ACRE
Sem clientes, para comprar camisinhas, Fábrica do Governo do Acre interrompe produção e demite
PUBLICADO
7 anos atrásem
Em crise, fábrica estatal de camisinha na floresta naufraga e para produção.
Dez anos após ser lançado na gestão Lula, empreendimento no Acre patina.
Anunciada como promessa de saída sustentável para o abastecimento nacional de preservativos, a fábrica estatal de camisinha de Xapuri (AC) interrompeu sua produção e tem futuro incerto.
Com o nome de Natex, o empreendimento foi inaugurado em 2008, com investimentos do Ministério da Saúde, na gestão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e do então governador Jorge Viana (PT). A administração ficou a cargo da Fundação de Tecnologia do Estado do Acre.
Localizada na terra do líder ambientalista Chico Mendes, a fábrica foi pioneira por utilizar látex de seringueiras nativas. A ideia é que ela gerasse renda à comunidade local, ao mesmo tempo em que abastecesse o programa nacional de distribuição de camisinhas.
O Ministério da Saúde comprometeu-se a comprar toda a produção, com capacidade anual de 100 milhões de preservativos (quase um quarto do total distribuído ao ano no país), o que por algum tempo de fato ocorreu.
A quantidade adquirida, porém, despencou em meio a dificuldades financeiras do estado e a uma nova dinâmica na produção de matéria-prima.
Segundo a pasta, o contrato para o período de 2015 e 2016 previu 100 milhões de camisinhas. Já a compra mais recente, para fornecimento até 2017, foi de 41 milhões de unidades.
Neste ano, a situação se agravou, e a produção foi interrompida há um mês, de acordo com funcionários.
O prefeito de Xapuri, Bira Vasconcelos (PT), confirma e diz que todos os trabalhadores da indústria receberam aviso prévio no início de junho. Afirma que o município e o estado ainda buscam uma saída.
Para ele, a situação da fábrica decorre da insuficiência do valor pago pelo governo federal, de R$ 0,14 por preservativo. Segundo ele, o custo total é maior, e a gestão estadual vinha arcando com o valor extra, mas, com a crise econômica, não teve mais condições financeiras. “O custo está inviabilizando a fábrica”, diz. “Estão vendo só o lado econômico, esquecendo os benefícios sociais e ambientais.”
Em nota, o ministério diz que o contrato de 2018 para a compra de preservativos de Xapuri está em fase de “negociação de preço”. A pasta afirma ainda que todas as aquisições “seguem a tramitação legal na busca do melhor custo e benefício”, levando em conta itens como avaliação de preço de mercado, concorrência entre fabricantes, qualidade e custo do produto na fábrica.
Procurada, a gestão Tião Viana (PT) afirmou apenas que o governo está realizando reuniões a respeito da situação da Natex e que se pronunciaria em breve. Em 2016, o estado tentou privatizar a estatal, mas não houve interessados.
Neste ano, houve nova tentativa de terceirizar a gestão. Uma das empresas procuradas para assumir a fábrica foi a Cooperacre, que reúne mais de 20 cooperativas extrativistas. “Fomos sondados, mas não temos condição de assumir agora”, afirma o presidente, Manoel José da Silva.
Segundo o prefeito do município, outras alternativas em estudo para a Natex são mudanças logísticas para reduzir custos e mesmo pessoal. Não está descartada a transformação da fábrica em outro empreendimento, como uma indústria de luvas cirúrgicas.
Mesmo que se encontre uma saída, a reabertura dos trabalhos esbarrará em outro problema: a disponibilidade de látex nativo. Sem vender para a indústria, os seringueiros encontraram outro cliente, justamente a Cooperacre.
Em vez de látex, a empresa compra o GEB (granulado escuro brasileiro), composto sólido usado para a fabricação de objetos como pneus e sola de calçados. Segundo o líder local dos seringueiros, Francisco Assis de Oliveira, o preço pago pelo produto é similar ao do látex para preservativo.
O trabalho que os seringueiros têm, porém, é bem menor. Isso porque, para obter o látex, é preciso sangrar a árvore e voltar para recolher o látex no mesmo dia. No caso do GEB, espera-se mais tempo para retornar. Além disso, diz, em 2017 a Natex atrasou a compra, gerando insegurança.
Segundo ele, durante um bom tempo a fábrica foi a única compradora dos extrativistas, mas ultimamente “estava ficando difícil convencer o seringueiro [a produzir látex]”.
Independente da saída, o problema gera desgaste ao governo Viana. “Eles tinham venda garantida e mesmo assim conseguiram parar a fábrica”, diz o deputado estadual Antônio Pedro (PDT), natural de Xapuri, que afirma ter recebido denúncias de trabalhadores com salário atrasado.
