POLÍTICA
Kassab anaboliza PSD e mantém hábil ‘ginástica’ en…

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Valmar Hupsel Filho
O ato de filiação da governadora de Pernambuco, Raquel Lyra, ao PSD, no último dia 10, foi pensado para ser uma demonstração de força política não só da nova pessedista, que pretende concorrer à reeleição em 2026, mas também do presidente da legenda, Gilberto Kassab, e seu plano expansionista. Na ocasião, ele deu um recado direcionado tanto ao público interno quanto ao externo para manter o poder de atração para sua órbita: disse que o partido terá candidatura própria ao Planalto em 2026 e até lançou o nome de Raquel para uma eventual candidatura presidencial em 2030. A cerimônia, com ares de comício, ilustrou também o talento para malabarismo do cacique, que segue com um pé no governo e outro na oposição. O evento teve a presença dos três ministros do partido, Alexandre Silveira (Minas e Energia), Carlos Fávaro (Agricultura) e André de Paula (Pesca), além de deputados federais e senadores, não só do PSD, mas também de partidos antagônicos que rivalizam no plano político nacional: o PT do presidente Lula e o PL de Jair Bolsonaro.
A filiação de Raquel, primeira mulher a governar Pernambuco, reforça a anabolização recente do partido. Com ela, o PSD chega a três governadores — já tem Ratinho Junior (PR) e Fábio Mitidieri (SE) —, número menor apenas que os de PT e União Brasil, ambos com quatro. Questionado se negocia a filiação de outro governador, Kassab diz apenas que “nossas lideranças, em cada estado, estão trabalhando para isso” e completa afirmando que “é possível termos mais governadores eleitos” — o que é facilitado pelo fato de o partido ter sido o que mais emplacou prefeitos em 2024 (891), base fundamental para conquistar mais estados em 2026. Em meio a discussões sobre fusão com o PSDB, Kassab já conversou com o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, e recentemente se reuniu com o de Mato Grosso do Sul, Eduardo Riedel, e seu antecessor, Reinaldo Azambuja — todos no minguante ninho tucano. Um passo certo será a filiação em maio do ex-governador do Espírito Santo Paulo Hartung, hoje no MDB. A ideia é que ele saia ao Senado ou tente novamente o governo.
Parte do sucesso que o PSD tem tido em crescer atraindo políticos de diferentes matizes ideológicos está na sentença inaugural dada por Kassab ao fundar o partido: a de que ele não seria “nem de direita nem de esquerda nem de centro”. É isso que permite atrair e manter filiados com perfis tão diversos quanto o deputado Sargento Fahur (PR), bolsonarista de carteirinha, e o senador Otto Alencar (BA), que prega apoio irrestrito a Lula. A predileção é estar perto do poder, seja ele qual for. Ao mesmo tempo que se fortalece, aumentando sua bancada no Congresso ou ocupando cargos em governos à direita e à esquerda, como os de Lula e do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, o PSD não se vincula a nenhum deles.
A ginástica de Kassab é mesmo admirável. Embora integre os governos de Lula e Tarcísio, dois potenciais candidatos ao Planalto no ano que vem, o cacique vem martelando nos últimos dias a mensagem de que o PSD terá o seu presidenciável. Questionado sobre isso pela reportagem de VEJA, diz que “candidatura própria é sempre prioridade” e afirma que Ratinho Jr. é o plano “caso o partido defina, no momento adequado, que teremos candidatura própria”. Ele, no entanto, deixa aberta a possibilidade de composição a depender do cenário no ano que vem. O aceno mostra que Kassab segue uma cartilha com muito potencial na política: manter-se relevante para garantir assento privilegiado nas principais negociações que surgirem nos próximos embates eleitorais. “Para estar no acerto, tem que estar na mesa. Time que não tem torcida não joga”, resume a senadora Eliziane Gama (PSD-MA).

Uma coisa que conta a favor de Kassab e do PSD é que o cenário é de indefinição. A esquerda aposta em Lula, mas fatores como a queda de popularidade e as condições de saúde do petista põem em dúvida a presença dele no páreo em 2026 — se isso ocorrer, não será fácil viabilizar uma alternativa. Já à direita, com Bolsonaro inelegível e perto de ir ao banco dos réus por tentativa de golpe, há uma proliferação de nomes e nenhuma certeza sobre quem será seu herdeiro eleitoral. Diante da falta de concretude dos dois lados, Kassab vai montando seus palanques, dando guarida a quem chega e fazendo promessas até para 2030.
Publicado em VEJA de 14 de março de 2025, edição nº 2935
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A articulação para mudar quem define o teto de jur…

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5 de maio de 2025
Nicholas Shores
O Ministério da Fazenda e os principais bancos do país trabalham em uma articulação para transferir a definição do teto de juros das linhas de consignado para o Conselho Monetário Nacional (CMN).
A ideia é que o poder de decisão sobre o custo desse tipo de crédito fique com um órgão vocacionado para a análise da conjuntura econômica.
Compõem o CMN os titulares dos ministérios da Fazenda e do Planejamento e Orçamento e da presidência do Banco Central – que, atualmente, são Fernando Haddad, Simone Tebet e Gabriel Galípolo.
A oportunidade enxergada pelos defensores da mudança é a MP 1.292 de 2025, do chamado consignado CLT. O Congresso deve instalar a comissão mista que vai analisar a proposta na próxima quarta-feira.
Uma possibilidade seria aprovar uma emenda ao texto para transferir a função ao CMN.
Hoje, o poder de definir o teto de juros das diferentes linhas de empréstimo consignado está espalhado por alguns ministérios.
Cabe ao Conselho Nacional da Previdência Social (CNPS), presidido pelo ministro da Previdência Social, Wolney Queiroz, fixar o juro máximo cobrado no consignado para pensionistas e aposentados do INSS.
A ministra da Gestão e Inovação, Esther Dweck, é quem decide o teto para os empréstimos consignados contraídos por servidores públicos federais.
Na modalidade do consignado para beneficiários do BPC-Loas, a decisão cabe ao ministro do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Wellington Dias.
Já no consignado de adiantamento do saque-aniversário do FGTS, é o ministro do Trabalho, Luiz Marinho, que tem a palavra final sobre o juro máximo.
Atualmente, o teto de juros no consignado para aposentados do INSS é de 1,85% ao mês. No consignado de servidores públicos federais, o limite está fixado em 1,80% ao mês.
Segundo os defensores da transferência da decisão para o CMN, o teto “achatado” de juros faz com que, a partir de uma modelagem de risco de crédito, os bancos priorizem conceder empréstimos nessas linhas para quem ganha mais e tem menos idade – restringindo o acesso a crédito para uma parcela considerável do público-alvo desses consignados.
Ainda de acordo com essa lógica, com os contratos de juros futuros de dois anos beirando os 15% e a regra do Banco Central que proíbe que qualquer empréstimo consignado tenha rentabilidade negativa, a tendência é que o universo de tomadores elegíveis para os quais os bancos estejam dispostos a emprestar fique cada vez menor.
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