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O polêmico influenciador que é aposta do PT para a…

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O polêmico influenciador que é aposta do PT para a...

Hugo César Marques

De tempos em tempos, a internet produz fenômenos meteóricos, influenciadores que atraem milhares de seguidores e usam certos talentos para os mais variados fins. Normalmente são jovens, dominam as técnicas e a linguagem das redes sociais e ganham muito dinheiro. O paulista Thiago dos Reis é um exemplo. Recentemente, ele foi um dos palestrantes convidados pela Fundação Perseu Abramo, entidade ligada ao Partido dos Trabalhadores, para expor seus conhecimentos sobre as novas formas de comunicação. Nas últimas semanas, o partido esteve ouvindo sugestões de especialistas sobre as melhores maneiras de enfrentar os futuros desafios da legenda, especialmente no campo eleitoral. E a comunicação, segundo lideranças petistas, está no topo das preocupações. O diagnóstico é que militantes, dirigentes e os próprios políticos do PT continuam sendo massacrados pelos opositores na “disputa de narrativas” que acontece no universo digital. Como mudar essa situação? Thiago dos Reis foi instado a dar essa resposta.

O influenciador, de 36 anos, tem mais de 3 milhões de seguidores. Do alto de sua experiência, ele receitou algumas técnicas que podem ajudar a impulsionar as ideias e reforçar as posições do partido nas redes sociais. Primeiro, é preciso aprender a enganar. Thiago sugere, entre outras coisas, que os militantes que não podem ou não querem aparecer criem “contas anônimas” e passem a postar algum tipo de conteúdo que nada tenha a ver com política, mas que atraia a atenção dos internautas. À medida que o número de seguidores for aumentando, o autor do perfil começa a inserir determinadas opiniões sobre temas, uma espécie de propaganda subliminar. “Você vai tentando crescer essa conta, falando sobre algo do seu nicho, que não seja algo de política. Vê o que dá certo, o que não dá e tudo mais. Aí você joga um pouquinho de política aqui, um pouquinho ali”, ensinou.

Filiado ao PT, o influenciador disse que esse truque já é usado pela “extrema direita” — e citou o deputado Nikolas Ferreira como exemplo. “O Nikolas tem 11 milhões de seguidores no Instagram, ganhou 3 ou 4 milhões este ano, como? Ele tem centenas de contas evangélicas que compartilham o que ele fala quando diz alguma coisa que essas contas acham que o povo evangélico vai gostar. Então ele fura a bolha”, ressaltou. Essa estratégia é capaz de criar um debate artificial que mobiliza os internautas. Num contexto eleitoral, o influenciador afirma até que esses movimentos são mais importantes do que as campanhas tradicionais. “Hoje tem mais gente que define seu voto pelo que consome nas redes sociais e no celular do que pelo que vê nas ruas”, disse ele.

MEUS VALORES - Exemplos de posts: o influenciador petista tem 3 milhões de seguidores, ataca os adversários do governo e do partido, não poupa xingamentos, já teve publicações apagadas por serem mentirosas e sua conta numa rede social foi cancelada, o que ele classificou como “censura” (./.)

A atual polêmica sobre o pacote de gastos foi citado como um caso exemplar da fragilidade petista nas redes. “O Lula está numa luta enorme com o mercado. Já tivemos editoriais dos maiores jornais do Brasil exigindo que ele corte gastos, que tem que cortar da saúde, da educação. Tem até gente de esquerda disseminando fake news de que o Lula queria cortar no BPC, que ele queria cortar o FGTS, que ele queria atacar o piso da saúde, da educação. E o Lula tá lá, ele e o Haddad, defendendo exatamente os interesses da população contra o mercado financeiro. Você não vê uma estratégia de comunicação para fazer isso chegar nas pessoas”, diz Thiago. É aí que os perfis anônimos entrariam em ação. Os “influenciadores” defenderiam a posição do governo, inundando as redes com uma “enxurrada” de mensagens favoráveis ao pacote, mas sem que ninguém soubesse que o conteúdo estaria sendo produzido por militantes ocultos. “Não tem nada de antiético nesse caso”, disse ele a VEJA. “Você não pode entrar numa guerra num terreno sem lei (que são as redes) em que o outro lado tem metralhadoras e achar que vai vencer usando só estilingues”, justifica.

