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Ocidente arrastou Ucrânia para a guerra, diz Robert Fico – 10/12/2024 – Mundo

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Guilherme Botacini

Não é de hoje que o premiê da Eslováquia, Robert Fico, distancia-se de seus companheiros de União Europeia e Otan quando o assunto é Guerra da Ucrânia. Em seu quarto mandato não consecutivo à frente de um país estabelecido nos anos 1990, parou de enviar ajuda militar a Kiev quando assumiu o cargo, em outubro de 2023, e é enfático sobre sua oposição à entrada do país invadido na aliança militar.

Esta é a primeira vez que uma delegação eslovaca vem ao Brasil chefiada pelo premiê, algo que Fico considera histórico e conecta com o que chama de pontos comuns entre as ideias sobre política externa do seu governo e do governo brasileiro.

Durante a recepção no Itamaraty nesta terça (10), o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) lembrou do atentado a Fico, ocorrido em maio deste ano, para condenar a violência política.

O premiê eslovaco recebeu cinco tiros enquanto falava com apoiadores na cidade de Handlová e ficou 16 dias no hospital. Fico culpa a oposição eslovaca pelo atentado, dizendo que retórica agressiva contra ele foi responsável pelo ataque, e conecta o atirador a seus adversários a despeito de poucas evidências neste sentido. Críticos dizem que o episódio intensificou a perseguição do governo a opositores na política, na sociedade civil e no Judiciário.

Como a Guerra na Ucrânia impacta política e economicamente a Eslováquia? Quão preocupado o sr. está com o conflito escalando a tal ponto que alcance o território eslovaco?

A Guerra da Ucrânia é um tema que faz de mim uma ovelha negra na família europeia, porque tenho opiniões diferentes das de outros países da UE.

Primeiro, entendo as razões pelas quais este conflito surgiu. Mas, ao mesmo tempo, não é possível resolver problemas usando força militar e violando o direito internacional. Isso está em clara contradição com a minha visão sobre o funcionamento da política externa.

O Ocidente decidiu que usaria este conflito para enfraquecer a Rússia; sanções foram introduzidas; bilhões de euros e dólares vão para a Ucrânia, muita ajuda humanitária, muitas armas. Qual é o resultado? Os russos estão ganhando cada vez mais território, as sanções não estão funcionando, e a Ucrânia não está mais forte para possíveis negociações.

Se isso tudo vai machucar alguém, será a Ucrânia, porque ela se deixou ser arrastada para essa aventura que não pode acabar bem para o país. Ela vai perder território e não vai ser convidada para a Otan.

O sr. disse que seria favor da entrada da Ucrânia na UE, mas não na Otan.

Temos interesse em ter um vizinho estável que entre na UE, para trabalharmos juntos. Não estamos irritados com a Ucrânia, só estamos dizendo que ela se deixou ser arrastada para algo pelo Ocidente. E haverá um momento em que o Ocidente vai dizer “bem, não funcionou, então vamos sacrificar a Ucrânia”. Veja o tratado de Munique de 1938 [assinado entre potências europeias], quando a Tchecoslováquia foi sacrificada [ao ser obrigada a ceder territórios para a Alemanha nazista]. Tenho receio que algo similar possa ocorrer com a Ucrânia.

O sr. acha que esse tipo de fragmentação pode ocorrer com a Ucrânia?

Eu acho que a Ucrânia vai perder um terço do seu território, e que garantias de segurança serão oferecidas a ela, como a presença de tropas estrangeiras. Se essa é a felicidade para a Ucrânia de que todos estão falando, então acredito que os ucranianos serão traídos.

As consequências serão muito graves para a Ucrânia em termos de estabilidade.

O conflito não deveria ter acontecido, e foi uma violação do direito internacional pela Rússia. Mas não há solução militar. Eles precisam sentar e negociar. Se você é pelo menos um pouco realista, precisa reconhecer que a Rússia jamais vai deixar a Crimeia, Donetsk e Lugansk. Isso significa que a Ucrânia vai perder parte do seu território, embora a comunidade internacional não vá nunca reconhecer esse território, mas vamos todos respeitar que está sob controle russo.

