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Inglaterra combate inundações com projeto em pântanos – 20/12/2024 – Ambiente

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7 meses atrásem
Rory Smith
A chuva tem caído por quase dois anos seguidos: em garoas, em chuvas e, com preocupante regularidade, em tempestades. O clima sempre foi o assunto favorito de conversa na Grã-Bretanha. As nuvens são familiares. Cada vez mais, no entanto, elas também são uma ameaça.
Em setembro, a chuva de um mês caiu em um único dia em algumas partes da Inglaterra. Os 18 meses até março de 2024 foram os mais chuvosos da história registrada da Inglaterra. Mesmo em uma ilha que construiu pelo menos parte de sua identidade em torno da tolerância ao clima inclemente, tem sido impossível ignorar o dilúvio. As inundações submergiram campos, arruinaram casas e, algumas vezes, isolaram vilarejos inteiros.
À medida que o nível do mar sobe e o clima extremo se torna mais comum, especialistas dizem que as defesas tradicionais da Grã-Bretanha —muros marítimos, barreiras de maré e bancos de areia— serão insuficientes para enfrentar a ameaça. Ela não está sozinha: em setembro, inundações mortais na Europa Central levaram à morte de pelo menos 23 pessoas.
Mas em uma extensão de terra que se projeta da costa de Somerset, no sudoeste da Inglaterra, uma equipe de cientistas, engenheiros e conservacionistas adotou uma solução radical.
Em um projeto que custou 20 milhões de libras (cerca de R$ 149 milhões), as águas das marés foram permitidas a inundar a Península de Steart em 2014 pela primeira vez em séculos.
Em vez de tentar resistir ao mar, a terra foi devolvida a ele. Foi, nas palavras de Alys Laver, a conservacionista que supervisiona o local, um “grande experimento científico.”
Uma década depois, seus resultados podem oferecer um modelo de como algumas partes da Grã-Bretanha —e do resto do mundo— podem se adaptar à realidade das mudanças climáticas.
Um ‘esquema ridículo’
Quando Laver visitou a península pela primeira vez, pouco mais de dez anos atrás, parecia uma “paisagem lunar”, ela recorda. Acres de terras agrícolas, usadas como pastagem para gado leiteiro e de corte, estavam sendo revolvidos por escavadeiras e tratores. Cercas, sebes e valas estavam sendo niveladas. Quase meio milhão de metros cúbicos de solo estavam sendo removidos.
Um novo sistema de riachos foi escavado, serpenteando para dentro a partir do Rio Parrett, cujas águas fluem para o Canal de Bristol e para o Oceano Atlântico.
Laver estava lá em nome de seu empregador, a Wildfowl and Wetlands Trust, uma instituição de caridade que moldou o projeto ao lado da Agência Ambiental, o órgão governamental responsável por proteger as terras e a costa da Inglaterra. A ideia era transformar o que havia sido terra agrícola em marisma, um ecossistema antigo que absorve água à medida que a maré sobe e a libera quando o mar recua.
Não foi um plano universalmente popular. Os agricultores foram pagos cerca de 5.000 libras (cerca de R$ 37 mil) por acre para desistir de suas terras.
“Nem todos eram a favor”, diz um agricultor local, Andy Darch. “Achei que poderia trazer oportunidades. Mas havia muitos que queriam que as defesas tradicionais fossem fortalecidas. Eles sentiam que o governo estava encenando uma retirada controlada das defesas marítimas.”
Um agricultor deslocado, Robert Pocock, disse a um jornal local que o plano era “vandalismo ambiental.” Ian Liddell-Grainger, o então parlamentar do Partido Conservador da área, denunciou-o no Parlamento como “um esquema extravagante e ridículo.” Descrevendo as inundações em Somerset como “uma crise quase anual,” ele acusou a Agência Ambiental de acreditar que “os níveis deveriam ser permitidos a retornar à selva pantanosa que eram na Idade Média.”
Isso era, na verdade, meio verdade. A marisma, que é criada pelos depósitos de lama fina e silte deixados pela água do mar em retirada, existe há milhares de anos. Foi usada para a produção de sal e para pastagem de animais no período romano.
Ao longo dos séculos, as terras pantanosas foram cada vez mais vistas como improdutivas. Milhares de acres foram drenados e transformados em terras aráveis ou desenvolvidos para habitação e indústria. Desde 1860, a Grã-Bretanha perdeu 85% de suas marismas, de acordo com o Centro de Ecologia e Hidrologia do Reino Unido, um instituto de pesquisa.
