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Língua portuguesa não vai desaparecer nem ser substituída – 09/10/2024 – José Manuel Diogo

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Em recente entrevista ao El Confidencial, o linguista Fernando Venâncio lançou uma provocação: dentro de 50 anos, o Brasil deixará de falar o português para adotar um novo idioma, o brasileiro.

A tese, que está no centro de seu livro “Assim Nasceu uma Língua”, sustenta que as transformações culturais e linguísticas tornariam inevitável a separação completa entre o português europeu e o do Brasil.

No entanto, essa visão simplifica a complexidade das dinâmicas linguísticas e ignora forças contemporâneas que apontam para o caminho oposto: o português está evoluindo, sim, mas em direção a uma adaptação global, não à fragmentação.

O que Venâncio deixa de considerar é o papel fundamental que a globalização e a mobilidade desempenham no cenário linguístico atual. O Brasil, com sua pujante produção cultural e influência internacional, exporta diariamente seu idioma por meio de filmes, novelas, música e literatura. Esses produtos atravessam fronteiras e impactam diretamente a língua falada em Portugal e em outros países lusófonos, promovendo uma convivência e não uma ruptura.

A circulação de brasileiros e portugueses entre os dois lados do Atlântico é outro fator decisivo, criando um ambiente de integração cultural e linguística.

Hoje, redes sociais e plataformas digitais aproximam falantes de diferentes variantes, gerando uma interação constante que suaviza as diferenças regionais e reforça a unidade da língua. A comunicação transnacional entre lusófonos em um mundo hiperconectado reduz qualquer possibilidade de uma separação formal. O que vemos é a coexistência das variantes em um cenário de flexibilidade e adaptação, onde as trocas culturais enriquecem e não rompem, antes reforçam a sua essência.

As dinâmicas demográficas revelam outro aspecto crucial: o crescimento da diáspora brasileira em Portugal e em outros países lusófonos promove uma convivência que não gera segregação, mas sim uma absorção mútua. Os falantes estão constantemente reconfigurando suas formas de falar, absorvendo dialetos e expressões regionais, mas sem perder a estrutura comum que caracteriza o português como um idioma único.

O argumento de Venâncio de que as indústrias culturais tratam o português do Brasil e o português europeu como línguas distintas carece de análise mais profunda. Essas divisões são mais comerciais que linguísticas. A segmentação de traduções, por exemplo, é uma estratégia de mercado para atender públicos específicos, mas isso não significa que os falantes brasileiros e portugueses não possam se entender. Essas barreiras são muito mais estilísticas do que estruturais.

Finalmente, é importante ressaltar que o português é uma língua internacional, não binacional. Com mais de 270 milhões de falantes espalhados por todos os continentes, a língua portuguesa está em expansão, não em retração. Assim como o inglês, que possui múltiplas variantes regionais sem perder sua unidade, o português também caminha para uma padronização que respeita as variações regionais, mas que mantém uma base comum.

O que veremos nas próximas décadas não será o desaparecimento do português no Brasil, mas sua adaptação a um mundo globalizado. O futuro do português é de transformação e integração, não de separação. Com toda sua riqueza e diversidade, continuará a ser o elo que une Brasil, Portugal e todos os países lusófonos.


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Ufac homenageia professores com confraternização e show de talentos — Universidade Federal do Acre

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Ufac homenageia professores com confraternização e show de talentos — Universidade Federal do Acre

A reitora da Ufac, Guida Aquino, e a pró-reitora de Graduação, Ednaceli Damasceno, realizaram nessa quarta-feira, 15, no anfiteatro Garibaldi Brasil, uma atividade em alusão ao Dia dos Professores. O evento teve como objetivo homenagear os docentes da instituição, promovendo um momento de confraternização. A programação contou com o show de talentos “Quem Ensina Também Encanta”, que reuniu professores de diferentes centros acadêmicos em apresentações musicais e artísticas.

“Preparamos algo especial para este Dia dos Professores, parabenizo a todos, sou muito grata por todo o apoio e pela parceria de cada um”, disse Guida.

Ednaceli Damasceno parabenizou os professores dos campi da Ufac e suas unidades. “Este é um momento de reconhecimento e gratidão pelo trabalho e dedicação de cada um.”

O presidente da Fundação de Cultura Elias Mansour, Minoru Kinpara, reforçou o orgulho de pertencer à carreira docente. “Sinto muito orgulho de dizer que sou professor e que já passei por esta casa. Feliz Dia dos Professores.”

(Camila Barbosa, estagiária Ascom/Ufac)

 



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PZ e Semeia realizam evento sobre Dia do Educador Ambiental — Universidade Federal do Acre

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PZ e Semeia realizam evento sobre Dia do Educador Ambiental — Universidade Federal do Acre

O Parque Zoobotânico (PZ) da Ufac e a Secretaria Municipal de Meio Ambiente (Semeia) realizaram o evento Diálogos de Saberes Ambientais: Compartilhando Experiências, nessa quarta-feira, 15, no PZ, em alusão ao Dia do Educador Ambiental e para valorizar o papel desses profissionais na construção de uma sociedade mais consciente e comprometida com a sustentabilidade. A programação contou com participação de instituições convidadas.

Pela manhã houve abertura oficial e apresentação cultural do grupo musical Sementes Sonoras. Ocorreram exposições das ações desenvolvidas pelos organizadores, Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema), Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Sínteses da Biodiversidade Amazônica (INCT SinBiAm) e SOS Amazônia, encerrando com uma discussão sobre ações conjuntas a serem realizadas em 2026.

À tarde, a programação contou com momentos de integração e bem-estar, incluindo sessão de alongamento, apresentação musical e atividade na trilha com contemplação da natureza. Como resultado das discussões, foi formada uma comissão organizadora para a realização do 2º Encontro de Educadores Ambientais do Estado do Acre, previsto para 2026.

Compuseram o dispositivo de honra na abertura o coordenador do PZ, Harley Araújo da Silva; a secretária municipal de Meio Ambiente de Rio Branco, Flaviane Agustini; a educadora ambiental Dilcélia Silva Araújo, representando a Sema; a pesquisadora Luane Fontenele, representando o INCT SinBiAm; o coordenador de Biodiversidade e Monitoramento Ambiental, Luiz Borges, representando a SOS Amazônia; e o analista ambiental Sebastião Santos da Silva, representando o Ibama.

 



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Curso de extensão da Ufac sobre software Jamovi inscreve até 26/10 — Universidade Federal do Acre

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Curso de extensão da Ufac sobre software Jamovi inscreve até 26/10 — Universidade Federal do Acre

O curso de extensão Jamovi na Prática: Análise de Dados, da Ufac, está com inscrições abertas até 26 de outubro. São oferecidas 30 vagas para as comunidades acadêmica e externa. O curso tem carga horária de 24 horas e será realizado de 20 de outubro a 14 de dezembro, na modalidade remota assíncrona, pela plataforma virtual da Ufac. É necessário ter 75% das atividades realizadas para obter o certificado.

O objetivo do curso é capacitar estudantes e profissionais no uso do software Jamovi para realização de análises estatísticas de forma intuitiva e eficiente. Com uma abordagem prática, o curso apresenta desde conceitos básicos de estatística descritiva até testes inferenciais, correlação, regressão e análise de variância.

Serão explorados recursos de importação e tratamento de dados, interpretação de resultados e elaboração de relatórios. Ao final, o participante estará apto a aplicar o Jamovi em pesquisas acadêmicas e profissionais, otimizando processos de análise e apresentação de dados com rigor científico e clareza.

 



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