E então virá a questão: haverá o interesse de que o restante do país se torne um membro da Otan? Enquanto eu for primeiro-ministro, eu nunca vou apoiar que a Ucrânia se junte à Otan. Quando se trata de UE, sim.

O sr. aceitou o convite do presidente Vladimir Putin para o Dia da Vitória, no ano que vem. É algo que dificilmente outro líder da UE consideraria. Por que o senhor aceitou o convite?

Eu visitei a Normandia, se não me engano em agosto deste ano, para o 80º aniversário da abertura da segunda frente [Ocidental, contra a Alemanha nazista] —não pude estar nas comemorações em junho porque estava me recuperando da tentativa de assassinato. Eu deveria dizer que não poderia ir e homenagear soldados americanos e franceses porque americanos mataram um milhão de civis no Iraque? Como alguém pode me dizer que não posso ir à Rússia celebrar o fim da Segunda Guerra Mundial e a vitória contra o fascismo, já que a Eslováquia foi libertada pelo Exército Vermelho [da ex-União Soviética]?

As pessoas têm noção disso na Eslováquia, e considero uma obrigação pessoal, será o 80º aniversário [da libertação da Tchecoslováquia]. Sem a União Soviética, o fascismo nunca seria derrotado, e a Segunda Guerra Mundial nunca seria vencida. E agora tenho que me explicar sobre querer ir a Moscou em maio.

Se olharmos para como os EUA violaram os direitos humanos, então eu não poderia me reunir com o embaixador americano. Mas me reúno com o embaixador americano, como me reúno com o embaixador russo.

O sr. acha que outros membros da UE deveriam mudar sua posição com relação à Rússia?

Toda guerra um dia acaba. Às vezes demora 30 anos, às vezes sete dias, mas toda guerra vai acabar. E é sempre atrás de uma mesa de negociação. Nações inteiras podem ser destruídas, mas os conflitos terminam um dia. O que eu deveria desejar, como um país eslavo? Eu deveria querer uma nova fronteira de ferro entre a Rússia e a Europa, a mesma da qual Winston Churchill falou em seu discurso na década de 1940? Espero que não.

Eu quero a uniformização das relações com a Rússia. Temos que começar um diálogo normal, porque não é normal o que está acontecendo hoje. E eu garanto, uma vez que a guerra terminar para todo mundo, será “business as usual” [tudo como antes]. Todo mundo vai para lá [Rússia], todos vão querer comprar e vender. Esqueça a moral ou qualquer outra coisa quando se trata de política internacional.

Muitos membros da UE têm receio do que pode acontecer depois, e alguns sugerem que a pressão russa não vai parar na Ucrânia. Não será “business as usual”.

Por dois anos eu só li nos jornais, não apenas eslovacos, que a Ucrânia estava ganhando, que os russos não conseguiam manter um pequeno vilarejo e estavam fugindo envergonhados do campo de batalha. Ao mesmo tempo, a mesma imprensa diz que esse Exército que não consegue ocupar uma vila com cem habitantes vai atacar o mundo inteiro.

Não sejamos tolos. Com frequência me perguntam se não temos medo na Eslováquia de que os russos venham e ocupem. Eu digo que não, com certeza não. Somos um membro da Otan, da UE, temos compromissos.

No dia em que aceitou o convite de Putin, o sr. falou por telefone com o presidente eleito dos EUA, Donald Trump. Como o sr. vê a abordagem Trump sobre a guerra e a Otan? O sr. acha que ele pode de fato chegar a um acordo para acabar com o conflito?

Acho que o novo presidente americano vai querer entregar algo. Ele fez promessas sobre terminar a guerra em 24 horas. Era conversa de campanha, claro, mas ele vai ter que entregar algo, e agora vemos algumas declarações ambíguas.

