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Lula e Meloni deixam diferenças de lado, diz italiano – 20/11/2024 – Mundo
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Michele Oliveira
No ano em que Brasil e Itália ocuparam o centro dos palcos internacionais, com as respectivas presidências do G20 e do G7, seus líderes devem deixar em segundo plano eventuais diferenças políticas, em nome de interesses estruturais e complementares dos países. A avaliação é do diplomata italiano Michele Valensise, embaixador em Brasília de 2004 a 2009.
Se, nos anos de oposição, a primeira-ministra Giorgia Meloni, da ultradireita, fez uma série de críticas ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, desde quando chegou ao poder, em 2022, mantém publicamente uma boa relação institucional com o petista. No ano passado, recebeu Lula na sede do governo, em Roma. Em junho, esteve como convidado na reunião de cúpula do G7, na Puglia.
No G20, os dois se cumprimentaram de forma amistosa e se reuniram às margens da cúpula, em encontro no qual Lula falou a Meloni da necessidade de melhorar o serviço prestado pela Enel, concessionária responsável pela distribuição de energia elétrica em São Paulo.
Finda a reunião no Rio, a premiê está agora na Argentina, liderada pelo ultraliberal Javier Milei, desafeto de Lula. Milei e Meloni compartilham relações amigáveis com o republicano Donald Trump, eleito para voltar à Casa Branca. “Meloni poderá desempenhar um papel importante, especialmente se conseguir se mover num quadro europeu”, afirma Valensise à Folha, em entrevista por escrito.
Além de embaixador no Brasil, o diplomata foi secretário-geral do Ministério das Relações Exteriores italiano (2012-2016). É presidente do centro ítalo-germânico Villa Vigoni e se prepara para assumir, no início de 2025, a presidência do Instituto de Relações Internacionais (IAI), em Roma.
Como o sr. define o atual cenário internacional?
Atravessamos uma fase de graves tensões e de forte instabilidade, marcada em particular pela contínua agressão da Rússia contra a Ucrânia e pela sangrenta ofensiva de Israel em Gaza e no Líbano, após o massacre de 7 de outubro do Hamas. Em primeiro lugar, é necessário um cessar-fogo, junto com uma estabilização de todo o quadro internacional.
Que impacto terá para a Europa a volta de Donald Trump à Casa Branca? O quão o sr. está preocupado?
As consequências dessa eleição terão de ser verificadas nos fatos, e não com base em anúncios. No entanto, a Europa deve reforçar a sua ação, especialmente em temas de defesa e comércio.
Qual papel poderá ter a primeira-ministra Giorgia Meloni, dada a sua relação com os republicanos e com Elon Musk?
Giorgia Meloni poderá desempenhar um papel importante, especialmente se conseguir se mover num quadro europeu.
Para a UE, aumenta o risco de fragmentação e enfraquecimento com Trump presidente?
O imperativo para a União Europeia é reforçar a própria coesão. Os países-membros não têm nenhum interesse em enfrentar o diálogo com os EUA de maneira dispersa.
A instabilidade interna na França e na Alemanha representa outro elemento para uma “tempestade perfeita” nos próximos meses?
Tanto a França quanto a Alemanha estão vivendo momentos difíceis, mas ambas têm a capacidade e os recursos para superá-los.
Como o sr. vê a atual relação entre Brasil e Itália? O que mudou desde quando estava em Brasília?
As relações continuam estreitas e promissoras, mas podem ser relançadas com base em interesses comuns significativos, como foi recentemente destacado pela visita de Estado ao Brasil do presidente Sergio Mattarella, em julho. Os pilares das nossas relações, como a presença de uma importante e bem integrada comunidade italiana e de origem italiana e o dinamismo dos nossos negócios, permanecem sólidos e não mudaram.
A falta de afinidade política entre a primeira-ministra Meloni e o presidente Lula impede uma maior sintonia entre os dois grupos? Podia ter sido feito mais?
A maior ou menor contiguidade política entre governos democraticamente eleitos deve ficar em segundo plano, diante de interesses estruturais, muitas vezes complementares, dos países. Me parece que nossos dois líderes, Lula e Meloni, têm plena consciência disso.
