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Nadei com minha filha sobre um cemitério de corais – 26/01/2025 – Giovana Madalosso

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8 meses atrásem
Era para ser a viagem mais solar do mundo. Fomos para uma praia em Alagoas, com previsão de céu aberto todos os dias. Estávamos de férias, com os boletos pagos, com as canelas ao vento e os celulares na pousada –ou seja, sem muita preocupação na cabeça.
Nem o mar, que passou a me assustar tanto depois da maternidade, levantava minhas pestanas. Naquela maré baixa e sem ondas, dava para andar sei lá quantos metros com a água batendo nos joelhos. Ou seja, a chance de alguém se afogar naquela Regan da natureza era zero. Tanto que minha filha e meus enteados até reclamaram: nessa rasura não conseguimos nem dar um tchibum.
Resolvemos pegar uma jangada para ir um pouco mais além, onde aquela água mansa e morna era mais funda, onde poderíamos nadar, mergulhar e ver alguns peixes. Ancoramos depois de um banco de areia. Pulamos na água, minha filha excitada para ver os cardumes, já colocando o snorkel no rosto. Também ajeitei o apetrecho sobre o meu.
Saímos nadando. Não sei se por amor ou insegurança, ela pegou na minha mão. Gostei tanto daquilo. Desde que cresceu um pouco, já não pegava assim nos meus dedos. De repente me senti em um daquele momentos que (quem sabe) passarão diante dos meus olhos antes de eu morrer.
Nossos corpos paralelos, boiando no exato limiar da superfície. O sol sendo filtrado pela água cristalina. Tudo tão transparente lá embaixo. Um olhar de cumplicidade de uma para a outra por trás daquelas lentes engraçadas, que nos faziam lembrar que vivíamos uma aventura. Os peixes nadando ao nosso redor. Ela sinalizando, como quem diz: veja essas listras.
E então os corais. O dedo indicador da minha filha apontando excitado para um rancho de corais. Deve ter aprendido na escola a respeito dos cnidários. Visto fotos. Será que reparava que, ao contrários de muitos, aqueles não tinham cores?
De repente, uma informação que eu tinha visto, meses atrás, antes de ter planejado aquela viagem, desalojou-se de uma gaveta secundária da minha memória: um estudo apontava perda de mais de 80% dos corais em Alagoas. E eu sabia a causa: o aumento de temperatura do oceano, que afasta as algas, responsáveis por darem aos corais cores e alimentos.
Não sou uma especialista em vida marinha, mas os cnidários esbranquiçados à nossa frente pareciam ser exemplares daquela maioria. Estão mortos, pensei. E minha filha certamente ignorava isso, pois seguia com um júbilo visível mesmo através da máscara, os pés batendo não só para se locomover, mas como se aplaudissem o que via.
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Toda aquela sensação de estar vivendo um momento único se desfez. Eu até estava vivendo um momento único, mas, de súbito, soturnamente único. Era quase certeza que estávamos nadando sobre um cemitério, estranhamente conectado a uma outra necrópole que ardia em chamas naquele mesmo instante, nas Palisades de Los Angeles, a tantos quilômetros dali.
Costumo falar abertamente de todos os assuntos com minha filha mas, naquele momento, eu não tinha fôlego para isso. Nenhum tipo de fôlego. Respirei fundo por aquele tubo de silicone e segui avançando com ela, pensando que seu passeio pela Terra não será nada fácil mas, ao menos, para o que der e vier, estaremos juntas.
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Ufac inicia 34º Seminário de Iniciação Científica no campus-sede — Universidade Federal do Acre

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2 dias atrásem
24 de setembro de 2025
A Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação (Propeg) da Ufac iniciou, nessa segunda-feira, 22, no Teatro Universitário, campus-sede, o 34º Seminário de Iniciação Científica, com o tema “Pesquisa Científica e Inovação na Promoção da Sustentabilidade Socioambiental da Amazônia”. O evento continua até quarta-feira, 24, reunindo acadêmicos, pesquisadores e a comunidade externa.
“Estamos muito felizes em anunciar o aumento de 130 bolsas de pesquisa. É importante destacar que esse avanço não vem da renda do orçamento da universidade, mas sim de emendas parlamentares”, disse a reitora Guida Aquino. “Os trabalhos apresentados pelos nossos acadêmicos estão magníficos e refletem o potencial científico da Ufac.”
A pró-reitora de Pesquisa e Pós-Graduação, Margarida Lima de Carvalho, ressaltou a importância da iniciação científica na formação acadêmica. “Quando o aluno participa da pesquisa desde a graduação, ele terá mais facilidade em chegar ao mestrado, ao doutorado e em compreender os processos que levam ao desenvolvimento de uma região.”
O pró-reitor de Extensão e Cultura, Carlos Paula de Moraes, comentou a integração entre ensino, pesquisa, extensão e o compromisso da universidade com a sociedade. “A universidade faz ensino e pesquisa de qualidade e não é de graça; ela custa muito, custa os impostos daqueles que talvez nunca entrem dentro de uma universidade. Por isso, o nosso compromisso é devolver a essa sociedade nossa contribuição.”
Os participantes assistiram à palestra do professor Leandro Dênis Battirola, que abordou o tema “Ciência e Tecnologia na Amazônia: O Papel Estratégico da Iniciação Científica”, e logo após participaram de uma oficina técnica com o professor Danilo Scramin Alves, proporcionando aos acadêmicos um momento de aprendizado prático e aprofundamento nas discussões propostas pelo evento.
(Camila Barbosa, estagiária Ascom/Ufac)
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Representantes da UNE apresentam agenda à reitora da Ufac — Universidade Federal do Acre

