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Mohammad Yunus pode entrar para a história como o arquiteto de um novo Bangladesh | Opiniões

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8 meses atrásem
Depois de protestos em massa forçarem a primeira-ministra de longa data, Sheikh Hasina, a demitir-se e a fugir do país no início de Agosto, o Bangladesh viu-se num momento único de oportunidade para traçar um caminho em direcção à verdadeira democracia.
O governo interino que foi criado para lidar com o legado do regime autoritário de 15 anos de Hasina é liderado pelo professor vencedor do Prémio Nobel, Muhammad Yunus, e inclui líderes da sociedade civil.
Yunus, um célebre activista da sociedade civil, está bem equipado para lançar as bases para um novo e verdadeiramente democrático Bangladesh. Ele pode aproveitar as experiências da sociedade civil do Bangladesh para permitir a coesão social e trazer um acerto de contas muito necessário com o passado torturado do país. Há muitas maneiras pelas quais ele pode proteger e expandir os espaços cívicos. Ele pode, por exemplo, desmantelar unidades de segurança responsáveis por desaparecimentos forçados e tortura, reformar o muito difamado Gabinete de Assuntos de ONG para garantir que apoia a sociedade civil, ou alterar a Lei das Doações Estrangeiras, que cria um labirinto burocrático para a sociedade civil receber financiamento internacional.
Ele deveria, no entanto, agir rapidamente, pois a história nos diz que momentos de oportunidade e otimismo como este podem ser passageiros. Depois de um regime ditatorial ser removido através da revolução, as estruturas democráticas podem ser vítimas de uma rotação das elites. Na ausência de um plano para o que vem a seguir, os elementos pró-democracia podem ser esmagados e descarrilados por acontecimentos em rápida evolução.
Nestes cenários, as forças nacionalistas e autoritárias, que continuam a deter o poder devido às suas alianças com o clero e os militares, preenchem frequentemente o vazio de poder emergente. Às vezes, os próprios militares assumem o controle. Noutros casos, os líderes apresentados como representantes das forças democráticas recorrem eles próprios à repressão para tentar manter tudo unido.
No Sudão, por exemplo, a derrubada do presidente Omar al-Bashir, em 2019, foi seguida por várias tentativas fracassadas de transição democrática e, eventualmente, por um golpe militar em 2021. Anos depois, as violações do espaço cívico continuam inabaláveis e o país ainda é devastado pelo conflito. .
No Paquistão, um golpe militar inicial em 1958, supostamente destinado a criar espaço para uma democracia mais estável, foi seguido por várias décadas de regime militar e ataques persistentes à sociedade civil. As autoridades do país continuam a silenciar a dissidência com medidas repressivas contra ativistas, manifestantes e jornalistas.
Na Etiópia, quando o primeiro-ministro Abiy Ahmed recebeu o Prémio Nobel da Paz em 2019 por finalmente garantir um acordo de paz com a Eritreia, havia grandes esperanças de paz e estabilidade regional. Desde então, porém, ele presidiu uma sangrenta guerra civil na qual foram cometidas atrocidades em massa. O país está em crise, com grupos de direitos humanos a apelar às autoridades para que parem com a repressão ao espaço cívico e respeitem os direitos dos opositores políticos, jornalistas e activistas.
Se o governo do Professor Yunus não conseguir incluir a sociedade civil na tomada de decisões e reforçar as instituições democráticas, o Bangladesh pós-Hasina também poderá cair nestas armadilhas. Mas estes não são, obviamente, os únicos cenários possíveis. Depois de uma revolução, as forças pró-democracia também podem permanecer firmes e permitir o surgimento de realidades mais complexas, mas também infinitamente mais positivas.
O Sri Lanka, onde protestos generalizados forçaram o Presidente Gotabaya Rajapaksa a demitir-se e a fugir do país há dois anos, é um exemplo. Embora as coisas estivessem longe de ser perfeitas, ocorreu uma transição de poder através de sistemas de democracia estabelecidos no país. No mês passado, Anura Kumara Dissanayake, que concorreu com a promessa de melhor governação e estabilidade, venceu as eleições presidenciais do Sri Lanka.