Devolver Steart à selva pantanosa foi, em parte, um reconhecimento de que o desenvolvimento excessivo de terras costeiras tornou as inundações mais prováveis, não menos.
E assim, quando o sol nasceu em 8 de setembro de 2014, a maré inundou a península. A água fluiu através de uma nova abertura, com cerca de 200 metros de largura, e depois em canais e riachos que, de cima, pareciam as veias de uma folha. A terra havia sido rendida. O experimento havia começado.
Vendendo lama
A questão com a marisma, Laver reconheceu com um aceno de cabeça resignado, é que não é romântica. Objetivamente, é lama molhada. E lama molhada não é o tipo de coisa que excita as pessoas.
Ainda assim, em um dia nublado no início deste ano, enquanto passeávamos por um mundo pelo menos parcialmente de sua criação, ela não conseguia esconder o encanto em sua voz. Sob a tranquila aparência da marisma, pontilhada de poças e riachos, havia um notável senso de atividade. “Resolve tantos problemas,” diz Laver.
A marisma atua como uma barreira natural e extremamente eficaz contra inundações, absorvendo e retardando as marés antes que possam invadir o interior. Mesmo no último inverno —o mais chuvoso que qualquer um na área podia se lembrar— a vila em uma extremidade da península não inundou. Os caminhos através da marisma permaneceram transitáveis. Um banco íngreme, coberto de grama e significativamente mais alto que o antigo muro de contenção, agora margeia o rio.
A área também é um refúgio para a vida selvagem. Observatórios de pássaros com janelas gigantes oferecem vislumbres de maçaricos, tarambolas, ostraceiros, garças e garças-reais. Uma população crescente de alfaiates —aves aquáticas preto-e-brancas com bicos curvados distintivos— se reuniu em torno das poças de água salobra.
A aliança entre os conservacionistas e a população local ajudou a superar as objeções iniciais ao projeto. Laver agora supervisiona um pequeno exército de voluntários que ajudam a manter a marisma —aparando sebes, limpando caminhos. Tantos querem ajudar que há uma lista de espera.
Há, no entanto, outro benefício para o projeto em Steart. A beleza desta lama molhada, afinal, não está em como ela parece, mas no que ela faz.
Uma esponja de carbono
Enquanto planejavam o projeto em Steart, Laver e seus colegas sabiam que a marisma aprisionava carbono. Ela faz isso de duas maneiras. As plantas que prosperam na marisma crescem rapidamente, extraindo carbono da atmosfera.
E os solos nas marismas são amplamente anaeróbicos, o que significa que decompõem o carbono no sedimento deixado pelas águas das marés em retirada muito lentamente —ao longo de centenas ou milhares de anos.
O que não era certo era quão eficaz a marisma poderia ser em aprisionar carbono.
Os dados que surgiram, uma década depois, são encorajadores. “Já chegamos a 19 toneladas de carbono por hectare, por ano,” diz Laver. Esse número é insignificante para a maioria, mas ela está acostumada a explicá-lo: “É o equivalente a carregar 15 trilhões de telefones” todos os anos, afirma ela, ou “aquecer 33.000 casas.”
Essa conquista vem com duas ressalvas. Uma: Laver sabe que a marisma não continuará a capturar carbono em um ritmo tão prodigioso. E duas: mesmo esse ponto alto representa uma fração das emissões totais da Grã-Bretanha.
“Fizemos estudos em todas as marismas naturais da Grã-Bretanha, e elas capturam algo em torno de 46.500 toneladas de carbono por ano,” diz Craig Smeaton, professor de geografia na Universidade de St. Andrews. “A pegada de carbono da Grã-Bretanha é de cerca de 58 milhões de toneladas a cada ano.”
O impacto pode ser mais significativo em outros lugares. Na América do Norte e na Austrália, em particular, a marisma é quase “como turfa,” diz Smeaton.
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Mulher alimenta pássaros livres na janela do apartamento e tem o melhor bom dia, diariamente; vídeo

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1 mês atrásem
26 de maio de 2025
Todos os dias de manhã, essa mulher começa a rotina com uma cena emocionante: alimenta vários pássaros livres que chegam à janela do apartamento dela, bem na hora do café. Ela gravou as imagens e o vídeo é tão incrível que já acumula mais de 1 milhão de visualizações.
