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Rafael Barrett: cruzado negligenciado pelos oprimidos paraguaios finalmente consegue seu lugar ao sol | Paraguai

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8 meses atrásem
William Costa in Yabebyry
Cuando o escritor anarquista espanhol Rafael Barrett foi contrabandeado de volta para Paraguai perto da pequena cidade de Yabebyry, em 1909, ele estava irreconhecível como o jovem correspondente de jornal que chegara ao conturbado país cinco anos antes para cobrir uma revolução armada.
Fisicamente, ele estava sendo consumido por uma infecção tuberculosa que o mataria no ano seguinte. Ideologicamente, ele foi transformado pela imersão no que chamou de “tristeza paraguaia”, abandonando os restos da sua juventude na elite burguesa de Madrid para abraçar o anarquismo e o movimento operário.
Escrevendo na imprensa paraguaia, Barrett tornou-se a principal voz a denunciar as terríveis condições e a violência estatal que ainda assolam a população décadas após o apocalíptico Guerra da Tríplice Aliança (1864-70), que viu metade da população ser morta e os interesses imperialistas estrangeiros tomarem conta.
Contudo, sua metamorfose teve um preço.
“Ele veio para cá porque seus escritos e ações irritaram o governo paraguaio – ele foi perseguido”, disse Alfredo Esquivel Romero, professor em Yabebyry, onde Barrett se escondeu por um ano em uma fazenda isolada após ser deportado. “Ele manteve seus princípios, escrevendo sobre a realidade que os paraguaios estavam vivenciando.”
A exclusão e a censura continuaram após sua morte. Embora Barrett tenha sido elogiado por gigantes da literatura latino-americana, como Jorge Luis Borges, Eduardo Galeano e Augusto Roa Bastos, seu trabalho passou décadas em relativa obscuridade no turbulento Paraguai do século XX.
Agora, ele está a experimentar um ressurgimento tardio entre aqueles que pressionam por mudanças num país que ainda luta contra problemas sociais profundos.
“Antes, poucas pessoas em Yabebyry sabiam quem ele era”, disse Esquivel Romero, cuja escola participa do Rota Rafael Barrettum projeto do Ministério da Educação para promover os textos de Barrett. “Fizemos murais e competições de leitura, e Barrett está se tornando mais conhecido em nossa comunidade.”
Condições políticas adversas, incluindo a ditadura de direita de 35 anos de General Alfredo Stroessner (1954-89), significou que a fama de Barrett ficou por muito tempo limitada a círculos esquerdistas perseguidos. A primeira edição paraguaia de seus artigos coletados só foi lançada em 1988.
Seguindo seus passos internacionalistas, muitos de seus descendentes se tornaram figuras-chave em movimentos de esquerda em toda a América Latina, incluindo sua neta Soledad Barrettque foi assassinado pelo regime militar do Brasil em 1973.
Hoje o crescente destaque de Rafael Barrett inclui um aumento de publicações acadêmicas nos últimos anos um documentário e o primeira edição em inglês de seu trabalho.
“Há uma explosão de literatura que aborda questões sociais: a falta de trabalho e de oportunidades, a migração, a exploração, os problemas ambientais”, disse Norma Flores Allende, uma jovem escritora paraguaia. “Muitos de nós, escritores, procuramos respostas – um raio de luz – e é isso que encontramos em Barrett.”
Apesar de crescimento económicoo Paraguai tem um dos níveis mais altos do mundo de crime organizado e grande desigualdade, afetando especialmente Comunidades indígenas e camponesas. Sob o partido de direita Colorado, que governou o país quase ininterruptamente durante quase 80 anos, percepção de corrupção níveis são os segundos mais altos da América do Sul, enquanto os gastos públicos em saúde e educação está entre os mais baixos do continente.
“Algumas coisas mudaram, mas muitas continuaram desde a época de Barrett – ele se sente muito contemporâneo e relevante”, disse Flores Allende.
Sua contínua relevância é vista em sua obra mais célebre: A verdade das florestas de erva-mate. A série de artigos de 1908 expôs a “escravidão, tortura e assassinato” infligidos aos trabalhadores em regime de servidão por empresas internacionais que extraíam erva-mate.
Luis Rojas, economista do grupo de pesquisa Heñói, disse que a economia do Paraguai continua baseada na extração de commodities para os mercados internacionais, deixando pequenos benefícios para a maioria dos paraguaios.
“Hoje isso é feito com soja, milho transgênico, trigo, arroz, plantações de eucalipto, pecuária: é o mesmo modelo em essência”, disse Rojas. “A população é explorada, marginalizada, expulsa das zonas rurais e excluída do acesso à terra.
“O trabalho de Barrett é fundamental para entender o que aconteceu no Paraguai no último século – tudo narrado em estilo excepcional”, disse Rojas.