Em janeiro, o sr. escreveu que faltava “interpretar o exato posicionamento internacional do Brasil, ávido por retornar plenamente ao cenário mundial”. Depois de dez meses, como avalia a política externa brasileira?
É a política de um grande país que quer fazer ouvir melhor a própria voz internacionalmente, não abre mão do pragmatismo e acredita no multilateralismo.
A volta de Trump pode ameaçar os resultados do G20 brasileiro e o protagonismo do Brasil na América Latina?
O Brasil sempre soube manter uma relação equilibrada com os EUA, independentemente da cor política da administração em Washington, por exemplo com George W. Bush durante o primeiro mandato de Lula. É de esperar que aconteça o mesmo com a administração de Donald Trump, no interesse de ambos os países, com um realismo saudável.
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Aperfeiçoamento em cuidado pré-natal é encerrado na Ufac — Universidade Federal do Acre
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12 de novembro de 2025A Ufac realizou o encerramento do curso de aperfeiçoamento em cuidado pré-natal na atenção primária à saúde, promovido pela Pró-Reitoria de Extensão e Cultura (Proex), Secretaria de Estado de Saúde do Acre (Sesacre) e Secretaria Municipal de Saúde de Rio Branco (Semsa). O evento, que ocorreu nessa terça-feira, 11, no auditório do E-Amazônia, campus-sede, marcou também a primeira mostra de planos de intervenção que se transformaram em ações no território, intitulada “O Cuidar que Floresce”.
Com carga horária de 180 horas, o curso qualificou 70 enfermeiros da rede municipal de saúde de Rio Branco, com foco na atualização das práticas de cuidado pré-natal e na ampliação da atenção às gestantes de risco habitual. A formação teve início em março e foi conduzida em formato modular, utilizando metodologias ativas de aprendizagem.
Representando a reitora da Ufac, Guida Aquino, o diretor de Ações de Extensão da Proex, Gilvan Martins, destacou o papel social da universidade na formação continuada dos profissionais de saúde. “Cada cursista leva consigo o conhecimento científico que foi compartilhado aqui. Esse é o compromisso da Ufac: transformar o saber em ação, alcançando as comunidades e contribuindo para a melhoria da assistência às mulheres atendidas nas unidades.”
A coordenadora do curso, professora Clisângela Lago Santos, explicou que a iniciativa nasceu de uma demanda da Sesacre e foi planejada de forma inovadora. “Percebemos que o modelo tradicional já não surtia o efeito esperado. Por isso, pensamos em um formato diferente, com módulos e metodologias ativas. Foi a nossa primeira experiência nesse formato e o resultado foi muito positivo.”
Para ela, a formação representa um esforço conjunto. “Esse curso só foi possível com o envolvimento de professores, residentes e estudantes da graduação, além do apoio da Rede Alyne e da Sesacre”, disse. “Hoje é um dia de celebração, porque quem vai sentir os resultados desse trabalho são as gestantes atendidas nos territórios.”
Representando o secretário municipal de Saúde, Rennan Biths, a diretora de Políticas de Saúde da Semsa, Jocelene Soares, destacou o impacto da qualificação na rotina dos profissionais. “Esse curso veio para aprimorar os conhecimentos de quem está na ponta, nas unidades de saúde da família. Sei da dedicação de cada enfermeiro e fico feliz em ver que a qualidade do curso está se refletindo no atendimento às nossas gestantes.”
A programação do encerramento contou com uma mostra cultural intitulada “O Impacto da Formação na Prática dos Enfermeiros”, que reuniu relatos e produções dos participantes sobre as transformações promovidas pelo curso em suas rotinas de trabalho. Em seguida, foi realizada uma exposição de banners com os planos de intervenção desenvolvidos pelos cursistas, apresentando as ações implementadas nos territórios de saúde.
Também participaram do evento o coordenador da Rede Alyne, Walber Carvalho, representando a Sesacre; a enfermeira cursista Narjara Campos; além de docentes e residentes da área de saúde da mulher da Ufac.
