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O caos global e o cansaço de Cassandra – 24/12/2024 – Rui Tavares

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Às vezes é cansativo ser historiador neste século 21.

Um exemplo: quando Donald Trump faz publicações assumindo as suas ambições de controle territorial sobre o Canal do Panamá ou sobre a Groenlândia, analistas de relações internacionais e de ciência política coçam a cabeça e perguntam-se se é mesmo “para levar a sério”.

Enquanto hesitam, explicam-nos a base do seu ceticismo para com a ideia de que os autoritários do nosso tempo queiram, a exemplo dos autoritários de todos os séculos anteriores, mudar fronteiras e anexar territórios estrangeiros pela força militar ou pela pressão política: “Já não estamos no século 19!”.

Claro que não estamos no século 19. Mas no próprio século 19 a Europa viveu várias gerações de estabilidade após o Congresso de Viena de 1815, de forma que os analistas e comentadores da época também achavam que o seu tempo fosse essencialmente diferente dos anteriores.

Mesmo a primeira Guerra da Crimeia (1853-56) foi vista como um interlúdio num território longínquo (na verdade foi uma verdadeira guerra global, do Mediterrâneo ao Extremo Oriente, e embora breve, prelúdio de grandes conflitos futuros).

Logo a seguir, o século 20 também não era (como o nosso!) o século 19, e isso não impediu ninguém de avançar para duas guerras mundiais. Embora, é claro, também então houvesse analistas como os de hoje.

O que ficou mais conhecido foi Normal Angell, autor do muito influente livro “A Grande Ilusão”, que afirmava que a interdependência econômica entre nações desenvolvidas era tão grande que tornaria a guerra entre elas inconcebível. O livro foi publicado em 1909 —cinco anos antes de ser refutado pela Grande Guerra de 1914-18.

Portanto, minha gente, a resposta é sim. Claro que as ambições territoriais de Trump sobre a Groenlândia (um território autônomo sob tutela da Dinamarca) e o Canal do Panamá (parte integral das fronteiras e da soberania do Panamá) são para levar a sério. Em qualquer época histórica, quando o homem mais poderoso do país mais poderoso do mundo diz que é uma “absoluta necessidade” controlar território de outro país, é sempre para levar a sério — e não há nenhuma razão para acreditar que o nosso século seja exceção.

Da mesma forma, era para ter levado a sério quando, em julho de 2021, Vladimir Putin publicou um ensaio “sobre a unidade histórica entre os russos e os ucranianos” que, fundamentalmente, expunha as razões pelas quais o seu autor entendia que os ucranianos não existiam enquanto povo e a Ucrânia só deveria existir enquanto Estado se fosse tutelada pela Rússia. Menos de oito meses depois, Putin ordenou a invasão em larga escala da Ucrânia e, até à véspera, ainda havia gente a se perguntar se era para “levar a sério”.

Claro que era. Tal como Xi Jinping sobre Taiwan, Erdogan sobre a Siría, e até Orbán sobre a Transcarpátia. Os nossos tiranos não são diferentes dos tiranos do passado. Nós é que somos mais ingênuos do que já fomos. Parem de chamar Cassandra aos historiadores, ou eles vos responderão que o problema de Cassandra era acertar em todas as previsões —e ninguém acreditar nela.


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Ufac apresenta delegação que vai para os Jubs 2025 — Universidade Federal do Acre

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Ufac apresenta delegação que vai para os Jubs 2025 — Universidade Federal do Acre

A Ufac, por meio da Pró-Reitoria de Cultura e Extensão (Proex) e em parceria com a Federação do Desporto Universitário Acreano (FDUA), apresentou oficialmente a delegação que representará a instituição nos Jogos Universitários Brasileiros (Jubs) de 2025. O grupo, formado por cerca de 70 estudantes-atletas e técnicos voluntários, foi apresentado em cerimônia realizada na quadra do Sesi neste sábado, 27.

A equipe, que competirá no maior evento de desporto universitário da América Latina, levará as cores da Ufac e do Acre em diversas modalidades: handebol, voleibol, xadrez, taekwondo, basquete, cheerleading, futsal e a modalidade eletrônica Free Fire. A edição deste ano dos jogos ocorrerá em Natal, no Rio Grande do Norte, entre 5 e 19 de outubro, e deve reunir mais de 6.500 atletas de todo o país.

A abertura do evento ficou por conta da apresentação da bateria Kamboteria, da Associação Atlética Acadêmica de Medicina da Ufac, a Sinistra. Sob o comando da mestra Alexia de Albuquerque, o grupo animou os presentes com o som de tamborins, chocalhos, agogôs, repiques e caixas.