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Saudado pela presidente do PT, Gleisi Hoffmann, como “um grande companheiro”, o influenciador costuma usar seus canais digitais para desqualificar os adversários do governo e do partido. Recentemente, ele chamou o deputado Nikolas Ferreira de “vagabundo”. O problema é que, eventualmente, ele também usa as tais metralhadoras para postar notícias falsas. Por conta disso, já teve publicações apagadas após verificadores independentes comprovarem que eram mentirosas e sua conta no X foi cancelada por motivos semelhantes — em 2020, ele divulgou que o então presidente Jair Bolsonaro havia sido contaminado pelo coronavírus. Na mensagem, ele deseja a Bolsonaro o mesmo que o filho do ex-presidente teria desejado a Marielle. Na época em que esse cancelamento ocorreu, a propósito, o influenciador reclamou que estava sendo vítima de “censura”. “O bolsonarismo usa milhares de contas anônimas para atacar a democracia e as instituições. O nosso lado deveria começar a usar exatamente as mesmas estratégias para defendê-­las”, ressalta. Apesar de tudo isso, Thiago é um fenômeno. Seus vídeos acumulam mais de 1 bilhão de visualizações. É essa experiência de sucesso que o PT ouve, elogia e, ao que tudo indica, pode até replicar.

Publicado em VEJA de 6 de dezembro de 2024, edição nº 2922



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“O perfil do centro é meio sem graça”, diz preside…

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“O perfil do centro é meio sem graça”, diz preside...

Marcela Rahal

A presidente do Podemos, deputada federal Renata Abreu, afirmou em entrevista ao Amarelas On Air, de Veja, que o partido vai lançar um candidato próprio para disputar as eleições presidenciais em 2026, mas que o nome ainda não foi definido. A parlamentar acredita que os quadros de centro que existem atualmente no cenário político do Brasil ainda não são capazes de furar a polarização entre o presidente Lula e o ex-presidente Bolsonaro.

“Eu falo que o perfil do centro é meio sem graça. Os perfis que tem hoje no centro são meio sem graça e é necessário encontrar um perfil que tenha esse diálogo e esse respeito, mas que toque no coração das pessoas que tenha um tchan a mais, tenha uma história que fale com os brasileiros. A conexão pode ser ou no discurso, ou no carisma, ou na história, ou na competência ou na capacidade”.

Abreu comemorou também o desempenho do partido nas eleições municipais que, segundo ela, focou mais em “qualidade do que quantidade” e destacou o número de vereadores eleitos que chegou a 2 mil, quase 700 a mais, comparado ao último pleito. Por outro lado, a sigla elegeu 129 prefeitos, uma queda de 93% em relação a 2020, amargando o 12 lugar entre todas as legendas.

A presidente do Podemos também falou sobre a expectativa para as eleições no Congresso, as recentes crises geradas entre Legislativo e Judiciário em relação as emendas parlamentares e o papel das mulheres na política.

Veja a entrevista na íntegra.



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Com Maduro, Lula está errado até quando acerta

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Com Maduro, Lula está errado até quando acerta

rprangel2004@gmail.com (Ricardo Rangel)

Nicolás Maduro consumou seu golpe de Estado e tomou posse para permanecer no lugar onde já está desde 2013.

Vozes no mundo inteiro se ergueram para denunciar a farsa — incluindo o vice-presidente e diversos ministros no governo Lula. O líder do governo no Congresso chamou a Venezuela de Maduro de “ditadura” e classificou sua posse como “ilegítima e farsante”.

Já o governo Lula propriamente dito saiu em busca de um muro no qual se equilibrar.

Entre boicotar a posse e enviar uma delegação, optou por uma representação de baixo nível, mandando como representante a embaixadora brasileira, que já mora em Caracas. A nota oficial também ficou no meio do caminho: reconheceu “gestos de distensão” ao mesmo tempo em que “deplorou” a perseguição aos adversários do regime.

Reconheça-se que a situação do governo brasileiro não é fácil.

