POLÍTICA
Lula aposta nos programas sociais como estratégia…
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Victoria Bechara
Durante a campanha eleitoral de 2022, poucos dias antes do segundo turno, Lula divulgou uma carta ao povo evangélico em que reforçou o seu compromisso com a liberdade de crença, citou iniciativas de seus mandatos anteriores para esse segmento e prometeu estimular a parceria com igrejas para tirar o povo da miséria. No documento, o então candidato à Presidência ressaltou o trabalho social de lideranças religiosas com os mais pobres. “O povo brasileiro está numa condição de desespero, e precisaremos muito da ajuda das igrejas para, o quanto antes, reverter essa situação”, escreveu. A tática do petismo era clara: acenar com o seu vasto arsenal de programas sociais para uma parcela da população que é, em sua maioria, periférica e de baixa renda. De pregação de campanha o negócio se transformou em política do governo, com o objetivo claro de tentar diminuir o abismo que distancia a esquerda do eleitorado evangélico, principalmente desde a ascensão do bolsonarismo.
Principal nome na linha de frente dessa política, o ministro do Desenvolvimento e Assistência Social, Wellington Dias, vem nos últimos meses assinando protocolos de intenção com associações e igrejas para que elas possam identificar e inscrever no Cadastro Único (CadÚnico) pessoas em condições de ser beneficiadas por programas sociais. Cerca de oitenta entidades religiosas aderiram à parceria, a grande maioria evangélica, entre elas várias denominações da Assembleia de Deus, a maior do segmento no Brasil. A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), uma das maiores entidades católicas do país, também fechou acordo. Segundo a pasta, cerca de 2 000 líderes religiosos passaram por capacitação para atuar em programas sociais no Rio de Janeiro, o estado que tem sido o principal alvo da investida — não por acaso reduto do clã Bolsonaro e base de líderes evangélicos bolsonaristas influentes, como o pastor Silas Malafaia. Há iniciativas também em Brasília e no Piauí, terra do ministro, mas a intenção é expandi-las para todos os estados. Em torno de 5 000 pessoas em situação de vulnerabilidade social foram apontadas por essas lideranças para receber benefícios ou participar de cursos de qualificação profissional.
A iniciativa ganhou força com a sanção em outubro do programa Acredita no Primeiro Passo, que prevê ações como capacitação profissional e acesso a microcrédito com juros baixos para pequenos empreendedores. “Essa parceria é fundamental para fortalecermos nossas ações de combate à pobreza e promoção do desenvolvimento social”, afirmou Wellington Dias ao assinar um protocolo com entidades do Rio de Janeiro, em junho. Os termos de compromisso têm duração de três anos, com possibilidade de prorrogação, e preveem a implementação de diversas ações conjuntas para acelerar a inclusão social e produtiva da população mais pobre.
A tese do governo é aproveitar a capilaridade das igrejas para chegar aonde o estado não chega. Segundo o Censo de 2022, divulgado pelo IBGE, as periferias têm mais estabelecimentos religiosos do que a soma de instituições de ensino e de saúde — nas favelas, há 18,2 igrejas para cada hospital e seis igrejas para cada escola.
O Planalto também quer usar o Acredita para atender à demanda crescente da população da periferia pelo empreendedorismo, um desejo que ficou bem claro nas eleições deste ano. O intuito é realizar até 2026 cerca de 1,25 milhão de transações de microcrédito, o que poderá injetar mais de 7,5 bilhões de reais na economia. As parcerias envolvem inclusão em programas sociais como Bolsa Família e Minha Casa, Minha, Vida. O papel básico das igrejas é verificar o enquadramento das pessoas nas regras do governo e encaminhar os cadastros. “As igrejas evangélicas entendem os processos que vivem as populações periféricas, as populações rurais, onde as políticas públicas demoram a chegar. Elas têm conhecimento de causa”, diz Gutierres Barbosa, coordenador do setorial inter-religioso do PT.
Em outra frente de esforços na mesma direção, Lula sancionou recentemente a criação do Dia Nacional do Pastor e da Pastora Evangélica e do Dia da Música Gospel. O governo ainda articula pela aprovação da proposta de emenda constitucional 5/2023, a “PEC das Igrejas”, que amplia a imunidade tributária a templos religiosos. O texto foi apresentado pelo deputado Marcelo Crivella (Republicanos-RJ), bispo licenciado da Igreja Universal do Reino de Deus, que atua diretamente nas negociações com o Ministério da Fazenda. “A parceria social com as igrejas evangélicas é muito importante. Ao mesmo tempo, é necessário que o presidente Lula abra um diálogo permanente”, defende a senadora Eliziane Gama (PSD-MA), uma das representantes do segmento no Congresso.
