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‘Este é um dia feliz’: rebeldes sírios voltam para casa para se reunir com a família e reconstruir | Síria

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William Christou in eastern Ghouta

Desta vez, as portas da emissora estatal síria foram mantidas abertas para Mohammed Abu al-Zaid.

O comandante rebelde entrou no prédio, vestido de camuflagem e com uma pistola na cintura, e cumprimentou a equipe do canal. A recepção calorosa esteve muito longe de sua entrada na manhã de domingo, quando ele invadiu o prédio e anunciou ao vivo que Bashar al-Assado regime havia caído oficialmente.

“Eu não tinha planejado isso; Decidi momentos antes que faria isso”, Zaid, comandante do Sala de Operações Suldisse na segunda-feira, sentado no assento de âncora do estúdio da emissora estatal.

Atrás dele estava a bandeira de três estrelas da oposição síria, que ele colocou no lugar da antiga bandeira do governo Assad.

Ele contou a história a seu tio, Abu Bilal, um combatente rebelde que havia retornado a Damasco vindo do front norte apenas algumas horas antes.

“Sabe, não tivemos muito tempo para assistir ao noticiário, estivemos um pouco ocupados”, disse Bilal enquanto assistia a um vídeo de seu sobrinho anunciando a queda do regime de Assad, que durou 54 anos, em seu telefone.

Bilal foi um entre milhares de lutadores e pessoas deslocadas que regressaram a Damasco e a sua zona rural na segunda-feira, tendo terminado os combates na linha de frente contra o exército sírio em Homs, no centro da Síria, dois dias antes.

Durante anos, os quase 4,5 milhões de pessoas – muitas delas deslocadas – que vivem no noroeste da Síria não conseguiram ver as suas famílias em território controlado pelo governo.

Os combatentes chegavam meia dúzia de cada vez, carregados na traseira dos caminhões. A viagem dos combatentes para o sul foi acompanhada por carros que corriam ao lado deles, buzinando e agitando a bandeira revolucionária síria.

Um combatente rebelde sírio dispara enquanto as pessoas comemoram perto da Torre do Relógio, na cidade central de Homs, em 8 de dezembro de 2024. Fotografia: Muhammad Haj Kadour/AFP/Getty Images

Quando Bilal, juntamente com o irmão de Zaid e vários outros familiares, regressaram a casa em Ghouta Oriental, na zona rural de Damasco, metade da cidade estava à espera deles. Homens em uniformes militares se abraçaram e choraram abertamente, um deles deixando cair o rifle no chão enquanto chorava. A irmã de Bilal jogou pétalas de flores amarelas sobre os homens que voltavam.

“Não o vejo há oito anos, nem meu irmão há quatro. Este é um dia feliz”, disse Zaid durante o coro de tiros comemorativos. A última vez que os dois homens se viram, lutavam juntos contra as forças governamentais em Ghouta Oriental.

Bilal tinha ido continuar a luta em Douma, na zona rural de Damasco, onde foi forçado a mudar-se para Idlib ao abrigo de um acordo entre a oposição e o governo sírio.

Muita coisa mudou desde que os combatentes rebeldes foram separados. Zaid tinha então 24 anos; agora ele tinha quase 38 anos e quatro filhos. A cidade natal de Bilal estava em ruínas, os ataques aéreos do governo sírio deixaram quase todas as casas destruídas e inabitáveis.

Embora os combates em Ghouta Oriental tenham terminado em 2018, não foram feitos esforços de reconstrução. Foguetes explodidos ainda cobriam as ruas e a infraestrutura não era reparada.

“Ghouta Oriental costumava ser famosa por suas árvores, sabe? Agora parece um deserto”, disse Bilal, enquanto dirigia pela cidade com o sobrinho. Ele apontou para os escombros que costumavam ser um complexo de edifícios em Ghouta Oriental. “Ainda há corpos lá, nunca conseguimos retirá-los.”