De todo modo, não será como ele disse. Se você conhece a Rússia, sabe que não pode acossar a Rússia, não funciona assim. Então, dou boas-vindas à abordagem construtiva do presidente americano.

Ao publicar sobre a conversa com Trump, o sr. mencionou as tentativas similares de assassinato que viveram. No caso do sr., críticos o acusam de perseguir adversários na oposição e na sociedade civil. Como responde a essas críticas?

A pior coisa é quando alguém tenta te matar e dizem que a culpa é sua. Não quero falar muito sobre isso. Só posso confirmar que um ativista oposicionista, ligado à oposição eslovaca, atirou em mim. Primeiro, querem te colocar na prisão: fui acusado quatro vezes, apenas por atividades políticas, sem crimes econômicos.

Venci eleições e formei um novo governo. Desde o primeiro dia, manifestações gritavam para me matar, me mandar para a prisão, que eu era um gângster, um espião russo. Isso foi um trabalho da oposição eslovaca. Mas tive sorte. É tudo que posso dizer sobre isso.

Como a Europa, em específico, deve navegar neste conflito entre a UE e a China?

Será muito lamentável quando começarmos a ter guerras comerciais. Os grandes países sempre se enfrentam e os pequenos países geralmente são as maiores vítimas disso. Há um provérbio interessante, embora não tenhamos elefantes na Eslováquia: não importa se os elefantes lutam entre si ou se acasalam, é sempre a grama que sofre.

Portanto, nós, como países pequenos, somos sempre vítimas dessas grandes disputas. E precisamos encontrar nosso próprio caminho pragmático. Por isso, rejeito essas visões unilaterais de que há apenas uma verdade, que não pode haver outra verdade.

Não será apenas o que os EUA dizem, ou apenas o que Bruxelas diz. Quando tenho a chance de influenciar as coisas na Eslováquia, buscarei a ideia de uma política externa eslovaca soberana e a proteção dos nossos interesses. Mas, novamente, com um olhar para o nosso país.

Onde o Brasil se encaixa nesta metáfora?

Precisamos ser razoáveis. Precisamos ter nossa própria opinião, não sucumbir sempre aos que são grandes.

O comércio entre Brasil e Eslováquia não é muito expressivo. Quais são seus objetivos com a visita?

O que me fascina mais no Brasil é sua visão independente em termos de política estrangeira, com mensagens fortes e iniciativas fortes, como a Aliança Global Contra a Pobreza e Contra a Fome, resultado da presidência brasileira do G20, ou o plano de paz sino-brasileiro para a Ucrânia.

Nós compartilhamos a mesma visão quando se trata da reforma das organizações internacionais, especialmente as Nações Unidas. Temos muitos pontos comuns sobre política internacional.

O sr. disse ser a favor do acordo UE-Mercosul e que trabalharia para convencer membros da UE de que era um bom acordo. Quais são as vantagens do pacto para a UE e para a Eslováquia?

Foi uma grata surpresa quando vi a presidente da Comissão Europeia em Montevidéu [onde o acordo foi assinado]. O pacto traz grandes vantagens para empresas europeias, como em relação a tarifas, e há várias ferramentas para prevenir danos aos mercados dos dois lados.

Para um país como a Eslováquia é muito interessante, então apoiamos. Mas será um processo complicado na UE. Eu só posso dizer que direi sim ao acordo e vou convencer outros a não colocarem mais obstáculos que podem destruir o sucesso alcançado em Montevidéu.


Raio-X | Robert Fico, 60

Nasceu em 1964 na então Tchecoslováquia, filho de uma lojista e de um operador de empilhadeiras, e começou a carreira política no Partido Comunista poucos anos antes da dissolução do país em República Tcheca e Eslováquia. Venceu as eleições de 2006 e chegou ao cargo de primeiro-ministro pela primeira vez a frente do partido Smer-SD. Governou de 2006 a 2010 e de novo de 2012 a 2018 em períodos marcados por escândalos de corrupção. Voltou ao cargo em 2023 e, em maio de 2024, sobreviveu a um atentado a tiros, tendo sido baleado no estômago.