Cecilia Monteiro, de São Paulo, tem o mesmo ritual. Entre alpiste e frutas coloridas, ela conversa com as aves e dá até nomes para elas.
Nas imagens, ela aparece espalhando delicadamente comida para os pássaros, que chegam aos poucos e transformam a janela num pedacinho de floresta urbana. “Bom dia. Chegaram cedinho hoje, hein?”, brinca Cecilia, enquanto as aves fazem a festa com o banquete.
Amor e semente
Todos os dias Cecilia acorda e vai direto preparar a comida das aves livres.
Ela oferece porções de alpiste e frutas frescas e arruma tudo na borda da janela para os pequenos visitantes.
E faz isso com tanto amor e carinho que a gratidão da natureza é visível.
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Cantos de agradecimento
E a recompensa vem em forma de asas e cantos.
Maritacas, sabiás, rolinha e até uma pomba muito ousada resolveu participar da festa.
O ambiente se transforma com todas as aves cantando e se deliciando.
Vai dizer que essa não é a melhor forma de começar o dia?
Liberdade e confiança
O que mais chama a atenção é a relação de respeito entre a mulher e as aves.
Nada de gaiolas ou cercados. Os pássaros vêm porque querem. E voltam porque confiam nela.
“Podem vir, podem vir”, diz ela na legenda do vídeo.
Internautas apaixonados
O vídeo se tornou viral e emocionou milhares de pessoas nas redes sociais.
Os comentários vão de elogios carinhosos a relatos de seguidores que se sentiram inspirados a fazer o mesmo.
“O nome disso é riqueza! De alma, de vida, de generosidade!”, disse um.
“Pra mim quem conquista os animais assim é gente de coração puro, que benção, moça”, compartilhou um segundo.
Olha que fofura essa janela movimentada, cheia de aves:
Cecila tem a mesma rotina todos os dias. Põe comida para os pássaros livres na janela do apartamento dela em SP. – Foto: @cecidasaves/TikTok
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Cavalos ajudam dependentes químicos a se reconectar com a vida, emprego e família

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1 mês atrásem
26 de maio de 2025
O poder sensorial dos cavalos e de conexão com seres humanos é incrível. Tanto que estão ajudando dependentes químicos a se reconectar com a família, a vida e trabalho nos Estados Unidos. Até agora, mais de 110 homens passaram com sucesso pelo programa.
No Stable Recovery, em Kentucky, os cavalos imensos parecem intimidantes, mas eles estão ali para ajudar. O projeto ousado, criado por Frank Taylor, coloca os homens em contato direto com os equinos para desenvolverem um senso de responsabilidade e cuidado.
“Eu estava simplesmente destruído. Eu só queria algo diferente, e no dia em que entrei neste estábulo e comecei a trabalhar com os cavalos, senti que eles estavam curando minha alma”, contou Jaron Kohari, um dos pacientes.
Ideia improvável
Os pacientes chegam ali perdidos, mas saem com emprego, dignidade e, muitas vezes, de volta ao convívio com aqueles que amam.
“Você é meio egoísta e esses cavalos exigem sua atenção 24 horas por dia, 7 dias por semana, então isso te ensina a amar algo e cuidar dele novamente”, disse Jaron Kohari, ex-mineiro de 36 anos, em entrevista à AP News.
O programa nasceu da cabeça de Frank, criador de cavalos puro-sangue e dono de uma fazenda tradicional na indústria de corridas. Ele, que já foi dependente em álcool, sabe muito bem como é preciso dar uma chance para aqueles que estão em situação de vulnerabilidade.
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A ideia
Mas antes de colocar a iniciativa em prática, precisou convencer os irmãos a deixar ex-viciados lidarem com animais avaliados em milhões de dólares.“Frank, achamos que você é louco”, disse a família dele.
Mesmo assim, ele não desistiu e conseguiu a autorização para tentar por 90 dias. Se algo desse errado, o programa seria encerrado imediatamente.
E o melhor aconteceu.
A recuperação
Na Stable Recovery, os participantes acordam às 4h30, participam de reuniões dos Alcoólicos Anônimos e trabalham o dia inteiro cuidando dos cavalos.
Eles escovam, alimentam, limpam baias, levam aos pastos e acompanham as visitas de veterinários aos animais.
À noite, cozinham em esquema revezamento e vão dormir às 21h.
Todo o programa dura um ano, e isso permite que os participantes se tornem amigos, criem laços e fortaleçam a autoestima.
