O presidente Lula se assustou com a disparada do dólar na última sexta-feira. A moeda norte-americana fechou a semana cotada a R$ 5,86, a maior cotação desde maio de 2020, diante das incertezas fiscais no Brasil e das eleições presidenciais americanas.
A piora do mercado financeiro agravada pelo estresse provocado pela notícia da viagem —posteriormente cancelada— do ministro Fernando Haddad (Fazenda) à Europa pode aumentar o seu poder de barganha para acelerar no governo o pacote de medidas de corte de gastos.
Haddad soube até agora aproveitar a pressão dos investidores do mercado financeiro com a escalada da moeda norte-americana para ter o sinal verde do presidente Lula, limitando o espaço de ação dos descontentes numa semana em que estaria fora do Brasil para compromissos em Paris, Londres, Berlim e Bruxelas.
A nota à imprensa do Ministério da Fazenda, divulgada no domingo com a informação de que foi Lula que pediu a Haddad para ficar no Brasil nesta semana, foi o sinal para acalmar o mercado na manhã desta segunda-feira (4) e evitar nova escalada do dólar.
O passo seguinte foi a fala de Haddad ainda pela manhã de que o governo estava pronto para anunciar o pacote com as medidas de revisão de gastos já adiantadas.
A reação dos investidores foi imediata com a queda do dólar, dos juros e alta da Bolsa diante da expectativa do plano de corte de gastos, que no Ministério da Fazenda está sendo chamado de “plano de ajuste no arcabouço fiscal”.
Antes de Haddad cancelar a viagem neste domingo (03), fontes palacianas falavam nos bastidores que o presidente Lula não ligava para a pressão do mercado e da política em torno do prazo do anúncio das medidas.
Até então, integrantes da equipe econômica indicavam que o pacote não tinha prazo. O cenário visivelmente mudou.
A opção do Ministério da Fazenda era fazer um anúncio geral já nesta segunda-feira e deixar o detalhamento das medidas para os próximos dias.
A estratégia do presidente Lula, no entanto, foi antes fazer o alinhamento com os ministros das pastas que serão atingidas pelos cortes, como aconselharam auxiliares palacianos do presidente para evitar retrocessos. Outros ministros serão consultados,
A presença dos ministros Camilo Santana (Educação), Nísia Trindade (Saúde) e Luiz Marinho (Trabalho) na reunião com Lula sobre as medidas de corte de despesas passou uma mensagem importante de que as medidas vão abarcar essas três áreas.
A reunião de ministros terminou sem anúncios, mas há o compromisso de Haddad de terminar a semana com o anúncio das medidas. Para alguns, um anúncio tão importante não poderia ser feito de forma desorganizada numa entrevista rápida no Palácio do Planalto.
Não será bom demorar muito com a tensão em torno da sustentabilidade do arcabouço fiscal numa semana de eleição presidencial nos Estados Unidos e de decisão, aqui no Brasil, do Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central. O ideal seria seria que o anúncio ocorresse antes da decisão Copom na quarta-feira (6).
O dólar fechou nesta segunda-feira em R$ 5,783. Uma coisa é certa: o presidente Lula parece disposto a entregar uma parte do seu capital político para seguir com as medidas de Haddad. Se não o fizer, demonstrará uma falta de pragmatismo que não se via nele desde a década de 90, colocando em risco a economia.
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