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Mais idosos vivem luto silencioso de não se tornarem avós – 14/11/2024 – Equilíbrio

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Catherine Pearson

Lydia Birk, 56 anos, guardou sua cópia favorita de “O Coelho de Veludo” desde que seus três filhos —agora na casa dos 20 e 30 anos— eram pequenos.

Ela adorava ser mãe em tempo integral e encheu a casa da família com livros. (Todos os seus filhos sabiam ler antes de começarem a escola, lembrou Birk com orgulho.) Ela esperava um dia ser uma avó “legal” que compartilharia suas histórias favoritas com uma nova geração.

Mas nenhum de seus filhos quer ter filhos. E embora essa decisão seja “certa para eles”, disse Birk, ainda parte seu coração. “Não tenho mais crianças pequenas, e agora não vou ter netos“, disse ela. “Então, essa parte da minha vida acabou.”

Como Birk, um número crescente de pessoas da geração X e baby boomers está enfrentando o fato, às vezes doloroso, de que nunca se tornarão avós. Um pouco mais da metade dos adultos com 50 anos ou mais tinha pelo menos um neto em 2021, abaixo de quase 60% em 2014. Em meio à queda das taxas de natalidade, mais adultos nos EUA dizem que é improvável que tenham filhos por uma variedade de razões, a principal delas: simplesmente não querem.

“Essa é a melhor e a pior coisa sobre ter filhos”, disse o marido de Birk, John Birk Jr., 55 anos. “Você os vê tomando suas próprias decisões, diferentes das suas.”

Ainda assim, futuros avós como os Birks podem experimentar um profundo sentimento de saudade e perda quando seus filhos optam por não ter filhos, mesmo que entendam racionalmente que seus filhos não lhes “devem” um legado familiar, disse Claire Bidwell Smith, terapeuta baseada em Los Angeles e autora de “Luto Consciente”. Não ajuda o fato de que nossa sociedade tende a pintar os netos como uma recompensa pelo envelhecimento.

“Sempre ouvimos as pessoas falarem sobre como é ótimo ser avô, como é melhor do que ser pai”, disse Bidwell Smith. “Acho que quando as pessoas não conseguem experimentar isso, há um luto muito real que vem com isso.”

É um tipo de luto, disse ela, que nossa cultura tende a não reconhecer, e que as pessoas não sabem como falar sobre.

Sentindo-se excluído, sem um legado

Christine Kutt, 69 anos, teve seu único filho aos 42, após anos pensando que não queria ser mãe. A experiência a transformou, disse ela, e ela adorou ser mãe. Mas sua filha é categórica em não querer filhos, apontando seu pessimismo sobre o estado do mundo e as mudanças climáticas.

Kutt, que é divorciada e vive nos subúrbios de Chicago, oscila entre apoiar a escolha da filha e esperar que ela mude de ideia.

Ela sonha em ser cercada por netos à medida que envelhece, passando para eles suas receitas de família e amor pelo rock ‘n’ roll. Mesmo quando sua filha era pequena, ela imaginava esse futuro. “Eu pensava: ‘Oh meu Deus, é tão divertido ensinar a ela todas essas coisas! E um dia ela terá filhos, e eu poderei ensiná-los'”, disse ela.

Pais que esperam por netos provavelmente estão em uma idade em que estão experimentando uma “diminuição do tempo”, com menos anos à frente do que atrás, disse Maggie Mulqueen, psicóloga baseada em Wellesley, Massachusetts. Isso pode significar lutar com questões existenciais sobre suas vidas e legados, disse ela.

Mulqueen, que aconselhou muitos baby boomers em sua falta de netos, descobriu que a decisão de permanecer sem filhos pode tensionar a relação entre pais e filhos, especialmente quando um pai que sonhou com netos não consegue separar qualquer decepção pessoal que sente de um sentimento de estar decepcionado com seus filhos.

Kutt, cautelosa para não cometer esse erro, não fala sobre o assunto com sua filha com frequência. “Ficou perfeitamente claro para mim que esse assunto não deve ser discutido”, disse ela, embora às vezes não consiga se conter. Kutt diz à filha que a mulher que ela será daqui a dez anos não reconhecerá a pessoa que é hoje, e a incentiva a manter suas opções em aberto.

A situação pode parecer uma rejeição pessoal para pais mais velhos, disse Mulqueen. Alguns de seus clientes se perguntam: “Será que errei tanto como pai que meus filhos não querem ter filhos?”, disse ela.

Lamentando a escolha do filho

Como todos os pais entrevistados para este artigo, Jill Perry, 69 anos, disse que suas duas filhas —ambas na casa dos 30 anos e sem filhos— devem poder fazer suas próprias escolhas sobre a maternidade, e elas têm seu total apoio. Mas agora também seria o “momento perfeito” para ela se tornar avó, disse ela. Ela foi demitida de seu trabalho dirigindo um centro de saúde estudantil universitário há dois anos, após décadas trabalhando como enfermeira de emergência.

