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O poder do gramado perfeito – DW – 18/11/2024

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Um gramado pode parecer um pequeno oásis, nosso próprio pedaço de natureza. Mas ao longo da história, os gramados têm sido símbolos poderosos de ordem – e riqueza.

Quando o rei Luís XIV da França – também conhecido como Rei Sol – se mudou para Versalhes em 1661, ele contratou um famoso arquiteto paisagista francês, Andre Le Notre, para projetar os jardins de Versalhes. Versalhes palácio.

Le Notre entendia que os jardins, que incluíam gramados meticulosos, eram políticos: eram uma forma de o rei comunicar que tudo estava em ordem e sob controle.

O planejador criou notavelmente um “tapis vert”, literalmente um “tapete verde” que ligava o palácio aos jardins.

O gramado não era para caminhar, nem para fazer piqueniques, nem para pastar animais – como eram os prados gramados na época medieval. Agora era puramente ornamental, um símbolo de status, um símbolo de poder e conquista.

“Se você olhar atentamente para a grama” eunum prado clássico, disse Ian Thompson, arquiteto paisagista aposentado que lecionou na Universidade de Newcastle, no Reino Unido, “há todos os tipos de outras plantas lá… você encontraria coisas como margaridas, violetas, trevos e morangos, por exemplo”.

Pura razão de cortar grama

Mas os relvados de Versalhes são uma erva pura que conquistou estas flores e ervas daninhas. Esses trechos imaculados de grama mostram o domínio da natureza, de uma natureza selvagem que pode ser hostil e perigosa.

Na Europa do século XVII, as ideias sobre a relação dos humanos com a natureza estavam a mudar. O filósofo francês René Descartes argumentou que a natureza, representada pelo corpo, é caótica e separada da mente, da razão superior do homem.

O gramado era, portanto, um símbolo da mente racional colonizando o corpo irracional. A ideia perdura há séculos.

O gramado de Louis foi adaptado em parte através do Canal da Mancha. A aristocracia inglesa do século XVIII gostava de incorporar prados e matagais em seus jardins mais “naturais” – mesmo que ainda altamente estilizados e cortado.

Esta paisagem campestre com curadoria foi, por sua vez, apropriada pela rainha francesa Maria Antonieta, que queria criar um minijardim inglês em seu palácio.

Vista de drone da arte do gramado com diferentes formas.
Em alternativa à monocultura de gramados, o artista Michael Uy integra prados para insetos em seu paisagismoImagem: Patrick Pleul/aliança de imagem/dpa

Ascensão e declínio do gramado suburbano

Assim também, na América, o jardim inglês – em oposição ao rei – governava.

O presidente George Washington ordenou a criação de um campo de boliche e um parque de veados em sua vasta residência e plantação de escravos em Mount Vernon. Diz-se que ele importou sementes de capim inglês para o trabalho.

Gramados: o seu é dar rei sol ou flamingo rosa?

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Thomas Jefferson, o terceiro presidente dos EUA e autor da Declaração da Independência, também cultivou uma área gramada chamada “gramado” em sua casa.

Algumas décadas depois, o gramado doméstico estava na moda, com o primeiro cortador de grama puxado por cavalo patenteado em 1830.

Inicialmente restritos ao quintal, esses trechos de gramado bem cuidado logo foram orgulhosamente exibidos na frente das casas dos EUA.

Tal como os primeiros jardins da realeza francesa e da pequena nobreza inglesa, no século XX o jardim da frente americano tornou-se uma espécie de espaço de exposição, um símbolo do domínio da natureza.

Mas tinha que permanecer organizado e imaculado.

“É basicamente um pedaço de grama sem nada”, disse Jenny Price, escritora e ambiental historiador, do gramado americano. “Isso é uma coisa muito voltada para a classe, geralmente (as pessoas) não aprovam colocar nada no seu jardim. Nada de cadeiras, nada de enfeites de gramado, nada.”

Florestas naturais em vez de gramados ingleses

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Ela acrescentou que o gramado controlado exige muita irrigação e agrotóxicos. Mas numa época de alterações climáticas e escassez de água, os relvados estão novamente a dar lugar a árvores e espécies diversas.

“Estamos voltando para a campina florida”, disse Ian Thompson. “E na verdade o jardim suburbano é um dos lugares que, você sabe, pode ser um santuário para a vida selvagem. Acho que tudo isso deve ser incentivado, na verdade.”

Este artigo foi adaptado de um episódio do podcast DW, “Não beba o leite: a curiosa história das coisas”, de Charli Shield e Rachel Stewart, editado por Sam Baker.