Além da busca pelo apoio do eleitor evangélico, Lula avança na cooptação de lideranças políticas ligadas à comunidade. Na Câmara, a troca de comando na Frente Parlamentar Evangélica, em fevereiro de 2025, pode ser um fator positivo para o Planalto. O deputado Otoni de Paula (MDB-RJ), ex-apoiador de Bolsonaro e neoaliado de Lula, é o favorito para presidir o poderoso agrupamento, que tem 220 deputados. Em outubro, ele participou do evento para a criação do Dia da Música Gospel e elogiou o presidente, o que causou críticas do bolsonarismo. “É muito importante que a gente avance na capacidade da frente de dialogar com o governo”, diz. A ala mais bolsonarista do grupo, porém, é resistente ao nome de Otoni justamente por causa da aproximação com Lula. Nos bastidores, Sóstenes Cavalcante (PL-RJ) e Eli Borges (PL-TO) trabalham pela candidatura de Gilberto Nascimento (PSD-SP). Já o atual presidente, Silas Câmara (Republicanos-AM), defende o nome de Otoni. Tradicionalmente, a escolha do novo líder se dá por consenso, sem eleição.
Como um passo futuro dentro da mesma política de tentativa de melhorar a relação de Lula com esse segmento político, cogita-se a nomeação de um ministro evangélico em uma eventual reforma em 2025. Entre os cotados estão Eliziane Gama, a deputada petista Benedita da Silva e o advogado-geral da União, Jorge Messias. O deputado Marcos Pereira, presidente do Republicanos, é outra possibilidade. Bispo licenciado da Universal, ele abriu mão de disputar a presidência da Câmara para apoiar Hugo Motta e pode ganhar um prêmio de consolação que aproximaria mais o Republicanos de Lula — a sigla já tem o ministro dos Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho.
O esforço petista pelos evangélicos não é despropositado: o segmento é um dos que têm se mostrado mais arredios a Lula. Pesquisa CNT/MDA de avaliação do governo feita em novembro mostra que a desaprovação ao trabalho do petista é maior entre os religiosos dessa vertente, que também está mais inclinada ao bolsonarismo, atraída por pautas de costumes, como a rejeição ao aborto, às políticas de gênero e à descriminalização de drogas. Embora não tenha dado tração a nenhum desses temas em seu atual governo, Lula sempre ficou exposto à exploração política pela ala bolsonarista, muitas vezes baseada na disseminação de fake news. Em setembro de 2023, por exemplo, deputados viralizaram uma notícia falsa de que o governo teria decretado a instalação de banheiros unissex em escolas e instituições de ensino no Brasil. Como o governo dificilmente vai conseguir algum avanço por meio da fé e da discussão de pautas de cunho moral, o investimento se dá agora por meio da estratégia de mirar uma parte sensível desse eleitorado e das lideranças evangélicas com outro apelo: a oferta de prosperidade e de ascensão social. Resta saber se essa crença dará resultado.
Publicado em VEJA de 6 de dezembro de 2024, edição nº 2922
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A iniciativa de Sidônio para alinhar a comunicação…
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13 de janeiro de 2025 Gustavo Maia
Depois de tomar posse como novo ministro da Secom, nesta semana, o publicitário Sidônio Palmeira deverá convocar as assessorias de todos os ministérios para uma conversa de alinhamento sobre a comunicação do governo.
O encontro está previsto para depois da reunião ministerial que será comandada pelo presidente Lula no próximo dia 21, mas ainda não tem data marcada.
Ao ser confirmado como sucessor de Paulo Pimenta na pasta na última terça-feira, ao lado do atual ministro, o marqueteiro da campanha de Lula em 2022 comentou a declaração do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, de que houve um problema grave de comunicação no anúncio das medidas de contenção de gastos, no fim de novembro.
“A comunicação não é somente aqui na Secom, comunicação do governo é do governo como um todo, porque ele tem a política, a gestão e a comunicação. Esses três entes são interligados, são transversais e é importante que isso aconteça”, declarou Palmeira na ocasião.