Quando amigos postam fotos felizes com seus netos nas redes sociais, Perry muitas vezes sente o que poderia ter sido. Sua casa seria a “casa divertida”, disse ela, onde os pequenos poderiam pintar, ter aventuras e fazer bagunça.

“Acho que essa é a parte com a qual estou realmente lutando”, disse ela. “Tipo, OK, não vou poder fazer isso com netos. Então, o que posso fazer para preencher essa necessidade?”

Perry se mantém ocupada com seu marido, cães, clube do livro e jogando mahjong. Mas ela também se sente um pouco sozinha à medida que o tempo passa. “Netos trazem tanta esperança e luz para sua vida”, disse ela. “Ter isso é um contrapeso, acho, para o envelhecimento. Porque envelhecer é difícil.”

Bidwell Smith disse que era importante para pais como Perry se darem permissão para reconhecer e lidar com seu luto. Para alguns, isso é difícil —eles podem dizer a si mesmos que deveriam simplesmente superar isso, porque há tipos de perda muito mais sérios no mundo.

Na medida do possível, especialistas encorajam os não-avós a explorar diferentes lados de si mesmos. Aqueles que sentem falta de passar tempo com crianças mais novas podem encontrar maneiras de se envolver, disse Mulqueen. Um de seus clientes, que tinha experiência em contabilidade, se voluntariou para dar aulas de matemática em uma escola local.

Bidwell Smith disse que também pode ajudar a perguntar: Se o próximo capítulo de sua vida não incluir netos, que novas atividades ou aventuras podem ser possíveis?

O marido de Perry, David Cox, 67 anos, faz o que pode para evitar romantizar a experiência de ser avô, observando quando amigos reclamam de terem se tornado “babás sobrecarregadas”. Ainda assim, ele sente pontadas de tristeza, especialmente quando ele e Perry passam por um parque cheio de crianças felizes. Ou quando ele relembra seu avô, que imigrou da Sicília, na Itália, e era, de certa forma, mais uma figura paterna para Cox do que seu próprio pai.

“Acho que ambos teríamos adorado retribuir esse presente de amor incondicional e orientação em grande escala se fôssemos avós”, disse ele, falando de si mesmo e de sua esposa. “Mas não era para ser.”



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Curso de Medicina Veterinária da Ufac promove 4ª edição do Universo VET — Universidade Federal do Acre

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Curso de Medicina Veterinária da Ufac promove 4ª edição do Universo VET — Universidade Federal do Acre

As escolas da rede municipal realizam visitas guiadas aos espaços temáticos montados especialmente para o evento. A programação inclui dois planetários, salas ambientadas, mostras de esqueletos de animais, estudos de células, exposição de animais de fazenda, jogos educativos e outras atividades voltadas à popularização da ciência.

A pró-reitora de Inovação e Tecnologia, Almecina Balbino, acompanhou o evento. “O Universo VET evidencia três pilares fundamentais: pesquisa, que é a base do que fazemos; extensão, que leva o conhecimento para além dos muros da Ufac; e inovação, essencial para o avanço das áreas científicas”, afirmou. “Tecnologias como robótica e inteligência artificial mostram como a inovação transforma nossa capacidade de pesquisa e ensino.”

A coordenadora do Universo VET, professora Tamyres Izarelly, destacou o caráter formativo e extensionista da iniciativa. “Estamos na quarta edição e conseguimos atender à comunidade interna e externa, que está bastante engajada no projeto”, afirmou. “Todo o curso de Medicina Veterinária participa, além de colaboradores da Química, Engenharia Elétrica e outras áreas que abraçaram o projeto para complementá-lo.”

Ela também reforçou o compromisso da universidade com a democratização do conhecimento. “Nosso objetivo é proporcionar um dia diferente, com aprendizado, diversão, jogos e experiências que muitos estudantes não têm a oportunidade de vivenciar em sala de aula”, disse. “A extensão é um dos pilares da universidade, e é ela que move nossas ações aqui.”

A programação do Universo VET segue ao longo do dia, com atividades interativas para estudantes e visitantes.

(Fhagner Soares, estagiário Ascom/Ufac)



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Doutorandos da Ufac elaboram plano de prevenção a incêndios no PZ — Universidade Federal do Acre

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Doutorandos da Ufac elaboram plano de prevenção a incêndios no PZ — Universidade Federal do Acre

Doutorandos do Programa de Pós-Graduação em Biodiversidade e Biotecnologia da Amazônia Legal (Rede Bionorte) apresentaram, na última quarta-feira, 19, propostas para o primeiro Plano de Prevenção e Ações de Combate a Incêndios voltado ao campus sede e ao Parque Zoobotânico da Universidade Federal do Acre (Ufac). A atividade foi realizada na sala ambiente do PZ, como resultado da disciplina “Fundamentos de Geoinformação e Representação Gráfica para a Análise Ambiental”, ministrada pelo professor Rodrigo Serrano.

A ação marca a primeira iniciativa formalizada voltada à proteção do maior fragmento urbano de floresta em Rio Branco. As propostas foram desenvolvidas com o apoio de servidores do PZ e utilizaram ferramentas como o QGIS, mapas mentais e dados de campo.