Leia Mais: Folha

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‘Um experimento dos sonhos’: nosso quebra -gelo australiano está em uma missão crucial para a Antártica | Nathan Bindoff

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'Um experimento dos sonhos': nosso quebra -gelo australiano está em uma missão crucial para a Antártica | Nathan Bindoff

Nathan Bindoff

Enquanto escrevo, o quebra-gelo nacional da Austrália, RSV Nuyina, está fumegando o sudoeste de Hobart, indo para Antártica em sua primeira viagem de ciência marinha dedicada.

A bordo está mais de 60 cientistas e técnicos, muitos em seu primeiro cruzeiro de pesquisa, ganhando suas pernas do mar, enquanto o navio navega por incha multimetra e os baixos do Oceano Antromáticos.

Depois de uma semana ou mais de viagens, eles passarão pelo gelo do mar e chegarão ao seu destino pelos próximos 50 dias: o remoto sistema de prateleira de gelo da Glacier em Oriental, a cerca de 5.000 quilômetros ao sul da Austrália.

À medida que o planeta se aquece, esta é uma região recém-emergente de preocupação com a contribuição da Antártica para o aumento do nível do mar, tornando essa missão crucial para o futuro da Austrália e o bem-estar da comunidade global.

A geleira Denman, de 110 quilômetros de comprimento, é um vasto rio de gelo que drena a camada de gelo da Antártica Oriental. Senta -se no fundo do mar em um canyon a cerca de 3,5 quilômetros abaixo da superfície.

O Nuyina DMV sai de Hobart. Fotografia: Nathan Bindoff (AAPP)

Como o sistema de prateleira de gelo mais norte, fora da Península Antártica, a geleira Denman já é uma das geleiras mais rápidas em retirada do território da Antártica Australiana.

Se o Denman derregisse completamente, poderia contribuir com cerca de 1,5 metro para o aumento do nível do mar global, e muito menos o que poderia ser desencadeado da camada de gelo interior, ele se retém.

Esta viagem já faz muito tempo. É o culminar de cerca de uma década de planejamento para um experimento de sonho investigar as interações entre a plataforma de gelo e o oceano, tanto dos lados marítimos quanto para terrestres.

Mas sua gênese começou ainda mais cedo. Os relatórios do Painel Intergovernamental sobre Mudança Climática (IPCC) em 2007 marcaram um ponto de virada com o reconhecimento de que as camadas de gelo são o problema para o aumento global do nível do mar e que as prateleiras do gelo são o seu “ventre suave”.

Percebemos que a Antártica estava em movimento. Em 2008, os cientistas mostraram que as mudanças no fluxo da geleira têm um “impacto significativo, se não dominante”, na perda de massa da camada de gelo da Antártica.

Em 2011, os cientistas marcaram um selo que acabou nadando através de uma calha profunda no leito do oceano, perto da geleira Denman, medindo água incomumente quente lá.

Em 2019, um novo mapa de elevação da rocha continental sob a camada de gelo da Antártica revelou o vale mais profundo da terra sob a geleira Denman.

Durante meses a partir do final de 2020, os oceanógrafos australianos rastrearam uma bóia robótica que viajava sob a prateleira de gelo da geleira de Denman.

Antes de desaparecer sob o gelo do mar de inverno, o carro alegórico enviou medições mostrando água morna inundando o vale profundo na cavidade da prateleira de gelo, o suficiente para derreter rapidamente a geleira de baixo.

Portanto, essa viagem tem como objetivo descobrir não apenas o quão vulnerável a geleira de Denman é para o oceano quente, mas também a probabilidade de fazer uma contribuição maior e mais rápida para o aumento do nível do mar durante as próximas décadas.

