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O fator Trump  | VEJA

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O fator Trump  | VEJA

Larissa Quintino

Jogue fora os cenários para as eleições de 2026 no Brasil se eles excluírem Donald Trump. Seja pelos efeitos da sua guerra tarifária na inflação e numa eventual recessão mundial, seja por uma eventual interferência direta a favor da oposição, Trump é uma variante nova e, como tudo que cerca o presidente americano, imprevisível. 

Publicamente, o governo brasileiro não deve retaliar a tarifa de 10%, mais as sobretaxas de 18% para etanol e 25% para o aço, buscando manter canais para um acordo bilateral, enquanto Lula da Silva seguirá com sua retórica contra Trump. Nesta semana, o Brasil confirmou um encontro de Lula e Xi Jinping em 13 de maio, em Pequim. A viagem prevista para junho foi adiantada para para discutir o pacote Trump e o comércio bilateral.

O discurso oficial do governo Lula sobre os efeitos da guerra tarifária é de Poliana: com as novas taxas, a China aumentaria suas importações de soja e ferro, o acordo União Europeia e Mercosul iria acelerar e o enfraquecimento do dólar ajudaria na inflação. Essa visão edulcorada foi feita em Nárnia, o mundo mágico de C. S. Lewis. A turma que pensa dentro do governo Lula sabe que o Brasil não é uma ilha e será afetado se o tarifaço levar à uma recessão global, que a queda nos preços do petróleo é desastrosa para as exportações brasileiras e que a possibilidade de a China despejar aqui os produtos que antes iriam para os EUA pode quebrar parte da indústria. A turma que pensa dormiu pouco nesta semana.

Com o índice de popularidade do governo Lula seguindo neste momento uma correlação com os preços dos alimentos, todo efeito do conflito EUA x China na inflação será um fator novo na política interna. Esta é a parte mais visível do efeito Trump. A questão é até onde ele pode se tornar um protagonista direto da disputa de 2026.

A vários interlocutores, o ex-presidente Jair Bolsonaro nos últimos dias repetiu sua confiança de que o filho Eduardo Bolsonaro irá obter da Casa Branca alguma ação sobre seu julgamento no STF. Bolsonaro acredita que Trump iria impor tarifas extras ao Brasil quando ele for condenado por tentativa de golpe de Estado.

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Mesmo que isso não ocorra, existe a forte possibilidade de o governo americano se pronunciar em outubro quando a Justiça eleitoral baixar as normas sobre a propaganda eleitoral. Como em eleições anteriores, as regras serão especialmente duras com as plataformas de redes sociais. As big techs sempre reclamaram, mas agora sua influência na Casa Branca subiu a outro patamar. É previsível que, assim como fez na Alemanha e Espanha, Elon Musk usará o X para bancar um candidato no Brasil.

Como está acontecendo no Canadá e na Europa, enfrentar Trump pode render bônus eleitoral. Na segunda-feira, a Genial/Quaest mostrou que 43% dos brasileiros têm uma imagem negativa de Donald Trump, enquanto 22% o veem de forma positiva. A posse de Trump mudou radicalmente a percepção sobre os Estados Unidos: 41% dos brasileiros agora têm uma imagem desfavorável do país, contra 24% da rodada anterior, em março de 2024 — quando Joe Biden era presidente. No mesmo período, a imagem favorável dos EUA caiu de 58% para 44%. 

Lula tem criticado Trump nos discursos, mas a ação mais relevante do governo é a campanha publicitária “O Brasil é dos Brasileiros”. A Secretaria de Comunicação está gastando R$ 50 milhões nas redes de TV por uma propaganda que pela primeira vez usa o nacionalismo como um tema para esquerda. É uma vacina para que Lula possa usar o slogan “o Brasil é dos brasileiros” caso ocorra um confronto direto com Trump. O subtexto do slogan é que os bolsonaristas defendem mais Trump do que o Brasil. As imagens dos pré-candidatos Tarcísio de Freitas e Romeu Zema com o boné MAGA serão usadas insistentemente em 2026, assim como a bizarra declaração de Bolsonaro defendendo as tarifas americanas contra o Brasil. Hoje Trump é um elemento tóxico na campanha eleitoral.



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CPMI do INSS deve causar estrago ainda maior ao go…

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CPMI do INSS deve causar estrago ainda maior ao go...

Marcela Rahal

Como se não bastasse a ideia de uma CPI na Câmara, ainda a depender do aval do presidente Hugo Motta (o que parece que não deve acontecer), o governo pode enfrentar uma investigação para apurar os desvios bilionários do INSS nas duas Casas.