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Mulher alimenta pássaros livres na janela do apartamento e tem o melhor bom dia, diariamente; vídeo

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O projeto com os cavalos, no Kentucky (EUA), ajuda dependentes químicos a recomeçarem a vida. - Foto: AP News

Todos os dias de manhã, essa mulher começa a rotina com uma cena emocionante: alimenta vários pássaros livres que chegam à janela do apartamento dela, bem na hora do café. Ela gravou as imagens e o vídeo é tão incrível que já acumula mais de 1 milhão de visualizações.

Cecilia Monteiro, de São Paulo, tem o mesmo ritual. Entre alpiste e frutas coloridas, ela conversa com as aves e dá até nomes para elas.

Nas imagens, ela aparece espalhando delicadamente comida para os pássaros, que chegam aos poucos e transformam a janela num pedacinho de floresta urbana. “Bom dia. Chegaram cedinho hoje, hein?”, brinca Cecilia, enquanto as aves fazem a festa com o banquete.

Amor e semente

Todos os dias Cecilia acorda e vai direto preparar a comida das aves livres.

Ela oferece porções de alpiste e frutas frescas e arruma tudo na borda da janela para os pequenos visitantes.

E faz isso com tanto amor e carinho que a gratidão da natureza é visível.

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Cantos de agradecimento

E a recompensa vem em forma de asas e cantos.

Maritacas, sabiás, rolinha e até uma pomba muito ousada resolveu participar da festa.

O ambiente se transforma com todas as aves cantando e se deliciando.

Vai dizer que essa não é a melhor forma de começar o dia?

Liberdade e confiança

O que mais chama a atenção é a relação de respeito entre a mulher e as aves.

Nada de gaiolas ou cercados. Os pássaros vêm porque querem. E voltam porque confiam nela.

“Podem vir, podem vir”, diz ela na legenda do vídeo.

Internautas apaixonados

O vídeo se tornou viral e emocionou milhares de pessoas nas redes sociais.

Os comentários vão de elogios carinhosos a relatos de seguidores que se sentiram inspirados a fazer o mesmo.

“O nome disso é riqueza! De alma, de vida, de generosidade!”, disse um.

“Pra mim quem conquista os animais assim é gente de coração puro, que benção, moça”, compartilhou um segundo.

Olha que fofura essa janela movimentada, cheia de aves:

Cecila tem a mesma rotina todos os dias. Que gracinha! - Foto: @cecidasaves/TikTok Cecila tem a mesma rotina todos os dias. Põe comida para os pássaros livres na janela do apartamento dela em SP. – Foto: @cecidasaves/TikTok



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Cavalos ajudam dependentes químicos a se reconectar com a vida, emprego e família

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Cecília, uma mulher de São Paulo, põe alimentos todos os dias os para pássaros livres na janela do apartamento dela. - Foto: @cecidasaves/TikTok

O poder sensorial dos cavalos e de conexão com seres humanos é incrível. Tanto que estão ajudando dependentes químicos a se reconectar com a família, a vida e trabalho nos Estados Unidos. Até agora, mais de 110 homens passaram com sucesso pelo programa.

No Stable Recovery, em Kentucky, os cavalos imensos parecem intimidantes, mas eles estão ali para ajudar. O projeto ousado, criado por Frank Taylor, coloca os homens em contato direto com os equinos para desenvolverem um senso de responsabilidade e cuidado.

“Eu estava simplesmente destruído. Eu só queria algo diferente, e no dia em que entrei neste estábulo e comecei a trabalhar com os cavalos, senti que eles estavam curando minha alma”, contou Jaron Kohari, um dos pacientes.

Ideia improvável

Os pacientes chegam ali perdidos, mas saem com emprego, dignidade e, muitas vezes, de volta ao convívio com aqueles que amam.

“Você é meio egoísta e esses cavalos exigem sua atenção 24 horas por dia, 7 dias por semana, então isso te ensina a amar algo e cuidar dele novamente”, disse Jaron Kohari, ex-mineiro de 36 anos, em entrevista à AP News.

O programa nasceu da cabeça de Frank, criador de cavalos puro-sangue e dono de uma fazenda tradicional na indústria de corridas. Ele, que já foi dependente em álcool, sabe muito bem como é preciso dar uma chance para aqueles que estão em situação de vulnerabilidade.

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A ideia

Mas antes de colocar a iniciativa em prática, precisou convencer os irmãos a deixar ex-viciados lidarem com animais avaliados em milhões de dólares.“Frank, achamos que você é louco”, disse a família dele.

Mesmo assim, ele não desistiu e conseguiu a autorização para tentar por 90 dias. Se algo desse errado, o programa seria encerrado imediatamente.

E o melhor aconteceu.

A recuperação

Na Stable Recovery, os participantes acordam às 4h30, participam de reuniões dos Alcoólicos Anônimos e trabalham o dia inteiro cuidando dos cavalos.

Eles escovam, alimentam, limpam baias, levam aos pastos e acompanham as visitas de veterinários aos animais.

