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Expulsos de Aleppo quando crianças, estes combatentes regressaram como seus libertadores | Características

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Alepo, Síria – Quando Abdallah Abu Jarrah tinha 13 anos, sonhava em ser engenheiro ou advogado.

Mas a sua cidade natal, Aleppo, foi sitiada pelas forças do regime sírio, auxiliadas pelo Irão, pela Rússia e pelo Hezbollah.

“A situação era terrível com bombardeios, espancamentos e assassinatos”, disse o jovem, agora com 21 anos, à Al Jazeera. “Lembro-me dos massacres do regime, dos assassinatos e dos ataques a padarias e hospitais.”

Oito anos depois, uma série de imagens viralizou nas redes sociais. Os jovens, deslocados pelo regime em 2016, regressaram como combatentes para libertar a cidade de Aleppo. As fotos lado a lado mostravam crianças embarcando em ônibus em uma foto. Na foto seguinte, são jovens com sorriso largo, vestindo uniformes militares e carregando rifles.

Em 22 de Dezembro de 2016, uma batalha de quatro anos que opôs as forças do regime e os seus aliados à oposição terminou com a evacuação de milhares de forças da oposição de Aleppo Oriental em autocarros.

Os crimes de guerra eram abundantes.

Combatentes rebeldes sírios que libertaram a cidade de Aleppo (Ali Haj Suleiman/Al Jazeera)

O regime de al-Assad sitiou áreas da oposição, que incluíam milhares de civis, enquanto a força aérea russa bombardeou hospitais e padarias. O regime utilizou bombas de cloro proibidas internacionalmente, segundo as Nações Unidas, matando centenas de pessoas.

A ONU informou em novembro de 2016, um mês antes do fim da batalha, que o leste de Aleppo não tinha hospitais em funcionamento.

“A brutalidade e a intensidade dos combates nunca foram vistas antes”, disse Elia Ayoub, escritora e pesquisadora que cobriu a queda de Aleppo.

A ONU também criticou grupos de oposição por bombardearem indiscriminadamente áreas civis “para aterrorizar a população civil” e por dispararem contra civis para tentar impedi-los de abandonar as áreas.

Pelo menos 35 mil pessoas morreram e grande parte da cidade foi destruída em 2016 – a maior parte ainda em ruínas oito anos depois. Pelo menos 18% dos mortos eram crianças.

“Achei que nunca mais voltaríamos”, disse Abu Jarrah à Al Jazeera.

Prédios destruídos em frente à Cidadela de Aleppo (Ali Haj Suleiman/Al Jazeera)
Prédios destruídos em frente à Cidadela de Aleppo (Ali Haj Suleiman/Al Jazeera)

Capital da revolução síria

Quando eclodiu uma revolta pacífica exigindo reformas na Síria em 2011, al-Assad respondeu com força brutal. A oposição pegou em armas e desafiou o regime em todo o país.

O regime dependia da intervenção estrangeira. O Hezbollah e o Irão juntaram-se à luta em 2013 e a intervenção russa no final de 2015, aparentemente para combater o ISIL (ISIS), fez recuar a oposição.

“Simbolicamente, Aleppo foi a capital da revolução”, disse Ayoub. “Sua queda foi precedida por outras cidades e foi o último prego no caixão do levante daquela época.”

A cidade permaneceria sob controle do regime por quase oito anos. Muitos dos que fugiram de Aleppo mudaram-se para Idlib, no noroeste da Síria, e amontoaram-se em campos de deslocados, onde sofreram anos de ataques aéreos por parte do regime e dos seus aliados.

Em Novembro, combatentes da oposição liderados por Hayat Tahrir al-Sham (HTS) e o Exército Nacional Sírio, apoiado pela Turquia, lançaram uma operação para retomar Aleppo.

Entre os factores a seu favor estava o facto de o Exército Sírio estar possivelmente mais fraco do que nunca e os seus aliados estarem preocupados com as suas próprias batalhas – a Rússia na Ucrânia e o Irão e o Hezbollah com Israel.

A bandeira síria tremula perto da histórica cidadela de Aleppo (Ali Haj Suleiman/Al Jazeera)
A bandeira síria tremula perto da histórica Cidadela de Aleppo (Ali Haj Suleiman/Al Jazeera)

‘Eu me senti humano novamente’

Em 30 de Novembro, a oposição síria voltou a entrar em Aleppo pela primeira vez em oito anos e rapidamente assumiu o controlo da cidade.