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‘Siga o dinheiro’: os planos de Flávio Dino para f…
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12 de janeiro de 2025Laryssa Borges
Com o crescimento das pressões de deputados e senadores para acelerar o pagamento de emendas parlamentares em troca de votações caras ao Executivo, o presidente Lula entrou em campo às vésperas do recesso de fim de ano para liberar uma bolada em recursos para congressistas e destravar votações prioritárias. Dias depois, porém, a classe política foi pega de surpresa: grande parte da operação foi desmantelada por uma canetada do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Flávio Dino. Indicado pelo petista para a mais alta Corte do país, Dino via mais longe e deu ordens para a Polícia Federal seguir o rastro do dinheiro desembolsado em emendas parlamentares, que, por critérios frágeis de rastreabilidade e transparência, são consideradas uma usina potencial de escândalos de corrupção.
Dezenas de investigações da Polícia Federal, corporação que foi subordinada a Dino quando ele era ministro da Justiça, já detectaram que, sob o manto do anonimato, certos deputados e senadores utilizam o envio de recursos para prefeituras aliadas para exigir compensações em proveito próprio. Nas decisões que derrubaram regras que permitiam que parlamentares enviassem praticamente sem controle recursos a bases eleitorais, o ministro listou haver um “ciclo de denúncias”, “desvios de verbas” e “malas de dinheiro sendo apreendidas em aviões, cofres, armários ou jogadas por janelas”. O recado estava dado.
Para azar do Congresso, Flávio Dino herdou os processos da ministra Rosa Weber, relatora original de recursos que questionavam a legalidade do chamado orçamento secreto. Como sucessor no cargo, passou a ser responsável por decidir quaisquer disputas sobre recursos enviados por parlamentares a suas bases políticas. Com longo histórico na política, o magistrado está convencido de que é inconstitucional a maneira como o Congresso se apropriou do orçamento público e transformou a destinação do dinheiro dos parlamentares em caso de polícia.
Entre as ordens dadas à Polícia Federal, ele determinou que se apure a participação de líderes partidários no apadrinhamento de emendas destinadas ao crime, o desvio de verbas, o desperdício de recursos em obras malfeitas e a responsabilidade criminal de políticos nos ilícitos. “Sabemos os nomes de todos os nossos clientes VIPs e famosos”, resumiu um ministro do Supremo sobre a bomba-relógio que deve levar muitos parlamentares para a mira da Justiça.
Sigilosas, as investigações em tramitação no STF tratam de compra de votos com dinheiro de emendas, direcionamento de valores para empresas aliadas, recolhimento de propina de obras, partilha dos valores destinados pelos congressistas entre quadrilhas e corrupção envolvendo deputados e senadores. Desde que chegou ao tribunal, Flávio Dino montou uma equipe específica no gabinete para lidar com processos que têm políticos como alvo e garantir que nenhum caso seja deixado para trás. Outros gabinetes também reúnem investigações sobre emendas parlamentares.
Para 2025, estão previstas audiências no STF em fevereiro e março sobre melhores critérios para acompanhamento e destinação do dinheiro público por congressistas. Até segunda ordem, o pagamento de emendas este ano só deve ocorrer se e quando Congresso e Executivo cumprirem à risca as ordens do ministro para melhor transparência dos recursos.
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POLÍTICA
General preso visitou Bolsonaro por ‘convocação’ e…
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12 de janeiro de 2025Marcela Mattos
O general da reserva Mário Fernandes está preso desde novembro de 2024 sob a suspeita de ter elaborado um planejamento para assassinar o presidente Lula e seu vice Geraldo Alckmin e para “prender ou executar” o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal. Em seus arquivos, os investigadores encontraram um documento chamado “Punhal Verde e Amarelo” que detalha a estrutura de segurança de Moraes e, segundo a PF, prevê a possibilidade de ações para matar Moraes e a chapa eleita.
Até então, o militar era um personagem lateral na investigação mas, dada a gravidade das suspeitas, virou um elemento central para elucidar as tratativas feitas pelo ex-presidente Jair Bolsonaro após a derrota nas urnas. À época da elaboração do material, em novembro de 2022, Fernandes atuava como secretário-executivo da Secretaria-Geral da Presidência. As investigações vinculam o plano do assessor a um monitoramento, feito em consonância, por militares das forças especiais que estariam acompanhando a rotina de Moraes e do presidente eleito.