Ex-diretor de Programa Nacional de DST e Aids, com passagens pelos governos FHC e Lula, Pedro Chequer conta que a ideia da fábrica de preservativos começou a ser estudada no fim dos anos 1990, quando havia problemas constantes na importação do produto para o Brasil.
Hoje, diz, não há mais risco imediato de desabastecimento, porque há disponibilidade de outros fabricantes e porque muitas pessoas têm deixado de se proteger. Para ele, porém, o empreendimento era estratégico, ao gerar renda e ser um passo inicial para a autossuficiência na produção de preservativos no país. Por Angela Pinho.
Relacionado
ACRE
Ufac assina ordem de serviço para expansão do campus Fronteira — Universidade Federal do Acre
PUBLICADO
14 horas atrásem
10 de novembro de 2025A Ufac realizou, na sexta-feira, 7, em Brasileia, a solenidade de assinatura da ordem de serviço para a consolidação da obra de expansão do campus Fronteira do Alto Acre. O evento marca o início de uma nova etapa para a instituição e para a região, com investimento de R$ 40 milhões do governo federal, por meio do Novo Programa de Aceleração do Crescimento.
O recurso permitirá a construção de dois blocos de salas de aula, um bloco de laboratórios, biblioteca ampliada, restaurante universitário, urbanização completa e aquisição de equipamentos e mobiliários.
Durante a cerimônia, a reitora Guida Aquino destacou o compromisso institucional e o reconhecimento a todos que contribuíram para o fortalecimento da universidade. Ela lembrou que, ao longo de sete anos de gestão, todas as ações planejadas foram executadas. “Tudo o que foi colocado como meta foi entregue. Somos uma universidade grata e reconhecida a quem nos apoia, independentemente de partido político.”
Representando o Ministério da Educação, o professor Leo de Brito ressaltou o simbolismo do momento e o compromisso do governo federal com o Acre. “Como acreano, me sinto muito feliz de hoje estar no governo do presidente Lula e poder olhar com atenção especial para o nosso Estado. Trago o abraço do ministro Camilo Santana, que tem trabalhado incansavelmente pela educação brasileira.”
A deputada federal Socorro Neri (PP-AC), que na ocasião anunciou emenda parlamentar para a implantação do mestrado em Matemática em Brasileia, destacou a importância da expansão do campus e o papel transformador da educação. “Poucas coisas na vida são tão importantes quanto ampliar oportunidades educacionais. Essa obra de R$ 40 milhões, incluída no PAC, só está acontecendo porque temos um governo que acredita nas universidades e na formação superior. Essa expansão vai consolidar o campus Fronteira como um espaço internacional de conhecimento.”

O deputado estadual Tadeu Hassem (Republicanos) reforçou a relevância do investimento e lembrou a trajetória de estudantes da região que precisaram deixar o Acre para estudar. “Apenas dois municípios do Estado têm campus universitário: Rio Branco e Cruzeiro do Sul. Agora, Brasileia passa a fazer parte dessa história. Esse investimento direto do governo federal é um sonho antigo que começa a se tornar realidade. A Ufac está mudando a vida dos jovens da fronteira.”
A cerimônia contou com a execução do Hino Nacional pela banda de música da Polícia Militar do Acre e foi encerrada com a assinatura da ordem de serviço entre a reitora Guida Aquino e o representante da empresa Emot Construções, Thuãn Carlos da Silva Domingos, responsável pela obra.
Também participaram da cerimônia o pró-reitor de Extensão e Cultura, Carlos Paula de Moraes; o vice-prefeito de Brasileia, Antônio Torres Amaral (PP); o promotor de Justiça, Juliano Martins; o presidente da FEM, Minoru Kinpara; representantes de câmaras municipais, movimentos sociais e lideranças locais.
Relacionado
ACRE
Reitora se reúne com secretário de Educação Superior do MEC — Universidade Federal do Acre
PUBLICADO
4 dias atrásem
7 de novembro de 2025A reitora da Ufac, Guida Aquino, recebeu o secretário de Educação Superior do Ministério da Educação (MEC), Marcus David, para uma reunião com gestores, docentes e estudantes. O encontro ocorreu nessa quinta-feira, 6, na Reitoria, e teve como pauta o fortalecimento das políticas públicas voltadas à educação superior no país.
Guida ressaltou a importância da visita e do diálogo com o MEC. “É uma honra receber o secretário Marcus David na Ufac. Essa aproximação fortalece as universidades da Amazônia e reafirma o compromisso do MEC com a interiorização e a valorização do ensino público.”
Durante a visita, o secretário apresentou as novas diretrizes da Secretaria de Educação Superior (Sesu), que incluem a reestruturação administrativa do órgão, com a criação de diretorias voltadas ao desenvolvimento acadêmico, inovação e internacionalização. A proposta, segundo ele, busca aproximar o diálogo entre o MEC e as universidades federais, ampliando o apoio institucional e a eficiência na gestão.