Entre os combatentes que regressaram estava Abu Jarrah, que se juntou a uma facção do Exército Sírio Livre quando tinha cerca de 16 anos.

“Eu me senti humano novamente”, disse ele à Al Jazeera, com os olhos brilhando fora da cidadela histórica da cidade, vestido com uniformes militares adornados com a bandeira verde, branca e preta da Síria, com três estrelas vermelhas. “Hoje é uma alegria indescritível.”

Não muito longe estava Abu Abdelaziz, outro combatente do Exército Sírio Livre que fugiu da cidade quando tinha 17 anos. Ele usava uniforme e uma máscara preta com uma caveira impressa na frente e carregava um rifle.

“Forçaram-nos a sair, deslocaram-nos e amaldiçoaram-nos e voltamos para onde fomos criados, onde passámos a nossa infância com os nossos amigos e a escola”, disse ele. “É uma sensação muito grande de muita alegria. Você não pode medir isso.”

Abu Abdelaziz disse que a primeira coisa que fez quando a cidade foi libertada foi visitar a sua antiga escola.

“Quando eu era jovem queria ser cardiologista”, disse o lutador que hoje tem 24 anos. A guerra, no entanto, teve um grande impacto sobre ele. Sua família foi morta e sua casa em Aleppo foi destruída. Mesmo assim, disse ele, queria ficar em Aleppo e tornar-se médico.

“Agora, se Deus quiser, vou concluir meus estudos”, disse ele.

Abu Abdelaziz foi deslocado de Aleppo quando era adolescente. Ele voltou aos 24 anos para libertar a cidade. (Ali Haj Suleiman/Al Jazeera)
Abu Abdelaziz foi deslocado de Aleppo quando era adolescente. Ele voltou aos 24 anos para libertar a cidade (Ali Haj Suleiman/Al Jazeera)

‘Vamos construir este país juntos’

Aleppo é uma das cidades continuamente habitadas mais antigas do mundo e historicamente uma das mais importantes economicamente do Oriente Médio. Hititas, assírios, árabes, mongóis, mamelucos e otomanos governaram o país antes de se tornar parte da Síria moderna. Antes da guerra civil, era a capital da indústria e das finanças da Síria.

Partes de Aleppo estão em grande parte em mau estado. Os moradores locais disseram à Al Jazeera que mesmo antes da guerra, o regime tinha parado de investir na cidade. Mas muito pouco dos danos causados ​​pelos combates de 2012 a 2016 foi reparado. Até a joia da coroa, a Cidadela de Aleppo, foi gravemente danificada e deixada a apodrecer. Edifícios destruídos por ataques aéreos ainda são visíveis hoje no sopé da Cidadela.

Mesmo na periferia da cidade, bairros inteiros estão completamente abandonados. Telhados desabados e fachadas em ruínas ficam atrás de piscinas vazias enquanto cães selvagens vagam pelas cidades fantasmas.

Agora que a guerra acabou, os combatentes que regressam à cidade esperam negociar as suas armas para ajudar a consertar a cidade.

“Se surgir um campo de estudo, quero concluir meus estudos”, disse Abu Jarrah. “E construiremos este país juntos.”



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Mulher alimenta pássaros livres na janela do apartamento e tem o melhor bom dia, diariamente; vídeo

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O projeto com os cavalos, no Kentucky (EUA), ajuda dependentes químicos a recomeçarem a vida. - Foto: AP News

Todos os dias de manhã, essa mulher começa a rotina com uma cena emocionante: alimenta vários pássaros livres que chegam à janela do apartamento dela, bem na hora do café. Ela gravou as imagens e o vídeo é tão incrível que já acumula mais de 1 milhão de visualizações.

Cecilia Monteiro, de São Paulo, tem o mesmo ritual. Entre alpiste e frutas coloridas, ela conversa com as aves e dá até nomes para elas.

Nas imagens, ela aparece espalhando delicadamente comida para os pássaros, que chegam aos poucos e transformam a janela num pedacinho de floresta urbana. “Bom dia. Chegaram cedinho hoje, hein?”, brinca Cecilia, enquanto as aves fazem a festa com o banquete.

Amor e semente

Todos os dias Cecilia acorda e vai direto preparar a comida das aves livres.