O Denman Marine Voyage Sob o programa Antártico Australiano, reúne diversos grupos de pesquisadores para responder a perguntas críticas sobre o oceano, gelo e clima. As equipes de ciências a bordo-principalmente das universidades, com um número significativo de cientistas e estudantes de doutorado em primeira carreira-abrangem uma ampla gama de pesquisas biológicas, oceanográficas, geológicas e atmosféricas.

Como oceanógrafo, talvez com o que mais me empolgue com a perspectiva de medir as propriedades da água do mar – ambos embaixo da geleira e sobre a plataforma continental – tudo ao mesmo tempo, em uma região em que poucas observações foram coletadas antes.

Em janeiro, como parte da campanha terrestre de Denman do lado da terra, uma série de sensores ancorados foi abaixado através de um buraco na plataforma de gelo flutuante e deixado pendurado em um desfiladeiro subaquático profundo perto da linha de aterramento de uma geleira.

Todos os dias a amarração envia automaticamente os pesquisadores a temperatura, salinidade e velocidade atual da água. Esses dados nos ajudam a rastrear os caminhos para água profunda, quente e salgada para acessar as prateleiras de gelo, onde pode levar a fusão rápida.

E agora, com o RSV Nuyina se posicionando para fazer medições simultâneas bem em frente à geleira, devemos ter o elo vital que conecta os fluxos quentes que detectamos ao mar no oceano ao que está sob as prateleiras do gelo.

A única maneira de obter informações como essa é estar lá. Com isso, podemos refinar nossas projeções e entender melhor o risco que a Antártica apresenta às nossas costas da ascensão global no nível do mar que podemos esperar-ou evitar-neste século.

O professor Nathan Bindoff lidera a parceria do Programa Antártico Australiano, com sede no Instituto de Estudos Marinhos e Antárticos da Universidade da Tasmânia



Leia Mais: The Guardian

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Como a pausa sobre o compartilhamento de inteligência afetará a Ucrânia? | Notícias da Guerra da Rússia-Ucrânia

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Como a pausa sobre o compartilhamento de inteligência afetará a Ucrânia? | Notícias da Guerra da Rússia-Ucrânia

Em 18 de fevereiro de 2022, seis dias antes da invasão em grande escala da Rússia na Ucrânia, então o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, disse que estava “convencido” de que Moscou teve decidiu invadir a Ucrânia. Quando perguntado como ele sabia disso, Biden disse: “Temos uma capacidade de inteligência significativa”.

Na época, o governo da Ucrânia sob o presidente Volodymyr Zelenskyy não tinha certeza sobre o prognóstico de Biden, insistindo que uma invasão em grande escala era improvável.

Biden estava certo, a Ucrânia estava errada.

Desde que a guerra eclodiu, os EUA – além de bilhões de dólares em armas sofisticadas – compartilharam a inteligência com a Ucrânia usando suas vastas capacidades de espionagem, ajudando Kiev na defensiva e na trama de ataques às forças russas.

Isso parou na quarta -feira, quando as autoridades dos EUA confirmaram que o presidente Donald Trump havia ordenado o Suspensão do compartilhamento de inteligência com Kyiv. A mudança ocorreu dois dias depois que os EUA fizeram a ajuda militar da Ucrânia, em meio a relações azedas entre Trump e Zelenskyy.

Então, quanto os EUA ajudaram a Ucrânia com inteligência durante a guerra? Quanto a ausência de inteligência dos EUA prejudicará a Ucrânia? E a Europa pode intensificar e ajudar a Ucrânia?

Aqui está o que sabemos até agora.

O que aconteceu?

As autoridades americanas confirmaram que Washington fez uma pausa em compartilhamento de inteligência com a Ucrânia. Isso segue vários meios de comunicação dos EUA relatando que Trump interrompeu a ajuda militar para Kyiv, citando funcionários dos EUA sem nome.

John Ratcliffe, diretor da Agência Central de Inteligência (CIA), confirmou a pausa de inteligência em uma entrevista à FOX Business Broadcast na quarta -feira.