Bilal contou as batalhas que travou para retornar à sua cidade natal. Ele esteve presente quando o governo sírio usou armas químicas contra a sua própria população em Douma em 2013: “Não conseguíamos acompanhar os mortos, tantas mulheres e crianças. Não conseguimos nem enterrá-los.” Ele disse que o som dos helicópteros costumava aterrorizá-lo – o som das pás do rotor inevitavelmente seguido por bombas de barril.

Agora de volta a casa, e sem o regime de Assad, tanto Bilal como Zaid esperavam poder seguir em frente com as suas vidas. Bilal era dono de um pequeno restaurante antes da guerra e agora tinha um filho que estudava odontologia na universidade. Zaid possuía terras em sua cidade natal, Kanaker, no sul da Síria, para onde esperava retornar e trabalhar como agricultor.

“Vamos entregar as nossas armas assim que tivermos um Estado e um exército adequado. Queremos que este seja um país”, disse Bilal.

Em Damasco, a chegada de combatentes do norte colocou os insurgentes islâmicos de Hayat Tahrir al-Sham (HTS) totalmente de volta ao controle. Os combatentes do HTS montaram postos de controle e protegeram os principais edifícios públicos. Liderada por Abu Mohammed al-Jolani, que prometeu uma transição para um governo civil islâmico – a força foi vista como disciplinada pelos residentes.

A cidade de Douma, nos arredores de Damasco, em 17 de abril de 2018, após uma violenta ofensiva de dois meses no enclave rebelde. Fotografia: AFP/Getty Images

À medida que os combatentes do HTS se espalhavam pela capital, o som dos tiros, constante desde a manhã de domingo, começou a diminuir. As pessoas que começaram a disparar para o alto na Praça Umayyad foram agora perseguidas e tiveram as suas espingardas confiscadas.

Não estava claro como os diferentes grupos rebeldes reagiriam ao facto de o HTS assumir o comando da revolução, mas, por enquanto, as preocupações sobre o futuro foram postas de lado enquanto as famílias celebravam os seus reencontros com os seus entes queridos – combatentes e outros.

“Antes da crise, este lugar estava sempre cheio – mas durante muito tempo ninguém esteve aqui”, disse Samira Abdul Rizk, irmã de Bilal, que permaneceu em Ghouta Oriental durante quase uma década sem ver a família. Na segunda-feira, sua casa estava lotada mais uma vez, suas sobrinhas e sobrinhos já crescidos.



Leia Mais: The Guardian

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Mulher alimenta pássaros livres na janela do apartamento e tem o melhor bom dia, diariamente; vídeo

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O projeto com os cavalos, no Kentucky (EUA), ajuda dependentes químicos a recomeçarem a vida. - Foto: AP News

Todos os dias de manhã, essa mulher começa a rotina com uma cena emocionante: alimenta vários pássaros livres que chegam à janela do apartamento dela, bem na hora do café. Ela gravou as imagens e o vídeo é tão incrível que já acumula mais de 1 milhão de visualizações.

Cecilia Monteiro, de São Paulo, tem o mesmo ritual. Entre alpiste e frutas coloridas, ela conversa com as aves e dá até nomes para elas.

Nas imagens, ela aparece espalhando delicadamente comida para os pássaros, que chegam aos poucos e transformam a janela num pedacinho de floresta urbana. “Bom dia. Chegaram cedinho hoje, hein?”, brinca Cecilia, enquanto as aves fazem a festa com o banquete.

Amor e semente

Todos os dias Cecilia acorda e vai direto preparar a comida das aves livres.

Ela oferece porções de alpiste e frutas frescas e arruma tudo na borda da janela para os pequenos visitantes.

E faz isso com tanto amor e carinho que a gratidão da natureza é visível.

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Cantos de agradecimento

E a recompensa vem em forma de asas e cantos.

Maritacas, sabiás, rolinha e até uma pomba muito ousada resolveu participar da festa.

O ambiente se transforma com todas as aves cantando e se deliciando.

Vai dizer que essa não é a melhor forma de começar o dia?

Liberdade e confiança

O que mais chama a atenção é a relação de respeito entre a mulher e as aves.

Nada de gaiolas ou cercados. Os pássaros vêm porque querem. E voltam porque confiam nela.