Ela oferece porções de alpiste e frutas frescas e arruma tudo na borda da janela para os pequenos visitantes.

E faz isso com tanto amor e carinho que a gratidão da natureza é visível.

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Cantos de agradecimento

E a recompensa vem em forma de asas e cantos.

Maritacas, sabiás, rolinha e até uma pomba muito ousada resolveu participar da festa.

O ambiente se transforma com todas as aves cantando e se deliciando.

Vai dizer que essa não é a melhor forma de começar o dia?

Liberdade e confiança

O que mais chama a atenção é a relação de respeito entre a mulher e as aves.

Nada de gaiolas ou cercados. Os pássaros vêm porque querem. E voltam porque confiam nela.

“Podem vir, podem vir”, diz ela na legenda do vídeo.

Internautas apaixonados

O vídeo se tornou viral e emocionou milhares de pessoas nas redes sociais.

Os comentários vão de elogios carinhosos a relatos de seguidores que se sentiram inspirados a fazer o mesmo.

“O nome disso é riqueza! De alma, de vida, de generosidade!”, disse um.

“Pra mim quem conquista os animais assim é gente de coração puro, que benção, moça”, compartilhou um segundo.

Olha que fofura essa janela movimentada, cheia de aves:

Cecila tem a mesma rotina todos os dias. Que gracinha! - Foto: @cecidasaves/TikTok Cecila tem a mesma rotina todos os dias. Põe comida para os pássaros livres na janela do apartamento dela em SP. – Foto: @cecidasaves/TikTok



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Cavalos ajudam dependentes químicos a se reconectar com a vida, emprego e família

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Cecília, uma mulher de São Paulo, põe alimentos todos os dias os para pássaros livres na janela do apartamento dela. - Foto: @cecidasaves/TikTok

O poder sensorial dos cavalos e de conexão com seres humanos é incrível. Tanto que estão ajudando dependentes químicos a se reconectar com a família, a vida e trabalho nos Estados Unidos. Até agora, mais de 110 homens passaram com sucesso pelo programa.

No Stable Recovery, em Kentucky, os cavalos imensos parecem intimidantes, mas eles estão ali para ajudar. O projeto ousado, criado por Frank Taylor, coloca os homens em contato direto com os equinos para desenvolverem um senso de responsabilidade e cuidado.

“Eu estava simplesmente destruído. Eu só queria algo diferente, e no dia em que entrei neste estábulo e comecei a trabalhar com os cavalos, senti que eles estavam curando minha alma”, contou Jaron Kohari, um dos pacientes.

Ideia improvável

Os pacientes chegam ali perdidos, mas saem com emprego, dignidade e, muitas vezes, de volta ao convívio com aqueles que amam.

“Você é meio egoísta e esses cavalos exigem sua atenção 24 horas por dia, 7 dias por semana, então isso te ensina a amar algo e cuidar dele novamente”, disse Jaron Kohari, ex-mineiro de 36 anos, em entrevista à AP News.

O programa nasceu da cabeça de Frank, criador de cavalos puro-sangue e dono de uma fazenda tradicional na indústria de corridas. Ele, que já foi dependente em álcool, sabe muito bem como é preciso dar uma chance para aqueles que estão em situação de vulnerabilidade.

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A ideia

Mas antes de colocar a iniciativa em prática, precisou convencer os irmãos a deixar ex-viciados lidarem com animais avaliados em milhões de dólares.“Frank, achamos que você é louco”, disse a família dele.

Mesmo assim, ele não desistiu e conseguiu a autorização para tentar por 90 dias. Se algo desse errado, o programa seria encerrado imediatamente.

E o melhor aconteceu.

A recuperação

Na Stable Recovery, os participantes acordam às 4h30, participam de reuniões dos Alcoólicos Anônimos e trabalham o dia inteiro cuidando dos cavalos.

Eles escovam, alimentam, limpam baias, levam aos pastos e acompanham as visitas de veterinários aos animais.

À noite, cozinham em esquema revezamento e vão dormir às 21h.

Todo o programa dura um ano, e isso permite que os participantes se tornem amigos, criem laços e fortaleçam a autoestima.

“Em poucos dias, estando em um estábulo perto de um cavalo, ele está sorrindo, rindo e interagindo com seus colegas. Um cara que literalmente não conseguia levantar a cabeça e olhar nos olhos já está se saindo melhor”, disse Frank.