“Em poucos dias, estando em um estábulo perto de um cavalo, ele está sorrindo, rindo e interagindo com seus colegas. Um cara que literalmente não conseguia levantar a cabeça e olhar nos olhos já está se saindo melhor”, disse Frank.
Cavalos que curam
Os cavalos funcionam como espelhos dos tratadores. Se o homem está tenso, o cavalo sente. Se está calmo, ele vai retribuir.
Frank, o dono, chegou a investir mais de US$ 800 mil para dar suporte aos pacientes.
Ao olhar tantas vidas que ele já ajudou a transformar, ele diz que não se arrepende de nada.
“Perdemos cerca de metade do nosso dinheiro, mas apesar disso, todos aqueles caras permaneceram sóbrios.”
A gente aqui ama cavalos. E você?
A rotina com os animais é puxada, mas a recompensa é enorme. – Foto: AP News
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Resgatado brasileiro que ficou preso na neve na Patagônia após seguir sugestão do GPS

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1 mês atrásem
26 de maio de 2025
Cuidado com as sugestões do GPS do seu carro. Este brasileiro, que ficou preso na neve na Patagônia, foi resgatado após horas no frio. Ele seguiu as orientações do navegador por satélite e o carro acabou atolado em uma duna de neve. Sem sinal de internet para pedir socorro, teve que caminhar durante horas no frio de -10º C, até que foi salvo pela polícia.
O progframador Thiago Araújo Crevelloni, de 38 anos, estava sozinho a caminho de El Calafate, no dia 17 de maio, quando tudo aconteceu. Ele chegou a pensar que não sairia vivo.
O resgate só ocorreu porque a anfitriã da pousada onde ele estava avisou aos policiais sobre o desaparecimento do Thiago. Aí começaram as buscas da polícia.
Da tranquilidade ao pesadelo
Thiago seguia viagem rumo a El Calafate, após passar por Mendoza, El Bolsón e Perito Moreno.
Cruzar a Patagônia de carro sempre foi um sonho para ele. Na manhã do ocorrido, nevava levemente, mas as estradas ainda estavam transitáveis.
A antiga Rota 40, por onde ele dirigia, é famosa pelas paisagens e pela solidão.
Segundo o programador, alguns caminhões passavam e havia máquinas limpando a neve.
Tudo parecia seguro, até que o GPS sugeriu o desvio que mudou tudo.
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Caminho errado
Thiago seguiu pela rota alternativa e, após 20 km, a neve ficou mais intensa e o vento dificultava a visibilidade.
“Até que, numa curva, o carro subiu em uma espécie de duna de neve que não dava para distinguir bem por causa do vento branco. Tudo era branco, não dava para ver o que era estrada e o que era acúmulo de neve. Fiquei completamente preso”, contou em entrevista ao G1.
Ele tentou desatolar o veículo com pedras e ferramentas, mas nada funcionava.
Caiu na neve
Sem ajuda por perto, exausto, encharcado e com muito frio, Thiago decidiu caminhar até a estrada principal.
Mesmo fraco, com fome e mal-estar, colocou uma mochila nas costas e saiu por volta das 17h.
Após mais de cinco horas de caminhada no escuro e com o corpo congelando, ele caiu na neve.
“Fiquei deitado alguns minutos, sozinho, tentando recuperar energia. Consegui me levantar e segui, mesmo sem saber quanta distância faltava.”
Luz no fim do túnel
Sem saber quanto tempo faltava para a estrada principal, Thiago se levantou e continuou a caminhada.
De repente, viu uma luz. No início, o programador achou que estava alucinando.
“Um pouco depois, ao olhar para trás em uma reta infinita, vi uma luz. Primeiro achei que estava vendo coisas, mas ela se aproximava. Era uma viatura da polícia com as luzes acesas. Naquele momento senti um alívio que não consigo descrever. Agitei os braços, liguei a lanterna do celular e eles me viram”, disse.
A gentileza dos policiais
Os policiais ofereceram água, comida e agasalhos.
“Falaram comigo com uma ternura que me emocionou profundamente. Me levaram ao hospital, depois para um hotel. Na manhã seguinte, com a ajuda de um guincho, consegui recuperar o carro”, agradeceu o brasileiro.
Apesar do susto, ele se recuperou e decidiu manter a viagem. Afinal, era o sonho dele!
Veja como foi resgatado o brasileiro que ficou preso na neve na Patagônia:
Thiago caminhou por 5 horas no frio até ser encontrado. – Foto: Thiago Araújo Crevelloni
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