O Chile é outro exemplo de como as forças democráticas podem perseverar face à recuperação da elite. Apesar da resistência significativa das forças estabelecidas, os protestos populares do Chile em 2019-2022 contra a desigualdade económica levaram a uma série de reformas na educação, na saúde e nas pensões. A Guatemala, onde em Janeiro o presidente eleito tomou posse, apesar das repetidas tentativas do antigo regime de impedir uma transferência pacífica de poder, também pode oferecer lições úteis ao nascente governo do Bangladesh. Em ambos os casos, os grupos da sociedade civil desempenharam um papel fundamental.
Embora as revoluções e as revoltas populares não tenham produzido utopias cívicas e democracias perfeitas em nenhum destes países, também não resultaram num regresso à estaca zero.
O governo interino do Bangladesh deveria prestar atenção a estes exemplos em que a sociedade civil obteve vitórias importantes em circunstâncias difíceis e complexas. Deveria, no entanto, também aprender com os casos em que as forças democráticas não conseguiram impedir que os homens fortes que ajudaram a derrubar fossem eventualmente substituídos por líderes igualmente corruptos e antidemocráticos.
Não é realista esperar que qualquer novo governo produza reformas satisfatórias em todas as áreas e uma democracia perfeita de um dia para o outro, especialmente depois de décadas de regime autoritário. Mas inúmeros exemplos em todo o mundo mostram que é possível construir um futuro melhor sobre as ruínas deixadas por líderes autoritários de longa data – desde que a nova liderança aja com determinação, continue o diálogo com a sociedade civil e permaneça num rumo democrático.
Se o governo interino de Yunus errar e a nova liderança começar a tentar reprimir a dissidência democrática, reprimindo a sociedade civil e reprimindo os protestos – sejam estes protestos daqueles que apoiam o regime anterior ou de outros que estão impacientes pela mudança – os erros cometidos durante transições passadas noutros locais poderão acabar por se repetir no Bangladesh. Num tal cenário, os protestos sustentados que destituíram Hasina e o mandato de Yunus como líder seriam reduzidos a notas de rodapé numa longa história de regime autoritário.
Mas se o Professor Yunus acertar, tirar partido da experiência bem sucedida de outros países e lançar as bases para uma democracia robusta no Bangladesh, ele poderá tornar-se uma figura inspiradora semelhante a Mandela e fornecer a outros países do Sul da Ásia, onde as liberdades cívicas são amplamente reprimido, constituindo um exemplo regional de uma transição pós-revolucionária bem sucedida. Muitos na comunidade internacional estão prontos para apoiá-lo.
O Bangladesh encontra-se numa encruzilhada, e a forma como Yunus e os seus conselheiros conseguirem navegar na dinâmica política actual, respeitando simultaneamente os direitos humanos e as liberdades cívicas, determinará o futuro da sua democracia.
As opiniões expressas neste artigo são do próprio autor e não refletem necessariamente a posição editorial da Al Jazeera.
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MUNDO
Mulher alimenta pássaros livres na janela do apartamento e tem o melhor bom dia, diariamente; vídeo

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1 mês atrásem
26 de maio de 2025
Todos os dias de manhã, essa mulher começa a rotina com uma cena emocionante: alimenta vários pássaros livres que chegam à janela do apartamento dela, bem na hora do café. Ela gravou as imagens e o vídeo é tão incrível que já acumula mais de 1 milhão de visualizações.
Cecilia Monteiro, de São Paulo, tem o mesmo ritual. Entre alpiste e frutas coloridas, ela conversa com as aves e dá até nomes para elas.
Nas imagens, ela aparece espalhando delicadamente comida para os pássaros, que chegam aos poucos e transformam a janela num pedacinho de floresta urbana. “Bom dia. Chegaram cedinho hoje, hein?”, brinca Cecilia, enquanto as aves fazem a festa com o banquete.
Amor e semente
Todos os dias Cecilia acorda e vai direto preparar a comida das aves livres.
Ela oferece porções de alpiste e frutas frescas e arruma tudo na borda da janela para os pequenos visitantes.
E faz isso com tanto amor e carinho que a gratidão da natureza é visível.