Entre os produtos apresentados estão o Mapa de Risco de Fogo, com análise de vegetação, áreas urbanas e tráfego humano, e o Mapa de Rotas e Pontos de Água, com trilhas de evacuação e açudes úteis no combate ao fogo.

Os estudos sugerem a criação de um Plano Permanente com ações como: Parcerias com o Corpo de Bombeiros; Definição de rotas de fuga e acessos de emergência; Manutenção de aceiros e sinalização; Instalação de hidrantes ou reservatórios móveis; Monitoramento por drones; Formação de brigada voluntária e contratação de brigadistas em período de estiagem.

O Parque Zoobotânico abriga 345 espécies florestais e 402 de fauna silvestre. As medidas visam garantir a segurança da área, que integra o patrimônio ambiental da universidade.

“É importante registrar essa iniciativa acadêmica voltada à proteção do Campus Sede e do PZ”, disse Harley Araújo da Silva, coordenador do Parque Zoobotânico. Ele destacou “a sensibilidade do professor Rodrigo Serrano ao propor o desenvolvimento do trabalho em uma área da própria universidade, permitindo que os doutorandos apliquem conhecimentos técnicos de forma concreta e contribuam diretamente para a gestão e segurança” do espaço.

Participaram da atividade os doutorandos Alessandro, Francisco Bezerra, Moisés, Norma, Daniela Silva Tamwing Aguilar, David Pedroza Guimarães, Luana Alencar de Lima, Richarlly da Costa Silva e Rodrigo da Gama de Santana. A equipe contou com apoio dos servidores Nilson Alves Brilhante, Plínio Carlos Mitoso e Francisco Félix Amaral.

 



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Ufac sedia 10ª edição do Seminário de Integração do PGEDA — Universidade Federal do Acre

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Ufac sedia 10ª edição do Seminário de Integração do PGEDA — Universidade Federal do Acre

A Rede Educanorte é composta por universidades da região amazônica que ofertam doutorado em Educação de forma consorciada. A proposta é formar pesquisadores capazes de compreender e enfrentar os desafios educacionais da Amazônia, fortalecendo a pós-graduação na região.

Coordenadora geral da Rede Educanorte, a professora Fátima Matos, da Universidade Federal do Pará (UFPA), destacou que o seminário tem como objetivo avaliar as atividades realizadas no semestre e planejar os próximos passos. “A cada semestre, realizamos o seminário em um dos polos do programa. Aqui em Rio Branco, estamos conhecendo de perto a dinâmica do polo da Ufac, aproximando a gestão da Rede da reitoria local e permitindo que professores, coordenadores e alunos compartilhem experiências”, explicou. Para ela, cada edição contribui para consolidar o programa. “É uma forma de dizer à sociedade que temos um doutorado potente em Educação. Cada visita fortalece os polos e amplia o impacto do programa em nossas cidades e na região Norte.”

Durante a cerimônia, o professor Mark Clark Assen de Carvalho, coordenador do polo Rio Branco, reforçou o papel da Ufac na Rede. “Em 2022, nos credenciamos com sete docentes e passamos a ser um polo. Hoje somos dez professores, sendo dois do Campus Floresta, e temos 27 doutorandos em andamento e mais 13 aprovados no edital de 2025. Isso representa um avanço importante na qualificação de pesquisadores da região”, afirmou.

Mark Clark explicou ainda que o seminário é um espaço estratégico. “Esse encontro é uma prática da Rede, realizado semestralmente, para avaliação das atividades e planejamento do que será desenvolvido no próximo quadriênio. A nossa expectativa é ampliar o conceito na Avaliação Quadrienal da Capes, pois esse modelo de doutorado em rede é único no país e tem impacto relevante na formação docente da região norte”, pontuou.

Representando a reitora Guida Aquino, o diretor de pós-graduação da Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação (Propeg), Lisandro Juno Soares, destacou o compromisso institucional com os programas em rede. “A Ufac tem se esforçado para estruturar tanto seus programas próprios quanto os consorciados. O Educanorte mostra que é possível, mesmo com limitações orçamentárias, fortalecer a pós-graduação, utilizando estratégias como captação de recursos por emendas parlamentares e parcerias com agências de fomento”, disse.

Lisandro também ressaltou os impactos sociais do programa. “Esses doutores e doutoras retornam às suas comunidades, fortalecem redes de ensino e inspiram novas gerações a seguir na pesquisa. É uma formação que também gera impacto social e econômico.”

A coordenadora regional da Rede Educanorte, professora Ney Cristina Monteiro, da Universidade Federal do Pará (UFPA), lembrou o esforço coletivo na criação do programa e reforçou o protagonismo da região norte. “O PGEDA é hoje o maior programa de pós-graduação da UFPA em número de docentes e discentes. Desde 2020, já formamos mais de 100 doutores. É um orgulho fazer parte dessa rede, que nasceu de uma mobilização conjunta das universidades amazônicas e que precisa ser fortalecida com melhores condições de funcionamento”, afirmou.

Participou também da mesa de abertura o vice-reitor da Ufac, Josimar Batista Ferreira.



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