Cavalos que curam

Os cavalos funcionam como espelhos dos tratadores. Se o homem está tenso, o cavalo sente. Se está calmo, ele vai retribuir.

Frank, o dono, chegou a investir mais de US$ 800 mil para dar suporte aos pacientes.

Ao olhar tantas vidas que ele já ajudou a transformar, ele diz que não se arrepende de nada.

“Perdemos cerca de metade do nosso dinheiro, mas apesar disso, todos aqueles caras permaneceram sóbrios.”

A gente aqui ama cavalos. E você?

A rotina com os animais é puxada, mas a recompensa é enorme. – Foto: AP News



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Resgatado brasileiro que ficou preso na neve na Patagônia após seguir sugestão do GPS

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O brasileiro Hugo Calderano, de 28 anos, conquista a inédita medalha de prata no Mundial de Tênis de Mesa no Catar.- Foto: @hugocalderano

Cuidado com as sugestões do GPS do seu carro. Este brasileiro, que ficou preso na neve na Patagônia, foi resgatado após horas no frio. Ele seguiu as orientações do navegador por satélite e o carro acabou atolado em uma duna de neve. Sem sinal de internet para pedir socorro, teve que caminhar durante horas no frio de -10º C, até que foi salvo pela polícia.

O progframador Thiago Araújo Crevelloni, de 38 anos, estava sozinho a caminho de El Calafate, no dia 17 de maio, quando tudo aconteceu. Ele chegou a pensar que não sairia vivo.

O resgate só ocorreu porque a anfitriã da pousada onde ele estava avisou aos policiais sobre o desaparecimento do Thiago. Aí começaram as buscas da polícia.

Da tranquilidade ao pesadelo

Thiago seguia viagem rumo a El Calafate, após passar por Mendoza, El Bolsón e Perito Moreno.

Cruzar a Patagônia de carro sempre foi um sonho para ele. Na manhã do ocorrido, nevava levemente, mas as estradas ainda estavam transitáveis.

A antiga Rota 40, por onde ele dirigia, é famosa pelas paisagens e pela solidão.

Segundo o programador, alguns caminhões passavam e havia máquinas limpando a neve.

Tudo parecia seguro, até que o GPS sugeriu o desvio que mudou tudo.

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Caminho errado

Thiago seguiu pela rota alternativa e, após 20 km, a neve ficou mais intensa e o vento dificultava a visibilidade.

“Até que, numa curva, o carro subiu em uma espécie de duna de neve que não dava para distinguir bem por causa do vento branco. Tudo era branco, não dava para ver o que era estrada e o que era acúmulo de neve. Fiquei completamente preso”, contou em entrevista ao G1.

Ele tentou desatolar o veículo com pedras e ferramentas, mas nada funcionava.

Caiu na neve

Sem ajuda por perto, exausto, encharcado e com muito frio, Thiago decidiu caminhar até a estrada principal.

Mesmo fraco, com fome e mal-estar, colocou uma mochila nas costas e saiu por volta das 17h.

Após mais de cinco horas de caminhada no escuro e com o corpo congelando, ele caiu na neve.

“Fiquei deitado alguns minutos, sozinho, tentando recuperar energia. Consegui me levantar e segui, mesmo sem saber quanta distância faltava.”

Luz no fim do túnel

Sem saber quanto tempo faltava para a estrada principal, Thiago se levantou e continuou a caminhada.

De repente, viu uma luz. No início, o programador achou que estava alucinando.

“Um pouco depois, ao olhar para trás em uma reta infinita, vi uma luz. Primeiro achei que estava vendo coisas, mas ela se aproximava. Era uma viatura da polícia com as luzes acesas. Naquele momento senti um alívio que não consigo descrever. Agitei os braços, liguei a lanterna do celular e eles me viram”, disse.

A gentileza dos policiais

Os policiais ofereceram água, comida e agasalhos.

“Falaram comigo com uma ternura que me emocionou profundamente. Me levaram ao hospital, depois para um hotel. Na manhã seguinte, com a ajuda de um guincho, consegui recuperar o carro”, agradeceu o brasileiro.

Apesar do susto, ele se recuperou e decidiu manter a viagem. Afinal, era o sonho dele!

Veja como foi resgatado o brasileiro que ficou preso na neve na Patagônia:

Thiago caminhou por 5 horas no frio até ser encontrado. – Foto: Thiago Araújo Crevelloni

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