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Erika Hilton sobre ataques de Nikolas Ferreira: ‘l…

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Nara Boechat

Primeira transexual a liderar uma bancada na Câmara dos Deputados, a deputada federal Erika Hilton (Psol-SP), 31 anos, se destaca pela postura firme em discussões frequentes com a bancada conservadora, em especial com o deputado Nikolas Ferreira (PL-MG). Uma “muralha de proteção” foi criada por Hilton como uma maneira de não se afetar pelos frequentes ataques sofridos, como a parlamentar explicou à coluna GENTE. Durante a Warner Inspira, evento com objetivo de promover a diversidade e a inclusão, com foco na liderança feminina, que aconteceu nesta terça-feira, 26, Warner Music Brasil, no Rio, a deputada sinalizou voos mais altos na política e opinou sobre como o Brasil receberia uma mulher transexual na presidência. “Estamos gestando esse filho”.

A senhora é muito elogiada pela postura e sua eloquência. O que te levou a ser assim? Pela minha história e por tudo o que vivi, fui me tornando alguém que se coloca, que se fortalece, até para não sucumbir à própria dor e sofrimento. No contexto de precariedade e marginalização, tinha uma postura firme para sobreviver naquele ambiente, precisava me comunicar bem para conseguir driblar os conflitos. Depois vou para universidade, onde me torno liderança do movimento estudantil, e também aprendo outros métodos comportamentais. 

O que a vida pública te ensinou? Quando fui para a vida pública, que não é nem a rua nem o movimento estudantil, aí é a política dura, engessada, masculina, cheia de interesses e que demanda determinado tipo de postura. Isso é de mim, nasci assim. Fui educada desde pequenininha por mulheres. Eu fazia isso com 5 anos. Brincava no quintal, fazia a minha avó ficar perplexa porque imitava o culto que ia com a minha mãe na igreja. Contava histórias, era fantasiosa. Mas fui lapidando aquilo.

Na Câmara dos Deputados seus embates com Nikolas Ferreira viralizam nas redes. Como isso te afeta, pessoalmente falando? Isso me afeta na medida. Não tem como não ser afetada pelo que a gente escuta, pelos desrespeitos pelos quais a gente passa, pelo quanto eles debocham e menosprezam o parlamento. Fazer aquilo dentro de um espaço público e político de deputados deveria ser motivo o suficiente para que a gente não aceitasse aquele tipo de comportamento. Me afeta num lugar de lamento. 

Como assim? Lamento que tenha que passar por isso para exercer o meu trabalho, para mudar as coisas que eu acredito que são importantes e que sejam mudadas. Lamento que eu tenha que passar por isso para representar vozes que me elegeram acreditando na plataforma e no projeto político que eu acredito. Mas, ao mesmo tempo, também consigo construir uma muralha de proteção, de blindagem. 

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Qual seria o intuito desses insultos? Me parece que o que eles mais querem é exatamente nos atingir, fazer com que a gente desista, se deprima, e a gente não pode dar esse gostinho a eles. Claro que nunca vou deixar de sentir, porque é sobre mim, minha comunidade e minhas pessoas. Eles dizem coisas bárbaras. Sinto, mas, ao mesmo tempo, já me fortaleço para saber qual é o antídoto, como contra-atacar a todos aqueles ataques que são constantes contra mim e contra outros parlamentares. 

A senhora almeja voos mais altos na política? Uma presidência? Isso é muito distante da minha realidade, apesar da representatividade que tenho, apesar dos números que movimento nas redes sociais e do apelo público. Nunca disse isso, mas as pessoas sempre comentam: ‘você vai ser presidente’. Isso ainda é uma trajetória a ser construída e buscada, e cheguei nesse jogo agora. Tenho muito a amadurecer e conhecimento a adquirir. Então, não sei, de verdade. Respondi isso outro dia pra uma jornalista e ele me disse: ‘isso já é uma campanha para presidente’. Falei: ‘pode ser’. 

Quais são seus próximos planos em Brasília? Quero entregar o melhor mandato de deputada federal. Pretendo vir à reeleição na próxima legislatura. Quero continuar tocando os projetos que já toquei. Tenho projeto aprovado e sancionado com menos de dois anos de mandato. Tenho debatido o clima, populações em situação de rua, educação, fome. Isso é o que está no meu horizonte. Se serei presidente da república, senadora ou me candidatarei a esses cargos, é uma coisa para o futuro. Estou aprendendo muito com meu primeiro mandato de federal, era vereadora. Vou descobrindo minha trajetória ao longo do caminho.