À noite, cozinham em esquema revezamento e vão dormir às 21h.

Todo o programa dura um ano, e isso permite que os participantes se tornem amigos, criem laços e fortaleçam a autoestima.

“Em poucos dias, estando em um estábulo perto de um cavalo, ele está sorrindo, rindo e interagindo com seus colegas. Um cara que literalmente não conseguia levantar a cabeça e olhar nos olhos já está se saindo melhor”, disse Frank.

Cavalos que curam

Os cavalos funcionam como espelhos dos tratadores. Se o homem está tenso, o cavalo sente. Se está calmo, ele vai retribuir.

Frank, o dono, chegou a investir mais de US$ 800 mil para dar suporte aos pacientes.

Ao olhar tantas vidas que ele já ajudou a transformar, ele diz que não se arrepende de nada.

“Perdemos cerca de metade do nosso dinheiro, mas apesar disso, todos aqueles caras permaneceram sóbrios.”

A gente aqui ama cavalos. E você?

A rotina com os animais é puxada, mas a recompensa é enorme. – Foto: AP News



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Resgatado brasileiro que ficou preso na neve na Patagônia após seguir sugestão do GPS

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O brasileiro Hugo Calderano, de 28 anos, conquista a inédita medalha de prata no Mundial de Tênis de Mesa no Catar.- Foto: @hugocalderano

Cuidado com as sugestões do GPS do seu carro. Este brasileiro, que ficou preso na neve na Patagônia, foi resgatado após horas no frio. Ele seguiu as orientações do navegador por satélite e o carro acabou atolado em uma duna de neve. Sem sinal de internet para pedir socorro, teve que caminhar durante horas no frio de -10º C, até que foi salvo pela polícia.

O progframador Thiago Araújo Crevelloni, de 38 anos, estava sozinho a caminho de El Calafate, no dia 17 de maio, quando tudo aconteceu. Ele chegou a pensar que não sairia vivo.

O resgate só ocorreu porque a anfitriã da pousada onde ele estava avisou aos policiais sobre o desaparecimento do Thiago. Aí começaram as buscas da polícia.

Da tranquilidade ao pesadelo

Thiago seguia viagem rumo a El Calafate, após passar por Mendoza, El Bolsón e Perito Moreno.

Cruzar a Patagônia de carro sempre foi um sonho para ele. Na manhã do ocorrido, nevava levemente, mas as estradas ainda estavam transitáveis.

A antiga Rota 40, por onde ele dirigia, é famosa pelas paisagens e pela solidão.

Segundo o programador, alguns caminhões passavam e havia máquinas limpando a neve.

Tudo parecia seguro, até que o GPS sugeriu o desvio que mudou tudo.

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Caminho errado

Thiago seguiu pela rota alternativa e, após 20 km, a neve ficou mais intensa e o vento dificultava a visibilidade.

“Até que, numa curva, o carro subiu em uma espécie de duna de neve que não dava para distinguir bem por causa do vento branco. Tudo era branco, não dava para ver o que era estrada e o que era acúmulo de neve. Fiquei completamente preso”, contou em entrevista ao G1.

Ele tentou desatolar o veículo com pedras e ferramentas, mas nada funcionava.

Caiu na neve

Sem ajuda por perto, exausto, encharcado e com muito frio, Thiago decidiu caminhar até a estrada principal.

Mesmo fraco, com fome e mal-estar, colocou uma mochila nas costas e saiu por volta das 17h.

Após mais de cinco horas de caminhada no escuro e com o corpo congelando, ele caiu na neve.

“Fiquei deitado alguns minutos, sozinho, tentando recuperar energia. Consegui me levantar e segui, mesmo sem saber quanta distância faltava.”

Luz no fim do túnel

Sem saber quanto tempo faltava para a estrada principal, Thiago se levantou e continuou a caminhada.

De repente, viu uma luz. No início, o programador achou que estava alucinando.

“Um pouco depois, ao olhar para trás em uma reta infinita, vi uma luz. Primeiro achei que estava vendo coisas, mas ela se aproximava. Era uma viatura da polícia com as luzes acesas. Naquele momento senti um alívio que não consigo descrever. Agitei os braços, liguei a lanterna do celular e eles me viram”, disse.

A gentileza dos policiais

Os policiais ofereceram água, comida e agasalhos.

“Falaram comigo com uma ternura que me emocionou profundamente. Me levaram ao hospital, depois para um hotel. Na manhã seguinte, com a ajuda de um guincho, consegui recuperar o carro”, agradeceu o brasileiro.

Apesar do susto, ele se recuperou e decidiu manter a viagem. Afinal, era o sonho dele!

Veja como foi resgatado o brasileiro que ficou preso na neve na Patagônia:

Thiago caminhou por 5 horas no frio até ser encontrado. – Foto: Thiago Araújo Crevelloni

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