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O Brasil não pode apoiar um presidente abertamente golpista e ilegítimo. Mas não deve tampouco romper relações com a Venezuela — não só porque é um país vizinho, mas também porque o Brasil é provavelmente o único país que ainda pode ter alguma influência sobre Maduro. Nesse contexto, até que o governo Lula não se saiu tão mal.

O problema é que o contexto é maior do que esse. Lula se autoproclama amante da democracia, mas passa pano para o ditador da Venezuela (primeiro Chávez, depois Maduro) há mais de 20 anos. E a Venezuela não é caso isolado: Lula passa pano para Cuba, Nicarágua, Rússia, China e até para o Hamas.

Nesse contexto, qualquer coisa que o governo Lula faça a respeito de Maduro que não seja repudiação pura e simples, será recebida com má vontade.

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Quem pariu esse problema foi o próprio Lula — e não existe muro onde possa seja possível embalá-lo.



(Por Ricardo Rangel em 13/01/2025)



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O lugar onde Gusttavo Lima não tem vez

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O lugar onde Gusttavo Lima não tem vez

Matheus Leitão

Quando polarização brasileira gera o lançamento da candidatura do sertanejo Gusttavo Lima e a rápida resposta de memes sobre “o melhor brasileiro vivo para o cargo” – claro, Zeca Pagodinho -, pode-se concluir: 2025 nasce surpreendendo.

Zeca já foi, em alguns momentos, alçado a essa condição de presidenciável bem antes do surgimento de Gusttavo Lima, nome que para alguns é um bem bolado balão de ensaio. Esse tem sido o modus operandi da extrema-direita.

A vida é bem mais realista do que as narrativas criadas por Steve Bannon, ou pelo bolsonarismo nada fantástico, que todos nós passamos a ter que conviver.

Zeca Pagodinho é um grande nome do povo brasileiro pelas músicas, pela carreira. Mas há um momento hilário que ele protagonizou ao contar para o Jô Soares que cortou parte do próprio dedo e foi dormir, não antes sem espalhar sangue pela casa. Ao acordar, não lembrava de nada. Rigorosamente nada.

Os momentos seguintes da entrevista icônica deixo pra vocês, leitores, saborearem como eu o fiz chorando de rir na frente da TV. Zeca Pagodinho prova, perdendo um pedacinho do dedo, que a tão almejada felicidade é maior quando aprendemos a rir de nós mesmos. Zeca, sim, ri de si!

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O cantor e compositor brasileiro fez isso de forma tão profunda naquela entrevista – e em outros momentos da vida – justamente por ser o oposto de Gusttavo Lima, e não se levar a sério. O oposto do que o cantor sertanejo, indiciado por lavagem de dinheiro e organização criminosa recentemente, quer transparecer.

O PRTB, partido de Pablo Marçal, um dos neopentecostais fascistoides brasileiros que usam principalmente ódio como ferramenta política, já disse que quer saber o que o sertanejo pensa sobre o grandes temas nacionais. O próprio Marçal insinuou uma chapa, jogando o sertanejo para vice.

A direita está assim. Com balão de ensaios sem sentido ou com candidatos já assumidos. O governador Ronaldo Caiado diz que tem espaço para todos, mas trabalha nos bastidores para ser o grande nome da direita em 2026. Terá que disputar com outros o lugar de candidato desse campo político, como o governador Tarcísio de Freitas. Quanto a Jair Bolsonaro está inelegível e cada vez mais enrolado na Justiça, correndo o risco de ir para a prisão. Mesmo assim se apresenta como o único Plano A.

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Na esquerda, só mesmo Zeca Pagodinho (risos) e Lula aparecem na disputa. O PT não só coloca todas as fichas em um quarto mandato do atual presidente, como não estimula o nascimento de novas lideranças. Enquanto isso, aposta na boa relação com os novos presidentes da Câmara e do Senado para chegar em 2026 com o governo nos cascos.

Como o Brasil de 2025 só pensa em 2026, o novo ano eleitoral, quando jornalistas não conseguem desconectar – quanto mais tirar férias – vou ali descansar com meus filhos.

Já volto, leitores. Mas aviso: estarei ouvindo Zeca Pagodinho nesses dias de descanso. Paulinho da Viola, Caetano e Gil também. É uma playlist eclética, mas nada de Gusttavo Lima. Zero.

Um bom janeiro a todos.





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