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Cantos de agradecimento
E a recompensa vem em forma de asas e cantos.
Maritacas, sabiás, rolinha e até uma pomba muito ousada resolveu participar da festa.
O ambiente se transforma com todas as aves cantando e se deliciando.
Vai dizer que essa não é a melhor forma de começar o dia?
Liberdade e confiança
O que mais chama a atenção é a relação de respeito entre a mulher e as aves.
Nada de gaiolas ou cercados. Os pássaros vêm porque querem. E voltam porque confiam nela.
“Podem vir, podem vir”, diz ela na legenda do vídeo.
Internautas apaixonados
O vídeo se tornou viral e emocionou milhares de pessoas nas redes sociais.
Os comentários vão de elogios carinhosos a relatos de seguidores que se sentiram inspirados a fazer o mesmo.
“O nome disso é riqueza! De alma, de vida, de generosidade!”, disse um.
“Pra mim quem conquista os animais assim é gente de coração puro, que benção, moça”, compartilhou um segundo.
Olha que fofura essa janela movimentada, cheia de aves:
Cecila tem a mesma rotina todos os dias. Põe comida para os pássaros livres na janela do apartamento dela em SP. – Foto: @cecidasaves/TikTok
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Cavalos ajudam dependentes químicos a se reconectar com a vida, emprego e família

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1 mês atrásem
26 de maio de 2025
O poder sensorial dos cavalos e de conexão com seres humanos é incrível. Tanto que estão ajudando dependentes químicos a se reconectar com a família, a vida e trabalho nos Estados Unidos. Até agora, mais de 110 homens passaram com sucesso pelo programa.
No Stable Recovery, em Kentucky, os cavalos imensos parecem intimidantes, mas eles estão ali para ajudar. O projeto ousado, criado por Frank Taylor, coloca os homens em contato direto com os equinos para desenvolverem um senso de responsabilidade e cuidado.
“Eu estava simplesmente destruído. Eu só queria algo diferente, e no dia em que entrei neste estábulo e comecei a trabalhar com os cavalos, senti que eles estavam curando minha alma”, contou Jaron Kohari, um dos pacientes.
Ideia improvável
Os pacientes chegam ali perdidos, mas saem com emprego, dignidade e, muitas vezes, de volta ao convívio com aqueles que amam.
“Você é meio egoísta e esses cavalos exigem sua atenção 24 horas por dia, 7 dias por semana, então isso te ensina a amar algo e cuidar dele novamente”, disse Jaron Kohari, ex-mineiro de 36 anos, em entrevista à AP News.
O programa nasceu da cabeça de Frank, criador de cavalos puro-sangue e dono de uma fazenda tradicional na indústria de corridas. Ele, que já foi dependente em álcool, sabe muito bem como é preciso dar uma chance para aqueles que estão em situação de vulnerabilidade.
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A ideia
Mas antes de colocar a iniciativa em prática, precisou convencer os irmãos a deixar ex-viciados lidarem com animais avaliados em milhões de dólares.“Frank, achamos que você é louco”, disse a família dele.
Mesmo assim, ele não desistiu e conseguiu a autorização para tentar por 90 dias. Se algo desse errado, o programa seria encerrado imediatamente.
E o melhor aconteceu.
A recuperação
Na Stable Recovery, os participantes acordam às 4h30, participam de reuniões dos Alcoólicos Anônimos e trabalham o dia inteiro cuidando dos cavalos.
Eles escovam, alimentam, limpam baias, levam aos pastos e acompanham as visitas de veterinários aos animais.
À noite, cozinham em esquema revezamento e vão dormir às 21h.
Todo o programa dura um ano, e isso permite que os participantes se tornem amigos, criem laços e fortaleçam a autoestima.
“Em poucos dias, estando em um estábulo perto de um cavalo, ele está sorrindo, rindo e interagindo com seus colegas. Um cara que literalmente não conseguia levantar a cabeça e olhar nos olhos já está se saindo melhor”, disse Frank.
Cavalos que curam
Os cavalos funcionam como espelhos dos tratadores. Se o homem está tenso, o cavalo sente. Se está calmo, ele vai retribuir.