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O Brasil está preparado para ter uma pessoa trans na presidência? Não. O Brasil não está preparado, está sendo preparado. Estamos gestando esse filho, estamos criando e organizando esse lugar. O Brasil é muito preconceituoso, é o primeiro país do mundo que ainda mata essa população. O Brasil não olha para esses grupos como cidadãos, pessoas dignas da sociedade. Olham para nós como menos, como demoníacos dentro do debate fundamentalista ou promíscuos pelos olhos do preconceito da sociedade. Eu e algumas outras temos quebrado esse lugar, e essa quebra de paradigma é uma preparação para esse futuro. Estamos mostrando pra sociedade que, primeiro, a gente precisa parar de morrer para ter oportunidades e para construir uma possibilidade de existência. E, segundo, que nós temos a capacidade de não só debater a nossa agenda, debater direitos LGBTs ou direitos trans, mas temos a capacidade de debater a agenda de interesses da nação. 

Muitos acham que sua agenda foca na questão LGBTQIAPN+, não? Se olhar para o meu mandato de vereadora e olhar para o de deputada federal agora, discuti temas que são nacionais e de interesses da sociedade, não das pessoas trans ou dos gays ou das lésbicas ou da comunidade LGBT+. Obviamente essa comunidade se beneficia daquelas agendas. Por exemplo, o debate climático tem uma relação direta com essa comunidade, mas não é pauta da identidade. É uma pauta importante. 

Deputada federal Erika Hilton em palestra no Rio (Gabriela Moreira/Divulgação)



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Frase do dia: Ciro Gomes

Matheus Leitão

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“Estou muito envergonhado! Isto é uma indignidade inexplicável!” (Ciro Gomes, ex-ministro da Fazenda, usando as redes sociais para reclamar da troca de Carlos Lupi por Wolney Queiroz, seu desafeto no PDT, no comando do Ministério da Previdência Social) 


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Felipe Barbosa

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A articulação para mudar quem define o teto de jur…

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A articulação para mudar quem define o teto de jur...

Nicholas Shores

O Ministério da Fazenda e os principais bancos do país trabalham em uma articulação para transferir a definição do teto de juros das linhas de consignado para o Conselho Monetário Nacional (CMN). 

A ideia é que o poder de decisão sobre o custo desse tipo de crédito fique com um órgão vocacionado para a análise da conjuntura econômica. 

Compõem o CMN os titulares dos ministérios da Fazenda e do Planejamento e Orçamento e da presidência do Banco Central – que, atualmente, são Fernando Haddad, Simone Tebet e Gabriel Galípolo.

A oportunidade enxergada pelos defensores da mudança é a MP 1.292 de 2025, do chamado consignado CLT. O Congresso deve instalar a comissão mista que vai analisar a proposta na próxima quarta-feira. 

Uma possibilidade seria aprovar uma emenda ao texto para transferir a função ao CMN.

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Hoje, o poder de definir o teto de juros das diferentes linhas de empréstimo consignado está espalhado por alguns ministérios. 

Cabe ao Conselho Nacional da Previdência Social (CNPS), presidido pelo ministro da Previdência Social, Wolney Queiroz, fixar o juro máximo cobrado no consignado para pensionistas e aposentados do INSS.

A ministra da Gestão e Inovação, Esther Dweck, é quem decide o teto para os empréstimos consignados contraídos por servidores públicos federais.

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Na modalidade do consignado para beneficiários do BPC-Loas, a decisão cabe ao ministro do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Wellington Dias.

Já no consignado de adiantamento do saque-aniversário do FGTS, é o ministro do Trabalho, Luiz Marinho, que tem a palavra final sobre o juro máximo.

Atualmente, o teto de juros no consignado para aposentados do INSS é de 1,85% ao mês. No consignado de servidores públicos federais, o limite está fixado em 1,80% ao mês.

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Segundo os defensores da transferência da decisão para o CMN, o teto “achatado” de juros faz com que, a partir de uma modelagem de risco de crédito, os bancos priorizem conceder empréstimos nessas linhas para quem ganha mais e tem menos idade – restringindo o acesso a crédito para uma parcela considerável do público-alvo desses consignados.

Ainda de acordo com essa lógica, com os contratos de juros futuros de dois anos beirando os 15% e a regra do Banco Central que proíbe que qualquer empréstimo consignado tenha rentabilidade negativa, a tendência é que o universo de tomadores elegíveis para os quais os bancos estejam dispostos a emprestar fique cada vez menor.



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