Desde então, a defesa do militar tenta derrubar o enredo construído no relatório da PF e afirma que há uma série de lacunas e pontas soltas que não são capazes de comprovar um plano de assassinato ou configurar alguma vinculação entre as duas estratégias – porque, diz, as acusações não são reais. O criminalista Marcus Vinícius Figueiredo contesta o parecer dos investigadores, afirma que não há nenhum elemento de prova, garante que o material encontrado não se tratava de um planejamento para matar autoridades, mas sim uma “análise de consequências e efeitos colaterais”, e destaca que sequer há menção ao nome do ministro Alexandre de Moraes no documento.
O advogado também afirma que Fernandes sequer tinha intimidade com o ex-presidente Jair Bolsonaro, e que o maior ponto de contato era com o general Luiz Eduardo Ramos, à época ministro da Secretaria-Geral, que não é investigado e vem tentando se descolar do ex-auxiliar. A PF, porém, identificou diversas visitas de Fernandes ao Palácio da Alvorada, onde o ex-presidente ficou recluso após as eleições. Segundo Figueiredo, o general não pediu os encontros, mas ia sempre que convocado pelo então presidente. Os assuntos, garante, eram administrativos e de governo. Confira a íntegra.
O senhor está à frente de um dos casos mais complexos da investigação. A absolvição do general é possível? Do ponto de vista jurídico, técnico-penal, é perfeitamente possível. Agora, do ponto de vista político, eu não sei. Mas não me preocupa muito, porque a Suprema Corte deve julgar um processo desse de acordo com a Constituição e com os princípios que regulam o direito penal, e não de forma política.
O senhor considera que o seu cliente está sendo julgado politicamente? Eu não posso dizer como técnico que ele está sendo julgado politicamente, porque como advogado nós somos submetidos à lei e não existe um julgamento político de matéria penal.
O seu cliente assume ter praticado algum crime ou alguma irregularidade? Não. Ele nega ter praticado qualquer irregularidade.
Qual explicação ele dá sobre ter elaborado um plano que prevê o monitoramento e, segundo a Polícia Federal, até o assassinato de autoridades? Primeiro, não houve um plano, e é importante destacar isso. Um plano de duas laudas e meia para matar três autoridades? Sendo o presidente da República, o vice e o antigo o presidente do Tribunal Superior Eleitoral? Isso não era um planejamento, era uma análise de consequências e efeitos colaterais. Até agora ninguém conseguiu me mostrar que nesta minuta, que não foi apresentada a absolutamente ninguém, consta o nome do ministro Alexandre Moraes. Seja Alexandre Moraes, seja ministro, seja apelido. Esta minuta não traz nenhuma operação de morte de quem quer que seja. Se todo mundo diz que o meu cliente é qualificado, um general que chefiou um órgão militar responsável pelos kids pretos, planejar dessa maneira, por favor. Plano determina estratégia, ação, dia, hora, quem são as pessoas e como elas vão agir.
E por que ele produziu essa minuta? Porque ela configurava dentro da doutrina militar uma análise de consequências e efeitos colaterais.
Se o que acontecesse? Eu não posso dizer se o que acontecesse ou não, porque eu ainda não entrei neste nível de conversa. Ele disse apenas que fez o documento e era uma análise de consequência e efeitos colaterais.
Ele fez por um ato espontâneo? Foi ele que fez, ele elaborou.
Quem teve acesso a esse documento? Ninguém. Ele diz que não entregou para ninguém. Imprimiu e rasgou. Nas 884 folhas não há nenhum elemento de informação que vincule esse documento eletrônico a qualquer pessoa envolvida nessa investigação. Eu não seria leviano e não estou atacando, acusando ou criticando ninguém. Mas eu quero que a Polícia Federal me traga um elemento de informação, porque consta que no dia 15 de dezembro haveria essa suposta operação [de monitoramento] e que envolve pessoas que nem o relatório sabe quem são. Eu quero que me apontem no relatório um vínculo desta minuta eletrônica a quem quer que sejam os envolvidos. E mais, o relatório diz com tanta firmeza que aquela operação que teria ocorrido dia 15 de dezembro é um resultado desta minuta, mas só alegar que existe esse vínculo é muito fraco. O relatório não traz uma ERB [Estação Rádio Base], não traz uma mensagem do meu cliente vinculando a esse evento. Com muito respeito e humildade: eu digo que não tem vínculo e não vai ter porque ele não entregou para absolutamente ninguém.
O senhor já conversou com ele sobre a possibilidade de uma delação? Delação sempre é um meio de defesa. Mas ele disse: ‘Eu não cometi crime nenhum’. E só delata quem comete crime. Agora, se essa minuta é um crime é o que nós vamos discutir do ponto de vista jurídico penal e o que ela representa.