Frank, o dono, chegou a investir mais de US$ 800 mil para dar suporte aos pacientes.
Ao olhar tantas vidas que ele já ajudou a transformar, ele diz que não se arrepende de nada.
“Perdemos cerca de metade do nosso dinheiro, mas apesar disso, todos aqueles caras permaneceram sóbrios.”
A gente aqui ama cavalos. E você?
A rotina com os animais é puxada, mas a recompensa é enorme. – Foto: AP News
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Resgatado brasileiro que ficou preso na neve na Patagônia após seguir sugestão do GPS

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1 mês atrásem
26 de maio de 2025
Cuidado com as sugestões do GPS do seu carro. Este brasileiro, que ficou preso na neve na Patagônia, foi resgatado após horas no frio. Ele seguiu as orientações do navegador por satélite e o carro acabou atolado em uma duna de neve. Sem sinal de internet para pedir socorro, teve que caminhar durante horas no frio de -10º C, até que foi salvo pela polícia.
O progframador Thiago Araújo Crevelloni, de 38 anos, estava sozinho a caminho de El Calafate, no dia 17 de maio, quando tudo aconteceu. Ele chegou a pensar que não sairia vivo.
O resgate só ocorreu porque a anfitriã da pousada onde ele estava avisou aos policiais sobre o desaparecimento do Thiago. Aí começaram as buscas da polícia.
Da tranquilidade ao pesadelo
Thiago seguia viagem rumo a El Calafate, após passar por Mendoza, El Bolsón e Perito Moreno.
Cruzar a Patagônia de carro sempre foi um sonho para ele. Na manhã do ocorrido, nevava levemente, mas as estradas ainda estavam transitáveis.
A antiga Rota 40, por onde ele dirigia, é famosa pelas paisagens e pela solidão.
Segundo o programador, alguns caminhões passavam e havia máquinas limpando a neve.
Tudo parecia seguro, até que o GPS sugeriu o desvio que mudou tudo.
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Caminho errado
Thiago seguiu pela rota alternativa e, após 20 km, a neve ficou mais intensa e o vento dificultava a visibilidade.
“Até que, numa curva, o carro subiu em uma espécie de duna de neve que não dava para distinguir bem por causa do vento branco. Tudo era branco, não dava para ver o que era estrada e o que era acúmulo de neve. Fiquei completamente preso”, contou em entrevista ao G1.
Ele tentou desatolar o veículo com pedras e ferramentas, mas nada funcionava.
Caiu na neve
Sem ajuda por perto, exausto, encharcado e com muito frio, Thiago decidiu caminhar até a estrada principal.
Mesmo fraco, com fome e mal-estar, colocou uma mochila nas costas e saiu por volta das 17h.
Após mais de cinco horas de caminhada no escuro e com o corpo congelando, ele caiu na neve.
“Fiquei deitado alguns minutos, sozinho, tentando recuperar energia. Consegui me levantar e segui, mesmo sem saber quanta distância faltava.”
Luz no fim do túnel
Sem saber quanto tempo faltava para a estrada principal, Thiago se levantou e continuou a caminhada.
De repente, viu uma luz. No início, o programador achou que estava alucinando.
“Um pouco depois, ao olhar para trás em uma reta infinita, vi uma luz. Primeiro achei que estava vendo coisas, mas ela se aproximava. Era uma viatura da polícia com as luzes acesas. Naquele momento senti um alívio que não consigo descrever. Agitei os braços, liguei a lanterna do celular e eles me viram”, disse.
A gentileza dos policiais
Os policiais ofereceram água, comida e agasalhos.
“Falaram comigo com uma ternura que me emocionou profundamente. Me levaram ao hospital, depois para um hotel. Na manhã seguinte, com a ajuda de um guincho, consegui recuperar o carro”, agradeceu o brasileiro.
Apesar do susto, ele se recuperou e decidiu manter a viagem. Afinal, era o sonho dele!
Veja como foi resgatado o brasileiro que ficou preso na neve na Patagônia:
Thiago caminhou por 5 horas no frio até ser encontrado. – Foto: Thiago Araújo Crevelloni
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