“Podem vir, podem vir”, diz ela na legenda do vídeo.

Internautas apaixonados

O vídeo se tornou viral e emocionou milhares de pessoas nas redes sociais.

Os comentários vão de elogios carinhosos a relatos de seguidores que se sentiram inspirados a fazer o mesmo.

“O nome disso é riqueza! De alma, de vida, de generosidade!”, disse um.

“Pra mim quem conquista os animais assim é gente de coração puro, que benção, moça”, compartilhou um segundo.

Olha que fofura essa janela movimentada, cheia de aves:

Cecila tem a mesma rotina todos os dias. Que gracinha! - Foto: @cecidasaves/TikTok Cecila tem a mesma rotina todos os dias. Põe comida para os pássaros livres na janela do apartamento dela em SP. – Foto: @cecidasaves/TikTok



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Cavalos ajudam dependentes químicos a se reconectar com a vida, emprego e família

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Cecília, uma mulher de São Paulo, põe alimentos todos os dias os para pássaros livres na janela do apartamento dela. - Foto: @cecidasaves/TikTok

O poder sensorial dos cavalos e de conexão com seres humanos é incrível. Tanto que estão ajudando dependentes químicos a se reconectar com a família, a vida e trabalho nos Estados Unidos. Até agora, mais de 110 homens passaram com sucesso pelo programa.

No Stable Recovery, em Kentucky, os cavalos imensos parecem intimidantes, mas eles estão ali para ajudar. O projeto ousado, criado por Frank Taylor, coloca os homens em contato direto com os equinos para desenvolverem um senso de responsabilidade e cuidado.

“Eu estava simplesmente destruído. Eu só queria algo diferente, e no dia em que entrei neste estábulo e comecei a trabalhar com os cavalos, senti que eles estavam curando minha alma”, contou Jaron Kohari, um dos pacientes.

Ideia improvável

Os pacientes chegam ali perdidos, mas saem com emprego, dignidade e, muitas vezes, de volta ao convívio com aqueles que amam.

“Você é meio egoísta e esses cavalos exigem sua atenção 24 horas por dia, 7 dias por semana, então isso te ensina a amar algo e cuidar dele novamente”, disse Jaron Kohari, ex-mineiro de 36 anos, em entrevista à AP News.

O programa nasceu da cabeça de Frank, criador de cavalos puro-sangue e dono de uma fazenda tradicional na indústria de corridas. Ele, que já foi dependente em álcool, sabe muito bem como é preciso dar uma chance para aqueles que estão em situação de vulnerabilidade.

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A ideia

Mas antes de colocar a iniciativa em prática, precisou convencer os irmãos a deixar ex-viciados lidarem com animais avaliados em milhões de dólares.“Frank, achamos que você é louco”, disse a família dele.

Mesmo assim, ele não desistiu e conseguiu a autorização para tentar por 90 dias. Se algo desse errado, o programa seria encerrado imediatamente.

E o melhor aconteceu.

A recuperação

Na Stable Recovery, os participantes acordam às 4h30, participam de reuniões dos Alcoólicos Anônimos e trabalham o dia inteiro cuidando dos cavalos.

Eles escovam, alimentam, limpam baias, levam aos pastos e acompanham as visitas de veterinários aos animais.

À noite, cozinham em esquema revezamento e vão dormir às 21h.

Todo o programa dura um ano, e isso permite que os participantes se tornem amigos, criem laços e fortaleçam a autoestima.

“Em poucos dias, estando em um estábulo perto de um cavalo, ele está sorrindo, rindo e interagindo com seus colegas. Um cara que literalmente não conseguia levantar a cabeça e olhar nos olhos já está se saindo melhor”, disse Frank.

Cavalos que curam

Os cavalos funcionam como espelhos dos tratadores. Se o homem está tenso, o cavalo sente. Se está calmo, ele vai retribuir.

Frank, o dono, chegou a investir mais de US$ 800 mil para dar suporte aos pacientes.

Ao olhar tantas vidas que ele já ajudou a transformar, ele diz que não se arrepende de nada.