Como era a relação do general com os outros militares do governo Bolsonaro? Ele tinha uma intimidade maior com o [Luiz Eduardo] Ramos [ex-ministro da Secretaria-Geral da Presidência], porque obviamente era secretário do Ramos, mas não tinha intimidade com os demais. Ele não tinha nem intimidade com o Bolsonaro, o conheceu de fato em 2020 ou 2021, quando entrou no governo. Ele nunca teve intimidade, não dá para dizer em relação mais próxima porque ele era um secretário do ministério, não tinha acesso livre ao presidente.
Mas ele foi diversas vezes ao Palácio da Alvorada, segundo mostram as investigações. O que eu posso afirmar é que ele não tinha essa liberdade de ir e vir na hora que quisesse. Ele era convocado como qualquer secretário de um ministério seria convocado. Nas vezes em que se reuniu com o presidente foi a pedido do presidente. Não foi ele que pediu para ir.
E o que justificava esses encontros? Eram assuntos profissionais, ele era secretário de um ministro, e certamente secretário de ministro às vezes é convocado para conversar com o presidente numa questão de administrativo organizacional puramente normal.
Nada de assuntos sobre política, eleição? Ele nunca tratou de assuntos dessa natureza com o presidente. Aliás, quero deixar bem claro, ele não teve contato com minuta, com [artigo] 142, absolutamente nada.
O tenente-coronel Mauro Cid disse que ele era um dos militares mais radicais no entorno do Bolsonaro. É verdade? O que significa ser radical? Eu preciso ler a mensagem e ter acesso à delação para indagar o Cid. A questão é que meu cliente era militar, ele nunca foi político. E ele entende que o radical é dessa natureza: militar. Agora, se o Cid foi infeliz na colocação, com todo respeito, aí é uma outra questão.
O seu cliente admite ter presenciado algum movimento golpista ou que previsse alguma medida para tentar contornar o resultado da eleição? Ele não participou de absolutamente nada, de movimento nenhum. Ele tomou conhecimento de um relatório que foi feito por algum organismo, e isso a mídia também tomou conhecimento, que falava da inidoneidade das urnas. Tanto é verdade que é só ler os depoimentos do [ex-comandante do Exército] Freire Gomes, [ex-comandante da Aeronáutica] Baptista Júnior, do próprio Mauro Cid. O único trecho que se tem pinçado da delação, e é uma colaboração absolutamente sigilosa, em relação ao meu cliente é apenas o fato de ele ser radical, nada mais.
Onde o general estava no 8 de janeiro? Estava almoçando com a família, e nós já estamos tentando providenciar o comprovante de pagamento. Ele não participou [do 8 de janeiro]. E a orientação era a de que ninguém daquele movimento descesse para a Esplanada porque tinha gente infiltrada. Era a orientação dele, e isso está transcrito no relatório.
O que justifica a prisão dele? O injustificável. Ele está preso por conta dessa minuta eletrônica que foi elaborada em novembro de 2022 e que não foi apresentada a absolutamente ninguém. Agora, com máximo de respeito, mas por que a autoridade policial tenta o tempo inteiro vincular essa minuta ao monitoramento do 15 de dezembro? Para justificar a prisão. Só que essa minuta não tem vínculo. E, repito, a autoridade policial fala que essa minuta trata de execução do ministro Alexandre Moraes. Eu quero que me mostre a linha que aparece o ministro Alexandre de Moraes. E ele está preso por um fato que não é contemporâneo. Ele foi submetido à primeira medida cautelar em fevereiro de 2024 e preso em novembro de 2024. Eu quero saber nesse interregno de tempo qual foi a ação que ele praticou que teria colocado em risco a ordem pública ou a aplicação da lei no processo penal. Isso a decisão não diz.
O senhor nega um plano de assassinato, mas o documento faz menção a um ‘envenenamento’. O envenenamento é um efeito colateral que ele vai explicar a tempo e a modo envolvendo doutrina militar. Mas veja, para você envenenar, você tem que dizer quem vai envenenar, qual é o tipo de veneno, quando vai ser, como vai ser, com quem vai ser, quem vai se infiltrar. Ou é fácil entrar num hospital e ministrar veneno para um paciente? Se você disser para mim que é muito fácil entrar num hospital onde o presidente da República está sendo submetido a algum procedimento e envenenar um presidente, aí eu já não vou mais nos hospitais. Eu estou tratando o assunto de forma técnica.
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