo congelando, ele caiu na neve.

“Fiquei deitado alguns minutos, sozinho, tentando recuperar energia. Consegui me levantar e segui, mesmo sem saber quanta distância faltava.”

Luz no fim do túnel

Sem saber quanto tempo faltava para a estrada principal, Thiago se levantou e continuou a caminhada.

De repente, viu uma luz. No início, o programador achou que estava alucinando.

“Um pouco depois, ao olhar para trás em uma reta infinita, vi uma luz. Primeiro achei que estava vendo coisas, mas ela se aproximava. Era uma viatura da polícia com as luzes acesas. Naquele momento senti um alívio que não consigo descrever. Agitei os braços, liguei a lanterna do celular e eles me viram”, disse.

A gentileza dos policiais

Os policiais ofereceram água, comida e agasalhos.

“Falaram comigo com uma ternura que me emocionou profundamente. Me levaram ao hospital, depois para um hotel. Na manhã seguinte, com a ajuda de um guincho, consegui recuperar o carro”, agradeceu o brasileiro.

Apesar do susto, ele se recuperou e decidiu manter a viagem. Afinal, era o sonho dele!

Veja como foi resgatado o brasileiro que ficou preso na neve na Patagônia:

Thiago caminhou por 5 horas no frio até ser encontrado. – Foto: Thiago Araújo Crevelloni

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