O consultor de segurança nacional dos EUA, Mike Waltz, também confirmou a pausa aos repórteres na quarta -feira, no mesmo dia. “Damos um passo para trás e estamos pausando e revisando todos os aspectos desse relacionamento”, disse Waltz. Ele acrescentou que está tendo “boas conversas” sobre negociações com a Ucrânia.

As autoridades americanas indicaram que a pausa sobre ajuda militar e compartilhamento de inteligência poderia ser levantada se houver um avanço diplomático entre Trump e Zelenskyy.

“Acho que vamos ver o movimento em muito pouco tempo”, disse Waltz.

Por que os EUA cortaram o compartilhamento de inteligência com a Ucrânia?

Reportagem da Casa Branca, Alan Fisher, da Al Jazeera, disse que o corte de compartilhamento de inteligência é “apenas uma ferramenta para tentar levar a Ucrânia de volta à mesa”.

Fisher explicou: “Eles (os EUA) também conversaram sobre a interrupção da ajuda militar para a Ucrânia, que os ucranianos admitem que atingiriam seus esforços de guerra”.

“Claramente, apenas a ameaça dessas coisas funcionou. Portanto, quando você ouve do consultor de segurança nacional dizendo que as coisas podem ser retomadas em pouco tempo, parece sugerir que qualquer impacto na Ucrânia seria limitado, para dizer o mínimo, desde que as negociações de paz certamente pareçam estar no horizonte mais cedo ou mais tarde. ”

Como chegamos aqui?

A pausa militar de Trump e a última parada no compartilhamento de inteligência ocorreram após o aumento das tensões entre Trump e Zelenskyy nas últimas semanas.

Trump mudou a política dos EUA para a Ucrânia, abrindo discussões diretas com Moscou no final da guerra. Em fevereiro, as autoridades americanas e russas se reuniram para negociações organizadas pela Arábia Saudita, deixando a Ucrânia e seus aliados europeus fora da discussão.

Nos dias que se seguiram, Trump e Zelenskyy se encontraram envolvidos em uma briga verbal: Trump descreveu Zelenskyy como um “ditador sem eleições”, lançando dúvidas sobre seus índices de aprovação. Zelenskyy revidou, dizendo que Trump estava vivendo em um “espaço de desinformação”.

Em 28 de fevereiro, Zelenskyy Com Trump, Vice -presidente dos EUA, JD Vance e Secretário de Estado Marco Rubio no Salão Oval na Casa Branca. Trump e Vance acusaram Zelenskyy de não ser grato o suficiente pela assistência militar que Washington fornece a Kiev. Dias depois, na segunda -feira, Trump suspendeu a ajuda militar.

Na terça -feira, o tom de Zelenskyy virou -se conciliatórioquando ele disse que a Ucrânia estava pronta para retornar à mesa de negociações. “Realmente valorizamos o quanto a América fez para ajudar a Ucrânia a manter sua soberania e independência”, escreveu ele em seu X Post.

Como os EUA apoiaram a Ucrânia com inteligência até agora?

Mesmo antes do início da guerra da Rússia-Ucrânia em fevereiro de 2022, os EUA apoiaram a Ucrânia com inteligência significativa.

Os detalhes específicos e precisamente o compartilhamento significativo de inteligência dos EUA na Ucrânia nunca foram divulgados explicitamente, mas vários relatórios, funcionários e vazamentos apontam para duas áreas principais em que tem sido crítico.

A inteligência – principalmente uma combinação de imagens e sinais de satélite – permite que as forças ucranianas se preparem para ataques russos. Também os ajuda a rastrear movimentos de tropas russas e as posições de suas bases, permitindo que as forças ucranianas implantem mísseis-incluindo projéteis de longo alcance-contra eles. Isso inclui greves dentro do território russo usando armas de longo alcance, como ATACMS e HIMARS enviado pelos aliados ocidentais da Ucrânia.