“Perdemos cerca de metade do nosso dinheiro, mas apesar disso, todos aqueles caras permaneceram sóbrios.”

A gente aqui ama cavalos. E você?

A rotina com os animais é puxada, mas a recompensa é enorme. – Foto: AP News



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Resgatado brasileiro que ficou preso na neve na Patagônia após seguir sugestão do GPS

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O brasileiro Hugo Calderano, de 28 anos, conquista a inédita medalha de prata no Mundial de Tênis de Mesa no Catar.- Foto: @hugocalderano

Cuidado com as sugestões do GPS do seu carro. Este brasileiro, que ficou preso na neve na Patagônia, foi resgatado após horas no frio. Ele seguiu as orientações do navegador por satélite e o carro acabou atolado em uma duna de neve. Sem sinal de internet para pedir socorro, teve que caminhar durante horas no frio de -10º C, até que foi salvo pela polícia.

O progframador Thiago Araújo Crevelloni, de 38 anos, estava sozinho a caminho de El Calafate, no dia 17 de maio, quando tudo aconteceu. Ele chegou a pensar que não sairia vivo.

O resgate só ocorreu porque a anfitriã da pousada onde ele estava avisou aos policiais sobre o desaparecimento do Thiago. Aí começaram as buscas da polícia.

Da tranquilidade ao pesadelo

Thiago seguia viagem rumo a El Calafate, após passar por Mendoza, El Bolsón e Perito Moreno.

Cruzar a Patagônia de carro sempre foi um sonho para ele. Na manhã do ocorrido, nevava levemente, mas as estradas ainda estavam transitáveis.

A antiga Rota 40, por onde ele dirigia, é famosa pelas paisagens e pela solidão.

Segundo o programador, alguns caminhões passavam e havia máquinas limpando a neve.

Tudo parecia seguro, até que o GPS sugeriu o desvio que mudou tudo.

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Caminho errado

Thiago seguiu pela rota alternativa e, após 20 km, a neve ficou mais intensa e o vento dificultava a visibilidade.

“Até que, numa curva, o carro subiu em uma espécie de duna de neve que não dava para distinguir bem por causa do vento branco. Tudo era branco, não dava para ver o que era estrada e o que era acúmulo de neve. Fiquei completamente preso”, contou em entrevista ao G1.

Ele tentou desatolar o veículo com pedras e ferramentas, mas nada funcionava.

Caiu na neve

Sem ajuda por perto, exausto, encharcado e com muito frio, Thiago decidiu caminhar até a estrada principal.

Mesmo fraco, com fome e mal-estar, colocou uma mochila nas costas e saiu por volta das 17h.

Após mais de cinco horas de caminhada no escuro e com o corpo congelando, ele caiu na neve.

“Fiquei deitado alguns minutos, sozinho, tentando recuperar energia. Consegui me levantar e segui, mesmo sem saber quanta distância faltava.”

Luz no fim do túnel

Sem saber quanto tempo faltava para a estrada principal, Thiago se levantou e continuou a caminhada.

De repente, viu uma luz. No início, o programador achou que estava alucinando.

“Um pouco depois, ao olhar para trás em uma reta infinita, vi uma luz. Primeiro achei que estava vendo coisas, mas ela se aproximava. Era uma viatura da polícia com as luzes acesas. Naquele momento senti um alívio que não consigo descrever. Agitei os braços, liguei a lanterna do celular e eles me viram”, disse.

A gentileza dos policiais

Os policiais ofereceram água, comida e agasalhos.

“Falaram comigo com uma ternura que me emocionou profundamente. Me levaram ao hospital, depois para um hotel. Na manhã seguinte, com a ajuda de um guincho, consegui recuperar o carro”, agradeceu o brasileiro.

Apesar do susto, ele se recuperou e decidiu manter a viagem. Afinal, era o sonho dele!

Veja como foi resgatado o brasileiro que ficou preso na neve na Patagônia:

Thiago caminhou por 5 horas no frio até ser encontrado. – Foto: Thiago Araújo Crevelloni

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