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2 dias atrásem
24 de setembro de 2025
A reitora da Ufac, Guida Aquino, recebeu, nessa segunda-feira, 22, no gabinete da Reitoria, integrantes da União Nacional dos Estudantes (UNE). Representando a liderança da entidade, esteve presente Letícia Holanda, responsável pelas relações institucionais. O encontro teve como foco a apresentação da agenda da UNE, que reúne propostas para o Congresso Nacional com a meta de ampliar os recursos destinados à educação na Lei Orçamentária Anual de 2026.
Entre as prioridades estão a recomposição orçamentária, o fortalecimento de políticas de permanência estudantil e o incentivo a novos investimentos. A iniciativa também busca articular essas demandas a pautas nacionais, como a efetivação do Plano Nacional de Educação, a destinação de 10% do PIB para a área e o uso de royalties do petróleo em medidas de justiça social.
“Estamos vivenciando um momento árduo, que pede coragem e compatibilidade. Viemos mostrar o que a UNE propõe para este novo ciclo, com foco em avançar cada vez mais nas políticas de permanência e assistência estudantil”, disse Letícia Holanda. Ela também destacou a importância da regulamentação da Política Nacional de Assistência Estudantil, entre outras medidas, que, segundo a dirigente, precisam sair do papel e se traduzir em melhorias concretas no cotidiano das universidades.
Para o vice-presidente da UNE-AC, Rubisclei Júnior, a prioridade local é garantir a recomposição orçamentária das universidades. “Aqui no Acre, a universidade hoje só sobrevive graças às emendas. Isso é uma realidade”, afirmou, defendendo que o Ministério da Educação e o governo federal retomem o financiamento direto para assegurar mais bolsas e melhor infraestrutura.
Também participaram da reunião a pró-reitora de Graduação, Ednaceli Damasceno; o pró-reitor de Assuntos Estudantis, Isaac Dayan Bastos da Silva; a pró-reitora de Pesquisa e Pós-Graduação, Margarina Lima de Carvalho; o pró-reitor de Extensão e Cultura, Carlos Paula de Moraes; representantes dos centros acadêmicos: Adsson Fernando da Silva Sousa (CA de Geografia); Raissa Brasil Tojal (CA de História); e Thais Gabriela Lebre de Souza (CA de Letras/Português).
(Camila Barbosa, estagiária Ascom/Ufac)
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Multa para ciclistas? Entenda o que diz a lei e o que vale na prática

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2 dias atrásem
24 de setembro de 2025
CT
Tomaz Silva / Agência Brasil
Pode não parecer, mas as infrações previstas no Código de Trânsito Brasileiro não se limitam só aos motoristas de carros e motos — na verdade, as normas incluem também a conduta dos ciclistas. Mesmo assim, a aplicação das penalidades ainda gera dúvidas.
Nem todos sabem, mas o Código de Trânsito Brasileiro (CBT) descreve situações específicas em que ciclistas podem ser autuados, como pedalar em locais proibidos — o artigo 255 do CTB, por exemplo, diz que conduzir bicicleta em passeios sem permissão ou de forma agressiva configura infração média, com multa de R$ 130,16 e possibilidade de remoção da bicicleta.
Já o artigo 244 amplia as situações de infração para “ciclos”, nome dado à categoria que inclui bicicletas. Entre os exemplos estão transportar crianças sem segurança adequada, circular em vias de trânsito rápido e carregar passageiros fora do assento correto. Em casos mais graves, como manobras arriscadas ou malabarismos, a penalidade prevista é multa de R$ 293,47.
De fato, o CTB prevê punições para estas condutas, mas o mais curioso é que a aplicação dessas regras não está em vigor. Isso porque a Resolução 706/17, que estabelecia os procedimentos de autuação de ciclistas e pedestres, foi revogada pela norma 772/19.
Em outras palavras, estas infrações existem e, mesmo que um ciclista cometa alguma delas, não há hoje um mecanismo legal que permita a cobrança da multa.
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