Em Yabebyry, onde Barrett passou de fugitivo clandestino a símbolo de orgulho, há grandes esperanças de que a sua escrita também possa ajudar a conduzir a um novo futuro.
“Rafael Barrett plantou uma semente aqui”, disse Esquivel Romero. “Estou convencido de que através destes esforços veremos os nossos jovens sendo mais proeminentes, defendendo-se e defendendo os direitos da comunidade e do seu povo.”
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Mulher alimenta pássaros livres na janela do apartamento e tem o melhor bom dia, diariamente; vídeo

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1 mês atrásem
26 de maio de 2025
Todos os dias de manhã, essa mulher começa a rotina com uma cena emocionante: alimenta vários pássaros livres que chegam à janela do apartamento dela, bem na hora do café. Ela gravou as imagens e o vídeo é tão incrível que já acumula mais de 1 milhão de visualizações.
Cecilia Monteiro, de São Paulo, tem o mesmo ritual. Entre alpiste e frutas coloridas, ela conversa com as aves e dá até nomes para elas.
Nas imagens, ela aparece espalhando delicadamente comida para os pássaros, que chegam aos poucos e transformam a janela num pedacinho de floresta urbana. “Bom dia. Chegaram cedinho hoje, hein?”, brinca Cecilia, enquanto as aves fazem a festa com o banquete.
Amor e semente
Todos os dias Cecilia acorda e vai direto preparar a comida das aves livres.
Ela oferece porções de alpiste e frutas frescas e arruma tudo na borda da janela para os pequenos visitantes.
E faz isso com tanto amor e carinho que a gratidão da natureza é visível.
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Cantos de agradecimento
E a recompensa vem em forma de asas e cantos.
Maritacas, sabiás, rolinha e até uma pomba muito ousada resolveu participar da festa.
O ambiente se transforma com todas as aves cantando e se deliciando.
Vai dizer que essa não é a melhor forma de começar o dia?
Liberdade e confiança
O que mais chama a atenção é a relação de respeito entre a mulher e as aves.
Nada de gaiolas ou cercados. Os pássaros vêm porque querem. E voltam porque confiam nela.
“Podem vir, podem vir”, diz ela na legenda do vídeo.
Internautas apaixonados
O vídeo se tornou viral e emocionou milhares de pessoas nas redes sociais.
Os comentários vão de elogios carinhosos a relatos de seguidores que se sentiram inspirados a fazer o mesmo.
“O nome disso é riqueza! De alma, de vida, de generosidade!”, disse um.
“Pra mim quem conquista os animais assim é gente de coração puro, que benção, moça”, compartilhou um segundo.
Olha que fofura essa janela movimentada, cheia de aves:
Cecila tem a mesma rotina todos os dias. Põe comida para os pássaros livres na janela do apartamento dela em SP. – Foto: @cecidasaves/TikTok
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Cavalos ajudam dependentes químicos a se reconectar com a vida, emprego e família

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1 mês atrásem
26 de maio de 2025
O poder sensorial dos cavalos e de conexão com seres humanos é incrível. Tanto que estão ajudando dependentes químicos a se reconectar com a família, a vida e trabalho nos Estados Unidos. Até agora, mais de 110 homens passaram com sucesso pelo programa.
No Stable Recovery, em Kentucky, os cavalos imensos parecem intimidantes, mas eles estão ali para ajudar. O projeto ousado, criado por Frank Taylor, coloca os homens em contato direto com os equinos para desenvolverem um senso de responsabilidade e cuidado.
“Eu estava simplesmente destruído. Eu só queria algo diferente, e no dia em que entrei neste estábulo e comecei a trabalhar com os cavalos, senti que eles estavam curando minha alma”, contou Jaron Kohari, um dos pacientes.
Ideia improvável
Os pacientes chegam ali perdidos, mas saem com emprego, dignidade e, muitas vezes, de volta ao convívio com aqueles que amam.
“Você é meio egoísta e esses cavalos exigem sua atenção 24 horas por dia, 7 dias por semana, então isso te ensina a amar algo e cuidar dele novamente”, disse Jaron Kohari, ex-mineiro de 36 anos, em entrevista à AP News.
O programa nasceu da cabeça de Frank, criador de cavalos puro-sangue e dono de uma fazenda tradicional na indústria de corridas. Ele, que já foi dependente em álcool, sabe muito bem como é preciso dar uma chance para aqueles que estão em situação de vulnerabilidade.
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A ideia
Mas antes de colocar a iniciativa em prática, precisou convencer os irmãos a deixar ex-viciados lidarem com animais avaliados em milhões de dólares.“Frank, achamos que você é louco”, disse a família dele.
Mesmo assim, ele não desistiu e conseguiu a autorização para tentar por 90 dias. Se algo desse errado, o programa seria encerrado imediatamente.
E o melhor aconteceu.
A recuperação
Na Stable Recovery, os participantes acordam às 4h30, participam de reuniões dos Alcoólicos Anônimos e trabalham o dia inteiro cuidando dos cavalos.