Ele também anunciou a expansão das bolsas de permanência para estudantes indígenas e quilombolas, com o objetivo de universalizar o acesso ao programa, destacando que o orçamento voltado à permanência estudantil dobrou nos últimos anos e deve continuar crescendo. “O governo tem um compromisso claro com a permanência estudantil”, disse. “Queremos garantir que todos os alunos indígenas e quilombolas tenham acesso a esse benefício, com recursos ampliados e uma gestão mais eficiente.”
Outro ponto de destaque foi o investimento em inovação e tecnologia, especialmente com a criação e a readequação de cursos voltados à inteligência artificial (IA). O secretário ressaltou que o MEC pretende apoiar universidades que desejam modernizar seus currículos e preparar docentes para essa nova realidade.
“Estamos desenvolvendo políticas que contemplem tanto a criação de novos cursos voltados à inteligência artificial quanto à readequação dos já existentes”, pontuou. “Há uma preocupação em formar e atualizar os professores, garantindo que essa inovação alcance todas as regiões do país.”
Também participaram da reunião a pró-reitora de Graduação, Edinaceli Damasceno, e o pró-reitor de Extensão e Cultura, Carlos Paula de Moraes.
(Fhagner Soares, estagiário Ascom/Ufac)
Relacionado
ACRE
Ufac realiza cerimônia de inauguração do prédio do CFCH — Universidade Federal do Acre
PUBLICADO
4 dias atrásem
7 de novembro de 2025A reitora da Ufac, Guida Aquino, inaugurou, nessa quinta-feira, 6, o prédio do Centro de Filosofia e Ciências Humanas (CFCH). A cerimônia foi realizada na sede do centro e contou com a presença de autoridades do Ministério da Educação (MEC), gestores da universidade, docentes e estudantes. O novo espaço tem como objetivo fortalecer o ensino, a pesquisa e a extensão nas áreas de filosofia e ciências humanas, oferecendo melhores condições estruturais à comunidade universitária.
O espaço foi criado para integrar e valorizar os cursos da área, promovendo o desenvolvimento intelectual e social dos estudantes e ampliando a atuação da Ufac na formação crítica e humanista. A iniciativa contou com investimentos de R$ 5 milhões, destinados a essa e outras ações de infraestrutura na universidade, concedidos por emenda parlamentar do ex-deputado federal Leo de Brito (PT-AC), professor do curso de Direito da Ufac e atualmente na assessoria parlamentar do MEC.

“Estamos muito felizes por concretizar esse projeto que simboliza o compromisso da Ufac com a educação pública de qualidade. Agradeço ao MEC, à nossa equipe e a todos que colaboraram para que este espaço se tornasse realidade. O CFCH representa a força do trabalho coletivo e o avanço da universidade em prol da formação cidadã”, afirmou Guida.
Leo de Brito abordou sua trajetória na Ufac. “Eu tinha um discurso pronto, mas decidi falar de coração. Já estive aqui como aluno e como professor e, por isso, sinto o dever e a satisfação de contribuir para que mais jovens tenham acesso a uma educação de qualidade.”

A diretora do CFCH, Geórgia Pereira Lima, disse que o espaço é fruto da resistência e da dedicação de toda a comunidade acadêmica. “Foi uma conquista muito importante para os cursos que, por muito tempo, lutaram por reconhecimento e estrutura adequada.”
O secretário de Educação Superior do MEC, Marcus David, demonstrou estar feliz com o resultado de um esforço conjunto. “O professor Leo Brito tem se mostrado um parceiro essencial da educação e demonstra, com ações concretas, o compromisso do ministério com o desenvolvimento do ensino superior.”
Também compuseram o dispositivo de honra o pró-reitor de Extensão e Cultura, Carlos Paula de Moraes; o coordenador do curso de Jornalismo, Luan Correia, representando os coordenadores dos cursos do CFCH; a chefe do gabinete da SPU do MGI, Tânia Mara Francisco; e a secretária da atlética Perversa, do curso de História, Nataly Furtado da Silva, representando os estudantes.
(Camila Barbosa, estagiária Ascom/Ufac)
Relacionado
PESQUISE AQUI
MAIS LIDAS
ACRE7 dias agoCurso de Letras/Libras da Ufac realiza sua 8ª Semana Acadêmica — Universidade Federal do Acre
ACRE5 dias agoProdgep realiza treinamento para fortalecer liderança afetiva — Universidade Federal do Acre
ACRE5 dias agoNeabi da Ufac inicia 11ª Semana em Favor da Igualdade Racial — Universidade Federal do Acre
ACRE5 dias agoUfac recepciona alunos ingressantes do 2º semestre de 2025 — Universidade Federal do Acre
Você precisa fazer login para comentar.