Já são 211 assinaturas de parlamentares a favor da CPMI, 182 deputados e 29 senadores, o suficiente para o início dos trabalhos. A deputada Coronel Fernanda, autora do pedido na Câmara, vai protocolar o requerimento nesta terça-feira, 6. Caberá ao presidente do Congresso, Davi Alcolumbre, convocar o plenário para a leitura da proposta e, consequentemente, a criação da Comissão.

Segundo a parlamentar, que convocou uma entrevista coletiva para amanhã às 14h30, agora o processo deve andar. O governo ficará muito mais exposto com um escândalo que tem tudo para ficar cada vez maior, segundo as investigações ainda em andamento.

O desgaste será inevitável. O apelo do caso é forte e de fácil entendimento para a população. O assalto bilionário aos aposentados e pensionistas do INSS.



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Com fortes dores, Antonio Rueda passará por cirurg…

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Com fortes dores, Antonio Rueda passará por cirurg...

Ludmilla de Lima

Presidente da Federação União Progressista, Antonio Rueda passará por uma cirurgia nesta segunda-feira, 05, devido a um cálculo renal. Por causa de fortes dores, o procedimento, que estava marcado para amanhã, terá que ser antecipado. Antes do anúncio da federação, na terça da semana passada, ele já havia sido operado por causa do problema, colocando um cateter.

Do União Brasil, Rueda divide a presidência da federação com Ciro Nogueira, do PP. Os dois partidos juntos agora têm a maior bancada do Congresso, com 109 deputados e 14 senadores. O PP defendia que o ex-presidente da Câmara Arthur Lira ficasse no comando do bloco, mas o União insistia no nome de Rueda. A solução foi estabelecer um sistema de copresidentes, que funcionará ao menos até o fim deste ano. 

A “superfederação” ultrapassa o PL na Câmara – o partido de Jair Bolsonaro tem 92 deputados – e se iguala ao PSD e ao PL no Senado. O poder do grupo, que seguirá unido nos próximos quatro anos, também é medido pelo fundo partidário, de R$ 954 milhões.

A intensificação das agendas políticas nos últimos dias agravou o quadro de saúde de Rueda, que precisou também cancelar uma viagem ao Rio.



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Os dois bolsonaristas unidos contra Moraes para pu…

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Os dois bolsonaristas unidos contra Moraes para pu...

Matheus Leitão

A mais nova dobradinha contra Alexandre de Moraes tem gerado frisson nas redes bolsonaristas, mas parece mesmo uma novela de mau gosto. Protagonizada por Eduardo Bolsonaro, o filho Zero Três licenciado da Câmara, e Paulo Figueiredo, neto do último general ditador do Brasil, os dois se uniram para tentar punir o ministro do Supremo Tribunal Federal nos EUA.

Em uma insistente tentativa de se portarem com alguma relevância perante o governo Donald Trump, os dois agora somam posts misteriosos de Eduardo com promessas vazias de Figueiredo após uma viagem por alguns dias a Washington.

Um aparece mostrando, por exemplo, a lateral da Casa Branca em um ângulo no qual parece, pelo menos nas redes sociais, a parte interna da residência oficial do presidente dos Estados Unidos. O outro promete que as sanções ao ministro do STF estão 70% construídas e pede mais “72 horas” aos seus seguidores.

“Aliás, hoje aqui de manhã, eu tive um [inaudível] com eles, no caso o Departamento de Estado especificamente, e o termo que usaram para mim foi: olha, nós não queremos criar excesso de expectativa, mas nós estamos muito otimistas que algo vai acontecer e a gente vai poder fazer num curto prazo”, disse Paulo Figueiredo.

A ideia dos dois é que, primeiro, Alexandre de Moraes, tenha seu visto cancelado e não possa mais entrar nos Estados Unidos. Depois, que ele tenha algumas sanções econômicas, caso tenha bens nos Estados Unidos, como o bloqueio financeiro a instituições do país, como empresas de cartão de crédito.

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“O que eu posso dizer para você é que a gente nunca esteve tão perto. Eu não posso dizer quando e nem garantir que vão acontecer”, prometeu ainda Paulo Figueiredo. A novela ainda vai ganhar novos ares nesta semana com a chegada de David Gamble, coordenador para Sanções do governo de Trump, ao Brasil nesta semana. 

A seguir as cenas dos próximos capítulos…



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