Eles escovam, alimentam, limpam baias, levam aos pastos e acompanham as visitas de veterinários aos animais.
À noite, cozinham em esquema revezamento e vão dormir às 21h.
Todo o programa dura um ano, e isso permite que os participantes se tornem amigos, criem laços e fortaleçam a autoestima.
“Em poucos dias, estando em um estábulo perto de um cavalo, ele está sorrindo, rindo e interagindo com seus colegas. Um cara que literalmente não conseguia levantar a cabeça e olhar nos olhos já está se saindo melhor”, disse Frank.
Cavalos que curam
Os cavalos funcionam como espelhos dos tratadores. Se o homem está tenso, o cavalo sente. Se está calmo, ele vai retribuir.
Frank, o dono, chegou a investir mais de US$ 800 mil para dar suporte aos pacientes.
Ao olhar tantas vidas que ele já ajudou a transformar, ele diz que não se arrepende de nada.
“Perdemos cerca de metade do nosso dinheiro, mas apesar disso, todos aqueles caras permaneceram sóbrios.”
A gente aqui ama cavalos. E você?
A rotina com os animais é puxada, mas a recompensa é enorme. – Foto: AP News
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Resgatado brasileiro que ficou preso na neve na Patagônia após seguir sugestão do GPS

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1 mês atrásem
26 de maio de 2025
Cuidado com as sugestões do GPS do seu carro. Este brasileiro, que ficou preso na neve na Patagônia, foi resgatado após horas no frio. Ele seguiu as orientações do navegador por satélite e o carro acabou atolado em uma duna de neve. Sem sinal de internet para pedir socorro, teve que caminhar durante horas no frio de -10º C, até que foi salvo pela polícia.
O progframador Thiago Araújo Crevelloni, de 38 anos, estava sozinho a caminho de El Calafate, no dia 17 de maio, quando tudo aconteceu. Ele chegou a pensar que não sairia vivo.
O resgate só ocorreu porque a anfitriã da pousada onde ele estava avisou aos policiais sobre o desaparecimento do Thiago. Aí começaram as buscas da polícia.
Da tranquilidade ao pesadelo
Thiago seguia viagem rumo a El Calafate, após passar por Mendoza, El Bolsón e Perito Moreno.
Cruzar a Patagônia de carro sempre foi um sonho para ele. Na manhã do ocorrido, nevava levemente, mas as estradas ainda estavam transitáveis.
A antiga Rota 40, por onde ele dirigia, é famosa pelas paisagens e pela solidão.
Segundo o programador, alguns caminhões passavam e havia máquinas limpando a neve.
Tudo parecia seguro, até que o GPS sugeriu o desvio que mudou tudo.
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Caminho errado
Thiago seguiu pela rota alternativa e, após 20 km, a neve ficou mais intensa e o vento dificultava a visibilidade.
“Até que, numa curva, o carro subiu em uma espécie de duna de neve que não dava para distinguir bem por causa do vento branco. Tudo era branco, não dava para ver o que era estrada e o que era acúmulo de neve. Fiquei completamente preso”, contou em entrevista ao G1.
Ele tentou desatolar o veículo com pedras e ferramentas, mas nada funcionava.
Caiu na neve
Sem ajuda por perto, exausto, encharcado e com muito frio, Thiago decidiu caminhar até a estrada principal.
Mesmo fraco, com fome e mal-estar, colocou uma mochila nas costas e saiu por volta das 17h.
Após mais de cinco horas de caminhada no escuro e com o corpo congelando, ele caiu na neve.
“Fiquei deitado alguns minutos, sozinho, tentando recuperar energia. Consegui me levantar e segui, mesmo sem saber quanta distância faltava.”
Luz no fim do túnel
Sem saber quanto tempo faltava para a estrada principal, Thiago se levantou e continuou a caminhada.
De repente, viu uma luz. No início, o programador achou que estava alucinando.
“Um pouco depois, ao olhar para trás em uma reta infinita, vi uma luz. Primeiro achei que estava vendo coisas, mas ela se aproximava. Era uma viatura da polícia com as luzes acesas. Naquele momento senti um alívio que não consigo descrever. Agitei os braços, liguei a lanterna do celular e eles me viram”, disse.
A gentileza dos policiais
Os policiais ofereceram água, comida e agasalhos.
“Falaram comigo com uma ternura que me emocionou profundamente. Me levaram ao hospital, depois para um hotel. Na manhã seguinte, com a ajuda de um guincho, consegui recuperar o carro”, agradeceu o brasileiro.
Apesar do susto, ele se recuperou e decidiu manter a viagem. Afinal, era o sonho dele!
Veja como foi resgatado o brasileiro que ficou preso na neve na Patagônia:
Thiago caminhou por 5 horas no frio até ser encontrado. – Foto: Thiago Araújo Crevelloni
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