“Os Estados Unidos podem fornecer à Ucrânia as coordenadas ou imagens de satélite de onde estão localizados os centros logísticos russos e, em seguida, a Ucrânia pode usar essas informações para destruí -las”, disse Marina Miron, pesquisadora de pós -doutorado do Departamento de Estudos de Defesa do King’s College London, ao Al Jazeera.

“Você precisa dessas informações da perspectiva ucraniana para segmentar objetivos hostis, como depósitos de munição e hubs logísticos”.

Mas há mais.

Em fevereiro de 2024, uma investigação do New York Times revelou que, depois que um centro de comando das forças armadas ucranianas foi destruído nos meses após a invasão em grande escala da Rússia, um bunker subterrâneo foi construído para substituí-lo. Neste bunker, os soldados ucranianos rastreiam satélites de espionagem russos e ouvem conversas entre os militares russos. A base é quase totalmente financiada e parcialmente equipada pela CIA, informou o Times.

O relatório acrescentou que existem várias bases de espionagem apoiadas pela CIA na Ucrânia, incluindo 12 locais secretos ao longo da fronteira russa.

A investigação revelou ainda que, por volta de 2016, a CIA começou a treinar uma força de comando de elite ucraniana, apelidada de unidade 2245, que apreendeu drones russos e equipamentos de comunicação. Esses dispositivos seriam então engenhados reversos pela CIA para decodificar a criptografia de Moscou. Um dos oficiais treinados de 2245 foi Kyrylo Budanov, que agora é o chefe de inteligência militar da Ucrânia.

A pausa de inteligência afetará as habilidades de luta da Ucrânia?

Já tem.

Reportagem da Ucrânia, Charles Stratford, da Al Jazeera, disse que conversou com um comandante ucraniano em uma unidade próxima à linha de frente.

“Ele disse que sua unidade e muitos gostam dele do caminho ao longo da linha de frente de 1.300 km (808 milhas), no leste e sul da Ucrânia, contou com a reunião de inteligência americana por cerca de 90 % do trabalho de inteligência feito”, disse Stratford. “Ele disse que eles não receberam ajuda hoje e que de fato os americanos parecem ter desligado esse sistema”.

A Ucrânia usa a inteligência dos EUA para uma variedade de propósitos, sugeriu Stratford – incluindo, por exemplo, para seu sistema de mísseis Patriot, o que é fundamental para as habilidades de Kiev para derrubar mísseis balísticos russos.

A Europa pode ajudar a preencher o Blindspot de inteligência da Ucrânia?

Parcialmente.

As nações européias também têm satélites de espionagem que podem oferecer algumas imagens – mas não está claro se eles estão sintonizados em fornecer o tipo de inteligência que a Ucrânia precisa.

A Ucrânia também possui dois satélites de espionagem adquiridos comercialmente, fabricados pela empresa finlandesa Iceye. Um foi comprado por uma organização sem fins lucrativos, o outro fornecido pelo governo alemão e pelo fabricante de armas alemão Rheinmetall.

Mas, mesmo com isso, é improvável que a Ucrânia ou a Europa possam preencher a lacuna deixada pela pausa de compartilhamento de inteligência dos EUA, dizem especialistas.

“A Europa não possui as capacidades de inteligência que a Ucrânia recebe dos EUA”, disse Miron, acrescentando que esse corte terá um efeito imediato no campo de batalha. Os EUA têm “um monopólio dos satélites militares e da inteligência”, acrescentou.

Em fevereiro de 2022, Elon Musk’s de propriedade da SpaceX Starlink foi ativado na Ucrânia, após a invasão interromper a conectividade da Internet. Miron explicou que o militar ucraniano também depende do Starlink para “comunicações, reconhecimento tático e uso de drones FPV (visualização em primeira pessoa)”.