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CAp promove minimaratona com alunos, professores e comunidade — Universidade Federal do Acre
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11 de novembro de 2025O Colégio de Aplicação (CAp) da Ufac realizou uma minimaratona com participação de estudantes, professores, técnico-administrativos, familiares e ex-alunos. A atividade é um projeto de extensão pedagógico interdisciplinar, chamado Maracap, que está em sua 11ª edição. Reunindo mais de 800 pessoas, o evento ocorreu em 25 de outubro, no campus-sede da Ufac.
Idealizado e coordenado pela professora de Educação Física e vice-diretora do CAp, Alessandra Lima Peres de Oliveira, o projeto promove a saúde física e social no ambiente estudantil, com caráter competitivo e formativo, integrando diferentes áreas do conhecimento e estimulando o espírito esportivo e o convívio entre gerações. A minimaratona envolve alunos dos ensinos fundamental e médio, do 6º ano à 3ª série, com classificação para o 1º, 2º e 3º lugar em cada categoria.
“O Maracap é muito mais do que uma corrida. Ele representa a união da nossa comunidade em torno de valores como disciplina, cooperação e respeito”, disse Alessandra. “É também uma proposta de pedagogia de inclusão do esporte no currículo escolar, que desperta nos estudantes o prazer pela prática esportiva e pela vida saudável.”
O pró-reitor de Extensão e Cultura, Carlos Paula de Moraes, ressaltou a importância do projeto como uma ação de extensão universitária que conecta a Ufac à sociedade. “Projetos como o Maracap mostram como a extensão universitária cumpre seu papel de integrar a universidade à comunidade. O Colégio de Aplicação é um espaço de formação integral e o esporte é uma poderosa ferramenta para o desenvolvimento humano, social e educacional.”
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Semana de Letras/Português da Ufac tematiza ‘língua pretuguesa’ — Universidade Federal do Acre
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11 de novembro de 2025O curso e o Centro Acadêmico de Letras/Português da Ufac iniciaram, nessa segunda-feira, 10, no anfiteatro Garibaldi Brasil, sua 24ª Semana Acadêmica, com o tema “Minha Pátria é a Língua Pretuguesa”. O evento é dedicado à reflexão sobre memória, decolonialidade e as relações históricas entre o Brasil e as demais nações de língua portuguesa. A programação segue até sexta-feira, 14, com mesas-redondas, intervenções artísticas, conferências, minicursos, oficinas e comunicações orais.
Na abertura, o coordenador da semana acadêmica, Henrique Silvestre Soares, destacou a necessidade de ligar a celebração da língua às lutas históricas por soberania e justiça social. Segundo ele, é importante que, ao celebrar a Semana de Letras e a independência dos países africanos, se lembre também que esses países continuam, assim como o Brasil, subjugados à força de imperialismos que conduzem à pobreza, à violência e aos preconceitos que ainda persistem.
O pró-reitor de Extensão e Cultura, Carlos Paula de Moraes, salientou o compromisso ético da educação e reforçou que a universidade deve assumir uma postura crítica diante da realidade. “A educação não é imparcial. É preciso, sim, refletir sobre essas questões, é preciso, sim, assumir o lado da história.”
A pró-reitora de Graduação, Ednaceli Damasceno, ressaltou a força do tema proposto. Para ela, o assunto é precioso por levar uma mensagem forte sobre o papel da universidade na sociedade. “Na própria abertura dos eventos na faculdade, percebemos o que ocorre ao nosso redor e que não podemos mais tratar como aula generalizada ou naturalizada”, observou.
O diretor do Centro de Educação, Letras e Artes (Cela), Selmo Azevedo Pontes, reafirmou a urgência do debate proposto pela semana. Ele lembrou que, no Brasil, as universidades estiveram, durante muitos anos, atreladas a um projeto hegemônico. “Diziam que não era mais urgente nem necessário, mas é urgente e necessário.”
Também estiveram presentes na cerimônia de abertura o vice-reitor, Josimar Batista Ferreira; o coordenador de Letras/Português, Sérgio da Silva Santos; a presidente do Cela, Thaís de Souza; e a professora do Laboratório de Letras, Jeissyane Furtado da Silva.
(Camila Barbosa, estagiária Ascom/Ufac)
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