Em um dos momentos mais simbólicos da solenidade, a reitora da Ufac, Guida Aquino, entregou as bandeiras do Acre e da universidade aos atletas. Em sua fala, ela destacou o orgulho e a confiança depositada na delegação.

“Este é um momento de grande alegria para a nossa universidade. Ver a dedicação e o talento de nossos estudantes-atletas nos enche de orgulho. Vocês não estão apenas indo competir; estão levando o nome da Ufac e a força do nosso estado para todo o Brasil”, disse a reitora, que complementou: “O esporte universitário é uma ferramenta poderosa de formação, que ensina sobre disciplina, trabalho em equipe e superação”.

A cerimônia contou ainda com a apresentação do time de cheerleading, que empolgou os presentes com suas acrobacias, e foi encerrada com um jogo amistoso de vôlei.

Compuseram o dispositivo de honra do evento o deputado federal e representante da Federação das Indústrias do Estado do Acre (Fieac), José Adriano Ribeiro; o deputado estadual Eduardo Ribeiro; o vereador de Rio Branco Samir Bestene; o vice-presidente da Federação do Desporto Universitário do Acre, Sandro Melo; o pró-reitor de Extensão, Carlos Paula de Moraes; a diretora de Arte, Cultura e Integração Comunitária, Lya Beiruth; o coordenador do Centro de Referência Paralímpico e Dirigente Oficial da Delegação da Ufac nos Jubs 2025, Jader de Andrade Bezerra; e o presidente da Liga das Atléticas da Ufac, Max William da Silva Pedrosa.

 



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Ufac realiza 3ª Jornada das Profissões para alunos do ensino médio — Universidade Federal do Acre

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Ufac realiza 3ª Jornada das Profissões para alunos do ensino médio — Universidade Federal do Acre

A Pró-Reitoria de Graduação da Ufac realizou a solenidade de abertura da 3ª Jornada das Profissões. O evento ocorreu nesta sexta-feira, 26, no Teatro Universitário, campus-sede, e reuniu estudantes do ensino médio de escolas públicas e privadas do Estado, com o objetivo de aproximá-los da universidade e auxiliá-los na escolha de uma carreira. A abertura contou com apresentação cultural do palhaço Microbinho e exibição do vídeo institucional da Ufac.

A programação prevê a participação de cerca de 3 mil alunos durante todo o dia, vindos de 20 escolas, entre elas o Ifac e o Colégio de Aplicação da Ufac. Ao longo da jornada, os jovens conhecem os 53 cursos de graduação da instituição, além de laboratórios, espaços culturais e de pesquisa, como o Museu de Paleontologia, o Parque Zoobotânico e o Complexo da Medicina Veterinária.


Na abertura, a reitora Guida Aquino destacou a importância do encontro para os estudantes e para a instituição. Segundo ela, a energia da juventude renova o compromisso da universidade com sua missão. “Vocês são a razão de existir dessa universidade”, disse. “Tenho certeza de que muitos dos que estão aqui hoje ingressarão em 2026 na Ufac. Aproveitem este momento, conheçam os cursos e escolham aquilo que os fará felizes.”

A reitora também ressaltou a trajetória do evento, que chega à 3ª edição consolidado, e agradeceu as parcerias institucionais que possibilitam sua realização, como a Secretaria de Estado de Educação e Cultura (SEE) e a Fundação de Cultura Elias Mansour (FEM). “Sozinho ninguém faz nada, mas juntos somos mais fortes; é assim que a Ufac tem crescido, firmando-se como referência no ensino superior da Amazônia”, afirmou.
A pró-reitora de Graduação, Ednaceli Damasceno, explicou a proposta da jornada e o esforço coletivo envolvido na organização. “Nosso objetivo é mostrar os cursos de graduação da Ufac e ajudar esses jovens a identificarem áreas de afinidade que possam orientar suas escolhas profissionais. Muitos acreditam que a universidade é paga, então esse é também um momento de reforçar que se trata de uma instituição pública e gratuita.”

Entre os estudantes presentes estava Ana Luiza Souza de Oliveira, do 3º ano da Escola Boa União, que participou pela primeira vez da jornada. Ela contou estar animada com a experiência. “Quero ver de perto como funcionam as profissões, entender melhor cada uma. Tenho vontade de fazer Psicologia, mas também penso em Enfermagem. É uma oportunidade para tirar dúvidas.”


Também compuseram o dispositivo de honra o pró-reitor de Planejamento, Alexandre Hid; o pró-reitor de Administração, Tone Eli da Silva Roca; o presidente da FEM, Minoru Kinpara; além de diretores da universidade e representantes da SEE.



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Enanpoll — Universidade Federal do Acre

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publicado:
26/09/2025 14h57,


última modificação:
26/09/2025 14h58

1 a 3 de outubro de 2025



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