Em 20 de fevereiro, os negociadores dos EUA disseram a Kiev que eles fechariam o Starlink se a Ucrânia não chegasse a um acordo de minerais críticos, a agência de notícias da Reuters informou citar uma fonte anônima que foi informada sobre as negociações. O acordo de minerais de terras raras permitiria que os EUA investissem nos recursos da Ucrânia.

Musk é um aliado próximo de Trump.

Miron disse que as capacidades que os militares ucranianos têm devido ao Starlink também são “difíceis de combinar”, embora o operador francês de satélite Eutelsat tenha oferecido uma alternativa a certas aplicações de defesa. Enquanto o Starlink possui 7.000 satélites de órbita de baixa terra (LEO), o Eutelsat possui cerca de 630, apoiado por 35 satélites em órbitas mais altas.



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Donald Trump concede uma “reserva estratégica de bitcoins” nos Estados Unidos

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Donald Trump concede uma "reserva estratégica de bitcoins" nos Estados Unidos

Donald Trump, então candidato à eleição presidencial, fala para a conferência Bitcoin 2024 em 27 de julho de 2024, em Nashville (Tennessee).

O consultor da inteligência artificial (AI) e criptomoedas da Casa Branca, David Sacks, fala sobre“Uma espécie de Fort Knox Digital”nomeado após o local onde o governo americano armazena suas reservas de ouro. Mas desta vez essas são moedas digitais depois que Donald Trump assinou, quinta -feira, 6 de março, um decreto criando um “Reserva estratégica de Bitcoin”.

Concretamente, os Estados Unidos já têm cerca de 200.000 bitcoins, de acordo com David Sacks, o que representa um valor de aproximadamente US $ 17,5 bilhões (cerca de 16,2 bilhões de euros) durante o curso atual. Esses ativos vêm de apreensões legais e não foram compradas pelo governo dos Estados Unidos. Esses ativos serão transferidos para esta reserva estratégica, onde serão armazenados por um período ilimitado.

O preço do Bitcoin perdeu para 5,7 % após este anúncio, o mercado está desapontado por nenhuma política de compra pública de criptomoedas estar planejada. Por volta das 2 da manhã de Paris, sexta -feira, o Bitcoin caiu para 84.707 dólares (cerca de 78.500 euros) e depois iniciando um aumento – 88.236 dólares às 3 horas.

Leia também | Artigo reservado para nossos assinantes Grande ofensiva de Trump para criptomoeda

Em um vídeo filmado no Salão Oval da Casa Branca e durante o qual Donald Trump assinou o decreto, David Sacks explica que nenhum desses bitcoins será vendido. Donald Trump já havia mencionado a criação desta reserva durante sua campanha, depois no domingo passado, em uma mensagem publicada em sua rede social da verdade.

Uma mudança radical de posição

Este fundo público é uma mensagem forte para a indústria de criptomoedas, mas muito mais amplamente em todo o mercado financeiro. Ele fornece credibilidade adicional a essa pessoa ativa criticada regularmente por sua natureza especulativa e sua falta de utilidade, em particular para trocas e transações.

Hostis por um longo tempo para moedas digitais, Donald Trump mudou radicalmente a posição durante sua última campanha, a ponto de se proclamar o campeão de criptomoeda. A indústria o devolveu, contribuindo por mais de US $ 100 milhões para sua campanha.

De acordo com o decreto, o Secretário do Tesouro e o Secretário de Comércio terão a oportunidade de oferecer a aquisição de Bitcoins adicionais, desde que seja neutro para o orçamento do estado. Isso equivale a substituir por bitcoins de ativos mantidos pelo Estado Federal de outras formas, moedas convencionais (dólares ou outros) ou títulos financeiros.

Mas o decreto indica que os bitcoins adicionais possivelmente comprados não serão pagos à reserva estratégica, cuja quantia permanecerá inalterada. Este decreto “Sublinha o compromisso do presidente Trump de tornar os Estados Unidos a” cidade mundial de criptos “”disse David Sacks.

Ouvir Bitcoin: Para uma era de ouro das criptomoedas?

O mundo com AFP

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